Ontem, durante a partida na qual o Palmeiras venceu o Rio Claro por 3 x 0, o nosso preparador físico, Osmar Feitosa, foi expulso por ter se utilizado de um dispositivo eletrônico de comunicação, um “ponto”, com microfone, recurso que não é permitido no futebol desde o início dos anos 2000.

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Estaria tudo ok se o juiz não tivesse se inteirado do fato de maneira um tanto quanto “mediúnica”…

Ele não viu o dispositivo eletrônico, ninguém da arbitragem viu. Quem viu foi Thiago Maranhão, um repórter de campo, que falou sobre isso durante a transmissão; a TV mostrou as imagens e, quase na mesma hora, o juiz teve um insight: “Acho que o preparador físico do Palmeiras está usando um ponto eletrônico. Vou lá imediatamente tomar providências”… Aham…

Então, já sabendo do fato (como sabia?), o árbitro foi até o banco – Osmar já não estava mais com o tal ponto. O árbitro falou com Osmar, depois, confirmou com o quarto árbitro e então expulsou o profissional do Palmeiras.

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Quando o juiz vem direto e reto no Osmar, já sabendo do ponto, logo depois da TV ter falado sobre isso, ele nos mostra que foi avisado por alguém, confere?

Quando ele pergunta para o quarto árbitro, querendo uma confirmação, ele nos dá indícios de que não foi o quarto árbitro quem o avisou, correto (mesmo porque o quarto árbitro também não tinha visto)?

Bem… ele não viu, alguém o avisou logo que a TV mostrou e que o repórter falou sobre isso, e não foi o quarto árbitro…

Tão proibido quanto o uso de recurso eletrônico é a arbitragem se utilizar de imagens da TV, ou de informações de pessoas que não façam parte da arbitragem,  para apitar/conduzir uma partida. A Fifa não permite isso.

Já tivemos inúmeros casos de interferências vindas de fora das quatro linhas – lembra do gol anulado do Barcos? -, feitas por pessoas que nada tinham a ver com a arbitragem.

E ontem, todo mundo ficou com a impressão de que o repórter que trabalhava na transmissão teria avisado à arbitragem sobre o fato, e nem dá para se culpar muito as pessoas por pensarem assim, porque as coisas aconteceram quase na mesma hora, e também porque, não seria a primeira vez que uma presepada da imprensa  aconteceria; em outras situações já houve consulta até das imagens de TV,  de profissionais da imprensa que estavam no campo, já houve jornalista ligando pra tribunal pra “lembrá-lo” que um jogador poderia ser punido. Cachorro mordido de cobra…

E como esse tipo de interferência só acontece quando é para o Palmeiras ser prejudicado de alguma maneira, a torcida, que já conhece esse modus-operandi dos torcedores (rivais) profissionais de imprensa, ficou irada com o moço e ele foi criticado e xingado via Twitter.

A imprensinha, corporativista que é, correu defender o amigo de profissão – que garantiu não ter sido ele o informante -, mas ela esqueceu do mais óbvio, do mais pertinente à tarefa de um jornalista: investigar. Se não foi o repórter, quem então avisou ao árbitro sobre o ponto utilizado por Osmar Feitosa, e justo no momento em que o repórter falou sobre isso na transmissão? Essas perguntas a imprensa deixou de lado… mas algo ilícito aconteceu, e mais uma vez, e como sempre, num jogo do Palmeiras e com o Palmeiras.

Não pode usar rádio? Não pode. Ok. Não pode a arbitragem receber informação de fora? Não pode também. E por que só uma das infrações tem punição?

A mesma imprensa que costuma investigar e expor detalhes da vida privada de tantos atletas (e se cala sobre as propinas no Itaquerão – se calou quando a patrocinadora do time da Lava-jato foi descoberta sem CNPJ e, depois disso, sumiu do mapa), se omitiu agora, se esquivou de tentar descobrir qual foi a “mágica” para que o árbitro soubesse do “ponto”.

E tão “profissional” que é, achando um horror que o repórter fosse atacado nas mídias sociais,  passou ela, a imprensa, a “atacar”, a desmerecer torcedores, chamando-os de “primatas”, ignorantes, a falar sobre “honestidade”, a dizer que os palmeirenses “querem se valer de um recurso ilícito, justo num momento em que o país está sendo passado a limpo…), a desmerecer toda uma torcida…

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A moça em questão é setorista do Palmeiras, e  precisa da audiência da torcida que “nem dá pra chamar de torcida”, veja só. (se matar garotinho na Bolívia, aí dá pra chamar de torcida, moça?).

Tenho certeza que deve ter torcedores que passaram das medidas nas reclamações, mas tenho certeza também que não foram todos os torcedores. No entanto,  jornalistas podem generalizar (tem até os que provocam os torcedores), os torcedores não? Bem ‘democrática’ essa postura, e “justo quando o país está sendo passado a limpo”, não é?

Querem descer para o play, mas não querem brincar os liMdos? Como assim, press?

O corporativismo distorce a nossa reclamação, como se reclamássemos da expulsão, e não da informação passada ao árbitro só quando é, e porque é, o Palmeiras.

E a questão principal se perde, a imprensa não dá luzes à ela: COMO FOI QUE O JUIZ RECEBEU A TAL INFORMAÇÃO PARA EXPULSAR OSMAR FEITOSA?

Reza a lenda, e já vi um ex-árbitro falando a respeito, que existe alguém ligado à arbitragem, que assistiria aos jogos na TV, fora do estádio e que passaria as informações. Isso não é permitido. Não sei se é verdade, mas, supondo que exista mesmo essa pessoa que assiste na TV, por que é que não há interferência em partidas de outros times? Por que nunca ninguém avisou aos árbitros da tonelada de penalidades máximas que eles, erradamente, deixaram de marcar no Brasileiro 2015, por exemplo? (Seria por isso que as infrações cometidas por certos times, ajudados pelo apito e pelos comentários e notícias da imprensinha, nunca são mostradas na mesma hora – demoram um tempão -, e às vezes, são escondidas, como se nunca tivessem existido, enquanto as do Palmeiras são repetidas à exaustão, e por todos os ângulos possíveis?).

Por que razão não veem/viram outros “pontos” eletrônicos, onde eles são/foram absurdamente expostos? Por que não há repórteres tão “escandalizados” com a utilização do recurso ilegal por outras pessoas, de outros clubes?

André Rizek, do SporTV – aquele mesmo, que ligou para o STJD para perguntar qual seria a punição cabível para Valdivia, por ele forçar um terceiro cartão amarelo, mas que não fez o mesmo semanas antes, quando Paulinho tinha forçado um terceiro cartão a pedido de Tite, fato amplamente divulgado na imprensa – falando sobre as reclamações dos torcedores com o repórter, disse que “a função do repórter é contar o que está acontecendo, é reportar o fato”. Ele está certo.

E sendo assim, por que ninguém reportou que o Tite estava “ouvindo música” durante uma partida?

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Também não teve ninguém que reportasse que o Dorival estava “escutando as cotações da Bolsa” enquanto trabalhava?

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Por que será que ninguém se incomodou em reportar que Marcelo Oliveira usava um “radinho de pilha” durante uma partida?

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Esses, um árbitro só não vê se não quiser. Mas nenhum árbitro viu, e nenhum repórter, que tem a obrigação de reportar, reportou…

E é  disso que a gente fala… por que só com o Palmeiras??

(Meus agradecimentos ao Arthur Carvalho por pesquisar,  encontrar e me passar as imagens. Grazie, caro.)