“…que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”. – Manoel de Barros
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Chegou a hora de me despedir de você aqui também, Valdivia…

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É bem triste tudo isso. Além de um ídolo, você é também um amigo.  Gosto muito do seu futebol, você é o melhor jogador que apareceu no Palmeiras em quase duas décadas, é campeão da América – dificilmente aparecerá outro igual – , e gosto da pessoa que você é, uma pessoa linda, com a qual pude ter contato, o que faz que não me baseie em ‘achismos” quando falo a seu respeito.

Sinto bastante pelo futebol do Palmeiras, que, infelizmente, não tem um substituto pra você. Fico triste pela estupidez de se desfazerem de um craque do seu nível, porque sofreremos mais com as retrancas adversárias, porque cairemos na mesmice das bolas levantadas na área (não funcionam muito bem contra retrancas), do futebol mais burocrático, sem magia, sem irreverência, sem o inesperado… futebol, que pode ser muito eficiente assim também – por que não? -, mas que perderá o seu encantamento e poesia, e disso tenho certeza.
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Fico triste também, porque o Palmeiras, desde sempre, adora se desfazer dos craques, de talento,  matéria prima tão rara aqui no Brasil. Até um Jair da Rosa Pinto passou por isso.
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Ano passado, sentimos na pele, e quase na carne, o efeito colateral de uma atitude similar à de agora. Alá nos deu uma mão, você voltou, e o nosso “Titanic”, graças a Deus/Alá, ao aproveitamento de G4 que o time tinha com você (era de Z4 sem você), graças à algumas infiltrações, muitas dores e garra, graças ao amor da torcida, não naufragou.
Sempre fará falta um jogador criativo e diferenciado, que acha espaços onde eles não existem, que pensa o jogo, que faz aquilo que o adversário nunca espera; esses jogadores são raros hoje em dia e fazem falta em qualquer time.
Fará falta aquele drible absurdo, mágico e incompreensível, aquela assistência nunca antes imaginada, o caminho, inexistente, que você faz aparecer, o chute no vácuo – assinatura da irreverência do gênio -, fará falta o cara “fora da caixa onde moram todos os normais”, aquele que tem a bola nos pés e, então, oito adversários mais o goleiro ficam apavorados, porque sabem do que ele é capaz –  e isso porque lutávamos na parte de baixo da tabela e o adversário brigava pelas primeiras posições…
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Um futebol lindo como o seu, Valdivia, o seu talento raro, que faz o torcedor sonhar, pular da cadeira, e que encantou pessoas de várias partes do mundo durante a Copa América, tinha que estar no Alviverde Imponente e ser “o” acessório desse time tão bom que temos agora.
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Se o Palmeiras decidiu não renovar com você,  ainda que eu não goste disso, não concorde, nada posso fazer além de lamentar tamanha burrice. Mas sou apenas uma torcedora, que torce e vai continuar torcendo para quem entrar em campo. Sempre foi assim e assim vai ser. A vida segue para todos nós, todos passaremos, só o Palmeiras permanecerá.
E você, Valdivia, foi Palmeiras esse tempo todo (vai continuar sendo que eu sei)… E eu quero que saiba que sou muito grata a você.
Obrigada, Mago, por tanto encantamento, pela poesia escrita por seus pés, por ter me feito pular na arquibancada tantas vezes, por ter me deixado de boca aberta, literalmente, com as suas jogadas e dribles inexplicáveis; por ter me feito aplaudir, tão espontaneamente, os lances mágicos com que você nos brindou, pela emoção, que me fez chorar de alegria inúmeras vezes, por ter me feito sonhar…
Obrigada por ter me representado diante dos mais indigestos rivais, e ter respondido às provocações, na bola e com o fino da ironia, como se fosse eu mesma, uma  torcedora, que estivesse em campo…
 
Por ter suportado e respondido por mim, e por milhões de outros parmeras, ao veneno da imprensinha, à maldade e ao clubismo, disfarçados de jornalismo, de alguns…
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Obrigada por nunca toldar a confiança que tenho em você… e obrigada por confiar em mim também…
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Obrigada por todas as vezes (desde 2010) que você entrou em campo machucado, para ajudar o nosso – sei que é seu também – Palmeiras…
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Gracias pelos títulos que você nos ajudou a conquistar,  os únicos momentos de luz intensa de um longo período “sem sol”…
 
