“Feliz daquele que sabe que o caminhar é constante… e que amar é para sempre…”

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Fui ao Allianz de coração aberto… para o que desse e viesse. Sabia que era difícil reverter aquele resultado indigesto que tínhamos trazido da Argentina, mas sabia também que era completamente possível que o Palmeiras conseguisse virar o jogo nos noventa minutos  aqui.

No entanto, não queria criar expectativas de já ganhou… nada disso. Só queria acreditar que podíamos. Só queria estar lá e poder torcer… muito. Esperar acontecer… Esperar a alegria nos arrebatar, caso ela viesse…

O cenário era perfeito. As ruas cheias de parmeras, aqueles inúmeros vendedores ambulantes, pelo caminho, a nos oferecerem cerveja, água, refrigerante, bonés, chaveiros, cavalinhos do Palmeiras (ah, Brasileirão), camisas, bandeiras…

Eu caminhava apressada, saboreando tudo o que meus olhos podiam ver… e conforme me aproximava do Allianz podia ouvir muitos rojões, gente ansiosa conversando… nas catracas, a torcida cantava forte, feliz… Sim, o Palmeiras, o nosso Palmeiras, estava de volta. Voltava a ser protagonista nos campeonatos.

Entrei no Allianz e ainda não tinha muita gente lá dentro… a faixa de led, logo abaixo do anel superior, era a surpresa do Allianz Parque para a torcida… num muito aceso verde e branco, um  “oleeeee oleeee porcoooo” percorria a arena… o “rascunho’ do mosaico da torcida podia ser percebido nas cadeiras…
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Por falta de festa, de apoio, é que não foi… Como conter a emoção quando o Palmeiras entrou em campo, quando  o Allianz se vestiu de milhares de vozes, se enfeitou com dezenas de fogos de artifício? Uma festa para os nossos sentidos…

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Infelizmente, não deu certo… e a partida terminou empatada. Perder uma vaga na final, acontece… mas perdê-la, podendo não tê-la perdido, é meio complicado…

Teve de tudo no jogo, foi um carrossel de emoções… uma alegria do tamanho do mundo, quando Dudu cruzou para Bruno Henrique mandar pro fundo da rede, no comecinho de jogo, logo aos 9 minutos. A gente pensa até que vai morrer nessa hora, de tanta felicidade… apreensão, quando percebemos que o VAR avisara ao árbitro que havia alguma irregularidade… decepção, quando o nosso gol foi anulado… tristeza, pelo doce que nos arrancavam da mão… tensão, quando o Boca abriu o placar numa vacilada de Luan… alegria, quando Luan empatou o jogo, ainda no comecinho do segundo tempo… uma alegria maior ainda, quando o juiz marcou pênalti e Gustavo Gomez virou o jogo… teve esperança, mas muita esperança mesmo, principalmente depois do segundo gol – se tivéssemos feito o terceiro, o Boca não iria aguentar… mas nos jogaram um balde de água fria depois, quando os argentinos empataram de novo… pelos critérios da competição, pelo agregado, teríamos que fazer mais três gols…

O malfadado jogo na Argentina pesou na segunda partida… mas não achei que o Palmeiras foi mal, ele lutou muito; achei que faltou fazer algo, além do óbvio, para pegar os argentinos de calças curtas, porque eles estavam marcando como loucos, sempre com dois, ou até mais jogadores, em cima de qualquer parmera que estivesse com a bola, para evitar mesmo que fizéssemos as jogadas, para evitar que aproveitássemos o talento de Dudu, por exemplo (em cima dele sempre tinha três ou quatro adversários). 

Não podemos reclamar do VAR se Deyverson estava mesmo impedido – lá na hora, confesso que não vi a irregularidade. Mas o fato é que, quando anularam nosso gol, o time sentiu, acabou vacilando e deixando o Boca abrir o placar alguns minutos depois, mas Luan, que falhou no lance, poderia ter tido a proteção de mais algum parmera ali… era jogo valendo a “vida” na competição.

