PALMEIRAS… GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA

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“Tem time que ganha no apito na Argentina… E TEM O PALMEIRAS… que ganha do Boca, em La Bombonera… NA BOLA!”

Jogão… a chamada briga de “cachorro grande”, que independe de fase, de elenco, e sempre vai ser jogo difícil.

Libertadores… … brasileiros e argentinos… Palmeiras e Boca Juniors… dois grandes rivais sul-americanos jogando em La Bombonera (a “Catedral do Futebol”, como dizem na Argentina)… E todo mundo sabe que é bem difícil bater o Boca em seus domínios… só esqueceram de contar isso para os palmeirenses…

Eu acreditava que o Palmeiras podia vencer lá, que podia sair classificado de lá… mas, vacinada com a picaretagem da arbitragem no Brasil, com os absurdos que acontecem aqui, e me recordando de um certo Ubaldo Aquino de outras épocas, confesso que temia que o apito pudesse nos atrapalhar – o árbitro chileno, no entanto, exceto pela não expulsão do argentino que deu uma pegada em Lucas Lima, e da conivência em algumas faltas, foi bem. O bandeira foi melhor ainda, e não errou nos lances capitais. Mas, por mais que eu confiasse no Palmeiras, não imaginava que pudesse ser uma vitória com tanta propriedade, não imaginava que meu Gigante Verde saísse de La Bombonera mais gigante ainda.

O Palmeiras calou a boca… do Boca… dentro de campo e na bancada também…

La Bombonera  entupida de gente… No setor visitante, dois mil palmeirenses – o número de ingressos que o Boca nos permitiu ter. Dois mil palmeirenses cantando e vibrando como nunca e como sempre… era como se os 20 milhões de parmeras espalhados pelo mundo estivessem ali também… a voz palestrina ecoava forte e se fazia ouvir além das muitas milhares de vozes hermanas no pulsante estádio lotado…

Mesmo assistindo na TV, era como se eu estivesse lá sentindo a vibração da partida e dos parmeras… imagino que para você também tenha sido assim, amigo palestrino. A torcida do Palmeiras arrepiava…

Mesmo tendo jogadores que debutavam num jogo como esse, que debutavam em La Bombonera, o Palmeiras, desde o início, me pareceu cerebral, concentrado,  valente, raçudo, ofensivo e, o mais importante, nem um pouco intimidado ou nervoso com o adversário e o conhecido poderio de seu alçapão… Bem posicionado, consciente de suas ações, o Palmeiras soube se impor e foi melhor no primeiro tempo. Procurou ficar no ataque sem dar muitas chances ao dono da casa. O Boca, com Tevez e tudo, com a boa movimentação do atacante Pavon, tentou achar espaços e esbarrou nos palmeirenses, não conseguiu se aproximar muito do gol do Palmeiras, e quando conseguiu, esbarrou no Jailsão da Massa.  Nós tivemos problemas com a marcação do lado direito; Pavon, que é muito bom jogador, levava perigo, deu trabalho a Marcos Rocha, Keno não conseguia ajudá-lo satisfatoriamente na marcação, e foi por ali que o time  argentino tentou fazer as suas jogadas, mas sem realmente assustar o Palmeiras, nem mesmo na bola do Pavon, que deu uma raspadinha na trave… mas por cima.

Para coroar o melhor futebol do Palmeiras naquele primeiro tempo faltava ele ser mais efetivo no ataque…faltava o gol… Keno, que quase tinha feito um gol no primeiro lance do jogo (uma bola chutada pelo goleiro, bateu em suas costas e quase entrou) parecia não estar bem acertado na partida, errava algumas coisas… Mas, então, os 39′, quando Dudu e Keno tinham invertido os lados em que jogavam, Marcos Rocha fez um cruzamento perfeito, na medida, para Keno que entrava na área pelo lado esquerdo, e ele, nas costas da defesa,  com uma cabeçada maravilhosa, em diagonal, guardou no canto esquerdo do goleiro Rossi. Segundo gol do Keno na Libertadores, segundo gol que ele faz no Boca. Que momento delicioso.

https://www.youtube.com/watch?v=06Oo3v8arwU

O visitante já abria a geladeira do dono da casa sem pedir licença…

O gol  chacoalhou os argentinos… Ábila, errou quase embaixo da trave, mas ele estava muito impedido no lance… Na sequência, Ábila, muito impedido de novo, meteu na rede de Jaílson. Mas não era campeonato Paulista, não era arbitragem brasileira, e o bandeira, corretíssimo, anulou o gol (e nada de os jogadores cercarem juiz, o quarto árbitro e o quinto árbitro esperando que algum delegado, alguém da Federação Paulista, munido de um celular sendo usado em campo, interferisse para mudar a marcação do juiz).

Marcando bem, seguro,  o meio protegido (Felipe Melo e Bruno Henrique faziam excelente partida), o Palmeiras foi para o intervalo com a vantagem no placar.