E por ajudar a salvar o Palmeiras do descenso em 2011, quando faltavam três rodadas para o campeonato acabar… Por ter ficado para jogar a série B em 2013, quando tantos outros se acovardaram e preferiram ir embora… por ter ajudado, e muito, a trazer o Palmeiras de volta, e de cabeça erguida…
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Obrigada pelo “título” do dia 07/12/2014, pelas infiltrações para nos ajudar a “conquistá-lo”, pelo comprometimento com que você se conduziu em campo – o que mais correu -. e por nos ajudar a estar onde estamos agora em 2015… Por ter sentido vergonha também, e ter chorado de alívio conosco naquele dia, por ter sido Palmeiras esse tempo todo.
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Eu te agradeço por ter jogado ao lado de companheiros de futebol demasiadamente modesto, e em equipes fraquíssimas que o Palmeiras montou; por ter ‘roído muito osso’ e carregado o time nas costas em muitas partidas, ajudando a escrever algumas páginas lindas na nossa história. O seu nome ficará pra sempre guardado com ela.
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Não se poderá falar da conquista do Paulistão 2008, sem repetir seu nome muitas vezes, Valdivia; tampouco poderemos falar das mais deliciosas vitórias, conquistadas diante dos rivais, das ‘trollagens’ em cima deles, do jejum que impusemos aos gambás, do resgate da nossa auto-estima, durante esse período “quase sem luz”,  sem falarmos do nosso Mago…
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Impossível falar da Copa do Brasil 2012 sem falar dos seus gols, das suas assistências e dribles, da mágica feita no frio e na chuva diante do Grêmio, e que nos levou à final… da cobrança perfeita do pênalti na final, em Barueri, que nos abriu o caminho para o título (o único que botou a bola embaixo do braço e disse: eu cobro)… Muito obrigada, Valdivia.
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Obrigada até mesmo por tentar ‘dar uma força’ nas eleições palestrinas, ano passado, se posicionando publicamente, para evitar que o Palmeiras caísse em mãos erradas – coisa  que a maioria dos jogadores não costuma ter a coragem de fazer.
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Você sempre foi O CARA, o diferencial!! Não esqueça de nós, porque os que te amam não o esquecerão nunca.
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Seja feliz, Mago! Muito feliz (vou acompanhar todos os seus jogos)! E leva meu respeito, minha admiração e meu imenso carinho… Leva as alegrias que dividimos com você, as risadas que demos por causa das suas míticas tiradas e entrevistas, leva os nossos aplausos…
E leva o Palmeiras em seu coração também. Nós – o futebol do Palmeiras, eu, e mais uma tonelada de torcedores – ficaremos aqui com a saudade. O futebol vai sentir a sua falta, a falta do seu talento,  da sua alegria, sua franqueza e irreverência, sentirá falta de alguém que tire o sono dos rivais, que chame a responsa, e que não se esconda em jogo nenhum… e eu também vou sentir muita falta disso tudo.
Torça por nós, viu Mago? Se formos campeões brasileiros, você também será. Eu vou torcer sempre pelo seu sucesso, dentro e fora de campo. E, com todo respeito a quem usa a camisa 10 agora, e a quem possa vir a usá-la depois, saiba que sempre vou me lembrar do Mago quando vê-la em campo. Sempre vou vê-lo dentro dela. E acredito que ela também se lembrará de você com muita saudade.
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Que Deus o abençoe,  Valdivia, meu ídolo, meu amigo, e encha de luz o seu caminho. Será impossível esquecer você e vamos (eu vou) esperar você voltar. Quem sabe um dia…
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E, seja aqui perto, seja lá longe, não importa onde, “tamojunto”, Maguito… longe é um lugar que não existe para o coração.

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…Tô louca prá te ver chegar
Tô louca prá te ‘ter nas mãos’
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração…

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo…

…Julieta sem Romeu
Sou eu, assim, sem você…

Tinha me proposto a não escrever nada antes do jogo… Tinha planejado não ficar nervosa… tinha decidido não chorar de emoção antes da hora… tinha resolvido que iria dormir cedo… estava determinada a não ficar sonhando acordada com o jogo de hoje… mas, confesso, não fui/sou capaz de fazer nada disso.

Contei os dias e as horas até chegar esta terça-feira. E, apesar de estar contando os dias, uma boa parte da minha ansiedade parecia ter ficado trancada lá dentro do peito, e só quando eu fazia algum comentário sobre a partida, quando brincava sobre isso com os amigos é que ela vinha, de mansinho, com aquela cara de sonsa, dissimulada, dar uma espiada aqui do lado de fora.

Só que, hoje, quando o relógio marcou meia-noite, quando o primeiro minuto avisou que a terça-feira, finalmente, tinha chegado, ‘dona ansiedade’ meteu os dois pés na porta do meu peito e saiu arrastando tudo o que encontrou pelo caminho. Meu coração perdeu completamente o compasso; ora, bate normal; ora, dispara dentro do peito, tornando difícil até respirar. Não deu para dormir direito, não dá pra comer… Meus pensamentos não são mais meus, e, ainda por cima tem aquele nó na garganta, que não sei por qual caminho faz ligação direta com os meus olhos e, a cada vez que o nó aperta, eles ficam cheios de lágrimas de uma deliciosa expectativa; sem contar as vezes em que me pego sorrindo sem nem saber porquê (não?)…

Foram tantos dias sem o Palmeiras em campo, a saudade é tão grande, e a ocasião é o que há… disputar uma vaga às quartas-de-final da Libertadores. Quem diria, né? Eu diria… e acho que você também. Só os que não conhecem a força da mítica camisa do Palmeiras poderiam vaticinar um primeiro semestre de vergonhas em 2013.

