VIVER É UM RASGAR-SE E REMENDAR-SE…

“If I smile and don’t believe
Soon I know I’ll wake from this dream
Don’t try to fix me I’m not broken…” ♫

Meu cérebro e o meu coração ficaram incomunicáveis durante uma noite e um dia inteiro… Eles, que estão sempre levando altos papos um com o outro, por um bom número de horas ficaram sem conexão alguma, ficaram “de mal”. Um, não queria saber o que o outro tava pensando; e o outro, não queria saber o que o “um” tava sentindo… Meus mecanismos de defesa são estranhos e eficazes.

Tinha acabado a via crucis do Palmeiras no brasileirão e eu parecia que estava anestesiada. Triste sim, muito, mas como se eu fosse a hospedeira de um corpo que não me pertencia… O jeito de andar não era meu, os gestos também não eram meus, nem os olhos, tão secos… Os meus pensamentos iam até a beira do precipício e voltavam correndo. Não era premeditado! Eu simplesmente não conseguia pensar sobre o assunto. De vez em quando, capturava algo da minha emoção, mesmo sem ter estado em contato com ela.

Depois de um “não pensar” antes de dormir, e de uma noite sem sonhos, acordei no dia seguinte, me estranhando mais ainda. Claro que, antes mesmo de abrir os olhos, já me veio aquela sensação desconfortável, pesada, e pensei putz… Quase doeu… Desci pro café e a minha sensibilidade continuava ausente, mas a minha mente, totalmente lúcida sem a interferência do coração, me mostrava os fatos que culminaram com a queda do Palmeiras. Vinha tudo na minha cabeça.
.
“… Hello, I am your mind
Giving you someone to talk to… ” ♫♪
.

Se a via crucis tinha acabado, começaria a agonia de não sabermos o que o futuro reservará ao Palmeiras. Os demônios horrendos do Palestra têm descendentes, uma nova geração, louca para estar no poder não importa quais os conchavos que serão feitos. E isso é muito mais importante e preocupante do que o rebaixamento em si.

Afinal (a minha lucidez ia me mostrando tudo), o que é o rebaixamento, senão a comprovação de que o  trabalho dos dirigentes (totalmente amadores e sem cacife para  cargos tão importantes), dos técnicos (Felipão e Kleina), dos jogadores, dos profissionais da área médica, da preparação física, da Nutrição… ficaram aquém de qualquer expectativa? Que lhes faltou competência? Que, além desses problemas, aquela rataiada egocêntrica (e seus serviçais), que habita os buracos do Palestra, gananciosa, interesseira, com suas intrigas, com suas entrevistas imbecis, com o vazamento de problemas particulares nossos, ajudaram a detonar o ambiente? Que trabalho rende numa situação assim?

E ainda teve alguns torcedores, estúpidos, desprovidos de inteligência, que ajudaram o Palmeiras a perder vários mandos de jogos, justo numa fase em que jogar com a sua torcida teria importância fundamental.

Mas, no caso do Palmeiras (a minha lucidez ia jogando tudo na minha cara), significava um pouco mais… eu não podia fazer que não tinha tomado conhecimento do esquema CBF e TV nos empurrando pra baixo nas vezes em que tínhamos jogado direitinho…  O Palmeiras, a despeito do que foi citado nos parágrafos anteriores, teve o agravante de ter sido roubado escandalosamente pelas arbitragens, com as bençãos da impren$inha, canalha, omissa e conivente.

Contra o Flamengo, não tinha sido diferente; duas penalidades a favor do Palmeiras (um toque de mão na área e uma falta clara em Barcos, tb na área) viraram lances normais aos olhos do árbitro e da mídia esportiva. Como se o Palmeiras, na situação em que se encontrava, pudesse se dar ao luxo de ficar sem a marcação de duas penalidades num jogo. Não podíamos dispor nem de um lateral, que dirá de dois tiros livres diretos? E quantos outros lances a nosso favor deixaram de ser marcados neste brasileirão…