No segundo tempo, assim que o jogo teve início, Magallán acertou Lucas Lima, sem bola, e o juiz pareceu ‘preferir não expulsá-lo’ – até a imprensa local reclamaria do árbitro depois do jogo, o chamaria de “mau caráter” por ele ter deixado de expulsar o argentino (a mesma isenção da imprensa daqui, né? SQN). E o Palmeiras quase marcou o segundo gol antes mesmo dos 10 minutos. Arrancada de Keno pela direita depois de um belo passe de Dudu, ele entrou na área e tentou mandar a bola para o Lucas Lima que entrava pelo outro lado, mas o zagueiro tirou antes que ela chegasse nele. Por muito pouco o Palmeiras não balançou a rede de novo.

O Boca queria sair do prejuízo de todo jeito, e querendo aproveitar que estava em seus domínios, diante de quase 50 mil de torcedores argentinos, tentou colocar uma pressão no Palmeiras. Jaílson faria uma grande defesa, a sua melhor na partida, uma defesaça, num chute de Pavon…

O Palmeiras, ainda que tivesse mais trabalho na segunda etapa, apresentava maturidade em campo e estava atento também. Soube a hora de avançar e soube a hora em que era melhor recuar um pouquinho, soube tocar a bola quando foi preciso tocar mais a bola. Soube conter o ímpeto do Boca, que era empurrado por quase 50 mil pessoas.  O Palmeiras era alma e razão em campo.

Pitbull e Bruno Henrique (que seria considerado o melhor jogador da partida) faziam uma partida monstro. Dudu, baixinho, lutava um bocado e até desarme em nossa área ele ajudou a fazer. O Palmeiras estava inteirinho dentro do desejo de sair vencedor de La Bombonera…

O Boca não queria perder, mas o Palmeiras queria ganhar… Aos 21′, a zaga argentina se atrapalhou, o goleiro Rossi saiu do gol e da área tentando interceptar um lançamento pra Dudu… a cobertura se desenhava (e eu rezando para alguém tocar por cima)… mas foi preciso tentarmos três vezes… Willian chutou, e o zagueiro desviou,  Lucas Lima tentou também, a bola  bateu no adversário e voltou pra ele, e Lucas Lima, então, “fez a pintura”  do que estava desenhado… encobriu o goleiro e marcou o segundo do Verdão. E que gol… e em plena Bombonera. Ainda bem que eu estava em casa, se estivesse lá, teria morrido de emoção…

https://www.youtube.com/watch?v=N4MwAQrTskY

O visitante, que já abria a porta da geladeira sem pedir, agora até cobertura colocava na casa alheia… E ainda faltavam uns 25 minutos de jogo…

O Boca sentiu o golpe, e o Palmeiras com tranquilidade trocava passes. Tevez marcou um gol, mas estava muito impedido, e o juiz acertadamente anulou. Eu só queria que o jogo acabasse, mas o relógio não colaborava… O Boca ia pra cima, mas não furava a forte defesa do Verdão, não passava por Jaílson…

O orgulho que eu sentia do Palmeiras, pela partida maiúscula, já não cabia mais em mim… A torcida do Palmeiras, e só ela, embriagada de alegria, cantava alto, cantava forte em La Bombonera… torcedores do Boca, que não costumam fazer isso, deixavam o estádio antes do jogo acabar…

Aos 49′, o juiz apitou… e eu, diante da TV, aplaudi o Palmeiras… de pé.

Ah, mas é só uma vitória, que o classifica para as oitavas de final… tem muito chão ainda. É verdade. Em relação ao campeonato, é só um trecho percorrido… de um longo caminho que temos pela frente.

Mas todos sabemos que é muito mais do que isso, não é mesmo? O Palmeiras é agora o único time estrangeiro a ter conseguido vencer o Boca em seus domínios por mais de um gol de vantagem… é o time que mais venceu partidas fora de casa (30) na história da Libertadores… conquistou os 3 pontos e a classificação antecipada na competição (o primeiro a se classificar)… Após a partida, conversando com profissionais da imprensa brasileira, os jornalistas argentinos se espantavam ao saber que não há jogadores do Palmeiras na seleção, ao saber que nem o goleiro Jaílson está lá. Um amigo argentino me contou, teve comentarista lá dando graças a Deus quando Keno foi substituído. O volante do Boca afirmou que o Palmeiras é um “gigante, que joga de igual para igual com qualquer um”…

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E sabemos bem o que isso significa, não é mesmo?  O Palmeiras conquistou bem mais do que os 3 pontos e a classificação na Libertadores… conquistou marcas históricas, conquistou (mais)respeito, admiração e reconhecimento… renovou a confiança em si mesmo… e, certamente, conquistou a certeza de que tem time e cacife para brigar por todos os títulos… E tudo isso naquele jeito Palmeiras tão grande, limpo e lindo de ser…  

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2 comentários

  1. Jogo histórico. Vitória homérica. Mas pra mim o ponto alto da partida e que permitiu o sucesso alvi-verde, surpreendentemente, foi a arbitragem. Quando o árbitro é honesto, não há pressão (há clubes que treinam pressão sobre os árbitros pois sabem que dará resultado e não haverá punição),não há reclamação, não tem xororo, nada. Apenas futebol e o melhor sempre vence.

  2. Incrível como o Boca passou a ser meia Boca para a imprensa brasileira porque perdeu do Palmeiras!
    E que diferença ver um jogo decisivo sem que a arbitragem defina o resultado!

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