“A desilusão pode ser o despertar de um grande desejo de se dar conta da realidade.” – Sylvia Labrunetti

Paulo Nobre foi reeleito presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras… e com uma grande vantagem para o candidato da oposição: 2421 x 1611 votos.

Espero, sinceramente, que Paulo Nobre não entenda isso como aprovação à sua administração, porque não tem um palmeirense nesse mundo que esteja feliz com ela, ou com parte dela (acho que nem ele mesmo). Espero que ele entenda que ganhou a eleição porque o outro candidato, e seu catado de “notáveis” e integrantes da chapa, eram impraticáveis, inimagináveis na administração do Palmeiras.

Além do próprio candidato da oposição, que teve o nome envolvido em algumas situações suspeitas, ocorridas dentro do Palmeiras, ele ainda tinha ao seu lado outras pessoas, que também tiveram seus nomes envolvidos em situações suspeitas, tinha o ex-jogador, que dizem ser torcedor do Flamengo, e tinha o ex-presidente, que torrou o dinheiro do clube, o afundou em dívidas, e que perdeu o brasileirão mais ganho de toda a história, em 2009. Não dava, né?

E, como agravante, ainda tem a história das cadeiras do Allianz Parque, que o grupo de oposição parecia estar doidinho para entregar de mão-beijada para a construtora – cansaram de defendê-la contra o Palmeiras -, mesmo sabendo quanto dinheiro o Palmeiras perderá com isso; tem o descaso com o sócio-torcedor, cujo programa, e me baseio nas declarações dadas, seria fatalmente implodido, graças às alianças e preferências, que o populismo, empregado na campanha oposicionista, teve que fazer.

Tivéssemos tido uma terceira e boa opção, certamente, essa terceira e boa opção teria ganhado, de lavada.

Em 2013, sabíamos que o Palmeiras tinha muitos problemas – menos que estava literalmente falido -, e apostamos em Paulo Nobre para resolvê-los – falo na primeira pessoa do plural, mas deixo claro que eu não voto. Precisávamos de um “craque”, que chutasse com as duas, ou seja, que resolvesse a situação financeira, caótica, e, ao mesmo tempo, resgatasse o futebol que se encontrava na segunda divisão, colocando o Palmeiras em busca de títulos novamente. Nosso candidato favorito não sabia, ou não soube, chutar com as duas.

Se, por um lado – o de sanear o rombo financeiro que havia no clube e trabalhar sem as receitas, recebidas e gastas pelo seu antecessor -, a administração Paulo Nobre foi exemplar, fazendo até mais do que o esperado e salvando o Palmeiras da falência; por outro – o lado do futebol (da metade de 2014 pra cá) -, ela foi decepcionante.

Quem imaginaria que, ao final de 2014, em pleno ano do nosso centenário, estaríamos brigando para não cair, e até a última rodada? Deus do céu! Que sofrimento… que dor no coração… que vergonha.  É um absurdo estarmos passando por isso de novo. O Palmeiras não merece.

E nos perguntamos: Como foi que a nossa diretoria deixou isso acontecer? Como foi que ninguém previu que as coisas caminhavam para isso? E se previram, como foi que não evitaram? A nossa decepção é gigantesca.

No entanto, sei que o presidente Paulo Nobre conduz o Palmeiras com honestidade, e sei que os muitos erros cometidos, foram com a intenção de acertar, mas sei também – todos nós sabemos – que mesmo com honestidade e boa intenção não dá mais para errar com o futebol do Palmeiras.

Uma nova chance é dada ao presidente Paulo Nobre, e eu desejo a ele o mesmo que desejaria para o outro candidato, caso ele tivesse vencido a eleição:

Desejo muita sorte e muito sucesso nesses dois anos que virão, presidente. Que você conduza o Palmeiras com muito amor e sabedoria, que saiba ser flexível, saiba ceder, quando isso for para o bem do Palmeiras… desejo que você se cerque de pessoas que amem e queiram o bem da SEP, de verdade, e que saiba identificar essas pessoas no meio de todas as que estarão à sua volta; que saiba identificar também as que apenas lhe bajulam com a intenção de tirar algum proveito, e que se afaste dessas pessoas.

Desejo que os que tanto falavam em união, em trabalhar em prol do Palmeiras, mostrem que o que pregavam era verdadeiro e não mote de campanha. 

Desejo que você tenha humildade para voltar atrás quando for preciso, e que saiba pedir ajuda quando necessário… Desejo que você deixe, sim, o seu coração de torcedor o orientar algumas vezes – ele é apaixonado, porém é sábio, e nem sempre será ruim ouvi-lo.

Desejo que você nunca aceite nada (jogador, técnico, patrocinador, maqueiro…) que seja menos do que o Palmeiras merece. E que você faça da nossa camisa um troféu, permitindo que ela seja vestida apenas por merecimento, por talento, por vontade de vencer, e não porque  foi o que deu pra trazer…

Desejo que você tenha por objetivo principal nessa nova etapa, fazer o Campeão do Século voltar a ser protagonista no futebol, voltar a ser gigante e conquistar títulos regularmente. E que você monte um time  como o Palmeiras merece, e não como a situação permitiria – o “pulo do gato” tem que ser esse: encontrar a maneira de montar um time competitivo, mesmo que, apesar de.

Desejo também que você se dê conta de que o Palmeiras é prejudicado pelas arbitragens, sim; é prejudicado, incessantemente, pelo STJD, sim; que tem inimigos na imprensa, sim; e que há má vontade com o Palmeiras, sim; que você se dê conta que as imagens dos prejuízos impostos pelas arbitragens ao nosso clube, desaparecem dos programas esportivos, cujos “microfones” nem as mencionam, desaparecem dos vídeos de melhores momentos, e que o mesmo não acontece com outras equipes; que as nossas notícias têm sempre um “senão” negativo, mesmo que seja para falar de uma grande vitória nossa; que o Palmeiras e os seus atletas não recebem – nem dentro e nem fora de campo -, o mesmo tratamento dado aos outros grandes clubes e seus jogadores.

E eu desejo que seja você “o cara” que defenderá o Palmeiras disso tudo. Que enfrentará todos os inimigos – sim, nós temos inimigos – e brigará contra tudo e contra todos, se e quando for preciso.

E que nesta semana, em que vivemos numa ansiedade imensa, com o coração na mão, você faça o possível, o impossível, e muito mais ainda, para salvar o Palmeiras do descenso. Que você faça tudo, mas tudo mesmo, que estiver ao seu alcance, até mesmo escalar o time, coisa que o nosso técnico não sabe fazer.

E te desejo mais, presidente Paulo Nobre, desejo que você tenha muita saúde, sabedoria, sensatez, malícia e jogo de cintura, porque a tarefa de conduzir um gigante não é fácil…

E por fim, desejo que haja muita Luz em seu caminho, que você seja muito bem sucedido e que Deus o abençoe.