Palmeiras… fazendo adultos e crianças felizes

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Fui para o jogo do Verdão, no sábado, com uma expectativa diferente. A Pró-Palmeiras, grupo do qual eu faço parte, tinha recebido um pedido: crianças de uma Ong, localizada em Francisco Morato, tinham como sonho assistir a um jogo do Verdão. Nos mobilizamos, o Palmeiras ajudou com os ingressos e, no meio da tarde, uma van foi até Francisco Morato buscar as crianças e seus acompanhantes para levá-los até o Canindé. Que alegria! Para as crianças da Ong e para as “crianças crescidas” da Pró.
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E foi com a expectativa de ver esses meninos felizes, e do meu time conquistar mais três pontos, que eu me dirigi ao Canindé. Ao chegar, com os amigos da Pró, fomos até a van que já se encontrava no estacionamento. De lá saiu um bando de crianças, com idade entre 10 a 12 anos, carinhas pintadas de verde, um pouco tímidas a princípio, mas muito felizes. Daquelas felicidades que a gente não pode e não quer esconder.
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A primeira pergunta que me fizeram: “A gente vai poder entrar com os jogadores?” Que dor no coração ter que dizer-lhes que não poderiam, porque precisariam estar uniformizadas. Dissemos então, que talvez fosse possível numa próxima oportunidade, e lá fomos nós, levar a criançada prá dentro do estádio. Com olhinhos acesos elas iam olhando tudo à sua volta e tagarelando umas com as outras. Uma delas, ao ver tanta gente na rua, exclamou: “Olha quanto palmeirense!”
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Eu tinha me separado do grupo, porque teria que entrar por um outro portão, mas soube depois que os meninos tinham encontrado a Assessor de Imprensa, ganhado capas de chuva (de uma integrante da Pró)) e escrito bilhetinhos que seriam enviados aos jogadores… Quando os reeencontrei, já estavam na bancada, embaixo da enorme bandeira de uma das organizadas,  felizes da vida. Mas resolvemos mudar de lado e nos sentarmos na bancada que fica atrás do banco de reservas.
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O frio era cortante e uma garoa fininha tinha começado a cair… O time do Atlético entrou em campo. E tome vaia! A garotada acompanhava a torcida. Felipão e Murtosa entraram primeiro. Nós aplaudíamos, gritávamos o nome do nosso técnico. E então veio o Palmeiras! Kleber, Marcos, Danilo… vestindo a  nova camisa, surgiam à nossa frente. As crianças, com olhos brilhantes de alegria, desceram correndo até a grade e foram ver os ídolos de pertinho.
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O jogo então começou. Só dava o Palmeiras, comandando as ações da partida. Mas, com o time se ressentindo de alguém para armar o jogo, para criar as jogadas, nossos lances mais perigosos saíam dos pés de Marcos Assunção, nas bolas paradas. Aos 7′, o goleiro mandou para escanteio uma bela cobrança de Assunção. A velocidade, habilidade e vontade de Cicinho eram um diferencial lá na direita. Kleber, em jogadas individuais, também tentava conduzir as coisas. Só que faltava habilidade para os nossos atacantes lá na frente, na hora da conclusão. Faltava (ainda) acertar aquele último passe…
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As chances surgiam… Aos 23′, depois de bela jogada entre Patrik e Adriano, Cicinho mandou pro gol, mas o goleiro defendeu. Em seguida, Kleber tocou para Gabriel, que foi derrubado na área. Juiz e bandeirinha fizeram de conta que não viram. Ainda não revi o lance, mas achei que foi pênalti. A torcida xingava, e a garotada também! Paulo Baier também era muito “festejado”…  (Àquela altura da partida me parecia que todos os nossos pequenos amigos, sem exceção, eram palmeirenses.) Antes que o juiz encerrasse a primeira etapa, Patrik teria uma grande chance que, cara a cara com o goleiro, chutaria para fora… E o “9” que Felipão tanto pediu, estava desperdiçado lá no banco. O meia de criação também. Vai entender…
