Enquanto esperávamos pelo jogo do Palmeiras diante do Ceará, a imprensinha deu mais uma mostra do jornalismo sem-noção que faz.

Num portal, na home do Palmeiras, uma matéria, um tanto quanto bombástica, chamava a atenção:

“Isolado e chateado com Paulo Nobre, Brunoro cogita sair do Palmeiras” 

Reparem que é uma afirmação (quem afirma tem certeza). Uma notícia para fazer o leitor  pensar: “Caramba! A coisa está pegando fogo lá no Palestra e o Brunoro está querendo até sair.”

Será mesmo?

Claro que todos os palmeirenses que leram isso, e muitos não palmeirenses também, foram correndo acessar a tal notícia para saber o que é que está acontecendo; pra saber direitinho essa história de que Brunoro, chateado com o presidente do clube, está pensando em sair do Palmeiras; para saber os motivos que fazem ele querer sair (será que a intenção de quem escreveu é só conseguir acessos?). E então, ao ler a notícia… “Pegadinha do Malandro”. Ao ser ouvido, o CEO do Palmeiras diz exatamente o contrário! Me senti uma vítima de “enganation”!

Dois jornalistas assinam a matéria, e eu fiquei com a impressão que um escreveu a chamada e a primeira parte da notícia e que o outro escreveu a parte final. Me pareceu também,  que um não leu a parte que o outro escreveu. Só isso justificaria o título fazer uma afirmação sobre algo que Brunoro sente (isolamento por parte de Paulo Nobre) e pensa em fazer (sair do Palmeiras) e no corpo da notícia, uma declaração do próprio Brunoro desmentir isso.

Apesar de eu não ser do ramo, imagino que a tarefa de um jornalista, que recebeu informações de um ‘Gasparzinho’ qualquer a respeito de outras pessoas, seja ouvir as partes envolvidas (nesse caso, Brunoro e Paulo Nobre), e depois noticiar o que essas pessoas disserem a respeito do assunto – o título da matéria também deve ser feito depois disso . Mas, mesmo tendo ouvido Brunoro e ele ter dito o contrário do que a chamada equivocadamente afirma, colocaram um título sensacionalista e diferente do que o executivo palmeirense declarou. Pode até ser que seja assim que as coisas funcionem no jornalismo, não entendo disso, mas a mim isso não parece correto. Parece a você, leitor? Se o Brunoro, que é a pessoa de quem a notícia fala, diz que não, com que direito um jornalista diz que sim, ou tenta fazer parecer que sim?

Leia a notícia e tire as suas conclusões:

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E então… o “isolado e chateado”, “que pensa em sair do Palmeiras” declara:

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“Está tudo excelente. Estou trabalhando com apoio e super sossegado.”

Ele poderia até estar mesmo chateado com Paulo Nobre e ter preferido não falar (não acredito nisso), mas a notícia deve se basear naquilo que ele disse após ter sido consultado, não é mesmo? E pensar que muitos torcedores, que só leem o título da maioria das notícias, compram o que esses títulos vendem… e pensar que há tantas outras matérias, no mesmo estilo dessa (e não é só no futebol, não), sendo publicadas diariamente por aí…

Abre o olho, torcedor!!!

Foi como uma bomba caída sobre nossas cabeças… No dia seguinte à declaração de Brunoro de que não havia possibilidade de Barcos sair por causa da dívida com a LDU, o jogador acertou com o Grêmio. E a gente ficou de bobeira…

Eu não sei quem tem razão, quem acertou/errou e onde acertou/errou, se é que alguém acertou/errou, mas, no dia seguinte, eu chorei vendo o Barcos na TV…

Situação estranha, de amor e ódio. Nosso centroavante, tão querido, talentoso, de futebol lindo e aguerrido; aquele,  de quem enchemos a bola já na estreia – antes mesmo de sabermos como ele se sairia em campo -, aquele, que já fazíamos ídolo, pra quem fazíamos a saudação pirata, pra quem demos tanto carinho, e que não queríamos que saísse, de jeito nenhum, foi embora… e o que é pior, ele quis ir.

O que fazemos agora com as ‘juras de amor’, com o #tamojunto e as ‘fotografias na gaveta’? Como vamos olhar aquela camisa 9 que leva o seu nome guardada no armário?