Empatamos… viramos… e o Allianz, que já estava eufórico, barulhento, ficou ensurdecedor. A torcida estava linda! Um show! E é assim que tem que ser mesmo, independente de resultados. Se fizéssemos o terceiro, o Allianz iria “eletrocutar” os argentinos, o Boca não ia segurar em campo… Tinha bastante tempo ainda e as chances estavam abertas pra nós, mas descuidamos de novo… e de novo com o jogador “maledetto” que já tinha enfiado dois na gente no jogo de ida. Só por aqueles dois gols ele não poderia ter vida fácil em campo no segundo jogo, né? Felipe Melo, que parecia ter cansado na partida (poderia ter sido substituído por isso), e por quem o maledeto passou facilmente, também podia ter tido um ‘help’ de mais alguém… era preciso que tivéssemos um olho no gato e outro na frigideira, assim como faziam os argentinos que não deixavam nenhum palmeirense no mano a mano.

Apesar de eu ter pedido tanto o Lucas Lima no primeiro jogo da semi, e pra esse também, achei que ele foi muito previsível, tocou de lado, pra trás… esperava mais dele, esperava o imprevisto pra colocar a bola no pé dos atacantes enganando a marcação cerrada dos adversários… esperava que ele reeditasse a partidaça que tinha feito na Argentina, quando ganhamos do Boca por 2 x 0, na Fase de Grupos.

Achei também que as muitas bolas que levantamos para a área não tiveram utilidade alguma com as “casquinhas” do Deyverson. Nessa partida, ele subia pra cabecear, cabeceava de qualquer  jeito, pra qualquer  lugar, sem proveito algum para os demais companheiros, para o ataque.

Apesar dos dois gols bobos que tomamos aqui, o estrago mesmo tinha sido feito no primeiro jogo… 

Enfim, mesmo sem ser um p&ta time, o Boca, copeiro que é, passou, e a gente não…

Mas agora não dá tempo para ficarmos reclamando, para ficarmos curtindo a ressaca, e muito menos pra querermos crucificar esse ou aquele, pedindo a cabeça desse ou daquele, mesmo porque não há motivo pra isso.

TEMOS UM BRASILEIRÃO PRA CONQUISTAR!  E o Palmeiras precisa de nós!

Ano que vem tem Libertadores outra vez e estaremos lá… e tem gente que já não vai nem participar da próxima, né? 😉

Vamos em frente… que atrás do Palmeiras tá cheio de gente.

“Ousadia tem genialidade, poder e magia” – Johann Goethe
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Semifinal da Libertadores… jogo contra o Boca, na Argentina… Parada dura… ainda mais depois de termos ido jogar lá, na Fase de Grupos, e, atacando o jogo inteiro, enfiado 2 x 0 nos hermanos (um placar que, em Libertadores, só o Independiente tinha conseguido fazer em La Bombonera, em 1967).

Confesso que não gostei quando vi a escalação do nosso time sem um meia. E já imaginei que Felipão não estava muito focado em atacar e, muito provavelmente, jogaria  pelo empate – sair de lá com um empate não seria nada ruim, mas jogar pelo empate nem sempre dá certo.

No entanto, a princípio, era uma boa tática se defender, não tomar gol, não deixar o Boca se impor em seus domínios… e na maior parte do tempo, o Palmeiras foi impecável em seus propósitos. No entanto, ainda que o adversário não fosse um time tão qualificado, ele ainda era o Boca, copeiro, e jogava em sua casa.  Por isso mesmo, porque ele não era tão qualificado, não era um time difícil de ser batido, e porque ele é “macaco velho” em Libertadores, não podíamos passar o jogo inteiro só na retranca e no chutão, não é? E passamos. E saímos de lá com uma derrota amarga, doída, saímos de lá com 0 x 2. Penso que tínhamos que ter sido mais ousados, ter atacado, oferecido perigo ao Boca, tínhamos que ter tido em campo alguém pra criar as jogadas – e os nossos meias todos no banco…

Um ataque com Dudu, Borja e Willian deveria ser motivo de preocupação para o adversário, mas, com os jogadores do Boca fazendo de tudo para impedir que os palmeirenses conseguissem trocar dois passes, impedindo – com muitas faltas também – com marcação cerrada que nossos atacantes pudessem fazer o que sabiam – Dudu, e não só ele, tinha sempre vários jogadores à sua volta -, era evidente que teríamos dificuldade, e ficou evidente também, pelos muitos chutões que o Palmeiras deu, que faltou alguém ali para auxiliar os atacantes, para achar espaços,  faltou Felipão ter reajustado a forma do time jogar.

