“O Palmeiras não ganha de time da série A… o Palmeiras não chuta… só da toquinho de calcanhar… o Robinho é piada de mau gosto… o Rafael Marques não serve pro Palmeiras… o Dudu é firulinha… o Zé Roberto é aposentado… o Tobio isso… o Cristaldo aquilo… o Osvaldo aquilo outro…”

Na quarta-feira, no “Choque-Rei (você viu quem é o rei dessa parada, né?), o Palmeiras,  deu uma aula de futebol no Allianz Parque, e mostrou para o falastrão presidente leonor, que tem que ter muito cacife para se cutucar o porco  – de salários em dia, de patrocinadores novos, dono da arena mais bonita do país – com vara curta; mostrou ainda para um certo atleta, que “pular muro” nem sempre é garantia de se dar bem, de fazer gols e ser querido e admirado…

Foi uma partida soberba! Um Palmeiras impecável, fazendo o seu melhor jogo no ano (o time vai buscando a regularidade, vai se ajeitando). Eu tinha dito aqui que ia “voar pena e lantejoula” no Allianz, mas, porque o time ainda é novo, não imaginei que fosse em altíssimo nível.

Apesar da apreensão (nossos fantasmas adoram nos incomodar), a expectativa da torcida era boa, o Palmeiras tinha tudo pra ganhar.

Quando cheguei, os leonores estavam no campo pra se aquecer e sentir o clima. No gramado, um grande porco inflável,  servia de túnel de acesso (“passou no porco, tá morto”).  Muito legal.

porco

O cara da gastrite na coxa, era tão “homenageado”… e podíamos perceber o quanto ele se sentia incomodado por estar ali.

Quando o jogo ia começar, entraram os homens da arbitragem, entraram os bambis, e nada do Verdão. Um monte de fotógrafos na “boca do porco”, e o Palmeiras não vinha… Depois de uns bons minutos de ansiedade nossa, eis que surgiu o Alviverde Imponente. E, segundo as informações, ele vinha alegando ter chegado mais tarde ao estádio por causa da PM.

A dureza do prélio não tardava… o coração do torcedor se inquietava ainda mais… e o que todos nós queríamos era o Palmeiras, imponente, dando as cartas em seus domínios.

O momento do hino nacional foi arrepiante… a letra do nosso “hino nacional particular”, hino da “nossa pátria particular”, era composta apenas de duas palavras, repetidas por toda a melodia: “Meu Palmeiras”. Coisas que só o futebol explica e permite.

E só estando lá para sentir o que foi ouvir a torcida cantando o hino à nossa moda… fiquei arrepiada.

Levando-se em conta o campeonato, a partida não valia muita coisa, a não ser dar ao vencedor um provisório terceiro lugar entre os quatro primeiros classificados, posição que permitirá jogar em casa nas quartas. Isso é importante.

Mas era jogo contra o inimigo… aquele, que, desde 1942, está sempre aprontando alguma presepada para o Palmeiras; aquele, que desde 2009, não vencia o Palmeiras num Paulistão… era jogo pra muito “sangue no zóio”. Além disso, tínhamos alguns fantasmas para exorcizar, Hécate está sempre sussurrando coisas aos nossos ouvidos…

E bem que dizem que para ser feliz é preciso estar distraído…

Três minutos de jogo, estávamos tão distraídos com as faltas que paravam as jogadas do Palmeiras, com as nossas reclamações por causa delas, distraídos porque os times ainda se estudavam (tive a impressão que o Parmera já tinha estudado tudo no vestiário)… nossos fantasmas ajeitavam as correntes, Hécate ainda estava calada, quando o goleiro de hóquei avançou para a entrada da área e lançou uma bola lá na frente. Robinho foi quem apareceu para ficar com ela. E então…

Imagina a estupefação e encantamento quando Moisés dividiu as águas do Mar Vermelho? Acho que foi mais ou menos por aí… quase caímos duros  quando vimos o  que Robinho fez…

Quase do meio do campo, ele matou  a bola no peito, viu a Borboleta-Mor adiantada e meteu um “Jornada nas Estrelas” em direção ao gol… Se, por um lado, a corridinha e o pulinho do goleiro foram patéticos, por outro, a matada no peito de Robinho, o chute certeiro, preciso, a curva que a bola fez, subindo no ar e depois descendo de maneira fulminante para dentro do gol, foram espetaculares.

Milhares de olhos acompanhavam a trajetória da bola. Por uns momentos, ninguém pensou nada, ninguém falou…. o tempo parou ali. E o grito de gol, que saiu da nossa garganta quando a bola entrou, exorcizou todos os nossos fantasmas, espantou todas as bruxas.  Se precisasse sair e pagar outro ingresso, eu juro, nem me importaria.

https://www.youtube.com/watch?v=nWZMjk9SWfA

Que golaaaaço, meu Deus! O Allianz Parque explodiu no grito de gol! Os jogadores enlouquecidos fizeram um amontoado de gente em cima do autor da obra prima. E era como se estivéssemos todos ali, com eles, comemorando também. Robinho, seu lindo!

Na arquibancada, as pessoas se abraçavam, gritavam, sorriam, batiam no peito. Alguns torcedores choravam como crianças. Nossos fantasmas, resmungando, se retiravam apressados. Hécate, revoltada, prometia que nunca mais voltaria…

A primeira vez de Ceni em nossa casa estava sendo em grande estilo… Tomou o gol mais lindo da história do Allianz Parque e do Paulistão  2015. Um gol que entrou para a história do Palmeiras e do futebol. Mais um feito que um goleiro bambi (Rogério Ceni é o principal) nos ajuda a imortalizar.