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Veio a segunda etapa e, embora o time adversário tivesse voltado mais disposto a atacar,  o Palmeiras continuava mandando no jogo. Gabriel jogava muito bem! Tinha algo diferente em sua postura, ele parecia mais maduro, sei lá… O time dos poodles, que tinha feito muitas faltas na primeira etapa, voltou batendo do mesmo jeito e desperdiçando algumas finalizações. Numa tentativa, Marcos fez belíssima defesa. A torcida empurrava o Verdão e cantava, ÔÔÔ VAMOS GANHAR, PORCOOO! Eu olhava prá trás e as crianças, segurando os sacos de pipoca que um amigo tinha providenciado, cantavam também! Teve um momento em que algumas delas desceram e foram na grade gritar o nome de Marcos. Ele se voltou e acenou fazendo sinal de positivo. Imaginem o significado desse gesto? Receber atenção do maior goleiro do mundo, um pentacampeão mundial? Tão lindo! As ‘crianças crescidas’ da Pró, sentiam o coração aquecido com aquela imagem, com a alegria daquelas crianças…
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Felipão então, resolveu chamar W. Paulista pro jogo, no lugar de Adriano que não rendia o esperado. Aí sim! Se íamos ganhar um atacante, o time adversário ia perder um jogador. Rômulo acertou o rosto de Kleber e foi, acertadamente, expulso. Felipão colocou Lincoln no lugar de Patrik. Achei que o time ficou mais acertado. O perigo que o Palmeiras levou ao gol do Atlético, durante toda a partida, me pareceu se tornar mais real. E então, nosso treinador sacou Cicinho para a entrada de Chico. Eu não entendi aquela substituição e reclamei. Tirar logo o Cicinho, que estava tão bem?
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Mas Felipão tem estrela!  E Chico também! Na sua primeira partida, diante de seu ex-clube, após cobrança de escanteio de Assunção, o volante ganhou dos zagueiros e, de cabeça, marcou o seu primeiro gol com o manto esmeraldino. Festa nas arquibancadas!! Esquecemos até do frio. Que alegria ver meu time à frente no marcardor, que maravilha poder compartilhar aquele momento com a garotada! O jogo terminaria assim, com 1 x 0 para o Palmeiras que, com 7 pontos conquistados dormiria na liderança do campeonato.
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Durante todo o tempo em que estive no Canindé, não pude deixar de pensar, e de tentar avaliar, o que significava aquela noite para a garotada… Uma coisa tão corriqueira prá nós, ir ao jogo, e tão inacessível para aquelas carinhas pintadas de verde, que mal percebiam, tamanha era a alegria, o frio glacial que fazia no Canindé. Eu só rezei muito para que aqueles meninos, que viviam uma tarde e noite diferentes, não sentissem muito frio e para que pudessem ver uma bela defesa do Santo  e um gol do Palmeiras. E ELE me atendeu!!! Eles sairiam dali com frio, mas felizes e cheios de coisas para contar…
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Ao me despedir do pessoal, beijei todos os meninos e olhei bem na carinha de cada um. Não sou capaz de expressar aqui o que vi naqueles olhinhos… Diga-se, de passagem, nos olhos dos adultos que os acompanhavam também.
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Queria poder ter sido uma mosquinha para ouvi-los falando a respeito, depois que foram embora…

