O QUE APRENDEMOS COM A COPA DO MUNDO

Um mês de Copa do Mundo… um mês em que a nossa atenção se desviou do futebol daqui, dos jogadores daqui (se desviou, é maneira de dizer. Ficamos de olho no Palmeiras esse tempo todo), para o futebol das seleções de vários países…

O mês passou, a Copa acabou, a França foi campeã, a vice campeã, Croácia, encantou muita gente, o jogador Revelação foi Mbappé , o Bola de ouro foi  Modrić , o Chuteira de ouro, foi Kane , o Luva de ouro: Courtois , o melhor ator foi Neymar … e algumas lições nos foram transmitidas…

Para os torcedores brasileiros, o grande aprendizado foi concluir (e sentir na pele também) que não funciona mais o “já ganhou” antecipado… O ‘peso da camisa’ até costumava amedrontar algumas seleções ditas “menores” (sem conquistas), mas o peso da camisa não dribla, não lança e nem faz gols, também não defende, não ganha dividida, não desarma, não monta esquema tático, não escala, nem substitui… e, como vimos muito bem, não tem mais bobo e nem amedrontado disputando Copa do Mundo…

Aprendemos com a Copa que não importa quantas conquistas uma seleção possa ter. Se ela não for montada visando, única e exclusivamente, a formação de uma equipe competitiva, forte, a coisa não vai dar muito certo… E se ela for montada com outro$ e “panelísticos” interesses, vai ficar no meio do caminho mesmo. Se um técnico usar o seu centroavante para ficar marcando adversários, fazendo a vez do volante, meio lento, que o técnico manda pro ataque no lugar do centrovante (jênio), o time certamente vai sentir a falta de gols… Se colocar o lateral amiguinho, que no seu clube, com a benevolência das arbitragens, só leva a melhor sobre o adversário usando de muita violência e deslealdade,  numa Copa do Mundo, sem poder contar a arbitragem amiguinha, obviamente ele nada vai produzir e um “Hazard”  vai passear na ‘avenida’ e levar a melhor sobre ele em todas as vezes que o lateral tentar pará-lo… Se uma comissão técnica satisfizer todos os caprichos do seu “melhor jogador”, se der a ele privilégios que os demais não receberam… ao invés de ter um craque brigador, focado, chamando a responsa em campo, vai desperdiçar todo o futebol que esse jogador poderia produzir, e vai ter só um menino mimado em campo, querendo aparecer, e da maneira mais tosca e vergonhosa possível. E, em todas essas situações, o peso da camisa e as muitas conquistas dessa seleção não vão ajudar em nada.

Aprendemos que  sem a ajuda do apito, um “grande” técnico, “ao nível dos melhores técnicos europeus” (quantos repetiram essa blasfêmia) não consegue ganhar de uma fraca Suíça, passa noventa minutos vendo seu time ser contido por uma Costa Rica (graças a Deus que existem os acréscimos, né?), leva um nó – de marinheiro – de técnico belga, e sem conseguir mudar o jeito de o seu time jogar – e fazendo uma campanha idêntica à de Dunga – , acaba se despedindo da Copa mais cedo.

Em relação às regras, aos direitos de uma equipe em uma competição, tivemos um bom aprendizado também, como aconteceu quando a CBF reclamou, na Fifa, da arbitragem de Brasil x Suíça (um pênalti não marcado em Gabriel Jesus, e uma falta em Miranda, que não era digna de reclamação alguma), quando a CBF reclamou de o VAR não ter sido usado a seu favor, quando ela solicitou o áudio das conversas entre os elementos da arbitragem… aí, nós aprendemos que o que a CBF nega para alguns clubes aqui (não todos), o que permitiu que fosse negado ao Palmeiras aqui, ela solicitou para a  Fifa em favor da seleção brasileira, ou seja, o que ela acha que é direito do seu selecionado na Copa do Mundo, ela não entende como direito de um clube nos campeonatos que ela organiza, ou nos campeonatos organizados por federações estaduais que se subordinam à ela.

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A imprensa brasileira na Copa, e a que ficou aqui falando/escrevendo sobre a Copa, também nos ensinou algo… nos ensinou que ela, imprensa, tem uma noção do que é falta, do que é pênalti, e do que é correto em uma competição como a Copa do Mundo, diferente da noção que ela tem dessas mesmas coisas nos campeonatos no Brasil. Ela também acha corretíssimo que a CBF, após o primeiro jogo, ainda na fase de grupos, reclame da arbitragem em uma instância superior – fez coro com a CBF nas reclamações -, mas achou errado, vergonhoso, que o Palmeiras fizesse  o mesmo, DEPOIS DE UMA FINAL DE CAMPEONATO, onde ele foi muito prejudicado e o adversário muito favorecido, com um esquema sujo – comprovado por imagens e leitura labial –  que teve a participação de vários elementos da arbitragem e até mesmo de integrantes da Federação Paulista de Futebol, todos imbuídos da mesma intenção: fazer com que o árbitro anulasse a marcação de um pênalti claro, legítimo em Dudu, e que fora marcado com muita convicção pelo apitador.

