A TV mostrava o jogo da seleção brasileira com a Austrália, mas eu estava preocupada com o jogo do Palmeiras, a minha única seleção, que ia jogar lá em Goiás contra o Atlético local. Estava quase na hora da partida começar.
ÊÊÊ… PALMEIRAS, MINHA VIDA É VOCÊ!
E, para “variar”, minha mãe me ligou pra avisar que ia passar o Palmeiras na TV. Não tem jeito, ela faz isso desde 1914.
Depois de ter feito 50% do caminho de volta à série A, o Palmeiras ia começar a trilhar a outra metade do caminho. E tinha que começar com o pé direito! Valdivia, na seleção chilena, e Henrique, na seleção brasileira, desfalcavam o time titular. Sem Juninho e Fernandinho, lesionados, íamos de Wendel na lateral esquerda. Mendieta, graças à mais uma das punições de dois-pesos-e-duas-medidas do STJD, também estava fora. Por outro lado, Vilson, que não acertara a sua transferência para o Sttutgart – graças a Deus – estava de volta ao time. Vinícius, Leandro e Kardec formavam a linha atacante de raça. Tudo tranquilo…
Mas, para a imprensinha, o Palmeiras está em crise. Publicam as nossas notícias sempre associadas à alguma crise. Foi assim a semana inteira. Só se estivermos em crise por causa das nossas vizinhas que estão na zona de rebaixamento… Crise de risos!
É muito estranho que tentem conturbar o nosso ambiente, mas da situação caótica dos bambis, do time horroroso, jogando nada; do goleiro em declínio total, das broncas de alguns jogadores com esse goleiro; dos três pênaltis seguidos que o presunçoso jogou fora, do “Fabuloso” que não ajuda em nada… a Press não falar nada, não noticiar. Nem da “Operação Lady Gaga”, que tenta salvar o SPFW do descenso, e que já andou operando a Lusa, sem anestesia.
O Palmeiras é líder da competição que o levará de volta à série A, tem o melhor ataque, a segunda melhor defesa e 75% de aproveitamento. Crise o escambau! Mas como a Chapecoense jogara um dia antes do Palmeiras e vencera a sua partida, por uma noite ela nos tomara a liderança da competição. E foi o bastante para a imprensinha quase morrer de satisfação e repetir “trocentas” vezes que o time do sul era líder do campeonato. Que “meda”! Devia ter “jornaleiro” torcendo pro Atlético-GO desde criancinha. Bobagem…
O início de jogo do Palmeiras foi arrasador! Aos 12′, numa das jogadas de ataque, a bola foi colocada pra fora em escanteio; Wesley cobrou pela direita, e o “Lã” Kardec, naquele seu jeitinho Kardec fulminante de ser, subiu mais que a zaga inimiga, cabeceou forte e guardou! Que maravilha! Eu que andava meio mau-humorada desde o dia anterior, e que antes do jogo, tinha tomado até remédio pra dor-de-cabeça, começava a experimentar os efeitos do mais poderoso remédio que conheço: ver o Palmeiras ganhando. Que sensação boa!
Três minutinhos depois, Luís Felipe mandou uma bomba de fora da área e o goleiro rebateu, “bateu roupa”. Alan Kardec estava no rebote, mas foi derrubado dentro da área… PÊNALTI!! E ele mesmo, o nosso centroavante bom de gol é quem foi para a cobrança. Tranquilo, percebeu o lado em que o goleiro ia cair e tocou no outro. 2 x 0! Essa, tava no papo! Meu “remédio” favorito aquecia meu sangue, relaxava o meu corpo e me dava uma sensação maravilhosa.
Como o mundo fica lindo quando o Palmeiras está vencendo, né? A boca da gente ri por conta própria, o tempo todo. A sensação é inexplicável! Qualquer problema que possamos ter, fica minúsculo diante do tamanho da felicidade que o Palmeiras nos proporciona. Eu não conseguiria parar de sorrir nem se eu quisesse.
E eu só tinha uma certeza: a de ser louca por esse time.
Com 15′ de jogo o Palmeiras tinha 2 x 0 no placar. E, pelo futebol que ele jogava, a gente sabia que eram mais três pontos na nossa conta. Era óbvio que ele iria administrar o resultado, e o Atlético, por sua vez, mesmo cheio de ‘celebridades’ (Michael Jackson, John Lennon…) não fez grande coisa no primeiro tempo.
Na segunda etapa, eles até que quiseram nos assustar logo de cara. Adriano Michael Jackson (aquele) recebeu um cruzamento e mandou de carrinho pro gol. Prass, de maneira sensacional, defendeu com o pé esquerdo; no rebote, a bola sobrou pro Michael Jackson de novo (e pensar que eu já torci pra esse cara) e o ‘Van Der’ Prass defendeu, de novo! Coisa linda esse goleiro!
Wesley cobrou escanteio e o Vilson (graças a Deus que a negociação não deu certo), de cabeça, quase fez o terceiro. O Atlético foi pro ataque e o Prass defendeu de novo. Wesley cobrou falta e quase guardou no cantinho, o maledeto do goleiro foi buscar.
Leandro tava doidinho para fazer o dele e já tinha perdido algumas oportunidades. Mas, mesmo sem marcar, ele se doava em campo uma barbaridade. E acabou recompensado e nos recompensando também. Kardec lançou Charles, e ele, de cabeça, tocou para Leandro. A minha “cacatua” favorita recebeu dentro da área, chapelou o zagueiro e nos presenteou com um golaço! Daqueles de fazer a gente ficar de pé antes mesmo da conclusão!
E lá estávamos nós em plena crise… de alegria! Pode escrever aí, Press!
Mas o Atlético acabou descontando. E o ‘Van Der’ Prass só tomou o gol porque foi Jesus que marcou. Como é que a nossa defesa ia dar um chega pra lá em Jesus? Era capaz do “seo Ximit” mandar colocar nossos jogadores na cadeia…
No finalzinho, aos 43′, Márcio Araújo fez uma bela jogada e tocou pra Kardec chutar de primeira, o goleiro foi pra defesa e evitou o que seria o quarto gol do Verdão. Pecado! Uns minutinhos depois, Michael Jackson encheu o pé de fora da área, mas Prass fez outra bela defesa. E foi só.
E tão logo o juiz apitou, eu senti uma vontade enorme de chorar. E não entendia porque estava chorando, até que percebi que, mesmo faltando muitas partidas, o meu coração já sabe, ele já tem certeza…
E vamos voltar de cabeça erguida, sem atalhos, sem esquemas, sem ajuda e sem perder a dignidade. Como só o Palmeiras sabe fazer!
Espera só mais um pouquinho, viu série A? Seu campeão favorito está voltando!