“O Palestra Itália está onde quer que o coração palestrino o leve…”

Só agora, os meus pés tocaram o chão e consegui chegar ao PC, para contar o que foi a primeira partida da final da Copa do Brasil…

Cheguei na Arena Barueri e ao ver a avenida tomada de palmeirenses, me lembrei da Turiaçu… Um mundo de gente vestindo a camisa mais linda do mundo, com rostos pintados, bandeiras, fogos, chapéus, bigodes, olhos ansiosos, abraços apertados; com largos e escancarados sorrisos e cantando sem parar! O Palmeiras na final… M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!

As pessoas, colorindo a rua em verde e branco, faziam um “corredor” e,  com luzes verdes de sinalizadores, fogos, fumaça, cantos e toneladas de amor, criavam um cenário lindo, mágico,  para esperar a chegada do ônibus que traria a delegação do Palmeiras. Imagino como os jogadores se sentiram quando viram aquela recepção… A festa era comovente e a energia que havia ali, de arrepiar! O amor da torcida pelo Palmeiras, derramado em plena avenida, sem nenhum pudor, sem nenhuma reserva… E que amor é esse, que aumenta a cada dia, e resiste a períodos em que o sol se esconde em nosso mundo?

Pedacinhos do Brasil inteiro (interior de São Paulo, da capital, de Roraima, Sergipe, Minas, Paraná, Ceará, Santa Catarina.. ) vieram à Barueri para ser o centrovante de Felipão na tão sentida ausência do nosso Pirata. Sempre temos que lutar contra leões inimagináveis…

Os relógios pareciam parados… Não vi o ônibus chegar, porque já tinha entrado e, dentro do estádio, tinha a impressão que o tempo demorava ainda mais a passar… E ali, naquele lugar, onde, segundo a imprensa, disputaríamos uma final acanhada, escondida, sem graça, helicópteros sobrevoavam o céu para ver o Palmeiras (todo mundo vai onde ele estiver), para ver a festa da Que Canta e Vibra… A lua, brilhando no céu, também tinha vindo ver o espetáculo… E nem ela, nem os helicópteros, e nenhum de nós  podia ver e ouvir a conversa que acontecia no vestiário, entre dois velhos amigos…

Tava chegando a hora… Os goleiros do Coritiba entraram em campo, lá perto da torcida deles, para se aquecer; e tomaram vaia da Que Canta e Vibra! Minutos depois, os goleiros palestrinos também entraram. E o estádio era um coro só: “Bruno! Bruno!”; e ele, confiante, acenava para os torcedores. Nós e o Bruno, na final!! Quem diria… E então, a torcida passou a gritar o nome de Deola. Depois de alguns episódios, que fizeram com que Bruno passasse a ser o titular, foi de arrepiar, de verdade, ouvir a torcida gritar o nome de Deola, e vê-lo acenar de volta, cheio de garra. A família, finalmente unida e em paz.

E, enquanto esperávamos cantando, a festa ia sendo preparada… Com bigodes para homenagear Felipão e o Mago, com balões, milhares de bandeirinhas, máscaras de porco, rostos pintados, corpos envolvidos pela bandeira do time tão amado… logo, o cenário já estava pronto. Meu coração parecia que ia explodir. Eu ficava tentando imaginar como seria a preleção, e o que pensariam e diriam entre si os jogadores, enquanto ouviam a força do canto da torcida palestrina.

Estávamos com os olhos grudados no campo, esperando, e quando o Palmeiras  apareceu,  algo aconteceu…  o que era para ser uma festa, se tornou um espetáculo para os sentidos, para a alma… O estádio explodiu em verde e branco e, ao olhar à minha volta, o Palestra Itália estava ali! O amor, incondicional, da torcida pelo time, tomava posse da Arena Barueri e a transformava na nossa casa. Era o Palestra Italia que viera para a final. Que emoção eu senti! Em meio a uma quantidade absurda de fogos, aplausos, gritos, balões agitados, chuva de papel prateado, bandeiras e bandeirinhas, e cantando a plenos pulmões, a força do amor da Que Canta e Vibra, levara o Palestra até ali. Poucas vezes eu senti algo tão arrebatador assim…

O jogo começou e as coisas não aconteciam como a gente tinha imaginado. O adversário, que fazia uma cera desgraçada desde o primeiro minuto,  marcava a saída de bola e era mais ataque que o Palmeiras, que parecia perdido na defesa, correndo atrás do Coritiba. O juiz nos irritava e irritava o time, deixando de marcar faltas, escandalosas, que sofríamos,  marcando todas para o outro lado e inventando outras.