………………..Resultado de imagem para Boca Juniors 2 x 0 Palmeiras

Mas é justo que se diga que o Palmeiras estava bem, que conseguiu controlar o jogo quase todo, conseguiu controlar os nervos (os argentinos catimbavam como nunca) e conseguiu impedir, por mais de 80 minutos, que o Boca levasse perigo ao nosso gol – na zaga, Gustavo Gomez foi muito bem. O Palmeiras, apesar de não criar quase nada,  de pecar pela falta de ousadia, não deixou mesmo que o Boca jogasse durante todo o primeiro tempo e em boa parte do segundo. Jogando sério e fazendo o velho “bola pro mato, que o jogo é de campeonato”, desarmava/destruía as tentativas argentinas – Felipe Melo fez uma grande partida, comandou as ações no meio de campo, por outro lado, Moisés estava numa noite bem ruim e só Felipão não percebia. Era nítida a falta de um meia no time, a falta de Lucas Lima… Só que Felipão, quando fez a primeira substituição, no segundo tempo, ao invés de colocar o Lucas Lima (o futebol do Palmeiras gritava por ele),  trocou Borja por Deyverson… que mal pegou na bola.

E quando parecia que íamos conseguir sair de lá com um empate… a coisa desandou. Aos 38′ do segundo tempo, logo depois de Weverton ter feito uma defesa milagrosa e mandado a bola pra fora, Benedetto, que tinha entrado no jogo aos 31′, aproveitou a cobrança de escanteio e a falha na nossa marcação e abriu o placar.

Moisés  marcava Benedetto, e não foi na jogada, não subiu, não disputou a bola com ele. Felipe Melo, que marcava um outro jogador, antevendo que a bola passaria, até tentou ir cabecear com o atacante adversário, mas já não dava, o “Maledetto”, com todo o espaço do mundo, subiu sozinho, na cara do Weverton e mandou pro gol. Mérito do argentino, mas também muita desatenção do Palmeiras…

………………..Resultado de imagem para Boca Juniors 2 x 0 Palmeiras

Em desvantagem no placar, Felipão tirou Bruno Henrique e colocou Thiago Santos (não entendi a substituição. Ele queria segurar o 0 x 1?)… e o Lucas Lima, que já deveria ter entrado jogando desde o primeiro minuto (na fase de grupos ele tinha “deitado” lá na Argentina), continuava no banco… Ah, Felipão…

E para nosso infortúnio, a bruxa estava mesmo solta… Aos 42′, o maledetto do Benedetto (que estava há um ano sem marcar) recebeu um passe, deu um drible no Luan (que deveria ter parado ele na botinada se fosse preciso) e, com um chute colocado, de fora da área, daqueles que o cara só acerta em ano bissexto, com Lua cheia e o Sol em Leão, fez o segundo do Boca. E o Felipão, só então, aos 48′, resolveu sacar Moisés, que deveria ter sido substituído ainda no primeiro tempo, e colocar Lucas Lima no jogo. Mas aí adiantaria em quê?

Até os 83′ de jogo estava tudo tão certo com/para o Palmeiras… e, de repente, em quatro minutos, caiu a casa de uma vez… 83 minutos de uma defesa impecável… Mas o que vale mesmo é bola na rede. E eles, infelizmente, colocaram duas na nossa e não colocamos nenhuma na deles. Pagamos pela falta de ousadia (do nosso técnico) de não irmos para cima de um adversário que poderia sim ter sido batido. Quem não “agride” o adversário, quem não o ataca, acaba sendo sendo atacado por ele.