A reclamação da CBF na Fifa é justa e corroborada por todos os “jornaleiros”, a do Palmeiras no TJD é “mimimi” e  é ironizada pelos mesmos “jornaleiros” (foi ironizada até mesmo pelo presidente do TJD)… Aprendeu a diferença, amigo leitor?

E, no decorrer da Copa, principalmente quando vieram os jogos eliminatórios, enquanto observávamos lances e as análises sobre esses lances, fomos aprendendo mais coisas…

Aprendemos que o uso do VAR de maneira seletiva, como vimos acontecer na Copa (e como acontece ilegal e não muito disfarçadamente no Brasil), deixando só ao árbitro a decisão de usá-lo ou não, vai continuar permitindo que se beneficie ou prejudique quem se queira beneficiar ou prejudicar. Ou seja, não vai acabar com a roubalheira.

Já na estreia do Brasil tivemos um aprendizado sobre pênaltis, mais especificamente sobre quando um jogador é agarrado pelo adversário na área… Se o lance acontecer na Copa e a favor da seleção brasileira,  é pênalti. E se o árbitro não marcar a infração, a CBF reclama na FIFA, pede VAR, áudio da conversa entre os árbitros, a imprensinha reclama muito também… Se o mesmo lance acontecer no Brasil, em uma final de campeonato, e se for a favor do Palmeiras (claro), aí a coisa muda, e não é falta, não é nada, e o prejudicado tem as suas reclamações totalmente ignoradas pela federação, pela imprensa, até mesmo pela CBF, que, então, se faz de cega e surda,  como se comandasse o futebol de outro país, em um outro planeta.

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Depois disso, um outro lance, em uma outra partida, nos chamou bastante a atenção também e nos ensinou mais uma coisinha… Em uma das partidas, o árbitro marcou um pênalti, depois foi na beira do campo e voltou atrás na marcação (te parece familiar isso?), reiniciando com bola ao chão. O comentarista de arbitragem da Globo não conseguiu entender como isso pôde acontecer…

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No entanto, na final do Paulistão 2018, o Arnaldo Cezar Coelho e todos lá da sua emissora – de outros canais e veículos de comunicação também –  não tiveram dificuldade alguma para entender como – num campeonato onde não é aprovado o uso do VAR – o árbitro parou o jogo marcando  um pênalti, todo convicto da marcação, e DEPOIS DE OITO MINUTOS, e de muita interferência externa (dirigente da FPF usando celular, outro dirigente da federação, que se dirigiu ao campo, delegado, quinto árbitro, quarto árbitro – um passando uma informação (ordem?)  para o outro) voltou atrás na marcação do pênalti que, se convertido poderia mudar a taça de endereço, e deu escanteio.

E o que aprendemos disso foi que “a percepção e entendimento dos profissionais de imprensa mudam completamente de acordo com o campeonato disputado e de acordo com o time que vai ser beneficiado/prejudicado”.

Como aconteceu num outro lance nessa Copa, de onde nos veio (mais) um outro aprendizado…

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Não foi só essa pessoa que fez essa observação… muita gente repetiu a mesma coisa. E foi assim que aprendemos mais umas coisinhas… o “é igual mas é diferente… e o “porque sim”.

O lance da imagem abaixo é pênalti claro, o infrator pega a perna do atacante e depois a bola, e o derruba (defensor que atropela e derruba atacante na área comete pênalti desde sempre)… e todo mundo concorda…

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Mas nesse outro lance (na imagem abaixo), ocorrido em terras brasilis, na final do Paulistão, onde o defensor também pega primeiro a perna do atacante, depois a bola (e, de lambuja, dá mais um chute no outro pé dele), e o derruba, não é pênalti, e a imprensa toda repetiu isso quando o lance aconteceu… esse outro lance “é igual, mas é diferente”. E sabe por que é diferente? “Porque sim”… Essa foi a lição aprendida.