Pois bem (a minha lucidez já estava gritando), a incapacidade palestrina, a imbecilidade de alguns torcedores, a baderna do Palestra, somadas à capacidade incomparável da CBF (CBF QUEM?) em nos prejudicar,  resultou no Palmeiras rebaixado. E ser rebaixado é isso: repetir de ano em determinada competição, sem direito à segunda chamada; ficar nas últimas colocações, sem se qualificar para o próximo campeonato e, por isso, ter que jogar uma série inferior no ano seguinte e tentar se qualificar pra voltar. Embora nem todos os que ocupam as últimas colocações nos campeonatos sejam mesmo rebaixados, como aconteceu no Brasileiro  de 2000, uma das maiores vergonhas do futebol nacional, que foi chamado de Copa João Havelange…

Ou o de 1987…

Há ainda os que vão e voltam às divisões principais, sem passar pelos caminhos da qualificação. Voltam como penetras, pelas portas dos fundos. O Fluminense e o Bahia, que saíram da série C direto pra A, em 2001, não me deixam mentir (Paraná, São Caetano e Botafogo-SP ameaçaram entrar na justiça contra a Confederação e foram “promovidos” também), nem o São Paulo, rebaixado no Paulistão de 1990…

Mas não é isso o que vai acontecer ao Palmeiras, que, mesmo quando fica devendo em competência, sempre se utiliza da porta da frente dos campeonatos. Além do mais, ele não faz parte da quadril… ooops, “tchurma” que hoje, indecentemente, dá as cartas e distribui dinheiro público no futebol.

Pequenos sinais de raiva me davam mostras que a minha emoção não estava subjugada como eu imaginara…

“… Suddenly I know I’m not sleeping
Hello, I’m still here
All that’s left of yesterday.”♫♪

E então, com uma força que eu desconhecia, a emoção deu as caras. O efeito da ‘anestesia’ passou… Eu só conseguia pensar: por favor, agora não! Não sei falar a respeito do esforço para domar aquela dor que surgia com tanta violência, rasgando tudo o que encontrava pela frente; do esforço para segurar as lágrimas, teimosas, que insistiam em aparecer. Eu, que costumo tirar essas coisas de letra, ia perder de goleada…

Depois de algumas horas, intercalando momentos de uma dor (física) imensa e outros de calmaria, eu me senti refeita. Cheia de ‘hematomas’, dolorida, remendada, mas de pé, e de cabeça erguida.

Mente e coração, amigos de novo, tinham chegado a um acordo, amparados na única coisa em que concordavam indiscutivelmente: O Palmeiras está acima de todas as coisas! O amor que os dois sentem por ele é maior que qualquer tropeço (sim, é só um tropeço) que ele possa ter.

E então, o orgulho apareceu e disse: Tô nessa! A alegria, espevitada como sempre, chegou tropeçando em tudo e disse: Pô, vocês demoraram pra entrar num acordo, hein? E eles me diziam: O amor não tem divisão! É Palmeiras na segunda…  na terça, na quarta, na quinta, na sexta, no sábado e no domingo! 

É Palmeiras, com o seu título de maior campeão do Brasil, todos os dias, todas as horas e minutos, de todas as maneiras, de todas as formas!

Na última visão que tive dos quatro, eles estavam todos na casa do coração, abraçados, em paz, combinando de ir ao Pacaembu no domingo, para aplaudir de pé aquela camisa… e estavam até cantando…

“PUTA QUE PARIU, É O MAIOR CAMPEÃO DO BRASIL!!” ♫♪ 

“NÃO É MOLE NÃO, TÔ NA SEGUNDA E NINGUÉM PASSA O MEU VERDÃO!” ♫

 

 

4 comentários

  1. São diferentes formas quando a se expressa a paixão.

    Quando ela vem da “loucura” , vemos seus portadores com olhos arregalados, fazendo qualquer coisa bizarra e nojenta para mostrá-la, sacrificando os seus maiores valores, deixando de lado a família, praticando violência gratuita, sendo alvo e veículo da mídia sensacionalista. Então vemos um circo armado onde os loucos se tornam palhaços e fazem as pessoas rirem desgovernadamente sem saberem como e porque. Vemos esses mesmos “atores do picadeiro” provocarem os seus rivais com argumentos descabidos que não conseguem ser neutralizados pela razão. Estamos ou não vendo esse filme, chamado corretamente de “Um bando de loucos?