Ficamos bem chateados, ficamos frustrados com o preocupante resultado… mas esse jogo já acabou, essa página já virou… e a sensação de derrota também.  Semana que vem tem mais noventa minutos, tem o “segundo tempo” dessa semifinal que estamos perdendo por 2 x 0. As possibilidades estão todas abertas ainda…

É difícil? Sim, é.  Mas não é impossível. Sabemos muito bem que os argentinos são catimbeiros, e imagina no próximo jogo? Já vão vir caindo e simulando faltas e agressões ainda no avião. Mas o Palmeiras tem  time para reverter isso, tem técnico… e tem uma torcida maravilhosa.

Teríamos que não ser torcedores para não acreditarmos em nosso time… teríamos que não ser palmeirenses para não termos a certeza absoluta de que o jogo só termina quando o juiz apita, para não conhecermos, não trazermos marcadas no coração e na alma as muitas situações, quase impossíveis de serem mudadas, que o Palmeiras já reverteu em sua história…

Teríamos que esquecer as apendicites, sequestros,  as expulsões mandrakes, o gol de Valdivia na noite de frio e chuva de Barueri… o gol de Betinho em Curitiba… o gol de Fabiano, as viradas de jogo nos minutos finais, o gol de Mina no apito final, as cobranças de pênaltis que nos impediram de respirar por minutos… os 4 x 0 nos gambás, na final de 93, depois da derrota na primeira partida… o golaço inacreditável de Cleiton Xavier nas redes do Colo Colo… as defesas sensacionais de nossos goleiros, que a gente mesmo achava impossíveis de serem feitas… os 5 X 1 diante do Grêmio… o chute pra fora de Zapatta… Marcos defendendo o pênalti do farsante… aquele gol de Galeano… a mudança de nome do clube para defender seu patrimônio e o campeonato por conquistar… a derrota amarga diante do Juventus(ITA) que nos serviu de impulso para a conquista do primeiro Mundial de clubes…  os gols de Euller nos instantes finais do jogo contra o Vasco…

Teríamos que esquecer a épica Copa do Brasil 2015, ainda tão recente,  e todos os percalços que tivemos nesse torneio, todos os “xiii, agora ferrou” que superamos… teríamos que esquecer o campeonato decidido nos pés (nas mãos também) de nosso goleiro, campeonato conquistado  com um gol de Fernando Prass… e com a voz e a força da Que Canta e Vibra…

Para não acreditarmos, teríamos que esquecer que somos Palmeiras… e isso é impossível… é mais fácil esquecermos de respirar, é mais fácil nosso coração esquecer de bater…

Agora é em nossa casa. Faltam 90 minutos. Que venham os “maledettos”…  A força de vinte milhões de palmeirenses estará com o Palmeiras em campo.

É HORA DE LUTAR, VERDÃO, DE LUTAR MUITO!! E VAMOS BUSCAR ESSA P%RRA!!

 

 

……….

“Tem time que ganha no apito na Argentina… E TEM O PALMEIRAS… que ganha do Boca, em La Bombonera… NA BOLA!”

Jogão… a chamada briga de “cachorro grande”, que independe de fase, de elenco, e sempre vai ser jogo difícil.

Libertadores… … brasileiros e argentinos… Palmeiras e Boca Juniors… dois grandes rivais sul-americanos jogando em La Bombonera (a “Catedral do Futebol”, como dizem na Argentina)… E todo mundo sabe que é bem difícil bater o Boca em seus domínios… só esqueceram de contar isso para os palmeirenses…

Eu acreditava que o Palmeiras podia vencer lá, que podia sair classificado de lá… mas, vacinada com a picaretagem da arbitragem no Brasil, com os absurdos que acontecem aqui, e me recordando de um certo Ubaldo Aquino de outras épocas, confesso que temia que o apito pudesse nos atrapalhar – o árbitro chileno, no entanto, exceto pela não expulsão do argentino que deu uma pegada em Lucas Lima, e da conivência em algumas faltas, foi bem. O bandeira foi melhor ainda, e não errou nos lances capitais. Mas, por mais que eu confiasse no Palmeiras, não imaginava que pudesse ser uma vitória com tanta propriedade, não imaginava que meu Gigante Verde saísse de La Bombonera mais gigante ainda.