A parte torcedor de cada um de nós, que não consegue entender o que aconteceu, está arrasada, se sentindo traída… e vai ter que assimilar a porrada de ter que vê-lo com a outra “namorada”, de vê-lo com outras cores… Ele agora é o ex…  A gente xinga esse ex de tudo quanto é nome, diz que a nova namorada dele é feia, gorda, burra, tem a b*%nda caída e, ainda assim, continua morrendo de dor de cotovelo e chorando escondido, com o coração doendo de saudade. Afinal, o Pirata era nosso, e nos orgulhávamos disso.

Mas, sejamos racionais e francos; desde o ano passado, sabíamos que ele queria sair, que ele não queria, e não iria jogar a série B de jeito nenhum, por medo de perder a visibilidade (vira e mexe tinha um papo rolando sobre isso) e não ser mais chamado pela seleção argentina. Visibilidade que o Palmeiras lhe proporcionou – se não tivesse vindo pra o Palmeiras, não teria vestido a camisa da seleção argentina nem a pau. Estava até se naturalizando equatoriano para poder jogar na seleção de lá. Será que Barcos passou a se achar o último tango do bordel?

Segundo Brunoro, o atleta tinha pedido para ser informado de qualquer proposta que chegasse, o que nos leva a pensar que ele estava mesmo interessado em se transferir. O Grêmio fez a proposta, o Palmeiras a repassou ao jogador, ele gostou e a aceitou rapidinho… assim como poderia ter recusado (Valdivia já recusou várias). Isso é que doeu mais. Nós queríamos que ele tivesse recusado, queríamos que tivesse havido uma maneira dele ficar, queríamos que Brunoro tirasse um ás da manga e não deixasse o Pirata ir embora. Mas nada disso aconteceu…

Elogiávamos tanto a frieza de Barcos na área e, agora, nos lamentamos que ela estivesse presente também na hora de negociar. Mas ele é um profissional, que escolheu o que imagina ser o melhor pra ele, pra sua família e carreira.  Só achei que ele não precisava vir com esse blá blá blá de “querer ajudar o clube que está em situação financeira difícil”, afinal, não pensou nisso quando aceitou aumento há uns meses atrás.

E, por falar em aumento, nossos problemas atuais começaram quando Tirone ofereceu um aumento pro jogador e depois o deixou sem receber. Quatro meses de salários não pagos, que davam ao atleta a possibilidade de entrar na Justiça contra o Palmeiras. Corríamos, sim, o risco de perder o jogador sem ganhar um centavo. Tirone deixou o Palmeiras quebrado, sem nem mesmo poder contar com algumas receitas, recebidas em adiantamento, na gestão anterior. E o fanfarrão ainda queria contratar o Riquelme!

Resumo da ópera: Barcos não queria jogar a série B, já tinha dito isso antes. No entanto,  imaginamos que ele ficaria ainda um tempo aqui, por causa da vitrine da Libertadores. Só que o Grêmio carimbou a sua vaga na competição…

E em meio à tantas especulações e à tanta falta de informação, confesso que me questionei… Porque o Palmeiras não disse ao Grêmio: Quer o Barcos? Paga e leva. Ou ao Barcos: Quer sair? Paga a multa e vai com Dios! Nós é que tínhamos a mercadoria valiosa que o outro tanto queria. Mas sou obrigada a reconhecer, não estávamos em posição de dar as cartas, de bater o pé com o atleta, e ele e o Grêmio sabiam disso.

Apesar da tristeza imensa de perder o Pirata, a negociação, a princípio, parecia boa. Já que a saída era inevitável, o Palmeiras receberia 5 jogadores para “engordar” o elenco “magrinho”, as dívidas com Barcos (2 milhões e 150 mil reais) e com a LDU (1,5 milhão de reais) seriam pagas, e o Palmeiras ainda ficaria com alguns milhões. Computando os custos dos jogadores (ainda que a maioria seja por empréstimo, isso tem um custo), me pareceu o melhor que se podia arranjar.  Eu sei que estávamos perdendo um ótimo jogador, titular, querido; sei que estávamos reforçando um time rival na Libertadores e recebendo jogadores reservas desse rival, mas, com o rombo deixado pela gestão anterior, com as dívidas com Barcos e com a LDU, como dificultar a saída de quem estava com a faca e o queijo na mão? Como cobrar a multa de 70 milhões, se Barcos estava com 4 meses de salários atrasados? Não tínhamos muita escolha, e saber isso é que me faz não querer estrangular alguém.