Só os que foram insuflados pela ”imprensalha”, os que permitiram que alguns “jornaleiros” e uns poucos estagiários das redações pensassem por eles, é que poderiam ficar repetindo, incansavelmente, os mesmos mantras: “Vamos passar vergonha no Paulistão e na Libertadores”… Vamos perder todos os clássicos… Não temos time… Não temos quem faça gol… o técnico é “isso” … “o goleiro é “aquilo”… “não vamos passar nem da primeira fase da Libertadores”… “Vamos cair no Paulistão”… Quanta gente disse isso…

Mas é o Palmeiras, né? Que contradiz qualquer previsão nefasta; que acaba com qualquer profecia de fim-do-mundo. Que bate recorde de público no estádio… Que foi o único time a não perder na altitude “insuperável” do México – e que precisou ser roubado pela arbitragem para não sair com a vitória de lá. O Palmeiras que vendeu quase todos os ingressos da partida de hoje ainda na pré-venda, e, no sábado, em menos de meia hora vendeu os que foram colocados nas bilheterias. O Palmeiras que “não tem time”, cuja torcida “está diminuindo” – eles continuam nos assassinando nas pesquisas -, que tem menos jogos na grade da TV aberta porque “não dá Ibope”… que tem notícia mentirosa publicada em portal, para tumultuar o ambiente às vésperas de um jogo decisivo. O Palmeiras que já passou Flamengo e Bambis em números de sócios-torcedores… O PALMEIRAS…

Não temos certeza da vaga,  não temos a classificação garantida, vamos ter que conquistá-la, vamos ter que lutar por ela. Afinal, o Palmeiras, é a zebra! Não foi isso o que disseram? E ele não tem Sapo Padrinho, não tem Bolsa Apito, não tem a a imprensinha fazendo loby pra ele…Então, a ‘zebra’, maravilhosa e que tanto amamos, era/é tida como o franco-atirador da competição… era o time que, para todos os “expecialishtaish”, não passaria da primeira fase… pelo menos, foi isso que essa imprensa maligna quis enfiar na nossa cabeça a todo custo. Era essa a certeza que ela tinha.

Não nos importam as certezas…  a única que temos e precisamos, é que o Caldeirão Verde vai ferver hoje com o Verdão em campo! Que o Pacaembu vai tremer! O Palmeiras, mais uma vez, vai ser recebido com festa pela sua gente; mais uma vez vai ser conduzido pelo amor dos seus torcedores, mais uma vez vai jogar com a alma e o coração, no esquema tático dos 37 mil-4-4-2; o Palmeiras em campo, vai sentir correr em suas veias o sangue dos milhares de torcedores da bancada, dos milhões de torcedores espalhados pelo planeta… Sim, de novo, seremos milhões no Pacaembu…

A Que Canta e Vibra vai dar show outra vez, e disso eu tenho certeza; ela vai jogar com o Palmeiras! Vai entrar em campo e vai correr, marcar, defender e balançar as redes do adversário, vai brigar com o juiz, vai dar carrinho na lateral,  com a mesma força com que canta na bancada, com a mesma coragem com que enfrenta as adversidades, com a mesma alegria de quem sabe que torce para o melhor e maior time do mundo!

A torcida e os jogadores do Palmeiras vão “comprar” a classificação do seu time hoje, com as únicas moedas que eles sabem usar… as da vontade de vencer, da persistência, da honra e do amor.

O PALMEIRAS VAI JOGAR, NÓS VAMOS…  EMOCIONÁ-LO DE TANTO AMOR…

E se prepara, Scooby Doo, porque, hoje, é sangue na veia!! A carrocinha vai te pegar!!!

Hoje é aniversário do Mago… Parabéns, Valdívia!

Fico feliz, enquanto te desejo toda a felicidade do mundo. Enquanto desejo que você receba em dobro todas as alegrias que me deu.

Sinto saudades… De ver aquela camisa 10 transpirando raça, dedicação e amor ao time. De ver aquele mágico maravilhoso que, mesmo de nariz quebrado, continuava em campo, esbanjando competência.

Sinto saudade… do chute no vácuo, do Palestra gritando seu nome, dos adversários desesperados por ter que enfrentá-lo, ter que marcá-lo, das criancinhas ansiosas por ver o craque em campo…

Sinto falta do sorriso lindo que contagiava a todos, da alegria sem tamanho, da gozação com os adversários, da camaradagem sem máscara, que a gente percebia na maneira como era tratado pelo elenco…

Sinto saudade, quando ainda vejo tantas camisas 10, com seu nome…

Não ouço mais as respostas precisas e, muitas vezes cortantes, que ele dava para a imprensinha…

Não tem mais chororô, não tem mais Coelhinho da Páscoa, adversários rendidos, nem dribles desconcertantes, passes fantásticos e gols de matar de emoção…

Parece que a minha saudade, a nossa saudade, tem prazo de validade…

O Mago vai voltar! Esse foi o ‘presente’ que recebi na semana do meu aniversário.

E no seu aniversário Maguito, só posso dar o meu amor, a minha gratidão, o meu respeito,  e  o desejo que seja muito feliz onde quer que vá…

Não se demore Valdívia, por favor… Senão a gente morre de saudades…