O Palmeiras calou a boca… do Boca… dentro de campo e na bancada também…

La Bombonera  entupida de gente… No setor visitante, dois mil palmeirenses – o número de ingressos que o Boca nos permitiu ter. Dois mil palmeirenses cantando e vibrando como nunca e como sempre… era como se os 20 milhões de parmeras espalhados pelo mundo estivessem ali também… a voz palestrina ecoava forte e se fazia ouvir além das muitas milhares de vozes hermanas no pulsante estádio lotado…

Mesmo assistindo na TV, era como se eu estivesse lá sentindo a vibração da partida e dos parmeras… imagino que para você também tenha sido assim, amigo palestrino. A torcida do Palmeiras arrepiava…

Mesmo tendo jogadores que debutavam num jogo como esse, que debutavam em La Bombonera, o Palmeiras, desde o início, me pareceu cerebral, concentrado,  valente, raçudo, ofensivo e, o mais importante, nem um pouco intimidado ou nervoso com o adversário e o conhecido poderio de seu alçapão… Bem posicionado, consciente de suas ações, o Palmeiras soube se impor e foi melhor no primeiro tempo. Procurou ficar no ataque sem dar muitas chances ao dono da casa. O Boca, com Tevez e tudo, com a boa movimentação do atacante Pavon, tentou achar espaços e esbarrou nos palmeirenses, não conseguiu se aproximar muito do gol do Palmeiras, e quando conseguiu, esbarrou no Jailsão da Massa.  Nós tivemos problemas com a marcação do lado direito; Pavon, que é muito bom jogador, levava perigo, deu trabalho a Marcos Rocha, Keno não conseguia ajudá-lo satisfatoriamente na marcação, e foi por ali que o time  argentino tentou fazer as suas jogadas, mas sem realmente assustar o Palmeiras, nem mesmo na bola do Pavon, que deu uma raspadinha na trave… mas por cima.

Para coroar o melhor futebol do Palmeiras naquele primeiro tempo faltava ele ser mais efetivo no ataque…faltava o gol… Keno, que quase tinha feito um gol no primeiro lance do jogo (uma bola chutada pelo goleiro, bateu em suas costas e quase entrou) parecia não estar bem acertado na partida, errava algumas coisas… Mas, então, os 39′, quando Dudu e Keno tinham invertido os lados em que jogavam, Marcos Rocha fez um cruzamento perfeito, na medida, para Keno que entrava na área pelo lado esquerdo, e ele, nas costas da defesa,  com uma cabeçada maravilhosa, em diagonal, guardou no canto esquerdo do goleiro Rossi. Segundo gol do Keno na Libertadores, segundo gol que ele faz no Boca. Que momento delicioso.

https://www.youtube.com/watch?v=06Oo3v8arwU

O visitante já abria a geladeira do dono da casa sem pedir licença…

O gol  chacoalhou os argentinos… Ábila, errou quase embaixo da trave, mas ele estava muito impedido no lance… Na sequência, Ábila, muito impedido de novo, meteu na rede de Jaílson. Mas não era campeonato Paulista, não era arbitragem brasileira, e o bandeira, corretíssimo, anulou o gol (e nada de os jogadores cercarem juiz, o quarto árbitro e o quinto árbitro esperando que algum delegado, alguém da Federação Paulista, munido de um celular sendo usado em campo, interferisse para mudar a marcação do juiz).

Marcando bem, seguro,  o meio protegido (Felipe Melo e Bruno Henrique faziam excelente partida), o Palmeiras foi para o intervalo com a vantagem no placar.

No segundo tempo, assim que o jogo teve início, Magallán acertou Lucas Lima, sem bola, e o juiz pareceu ‘preferir não expulsá-lo’ – até a imprensa local reclamaria do árbitro depois do jogo, o chamaria de “mau caráter” por ele ter deixado de expulsar o argentino (a mesma isenção da imprensa daqui, né? SQN). E o Palmeiras quase marcou o segundo gol antes mesmo dos 10 minutos. Arrancada de Keno pela direita depois de um belo passe de Dudu, ele entrou na área e tentou mandar a bola para o Lucas Lima que entrava pelo outro lado, mas o zagueiro tirou antes que ela chegasse nele. Por muito pouco o Palmeiras não balançou a rede de novo.