9 comentários

  1. É tão bom fazer uma coisa dessas pelas crianças … Ter o Marcos como ídolo não é para qualquer um, não!
    Ah, sim, lembrando, hoje, onze anos daquel gol MÁGICO do Galeano, chutando os gambás fora de uma decisão da Libertadores … Rarararará, aquele penal perdido pelo marcelixo … Diliça!!

  2. Muito legal as ações do Pró Palmeiras. Se cada um fizesse um pouquinho pelo próximo, esse mundo seria absurdamente melhor.

    Contem comigo no que for preciso.

    Rodrigo Fraccari

  3. Ahh Tania q belo texto… Eu imagino q se pra mim com 21 anos nas costas entrar esses dias pela primeira vez no estadio foi uma emoção taum boa ve o estadio, a rua a estação do metrô toda coberta de verde foi uma coisa taum inexplicavel… Imagine pras crianças vendo o idolo de pertinho estar naqla emoção … Parabéns a Pró-Palmeira…. E Parabéns pra todos nós Palmerenses que a 11 anos vimos o marceluxo cair perde aqle penalti perde naum para nas mãos de São Marcos!

  4. Emocionante foi quando o Marcos Costi chamou um dos meninos – aquele que havia rasgado a camisa dos bambis – e perguntou se ele era palmeirense mesmo, o garoto sem pensar disse que sim e beijou o símbolo, foi então que o Marcos entregou a bandeira para ele…. Os olhos do garoto encheram de lágrimas…. eu não aguentei tb…..

  5. Demais Tânia, Parabéns pela atitude!

    Eu moro no interior, 550 km de São Paulo, dá pra contar nos dedos o número de jogos que já fui ver o Verdão, foram 4, mas inesquecíveis (Palmeiras 3 x 1 Mirassol, foi o primeiro, que emoção, nunca vou esquecer, eu chorei… um marmanjão que a época tinha 19 anos chorando… mas foi isso que eu senti, ver meu time pela primeira vez, Keirrison, Diego Souza e Jefferson marcaram; Segundo jogo, O MELHOR DE TODOS, foi aquele dos 3 GOLS DO OBINA em Presidente Prudente… foi demais, inesquecível; o terceiro o empate em Prudente de novo, 2 x 2, gols do Maurício e do Danilo, foi bom também, calor tava de matar rs; e o último ano passado no Pacaembu, contra o Atlético Mineiro na Sulamerica, eu estava em sampa a trabalho e não perdi a oportunidade… foi muito legal, estáfio lotado… coisa de louco…). Eu sei o que essas crianças sentiram!!!

    E Esse ano, vou mudar pra Irlanda, ficar um ano lá, quero ver se consigo ver um joguinho antes…

    Quem mora em Sampa tem que valorizar e muito a oportunidade de ver o Verdão, lógico que a grana aperta e não dá pra ver todos os jogos… mas é uma emoção única!

  6. Sabe, Clo…acho uma sacanagem o que vc faz. Ou seus textos fazem nosso coração acelerar ou derramar lágrimas de orgulho. #Putafaltadesacanagem ;p
    Como sempre,um lindo texto. Imagino como deve ter sido para esses pequenos verem os ídolos, o Santo…devem estar falando disso até agora =D
    Parabéns à Pro…por proporcionar esse dia especial pra galerinha o/

    1. Amigos,

      Foi mesmo muito bom poder ajudar a levar, de alguma maneira, um pouco de alegria e sonho para essas crianças. Contamos com a ajuda de tantos amigos. O Rodrigo, que postou aqui, foi peça fundamental para que conseguíssemos o transporte.
      Nosso trabalho de formiguinha incansável, lá na Pró, vai dando seus frutos, deixando algumas sementes pelo caminho. Tomara elas encontrem o “solo” adequado para florescer e frutificar.

      Bjos
      Tânia Clorofila

  7. Vc escreve com uma emoção sem igual, todos os seus textos são carregados de paixão e sensibilidade. Eu acho que o Palmeiras deveria PROPORCIONAR GRATUITAMENTE excursões para crianças carentes de SP e grande SP como uma forma de doar felicidade a milhares de crianças e também como estratégia para captar mais torcedores, pois oq faz um time de futebol grande é o tamanho e a paixão de sua torcida. Eu vejo a maioria das crianças hj em dia torcendo para os gambás, bambis e até para o Santos por causa da febre Neymar. O que faz um ídolo para seu clube não é mesmo? ajuda atrair torcedores e fico revoltado quando nosso Presidente-banana se refere com descaso ao Valdívia.

    Infelizmente o Eixo do Mal que atualmente está no poder não tem um pindo de visão, percepção e sensibilidade

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