Embora a bola não chegasse muito fácil em Valdivia, ele se movimentava bem, tentava chamar o jogo e, assim, chamava também as travas das chuteiras adversárias em suas canelas… e como apanhava! Em algumas vezes, o Mago fazia a jogada e ninguém o acompanhava. Henrique fazia muita falta, mas, para mim, Barcos fazia mais! E num lance em que o jogo estava parado, Valdivia foi empurrado pelo adversário e, em resposta, estendeu os braços fingindo que daria a bola pra ele; e o juiz, sem motivo algum, deu amarelo pra ele! Que pilantra! Já imaginei o que viria…

Para nossa sorte, Bruno estava numa noite esplêndida! Fez cada defesa!! Numa delas, logo no comecinho, o cara do Coxa entrou sozinho na área e, com o “Palestra” aterrorizado, Bruno travou a jogada e ficou com a bola. Espetacular! Fui parar de tremer uns 10 minutos depois. O adversário ainda teve outras oportunidades, que a péssima finalização dos seus atacantes, mandou pra fora. Tenso…

Já estávamos nos descontos, numa cobrança de falta, Assunção levantou na área; Betinho, à frente de Jonas, foi agarrado por ele e derrubado, num lance que mais parecia um golpe de judô. PÊNALTI! (nesse caso acho que a regra prevê que o infrator seja expulso, seu juiz!) O “Palestra” explodiu de alegria! Não dá para explicar o que foi aquele momento…

Eu tenho pavor de penalidades, ainda mais num jogo de final… Valdivia ia cobrar… Eu tinha medo de olhar e, durante aquele silêncio que tomou conta do “Palestra”, enquanto eu segurava a medalhinha de um certo escapulário, vi o Mago se dirigir para a bola. Com o coração paralisado, eu olhei para a lua e disse ao meu medo: DESTA VEZ, NÃO! E então olhei pro campo no momento em que a Que Canta e Vibra explodia e o ‘Palestra’ enlouquecia! E com uma emoção sem tamanho, eu vi, bem à minha frente, Valdivia comemorar o gol (me disseram depois, que ele cobrara como Evair em 93) com a saudação pirata que homenageava Barcos. Lindo demais!! As lágrimas eram de alívio e emoção…

E sem que nos déssemos conta, fomos transportados para dentro de um sonho…  

Eu não sei direito tudo o que se passou na segunda etapa, mas me lembro de Thiago Heleno jogando muito, lembro da segurança de Bruno, lembro da defesa que se acertou, do Palmeiras que passou a marcar melhor e a atacar mais, da luta do time em campo e daquela demonstração de amor no “Palestra”… Barueri jamais veria algo assim…A confiança de fazer o segundo gol e o medo de tomarmos um, se revezavam em meu coração.

E então, o Coritiba fez mais uma falta… Assunção cobrou em direção ao gol; a bola, explodindo em Lincoln, procurou e achou Thiago Heleno, e ele,  de cabeça, mandou pras redes. O “Palestra” veio abaixo! A torcida do Coritiba ia cantando cada vez menos. A Que Canta e Vibra, fascinada, já podia sentir o gostinho de tocar a taça e cantava e pulava sem parar… O Palmeiras, que a imprensa tanto ridicularizou, transformava o estádio acanhado e sem graça (segundo ela) no maior estádio do mundo!

Minutos depois, numa disputa mais dura de bola, devidamente aumentada pelo adversário, o juiz expulsou Valdivia. Nos primeiros momentos, o Palmeiras sentiu o golpe; o Mago fazia falta em campo. Pra complicar, num lance na área, Márcio Araújo foi disputar a bola com Tcheco e o Coritiba reclamou de pênalti. O juiz nada marcou e Tcheco foi pra cima dele. Levou cartão? NÃO! Não sou expert nas regras do jogo, mas me pareceu que M. Araújo tinha por objetivo a bola e, quando Tcheco ficou com ela e mudou a sua direção, Márcio Araújo já não podia mais parar ou voltar, e acabou derrubando o jogador. O fato é que o jogo continuava tenso…

Felipão colocou Maikon Leite e, no minuto seguinte, Betinho o lançou à frente do marcardor; ele dominou e foi em direção ao gol, mas se atrapalhou ao tentar tirar o goleiro, e perdeu o gol. Seria o gol do título… Que pecado! E o Coxa veio pra cima, e a defesa que ninguém passa tirou tudo. O Palmeiras lutava pela vantagem construída, o Palmeiras lutava pela chance de conquistar a Copa do Brasil, lutava contra assalto, sequestro, apendicite, expulsões muito mandrakes… e a torcida lutava junto…  E no “Palestra Itália”, feliz, de bigode, coberto por faixas verdes, brancas e vermelhas, ecoava: “…meu Palmeiras, meu Palmeiras, você é meu bem querer…”♫

O banco do Verdão, de pé, acenava e pedia o final de jogo; os torcedores olhavam os relógios…

E então, o juiz apitou! E decretou a festa da torcida mais linda e mais apaixonada do mundo! E decretou também que o Palmeiras vai à Curitiba, desfalcado, prejudicado por arbitragens coniventes com a pancadaria e implacáveis com lances corriqueiros..