O Boca queria sair do prejuízo de todo jeito, e querendo aproveitar que estava em seus domínios, diante de quase 50 mil de torcedores argentinos, tentou colocar uma pressão no Palmeiras. Jaílson faria uma grande defesa, a sua melhor na partida, uma defesaça, num chute de Pavon…

O Palmeiras, ainda que tivesse mais trabalho na segunda etapa, apresentava maturidade em campo e estava atento também. Soube a hora de avançar e soube a hora em que era melhor recuar um pouquinho, soube tocar a bola quando foi preciso tocar mais a bola. Soube conter o ímpeto do Boca, que era empurrado por quase 50 mil pessoas.  O Palmeiras era alma e razão em campo.

Pitbull e Bruno Henrique (que seria considerado o melhor jogador da partida) faziam uma partida monstro. Dudu, baixinho, lutava um bocado e até desarme em nossa área ele ajudou a fazer. O Palmeiras estava inteirinho dentro do desejo de sair vencedor de La Bombonera…

O Boca não queria perder, mas o Palmeiras queria ganhar… Aos 21′, a zaga argentina se atrapalhou, o goleiro Rossi saiu do gol e da área tentando interceptar um lançamento pra Dudu… a cobertura se desenhava (e eu rezando para alguém tocar por cima)… mas foi preciso tentarmos três vezes… Willian chutou, e o zagueiro desviou,  Lucas Lima tentou também, a bola  bateu no adversário e voltou pra ele, e Lucas Lima, então, “fez a pintura”  do que estava desenhado… encobriu o goleiro e marcou o segundo do Verdão. E que gol… e em plena Bombonera. Ainda bem que eu estava em casa, se estivesse lá, teria morrido de emoção…

https://www.youtube.com/watch?v=N4MwAQrTskY

O visitante, que já abria a porta da geladeira sem pedir, agora até cobertura colocava na casa alheia… E ainda faltavam uns 25 minutos de jogo…

O Boca sentiu o golpe, e o Palmeiras com tranquilidade trocava passes. Tevez marcou um gol, mas estava muito impedido, e o juiz acertadamente anulou. Eu só queria que o jogo acabasse, mas o relógio não colaborava… O Boca ia pra cima, mas não furava a forte defesa do Verdão, não passava por Jaílson…

O orgulho que eu sentia do Palmeiras, pela partida maiúscula, já não cabia mais em mim… A torcida do Palmeiras, e só ela, embriagada de alegria, cantava alto, cantava forte em La Bombonera… torcedores do Boca, que não costumam fazer isso, deixavam o estádio antes do jogo acabar…

Aos 49′, o juiz apitou… e eu, diante da TV, aplaudi o Palmeiras… de pé.

Ah, mas é só uma vitória, que o classifica para as oitavas de final… tem muito chão ainda. É verdade. Em relação ao campeonato, é só um trecho percorrido… de um longo caminho que temos pela frente.

Mas todos sabemos que é muito mais do que isso, não é mesmo? O Palmeiras é agora o único time estrangeiro a ter conseguido vencer o Boca em seus domínios por mais de um gol de vantagem… é o time que mais venceu partidas fora de casa (30) na história da Libertadores… conquistou os 3 pontos e a classificação antecipada na competição (o primeiro a se classificar)… Após a partida, conversando com profissionais da imprensa brasileira, os jornalistas argentinos se espantavam ao saber que não há jogadores do Palmeiras na seleção, ao saber que nem o goleiro Jaílson está lá. Um amigo argentino me contou, teve comentarista lá dando graças a Deus quando Keno foi substituído. O volante do Boca afirmou que o Palmeiras é um “gigante, que joga de igual para igual com qualquer um”…

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E sabemos bem o que isso significa, não é mesmo?  O Palmeiras conquistou bem mais do que os 3 pontos e a classificação na Libertadores… conquistou marcas históricas, conquistou (mais)respeito, admiração e reconhecimento… renovou a confiança em si mesmo… e, certamente, conquistou a certeza de que tem time e cacife para brigar por todos os títulos… E tudo isso naquele jeito Palmeiras tão grande, limpo e lindo de ser…  

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