Felipão, esse nosso velho e equilibrado amigo

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Foi uma aula de vida…
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E, sinceramente, eu não esperava por isso quando fui até o Mackenzie assistir à uma Palestra de Luiz Felipe Scolari, o nosso Felipão. Acredito que os alunos do Curso de Administração também não…
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Quando cheguei o auditório estava repleto, o mezanino também. Enquanto eu me dirigia para as primeiras fileiras, destinadas aos amigos da Pró-Palmeiras e aos convidados palestrinos, percebia que muitos dos alunos estavam vestidos com o manto. Ia ser um momento e tanto quando Felipão adentrasse o recinto. E foi exatamente o que aconteceu. Depois da apresentação dos componentes da mesa, onde estava o nosso amigo pró-palmeirense, o conselheiro do Palmeiras e professor da universidade Mackenzie, Wilson Nakamura, foi a vez de anunciarem Felipão.
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A plateia vibrou muito e não parava de aplaudir aquela pessoa tão simpática, um tanto quanto acanhada e de expressão tão simples que entrara no palco. Cantamos todos o Hino Nacional, o reverendo falou sobre Davi, leu o salmo 23, as pessoas da mesa foram apresentadas, falaram aos alunos e depois foi a vez do palestrante tão aguardado. Quantos aplausos!!
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E foi aí que Felipão deu um show! De autenticidade, integridade, valores, caráter, qualidades de uma pessoa simples que soube lutar para achar o seu espaço e se tornar vencedora.
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E a primeira coisa que nos disse, depois dos cumprimentos, me emocionou um bocado…Ele nos disse que, naquele dia, ele teria que estar em casa, rezando com a família, por um problema de um outro familiar. E que seria ele quem iniciaria as orações, caso estivesse em casa. E sabem com que salmo? Exatamente o 23 que acabara de ser lido pelo reverendo. E sabem em que horário? Às 20h30. Exatamente no horário em que a oração acabara de ser feita. E Felipão disse que aquilo tudo deveria ter um propósito, deveria ser um sinal, e que não seria obra do acaso. Nesse momento, bastante emocionada, percebi que havia um outro Felipão, no técnico que comanda o meu time.
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E ele falou sobre a sua vida. Sobre a infância do menino pobre do interior gaúcho, que conseguiu ter seu primeiro par de chuteiras, junto com um amigo.  Sim, eles dividiam o par de chuteiras! Um, calçava o pé direito e o outro, o esquerdo. E ele nos mostrou a foto que comprovava a história. Todo mundo riu, mas deve ter sido difícil para aquele menino ter começado, não é mesmo? Quantos impedimentos ele deve ter tido, quantos motivos para desistir… Mas ele perseverou.
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E virou jogador! E enquanto nos contava a sua vida, nos maravilhava com a sua simplicidade, com casos muito divertidos, ele também falava da amizade, da necessidade de se administrar as situações, engolindo alguns sapos se fosse preciso, para se alcançar os objetivos. Era como se estivéssemos assistindo ao filme de sua vida porque, enquanto ele ia falando, imagens desses momentos eram mostradas em um telão ao fundo do palco.
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E a narrativa se tornava cada vez mais deliciosa e algumas vezes extremamente divertida. E fomos acompanhando a sua carreira de técnico desde o começo. Os medos, as inseguranças, a vontade de buscar um lugar ao sol, a maneira como ele se preparava, se municiava de conhecimentos relacionados à carreira que tanto queria seguir. A amizade com Murtosa, que lhe ajudou no início da carreira de técnico, quando todas as portas pareciam fechadas. E nos falou do primeiro contrato que fez com os árabes, dos primeiros sucessos, do título conquistado com o Criciúma, da passagem pelo Grêmio, da sua ida para o Palmeiras.
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O anfiteatro quase veio abaixo quando o telão mostrou Felipão, em 99, segurando  a nossa Taça da Libertadores. E morremos de rir quando ele nos falou sobre Arce, que levava broncas e só dizia: Sim, senhor. E numa certa ocasião, por uma jogada errada, Felipão espinafrou o lateral. E ele só dizia: Sim, senhor. No dia seguinte, um tímido Arce o procurou para dizer: Sabe professor, aquela jogada? Sim, sei! Pois é, não era eu ali! –  Não foi tu?  E tu levou todas aquelas broncas e só disse “sim, senhor”? – É que eu não queria ser traíra… Esse era o Arce, um dos melhores atletas com quem Felipão trabalhou.
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E foi nos contando da seleção brasileira e dos caminhos que percorreu para chegar até ali, das dificuldades em manter o grupo fechado com ele e de como lidou com os momentos difíceis. As imagens do Brasil pentacampeão apareciam no telão. A plateia delirava… Quantos momentos fantásticos, inesquecíveis!
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Chelsea, Uzbequistão… até a volta ao Palmeiras. E não cansávamos de aplaudi-lo de festejar aquela pessoa tão querida.
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Mas foi ao final da Palestra, quando já se despedia, que ele disse o que mais me marcou ali: “Eu sonho em fazer o Palmeiras voltar a ser Palmeiras”. Foi aplaudido de pé!!! Merecidamente!
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Ao sair dali, minha admiração e respeito por Felipão eram infinitamente maiores do que quando eu entrei… Desequilibrado esse homem? De jeito nenhum! Lúcido, inteligente, ponderado, bem intencionado, íntegro. Queria que um dia o Palmeiras pudesse ter um dirigente como ele… queria que um certo dirigente do Palmeiras pudesse ter assistido àquela palestra…
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Placa que a Pró-Palmeiras entregou a Luís Felipe Scolari
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Os amigos da Pró

6 comentários

  1. Olha, o Tody colocou esse texto no PTD e lendo lá já me arrepiei, li novamente agora e impossível não se emocionar, haaaa se o Palmeiras fosse comandados por homens como Felipão.

    Clo meu amor, você como sempre transmitindo em Palavras as emoções de quem sonha com um Palmeiras melhor, quem dera se isso dependesse do nosso xerife Felipão.

    Essa frase coloquei na minha assinatura no PTD: “Eu sonho em fazer o Palmeiras voltar a ser Palmeiras” resume o nosso sentimento.

    Graças a Deus alguém sonha com isso, porque se dependesse desses idiotas que estão hoje no poder estavamos ferrado.

    ÉÉÉÉ FELIPÃOOOO!! ÉÉÉÉ FELIPÃOOOO!!

    Beijo Clo.

  2. oi Tânia,…que `palestra` memorável deve ter sido …. parabéns ao nosso Cappo Felipão,… uma pena que direção do Palestra, não tenham Homens, como o Felipão, … acredito que hoje não estariámos passando por vexames, tanto no campo, como fora dele..!

    Parabéns, …bravo Tânia!

    bjs e abçs.

  3. Me emocionei quando vc citou a parte em que Felipão se referiu ao nosso Arce, como um cara bom de se trabalhar, só veio a confirmar o que eu sempre imaginei que ele fosse, simples, humilde e companheiro!!
    E me marcou também, quando Felipão disse: “Que o Palmeiras iria voltar a ser Palmeiras.” É isso que todos nós sonhamos e esperamos, e o que mais os deixa confiantes é que o nosso comandante idealiza o mesmo que nós torcedores!!

    Fántástica Você, Clô!!!

  4. “Eu sonho em fazer o Palmeiras voltar a ser Palmeiras”

    sem palavras !! é um sentimento q só nós sentimos !!

    gozado que o presidente do Palmeiras não demostra nenhuma paixão pelo Palmeiras é só escutar suas entrevistas !!! Foraaaa Tironeeee

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