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Na final da Copa, mais uma lição… Sempre discutimos aqui no Brasil sobre a marcação de pênaltis quando há toque de mão, porque as arbitragens aqui nunca assinalam todos os toques… sempre discutimos quando o toque é involuntário, quando não é… Mas, no jogo entre França e Croácia, um toque de mão, totalmente involuntário e inevitável, foi marcado contra a Croácia. Quem torcia para a Croácia reclamava da marcação, quem torcia para a França prontamente afirmava que estava correta a marcação…

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E, então, aprendemos que a orientação da Fifa diz que todo toque deve ser assinalado, mesmo quando for involuntário… os jornalistas faziam questão de lembrar isso para todos os torcedores que reclamaram do pênalti a favor da França.  Sendo assim, muito provavelmente, a informação sobre a orientação da Fifa deve estar vindo a nado para o Brasil e até agora não chegou, porque os árbitros aqui parecem não saber disso, e não marcam todos os toques de mão na área… como fizeram com esse toque aqui, que a imprensa fez absoluta questão de ignorar…

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E as lições não pararam aí. Na Copa, aprendemos até sobre política e sobre políticos…

Enquanto a presidente da Croácia pediu alguns dias de licença – NÃO REMUNERADA (ela fez questão que os dias fossem descontados) – para a companhar a seleção de seu país, e pagou a passagem com o dinheiro do seu bolso… no Brasil, se um deputado eleito pelo povo, assume compromissos como presidente de um clube de futebol e falta a 19 dos 46 dias em que há sessões na Câmara (e recebendo salários e benefícios normalmente. Salários  e benefícios que são pagos com dinheiro dos contribuintes) não há nada errado. Se de cada 10 sessões, ele faltar a aproximadamente 4 isso estará “certo”. Ninguém reclamará…

Aprendemos com isso que aqui é certo o que seria errado no Brasil e vice versa. Aqui, o dinheiro do povo serve para favorecer políticos e agregados, e só não favorece mesmo o povo.

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E com a França campeã da Copa 2018, nós aprendemos que o Brasil agora tem mais companhia no segundo lugar na lista das seleções mais vencedoras. A Alemanha tem 3 Copas, Brasil, França, Itália, Argentina 2 Copas,  e Espanha 1 Copa, e só essas seleções foram campeãs mundiais, afinal, segundo alguns devotos de São Cotovelo, antes disso, o futebol não existia e, portanto, as outras 3 conquistas que o Brasil alega ter, as 2 conquistas do Uruguai, as outras duas da Itália, uma outra da Alemanha, não podem ser computadas, porque  essas conquistas todas são de fax…

E, por fim, a última lição para um monte de gente – pra nós, palmeirenses, foi apenas a confirmação do que já sabemos desde sempre: SELEÇÃO BRASILEIRA SEM JOGADOR DO PALMEIRAS… NÃO GANHA COPA.  

 

 

 

2 comentários

  1. Parabéns Tania,cirúrgica como sempre!
    Mas como sugestão,um dia gostaria que você falasse sobre o Santos,que a meu ver,tem uma enorme vontade de ser Palmeiras…rsss
    Abraços

    1. Obrigada, Ednei. : )
      A coisa tá feia lá pros lados do Santos, né? A torcida não prestigia o time, não enche o Aquário, o dinheiro não vem, o clube transmitiu um amistoso realizado no México através de um link pirata, o sinal foi cortado com uma mensagem na tela de que a imagem estava sendo roubada… veja só. Que “baita administração” tem o clube.
      Agora, contratam um jogador, pagam 1 milhão para o clube dele e, se não faço confusão, mais 2 para o atleta e juram que deram um chapéu no Palmeiras, que o atleta honrou o compromisso assumido com o time sardinha… blá blá blá… Será que se o Palmeiras quisesse mesmo o jogador, ele não o teria contratado?
      E, não bastasse isso, ainda dizem que foram atravessados pelo Palmeiras na contratação do Keno, Guerra e sei lá mais quem… rsrs Eles esquecem que algumas coisas os jogadores contam uns para os outros, e como eles foram acionados na justiça por dívidas com vários atletas (Leandro Damião, Arouca, Aranha…), é óbvio que o cara só vai pra lá se não tiver outra opção melhor mesmo. Sem contar que no mercado de trabalho é assim que funciona, as melhores empresas, as mais estruturadas, e que pagam mais e em dia, são as preferidas de quem quer se empregar, não é? Quando um ou mais clubes estão interessados em um jogador e um deles leva o atleta, isso não é atravessar, isso é só desculpinha esfarrapada pra torcida que ficou a ver navios, literalmente.
      As sardinhas estão muito devotas de São Cotovelo. kkkkk Como você disse, é muita vontade de ser Palmeiras.

      Um abraço.

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