Mas, jogue quem jogar, o Palmeiras vai à Curitiba mais forte, mais unido (obrigada Sampaio), mais pertinho do título; vai com “um olho no gato e outro na frigideira”…

O Palmeiras vai à Curitiba com Barcos, Mago e mais vinte milhões de palestrinos guardados no coração, para trazer a taça pra casa…

SÓ FALTA UMA! AVANTI PALESTRA! SCOPPIA CHE LA VITTORIA È NOSTRA!!!

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Eu não tenho como saber o resultado do jogo de hoje, mas meu coração pode muito bem antever, desejar….

Posso imaginar Marcos, o melhor do mundo, comemorando abraçado à Felipão; posso ouvir a Que Canta e Vibra enlouquecida de alegria, gritando gol na arquibancada;  posso ver o Gladiador batendo forte no peito; posso sonhar com passes mágicos, posso imaginar o sorriso mais lindo do mundo, bailando feliz no gramado…
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Mas é clássico, dirão alguns! Sem lógica, sem regras… E, neste mata-mata, sem empate também. É verdade…Todo resultado é possível, todo resultado é cabível. E um empate levará às cobranças de pênaltis. Será a Luz para quem for à final, e a Treva pra quem perder.
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E, quando eu penso em Luz, penso logo em Valdivia! Penso em seu futebol mágico, seus dribles e gols que enlouquecem todo mundo no estádio. Uns, de encantamento; outros, de raiva… E todos nós, inclusive os gambás, sabemos muito bem o que acontece quando o Mago joga o que sabe, o que pode… Nunca fomos batidos pelos nossos fregueses com Valdivia em campo; nunca sequer tomamos um gol.
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E na hora em que vamos buscar aquela coisinha a mais, na hora em que nos apegamos às rezas, às superstições, à qualquer coisa que nos diga que vamos vencer, e que sirva como um sinal, lembrar que Valdivia veste a nossa camisa é a melhor coisa do mundo. Afinal, ele é quem pode desequilibrar o jogo, ele é quem pode, magistralmente, colocar um companheiro na cara do gol, o Mago é quem pode decidir a partida a qualquer momento, ele é quem pode nos “matar” de alegria…
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É obvio que a marcação será dura e num lance fortuito, enquanto os adversários estiverem distraídos caçando Valdivia e o nosso Gladiador, por exemplo, nosso menino Patrik pode decidir, Assunção pode guardar uma falta, Cicinho pode fazer um cruzamento perfeito, Thiago Heleno ou Danilo, podem aparecer de cabeça… Luan, Rivaldo, Araújo… qualquer um deles, guerreiros que são, podem balançar as redes inimigas… E não podemos esquecer que temos a Melhor Defesa do Mundo, os volantes que desarmam tudo, o melhor técnico no banco… Dá um frio na barriga, né?
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Sabemos que a ‘marcação adversária’ já começou na semana passada. A imprensa só fala do Mago e seu chute no vácuo. Chama a jogada  de deboche, instiga os adversários a se sentirem ofendidos com o talento do nosso craque. Imaginem quantas porradas já não estão “ensaiadas” e preparadas para Valdivia, Kleber e Cia? E os adversários, estúpidos, ensaiam a jogada do Mago para ver se, porventura, podem usá-la numa tentativa de diminuí-lo, de esculhambar o Palmeiras. Olha só com o que eles estão preocupados!
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E o Mago está quietinho, na dele… e nós sabemos muito bem no que isso resulta, não é mesmo? Kleber também está contido. Imaginem com que vontade ele vai entrar em campo amanhã. Tentem imaginar a preleção de Felipão… ou o que Marcos irá dizer aos companheiros…  Todos nós já pressentimos o que está para acontecer… Todos nós já sentimos o coração querendo ganhar os ares…
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TÁ VALENDO VAGA NA FINAL! Vamos à luta, Verdão! Com o coração na ponta da chuteira! Com chutes-no-vácuo, ou sem eles; com chororo,  bailado, ou sem; não importa qual sortilégio nosso Mago vai usar , qual será a espada que o Gladiador irá empunhar, qual a estratégia escolhida pelo general Felipão… Não importa nem mesmo se o juiz é ladrão! O QUE IMPORTA É QUE O PALMEIRAS VAI BUSCAR A VAGA, COM O TALENTO E A RAÇA DE TODOS OS SEUS GUERREIROS! E NÓS VAMOS COM ELES! Seremos o 12º, 13º, 14º… jogador!
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Seremos vinte milhões de “jogadores” palestrinos no Pacaembu! Juntos de alguma maneira, unidos pela força do nosso amor, pela vontade de ver o Verdão na final, com os nossos corações cantando e vibrando no ritmo das arquibancadas. Nós merecemos! Felipão, Murtosa  e os jogadores também merecem. Não importa onde esteja cada um de nós; amanhã (hoje) seremos uma força única! Vamos apoiar e empurrar o time durante os 90 minutos, como pediu Felipão, como o Palmeiras merece, como sabemos fazer…
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Prepare o seu coração, amigo! A magia vai  entrar em campo, outra vez… O PALMEIRAS VAI JOGAR, NÓS VAMOS!!!!!
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AUGURI PALMEIRAS!!