“Quando duas forças sociais distintas e adversas entram em porfia, uma representando o futuro, outra o passado; aquela vinculada à renovação, esta ao ‘status quo’ das injustiças e dos privilégios; a primeira hasteando a bandeira ou professando doutrina, a segunda se movendo qual espectro à sombra das desigualdades que se perpetuam, dos danos que não se reparam, das incertezas que são agravo à segurança do direito, em geral o desfecho que ocorre sagra e inculca o triunfo da ideia nova, que ontem era sonho e ficção, e hoje é lei e realidade.” [Do jurista Paulo Bonavides]
Depois de muita luta, depois de muito esperar, as eleições diretas no Palmeiras foram aprovadas.
Na reunião de ontem à noite (01/10), realizada na Academia de Futebol, o Conselho Deliberativo do Palmeiras decidiu que a escolha do presidente do clube, a partir de 2014, se dará por eleições diretas. Foi o primeiro e o mais importante passo, mas, para ser implementada, a mudança ainda precisará ser votada pelos sócios, em uma nova reunião, que será realizada em novembro.
Ficou decidido, que algumas emendas, complementares ao projeto das diretas, que seriam votadas na reunião da noite, serão votadas no dia 22, estando entre elas o direito a voto para o sócio-torcedor, ou sócio do futebol, como ele é reconhecido no estatuto.
Em frente aos portões da Academia, mais de 400 torcedores marcaram presença (eu também estava lá), para cobrar dos conselheiros do clube que votassem pela aprovação das diretas. Sob a vigilância de muitos policiais, os manifestantes, com muitos integrantes da Mancha Alviverde, tomaram duas das três faixas da Av. Marquês de São Vicente. Os torcedores aproveitaram para protestar contra a atual diretoria e pediram a saída de Tirone e Frizzo, sem esquecer de Mustafá Contursi, a figura mais rejeitada pelo torcedor, pelos anos de má administração e pela influência política no clube.
Portando cartazes, faixas e bandeiras, vestindo camisas do Palmeiras, os torcedores fizeram muito barulho do lado de fora. Os conselheiros, ao chegar, precisavam passar por uma espécie de corredor formado pelos torcedores. E eram muito cobrados.
Embora tivéssemos aproveitado a ocasião para mostrar a nossa indignação contra a administração amadora de Tirone e Frizzo e contra os aqueles que consideramos inimigos do Palmeiras, a manifestação foi pacífica e não tivemos nenhum incidente.
Antes da votação os conselheiros foram consultados para determinar se a eleição seria aberta ou fechada. Dos 191 presentes, apenas dois deles, Eduardo Ribeiro de Melo e Piraci de Oliveira (mas que coisa!), foram a favor dos votos fechados – um se absteve. Em seguida, e por unanimidade, os conselheiros votaram pela grandeza do Palmeiras; por unanimidade (quem diria?), e com uma boa dose de desentendimentos entre os votantes, as nossas tão sonhadas eleições diretas foram aprovadas. Acredito que o fato de o voto ser aberto, deva ter contribuído bastante para essa unanimidade.
Foi uma grande vitória do Palmeiras e de todos nós. Demorou, custou, nós lutamos muito, mas conseguimos escrever uma nova página na história do clube! Conseguimos acabar com o formato de eleição que fazia do Palmeiras um feudo, uma propriedade de alguns. Os conselheiros estão de parabéns pela noite do dia 01 de Outubro de 2012! Falta só aprovarem o direito a voto para o sócio-torcedor, para que o Palmeiras passe a ser propriedade dos 20 milhões de torcedores que o amam, incondicionalmente!
Daqui a cem anos, quando a Sociedade Esportiva Palmeiras estiver para completar mais um centenário, talvez alguém conte a história de hoje… e todos nós, que fazemos parte dela, seremos lembrados por nunca termos desistido, por nunca termos abandonado o Palmeiras…
Parabéns, família de sangue esmeralda! Tenho certeza que hoje o Palmeiras nos diz: Muito obrigado!
