“E aqueles que viam eram chamados de “lunáticos” pelos que não conseguiam ver, e pelos que faziam de conta que não conseguiam ver” – Tânia Clorofila Dainesi “Lispector”
Qual o palmeirense que não se lembra da sacanagem tamanho família que um árbitro fez com o Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2009, na 34ª rodada? Qual deles esqueceu do gol de Obina, legítimo, que foi anulado por Carlos Eugênio Simon na partida Fluminense x Palmeiras, quando o jogo estava 0 x 0, e no momento do campeonato em que o Palmeiras era líder da competição e o time carioca estava às portas do rebaixamento? (No mesmo campeonato, em uma das rodadas anteriores, um outro árbitro anularia um gol de bicicleta do mesmo Obina, diante do Atl-PR, alegando “impedimento”. E as imagens mostrariam que ele estava pelo menos uns 3 metros atrás. Os dois árbitros seriam afastados).
Todo mundo viu que Obina não fizera falta nenhuma, e ainda tinha sido puxado pelo zagueiro na jogada, e viu também com que certeza e desfaçatez Simon anulara o gol…
Também nos lembramos bem do programa platinado, que deu um espação para que Simon justificasse a “apitada”, para que os telespectadores fossem convencidos de que a anulação do gol de Obina tinha sido justa, legal, que ele tinha feito falta no jogador do Fluminense, mesmo com imagens mostrando o contrário – certamente, na emissora, ainda não tinham pensado na utilização do mentiroso “muro branco”…
O apitador atravessou o samba do Palmeiras em 2009 (e de vários clubes que lutavam com o Fluminense contra o rebaixamento)… muito provavelmente, mudou a história da competição… uma vitória, ou até mesmo um empate fora de casa, àquela altura do campeonato (nas últimas rodadas), quando andávamos meio oscilantes no segundo turno e tínhamos a liderança a preservar, era muito importante. Só nos sabemos como doeu (eu chorei de ódio e de impotência de ver que o futebol – onde gastamos tanto da nossa energia e do nosso amor – tinha cartas marcadas (e está pior agora)… só nós sabemos a revolta que sentimos por sabermos que a marcação, que nos tirou da liderança da competição, era mandrake e, ainda assim, apitador e imprensinha (a grande legitimadora dos resultados arranjados no apito) tentavam mudar a realidade e fazer aquilo parecer normal… e ele ainda processou o Belluzzo por ter esbravejado contra a marcação picareta…
O tempo passou… e lá se vão quase 9 anos…
E não é que ontem, em pleno ano de 2018, em um programa de TV, Simon admitiu que errou? E com a maior cara de tacho pediu desculpas à Obina? Não é que ele, quase dez anos depois, afirmou que marcou aquela falta (inexistente) porque ele tinha errado na marcação do escanteio e quis “consertar”? Ah, tá…
Vejamos…
Em Novembro de 2009, Simon afirmava outra coisa, dizia que Obina tinha feito a falta e que ele apitara o que tinha visto. Dizia também que deitava no travesseiro à noite com a cabeça tranquila…
E como as imagens mostravam que o gol tinha sido legal, e que se o Simon queria assinalar qualquer outra coisa, que não o gol, ele teria que ter marcado pênalti EM Obina, apareceu uma afirmação de Simon ao jornal “Estado de São Paulo”, de que Obina teria confessado ter feito a falta… e Obina, claro, o desmentiu.
……
Mesmo tendo sido desmentido pelo jogador, a história do “Obina confessou que fez a falta” virava versão oficial em 2012…
……
E eis que, agora, em 2018, a história é repaginada, e o cara que deitava no travesseiro à noite com a cabeça tranquila, tem uma nova versão…
Estranho a gente observar que, segundo o que publicou a Fox, Simon teria visto o vídeo da partida logo depois e reconhecido o erro ao apitar a falta. Sendo assim, ele achava que tinha sido falta mesmo? Ou eu entendo errado, ou isso contradiz o que é dito por ele na mesma matéria: “Era tiro de meta, fiquei com a pulga atrás da orelha. O cara dá perigo de gol. Muitas vezes dá certo, essa não. Eu via a fita para ver onde errei. Vi que a gritaria era enorme. De fato, o lance era tiro de meta, foi um equívoco. Tentei acertar e acabei errando”? O cara dá perigo de gol… muitas vezes dá certo, essa não… Então, ele apitou só perigo de gol? Não viu falta nenhuma? Se ele apitou só para acertar, então, ele sabia que errava? Se era perigo de gol, porque precisaria ver a fita pra ver onde tinha errado? Apitou perigo de gol e, mesmo assim, sustentou a versão de que tinha visto e apitado uma falta? Mesmo assim ainda contou, por tantos anos, a historinha de que Obina teria confessado a falta que ele nunca fez? Isso é muito desonesto. Mesmo assim processou Belluzzo? E, agora, e só agora, ele fala sobre o escanteio não dado antes? Como se isso justificasse o que ele fez ao anular um gol legítimo. Mas se ele reconheceu ter errado depois que viu o vídeo, como pode dizer que deu a falta porque tinha errado ao marcar escanteio? A nova versão também cheira mal… cheia de “mas” e “senões”… e com a sua credibilidade muy comprometida.
E se ele tem uma nova versão agora, e ela é totalmente diferente das anteriores, então, podemos imaginar que ele não falava a verdade esse tempo todo, não é? E se ele não falava a verdade antes, e se por tanto tempo sustentou essa mentira, por que deveríamos acreditar nele agora? E pede desculpas a Obina, e boa? E o prejuízo causado ao Palmeiras, que liderava a competição, e aos outros clubes, que lutavam pra não cair? Ele pretende indenizá-los?
Não sei você, leitor, mas eu vou esperar pelas próximas versões para ver se aparece alguma mais plausível, mais fácil de se acreditar… Essa, pra mim, ainda não cola.