A Copa do Mundo começou…

Não torço para a selenike porque não me identifico com ela, porque ela não me causa nada – minha seleção é o Palmeiras. E não se pode obrigar ninguém a torcer, ou a não torcer. As duas coisas precisam acontecer espontaneamente. E se não for espontâneo, simplesmente não é. Não dá para forçar/fingir um amor que não se sente. Futebol é paixão, não é obrigação.

No entanto, gosto de futebol, e por gostar de futebol acompanho sim a Copa, acompanho as notícias… uma Copa do Mundo é sempre um grande evento, tem sempre grandes jogadores em ação, tem as torcidas de vários países… é tudo muito bacana… (nada disso perde valor pelo fato de a CBF  ter transformado a nossa seleção e o nosso futebol em um grande balcão de negócios), sem contar que essa Copa está servindo para observarmos algumas outras coisas…

O Brasil fez a sua estreia ontem (domingo). O empate de 1 x 1 com a Suíça foi a sua pior estreia em mundiais em 40 anos e meio frustrante para muita gente – de boba a Suíça não tem nada mesmo, mas técnica e individualmente é muito inferior à seleção brasileira. E os brasileiros saíram reclamando da arbitragem, os torcedores reclamaram da arbitragem, a imprensinha reclamou muito da arbitragem… Está todo mundo reclamando ainda um pênalti em Gabriel Jesus, e um empurrão em Miranda no lance do gol de empate da Suíça (eram 8 brasileiros na área para anularem um único suíço, mas o gol que ele fez vai ficar na conta do empurrãozinho que Miranda levou).

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É ruim ser prejudicado pela arbitragem mesmo, ninguém gosta de ter um resultado feito no apito.  Porém, na final do Paulistão, quando foi o Palmeiras o prejudicado, quando um esquemão sujo, com a participação da Federação Paulista, anulou a marcação de um pênalti claro em Dudu (outros lances capitais foram ignorados pela arbitragem e pela imprensa também), as reclamações palestrinas eram “mimimi”, “chororô”… A pimenta é refresco no olho do outro, e só no do outro, mas no nosso olho ela sempre arde um bocado, não é?

Eu achei que o empurrão em Miranda não foi nada demais, ele poderia ter tentado disputar a bola mesmo assim.  O agarrão em Gabriel Jesus, achei que foi pênalti sim. Mas não foi preciso gastarmos muito os  nossos neurônios para, ao ouvirmos/lermos as muitas reclamações sobre isso, percebermos a discrepância… Para muitos – para a imprensinha, inclusive, e principalmente – a regra do jogo é mutante, e vai depender da cor da camisa de quem sofre a falta para que ela seja considerada pênalti ou apenas “disputa por espaço”…

Lembra do pênalti em Borja, na final do Paulistão, que a imprensa omitiu como pôde, e que foi classificado pelos “especialistas de arbitragem” e corroborado pelos imprenseiros todos como “disputa por espaço”?

E então, ontem, dois meses depois, aconteceu o pênalti em Gabriel Jesus… e a canalhice, que muitos “torcedores profissionais de imprensa”  escondem atrás de suas mal arranjadas máscaras de isenção, que esconderam atrás das justificativas mais esfarrapadas possíveis, derreteu, escorreu… O que não era pênalti em Abril passou a ser muito pênalti em Junho…

 

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E não param aí as comparações, as observações…

Hoje, dia seguinte ao jogo, a CBF já pretende entrar com uma representação na Fifa por causa do gol “irregular” da Suíça e também porque não se utilizaram do VAR na partida (VAR, que a CBF faz de tudo para não implantar aqui, – mas permite a sua utilização, permite a interferência externa, só para alguns,  e só quando a interferência vai favorecer esses “alguns”).

Então, um suposto erro no gol da Suíça, e a CBF já quer reclamar em uma instância superior… E isso porque ainda é o jogo de estreia do Brasil na Copa, e em um grupo bastante fácil. Imagina se fosse uma final de campeonato e anulassem, depois de 8 minutos, a marcação de um pênalti claro para o Brasil, com uma tramoia tamanho gigante, que contasse com a participação de dirigente (da federação organizadora do torneio), fazendo uso de celular em campo,  contasse com a participação do “tutor” (alguém que dissesse que era tutor, mas não tivesse um único documento provando isso), de delegado, quinto árbitro,  quarto árbitro … juiz? Com imagens mostrando o roteiro e trajeto dos envolvidos, com leitura labial, com muitas contradições no tribunal, como aconteceu ao Palmeiras, prejudicado na final do Paulistão?

Mas no caso do Palmeiras, a CBF simplesmente ignorou a mutreta, o tribunal passou pano, a imprensinha e seus torcedores profissionais aliviaram como puderam,  ironizaram o Palmeiras, não se cansaram de fazer deboches em programas, em matérias publicadas, porque o Palmeiras pediu a instauração de inquérito no TJD… Agora, por causa da seleção, todas as reclamações são válidas, não há mais deboches, ninguém precisa mais se preocupar em resolver no campo, o VAR é necessário (o Palmeiras foi um dos únicos a votar pelo uso do VAR no Brasil), os erros de arbitragem são abomináveis, deixaram de ser “chororô”, “mimimi”, a expressão o  “choro é livre” foi esquecida…

Nada como um dia após o outro, não é mesmo?