De repente, o que nos parecia ter sido a melhor opção, virou um pesadelo. Já não bastava a dor da perda, veio a recusa de Marcelo Moreno e as declarações ridículas e ofensivas ao Palmeiras, por parte do seu pai, que jura que é pai de um  “Cristiano Ronaldo”, versão boliviana, que é reserva do “Louro” José no Grêmio e reserva na “poderosa” e “vitoriosa” seleção da Bolívia (e depois, o fracassado é o Palmeiras). O tal pai, prepotente e imbecil, virou a sua artilharia para o Palmeiras quando, na verdade, quem desvalorizou o “Cris”, fazendo dele moeda de troca, fazendo-o valer uma ínfima parte do valor do passe de Barcos, foi o seu próprio clube, o Grêmio. O pai do moço tinha que ter ficado bravo lá com os gaúchos.

A partir disso, virou um caos, com todo mundo atirando pra todo lado e se perguntando: Como entregamos o Pirata, sem ao menos ter acertado com os jogadores que viriam pra cá? Que difícil aceitar uma mancada dessa justo de Brunoro, cuja contratação foi pedida por 12 entre cada 10 palmeirenses.

E então, o que era certo, passou a ser errado. Nas bocas de muitos, as pessoas corretas, passaram a ser incorretas… passaram a ser incompetentes. E aí, os torcedores, ansiosos por ver o time do Palmeiras da maneira que sonham, passaram a reclamar, a ofender, a acusar (eu também sonho com um time ideal, mas sei que, gostemos ou não, vamos ter que esperar, e a culpa disso não é de quem chegou agora, e sim de quem fez todo o estrago antes)… outros, ainda inconformados com alguns privilégios perdidos, ou, quem sabe, com privilégios antevistos e frustrados, se aproveitaram, e ainda se aproveitam, para colocar mais veneno no coração ferido do torcedor. Até Tirone se achou no direito de fazer críticas! Logo ele, que despachou Pierre para trazer Daniel Carvalho; logo ele que fez contratações inimagináveis, e nunca explicadas, com o São Caetano; logo ele QUE REBAIXOU O PALMEIRAS (tem gente que parece achar isso menor) e, ainda por cima, foi curtir uma praia no dia seguinte.

Talvez pudéssemos ter lucrado mais na saída, inevitável, de Barcos… talvez, tenha sido uma negociação desastrada … talvez tenha sido o que se podia fazer, diante da situação que nos deixou a administração anterior… Talvez tenha sido uma baita mancada  (será que não tinha mesmo outro jeito, Brunoro?)… Talvez…

De qualquer maneira, eu continuo acreditando que os dirigentes querem, sim, acertar; continuo confiando e aceitando que, primeiro, as estruturas do Palmeiras sejam fortalecidas, pra depois se fortalecer o resto. Belluzzo tentou fazer o contrário, ficamos tão felizes e deu tudo errado! Já aprendemos que de nada adianta usarmos uma bela maquiagem, ou postarmos uma imagem photoshopada em nosso ‘perfil de time de futebol’, porque isso serve apenas para enganarmos a nós mesmos.

Não vai ser fácil, e nós já sabíamos disso antes mesmo que alguém ocupasse o lugar de Tirone; o remédio para a cura da doença que consome o Palmeiras há décadas vai ter algumas doses amargas (essa está sendo terrível de engolir)… Mas há de ser com ele que o Palmeiras vai se reerguer.

E, por mais difícil que seja, nós vamos chegar lá!

 

 

 


José Carlos Brunoro, 63 anos, foi confirmado na noite desta quarta-feira (23) como novo diretor executivo do Palmeiras. O acordo vai até o fim da atual gestão do presidente Paulo Nobre, e a apresentação oficial será nesta quinta-feira  (24) às 15h, na Academia de Futebol.

“O Brunoro tem história no Palmeiras e é um vencedor. Espero o Brunoro vitorioso da década de 90 com mais 20 anos de experiência”, declarou Nobre ao Site Oficial do Palmeiras.

Agência Palmeiras
Assessoria de Imprensa

Mas que beleza de contratação, Paulo Nobre!!

SEJA MUITO BEM VINDO DE VOLTA, BRUNORO!!!!