Depois do gol, os corações palestrinos, que tinham ganhado os ares junto com o grito que ecoou pelo Allianz, felizes e atordoados mal conseguiam achar o caminho de volta. O Allianz Parque já tinha história pra contar… já tinha um gol, antológico, para ser lembrado pra todo o sempre…

Uns dois minutinhos depois, Pato arriscou um chute a gol e Prass espalmou. E foi só. A “Defesa que Ninguém Passa” estava em campo. Depois disso, Prass apenas assistiria à partida (será que ele tem avanti especial pra assistir ao jogo de dentro de campo?).

Dudu, pequenino, driblador, apanha bastante em todos os jogos, mas o grandalhão do Toloi resolveu abusar. Deu uma pegada nele por trás, Dudu deixou o braço nele, tentando se proteger de mais uma entrada, e escapou com a bola,  mas, então, Toloi foi atrás dele, esqueceu a bola,  o jogo e o árbitro, e pegou Dudu, dura e deslealmente, por trás. E ainda se jogou no chão, tentando enganar o árbitro, simulando algo que não acontecera. O bandeira viu, avisou o juiz da pegada sem bola, por trás, e ele levou o vermelho. Merecidamente.

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Alguns repórteres de campo avisaram ao Muricy (cuma???) que Dudu tinha “dado uma cotovelada” em Toloi. Mais tarde, o próprio Muricy ao rever o lance, sendo muito mais honesto do que algumas pessoas por aí, afirmaria que Dudu não fizera nada demais. A “press” não desiste, né?

O Palmeiras ganhava todas no meio de campo, o Palmeiras não deixava o SPFW passar do meio de campo… e ia pra cima. Lucas, por pouco não fez o segundo; Tobio, quase marcou também… Zé Roberto, Dudu, Cristaldo, Robinho, Rafael Marques… Era um vareio. O Palmeiras tocava a bola lindamente, sobrava em campo e anulava o inimigo.   A voz da torcida era ensurdecedora.

Os leonores, nervosos, descontrolados, não conseguiam jogar nada, porque o Palmeiras não deixava,  e faziam muitas faltas – só percebi que Ganso estava em campo quando ele tomou um cartão. M1CO estava do que os adversários adoram; Pato, do qual ninguém fala sobre custo x benefício, devia estar pensando no próximo encontro com alguma atriz da rgt; Kardec, por sua vez, era uma nulidade só. Ah, as voltas que o mundo dá…

E sabe aquele jogo em que você tem certeza que um dos times, ainda que jogue durante dois dias inteiros, e coloque 16 em campo, não vai fazer nada? Esse era o SPFW… não fazia nada, e não conseguia segurar o Palmeiras de apresentação impecável.

Aos 23″, Dudu fez uma jogada linda pela esquerda e mandou a bola pelo meio da zaga leonor, buscando Robinho. O “Leonardo da Vinci” palestrino não conseguiu dominar, o zagueiro são-paulino, perdidaço, furou, e ela sobrou para Rafael Marques. Ele só teve o trabalho de ajeitar e, num chute cruzado, fuzilar o reserva do reserva de São Marcos (sim, ele era o terceiro goleiro). Um golaço! Uma verdadeira festa no Allianz!

Que partidaça do Dudu, do Robinho, do Zé, do Arouca, do Tobio, do Vitor Hugo… que partidaça do time inteiro do Verdão. Nos recusávamos até a piscar,  pra não perdermos os passes maravilhosos, os toques de letra…

Com muita velocidade o Palmeiras se mantinha no ataque. E assim, Cristaldo quase marcou; depois, Rafael Marques, mas estava impedido. No finalzinho, quase o Zé deixou o dele.

No segundo tempo, pra azar ‘das vizinhas’, o Palmeiras voltou aceso. E com 7 minutos de jogo, Zé Roberto mandou um cruzamento certeiro para Rafael Marques, e ele bateu de primeira pro fundo da rede do M1CO (goleiro que toma três golaços pode pedir música no programa da rgt?).

Os torcedores palmeirenses enlouqueciam diante de um futebol tão lindo, diante da “Linha Atacante de Raça”. “Oshvaldo” enlouquecia também na lateral do campo.

E, se era festa, tinha que ter aperitivos de todo jeito. E teve o menino Jesus em campo, teve o chapéu de Gabriel no adversário (mas eles gostam de chapéus, hein?), teve tabelinha de Robinho e Dudu (jogaram muito), teve solada no Arouca e expulsão do Michel Bastos, teve passe parmera de efeito, teve tabelinha de Jesus e Gabriel, teve um chute do Gabriel raspando a trave… teve Duduzinho, lindo, endiabrado, entortando e infernizando a bambizada…

Teve uma torcida que não parava de cantar…

https://www.youtube.com/watch?v=YDNuD8AwSO0

3 x 0 ficou barato, mas muito barato mesmo. Tivesse o Palmeiras marcado 6 ou 7, teria sido perfeitamente normal, tamanha a sua superioridade em campo…

Foi um show de futebol (a torcida bambi reclamou tanto do preço do ingresso e foi embora antes do show acabar. Vai entender…)!

E quando o juiz apitou o final do espetáculo, os palmeirenses, depois dos muitos aplausos ao time, orgulhosos, inebriados de tanta alegria, e de alma lavada, “desceram do céu” e saíram do Allianz levando no coração a certeza de que tinham acabado de (re)ver o Palmeiras do qual sentiam tanta saudade.

Certamente ainda encontraremos pedras no caminho, talvez as reclamações lá do começo da postagem se repitam… Não importa, estamos no caminho certo. E ele vai nos levar aonde tanto queremos chegar.

É só uma questão de tempo…

VALEU, PALMEIRAS! ADOREI O ESPETÁCULO!