    Ah, e quando vem do coração! A sensação de melancolia se transforma. As manifestações de carinho aumentam. Creio que toda mãe sabe o que estou dizendo. O amor não tem divisão, não tem contra-partida, não tem loucura. E a paixão expressa pelo amor verdadeiro, sóbrio e eterno, não arregala loucamente os olhos, não faz “loucuras” gratuitas. O amor verdadeiro sempre agrega, nunca divide… Então soma-se àquilo que se sente por um clube de coração, o mesmo sentimento que se tem por aqueles que se tem a sua volta, com quem são compartilhados os melhores momentos da emoção.

    Com certeza, estaremos compartilhando sempre essa emoção numa torcida de verdade, que vai reerguer o que caiu, que vai transformar o campo de colheita, retirando as ervas daninhas, semeando as melhores sementes. Assim, renasceremos, fortes como nunca. Não importarão mais juízes, a mídia “maldita”, os aproveitadores, os torcedores bandidos. Todos eles se curvarão ao gigante, maior ainda, alimentado por esse sentimento.

    1. Sabe Gaetano, como me era difícil escrever sobre o assunto, tentei ser uma observadora do que aconteceu comigo, com as minhas emoções, e tentar relatar isso do jeito que me lembrava.
      Me olhando por dentro, revivi o que eu fiz e senti, depois que a partida acabou. E foi exatamente como contei.
      O amor que sinto pelo Palmeiras é assim. E nada vai mudar isso, nunca!
      E sei que a maioria dos torcedores sente do mesmo jeito.
      Que bom pro Palmeiras! =)

  2. São diferentes formas quando a se expressa a paixão.

    Quando ela vem da “loucura” , vemos seus portadores com olhos arregalados, fazendo qualquer coisa bizarra e nojenta para mostrá-la, sacrificando os seus maiores valores, deixando de lado a família, praticando violência gratuita, sendo alvo e veículo da mídia sensacionalista. Então vemos um circo armado onde os loucos se tornam palhaços e fazem as pessoas rirem desgovernadamente sem saberem como e porque. Vemos esses mesmos “atores do picadeiro” provocarem os seus rivais com argumentos descabidos que não conseguem ser neutralizados pela razão. Estamos ou não vendo esse filme, chamado corretamente de “Um bando de loucos?

    Ah, e quando vem do coração! A sensação de melancolia se transforma. As manifestações de carinho aumentam. Creio que toda mãe sabe o que estou dizendo. O amor não tem divisão, não tem contra-partida, não tem loucura. E a paixão expressa pelo amor verdadeiro, sóbrio e eterno, não arregala loucamente os olhos, não faz “loucuras” gratuitas. O amor verdadeiro sempre agrega, nunca divide… Então soma-se àquilo que se sente por um clube de coração, o mesmo sentimento que se tem por aqueles que se tem a sua volta, com quem são compartilhados os melhores momentos da emoção.

    Com certeza, estaremos compartilhando sempre essa emoção numa torcida de verdade, que vai reerguer o que caiu, que vai transformar o campo de colheita, retirando as ervas daninhas, semeando as melhores sementes. Assim, renasceremos, fortes como nunca. Não importarão mais juízes, a mídia “maldita”, os aproveitadores, os torcedores bandidos. Todos eles se curvarão ao gigante, maior ainda, alimentado por esse sentimento.

    1. Sabe Gaetano, como me era difícil escrever sobre o assunto, tentei ser uma observadora do que aconteceu comigo, com as minhas emoções, e tentar relatar isso do jeito que me lembrava.
      Me olhando por dentro, revivi o que eu fiz e senti, depois que a partida acabou. E foi exatamente como contei.
      O amor que sinto pelo Palmeiras é assim. E nada vai mudar isso, nunca!
      E sei que a maioria dos torcedores sente do mesmo jeito.
      Que bom pro Palmeiras! =)

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