FICA EM CASA

A quarentena começou há mais de uma semana… o futebol parou… os clubes estão fechados… escolas fecharam também… muita gente está trabalhando em home office… quase ninguém mais sai de casa… no mundo todo, as ruas estão vazias na maioria dos lugares, em outros, as pessoas ainda não se conscientizaram da gravidade do momento… os amigos não se encontram… as pessoas não se tocam… é preciso lembrarmos de mantermos distância das pessoas, de respeitarmos o isolamento… todo mundo reaprendendo a importância de lavar as mãos… o mundo está de pernas para o ar… 

Um vírus chinês  – sim, o vírus é chinês, apareceu olá, e o governo da China escondeu o vírus do mundo por duas semanas antes de divulgar o que acontecia por lá, e depois de milhões de pessoas – que viajaram para diferentes países – terem saído da região que viria a ser isolada -, o Covid-19, ou coronavírus, como a maioria das pessoas o chama, causou uma pandemia e está fazendo um estrago no planeta – na Itália, principalmente -, infectando muita gente, matando milhares de pessoas – na maioria idosos (mas não só idosos), e que já apresentavam outros problemas de saúde.

E o planeta já conheceu outros tempos como esse… já conheceu outros vírus letais e assustadores… recentemente, e muito antigamente também. “Gripe Russa” (1889 – 1,5 milhão de mortos)… “Gripe Asiática” (1957 – 2 milhões de mortos)… “Gripe de Hong Kong” (1968 – 1 milhão de mortos)… “Gripe Suína” (2009 – 300 mil mortos)…

Mas nada foi tão assustador, tão letal quanto a “Gripe Espanhola”, em 1918, quando 40% da população mundial foi afetada e o número de mortos, que não podia ser calculado com exatidão, foi estimado entre 50 e 100 milhões de pessoas. Tanta gente foi atingida pela gripe que, em algumas localidades, mais da metade da população adoeceu, e não havia quem cuidasse das pessoas infectadas. 

Só na capital paulista a gripe espanhola causou 5.331 mortes. Se hoje estamos assustados com o coronavírus, imagina em 1918 o horror que foi para as pessoas do mundo todo.  Muitos doentes, muitos mortos… No Rio de Janeiro, em Salvador também, houve ocasiões em que boa parte dos coveiros estavam doentes e, por isso, muitos cadáveres ficavam insepultos. E a polícia abordava homens robustos e sãos pelas ruas determinando que eles abrissem covas para os mortos. Os cemitérios funcionavam o tempo todo, porque se fazia enterros até mesmo à noite.

Em pouco mais de dois meses – período entre os primeiros e os últimos casos registrados (16/10 e 19/12 de 1918) – foram notificados 116.777 infectados em São Paulo (22,32% da população da capital), sendo 86.366 apenas no mês de Novembro.

Sem medicamentos específicos ou vacinas – na época, não havia sequer um microscópio potente capaz de identificar o vírus -, apenas os sintomas eram tratados. E os conselhos dados eram parecidos com os que recebemos agora: lavar as mãos, evitar aglomerações, apertos de mão, abraços, preferir locais arejados… e evitar o pânico, porque os médicos diziam que o pânico abaixava a imunidade.

Os doentes foram isolados, escolas foram fechadas, oficinas, fábricas, teatros e cinemas também… eventos onde pudesse haver aglomeração de pessoas foram proibidos… o Campeonato Paulista foi interrompido – os agentes sanitários apareceram uma hora antes das partidas começarem, para exigir que os torcedores não ficassem concentrados… No Rio de Janeiro, que era a Capital Federal, até mesmo o Senado e a Câmara foram fechados.

Parecido com o que vivemos agora, porém, trazendo pânico, desabastecimento, saques,  sendo muito mais letal e assustador,  matando milhões de pessoas, de todas as idades, no mundo todo.

No Brasil, 35 mil pessoas morreram por causa da Gripe Espanhola. Até o presidente da República, Rodrigues Alves, foi uma das vítimas. E pode ter sido bem maior esse número, alguns historiadores estimam que o número de mortos no país passou de 300 mil. Nem todos os casos eram notificados (notificar a doença não era coisa obrigatória), sem contar que algumas mortes acabavam creditadas à outras doenças, a tuberculose e a bronquite, por exemplo.

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E se nos dias de hoje, mesmo antes do aparecimento do corona, faltam leitos na saúde pública – nos últimos dez anos a rede pública perdeu 4 mil leitos –  leia aqui -, imagina  em 1918, com uma epidemia daquele tamanho… 

E foi por isso, para ajudar, que o Palestra Italia e o Club Paulistano cederam as suas sedes para que fossem transformadas em hospitais provisórios de isolamento.

Na sede do nosso amado Alviverde, situada na Rua Libero Badaró, na região central da capital paulista, o salão social se transformou em uma enfermaria com 31 camas. Os atendimentos prestados ali tinham o apoio e a aprovação da Cruz Vermelha. 

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E o Palestra ajudou como pôde… além da sede, que passou a abrigar os doentes,   o clube,  durante três meses,  doou 500 mil réis mensais para os órgãos de saúde. E aquela “gente de verde e branco” (pessoas ligadas ao Palestra Italia) participou da criação de um grupo de apoio  às famílias dos enfermos. Esse grupo, “Comissão de Socorro Estado-Fanfulla”, organizado junto a empresários, doava cestas de alimentos às famílias e chegou até a conseguir ambulâncias para ajudar no tratamento dos doentes.

Nosso Palestra/Palmeiras é grande mesmo. E desde sempre. 

E, agora, é hora de nós, palmeirenses, mostrarmos a nossa grandeza também. É a hora de todos nós,  brasileiros, torcedores ou não,  fazermos a nossa parte para ajudar o nosso povo nessa batalha contra o coronavírus. No Brasil, hoje (23/03/2020), são 34 mortes e 1.891 os casos confirmados de pessoas infectadas – vale lembrarmos que, em 2009,  a pandemia de gripe A H1N1, conhecida como “Gripe Suína”, matou 2.101 pessoas no Brasil e infectou 58.178.

Mais importante do que não nos infectarmos é não infectarmos ninguém e protegermos os grupos que são mais vulneráveis – idosos e pessoas que tenham outras doenças, que tenham baixa imunidade. As orientações de 1918 ainda valem:  lavar bem as mãos, evitar aglomerações, beijos, abraços, apertos de mão, preferir lugares arejados, não entrar em pânico… 

…e, para quem puder…

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