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“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor” – Paulo de Tarso
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Era o último jogo da fase de classificação do Paulistão… Claro que eu queria uma vitória do Palmeiras, claro que eu queria a liderança também. Mas eu sabia que, dependendo dos resultados dos demais confrontos, ficar em segundo lugar poderia acabar sendo vantajoso. Além do mais, o Palmeiras, que enfrentaria a Ponte Preta em Campinas, estava prá lá de desfalcado. Felipão, cauteloso, não quis correr o risco de perder jogadores titulares para o momento em que o Paulistão vai realmente começar, colocando só quatro deles em campo (cinco se considerarmos Rivaldo titular). Valdivia, Patrik e Lincoln tinham sido vetados pelo Depto Médico e Gabriel estava suspenso. Mas, mesmo com o time todo remendado, Felipão montou o Palmeiras com três atacantes: Max “Pardalzinho”, Kleber e Adriano MJ.
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Prá variar, tão logo a partida teve seu início, as botinadas em Kleber começaram, com as bençãos do árbitro Sálvio “Cu rintia” Spínola. A Ponte, o mais forte entre os chamados “pequenos”, fazia dura marcação. O Gladiador, tão logo tocava o pé na bola, era derrubado. Cicinho também apanhava um bocado. E o juizão… fazia cara de paisagem! Será que ele foi ao show do U2?? Sei não… Felipão estava muito bravo porque, se dependesse do juiz, os jogadores da Ponte quebrariam o Kleber ao meio e o tirariam das semifinais do Paulistão. Cada vez mais eu achava que o homem do apito tinha ido ao tal show…
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E mesmo com Sálvio Spínola atrapalhando um bocado (quantas faltas ele deixava de marcar), o Palmeiras era mais ofensivo e dava mais trabalho à zaga adversária. Aos 20′, a boa atuação que Pardalzinho tinha na partida, foi recompensada. O garoto arriscou um chute de fora da área e o goleiro da Ponte aceitou. Ele bem que tentou puxar a bola rapidinho, mas ela já tinha entrado e todo mundo viu! Foi o “Frango de Páscoa”!!
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Com a vantagem no placar e com os bambis perdendo do Mirassol, o Palmeiras se mantinha líder. Mas, ao tomar o gol, a Ponte veio prá cima e levou só quatro minutos para empatar a partida. Márcio Diogo recebeu na área, se livrou (facilmente, eu diria) de Leandro Amaro e bateu. Mesmo tendo tocado na bola, Deola nada pode fazer. A botinada rolava solta. Cicinho, que era muito acionado, a cada vez que descia com perigo, era parado na falta. Kleber era caçado – isso enche o saco – e Felipão reclamava com o 4º árbitro e com o mundo porque, já que o juiz não coibia a caçada ao Gladiador, ele teria como única opção tirá-lo de campo, caso não o quisesse machucado para a próxima fase. Que raiva disso! E mesmo com o Palmeiras perdendo algumas chances, o primeiro tempo acabou empatado.
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Para a segunda etapa Felipão já voltou com Vinícius no lugar de Kleber. Sem o Mago para armar, já era complicado; os titulares ausentes faziam muita falta e, ainda por cima, fomos obrigados a ficar sem o Kleber… Claro que o futebol do Palmeiras iria se enfraquecer. Quem gostou foi a Ponte, que mandou uma na trave. Eu juro que não sabia se queria que o Palmeiras ficasse em primeiro na tabela, ou se o segundo lugar acabaria sendo melhor, caso pegássemos um adversário mais fraco. Nessas horas, não devemos deixar que o orgulho faça a “contabilidade” prá gente. O mais importante é onde se quer chegar. E deve ter sido pensando nisso que, aos 16′, Felipão sacou Cicinho (outro que seria quebrado ao meio se continuasse em campo) e colocou Luís Felipe.
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Como a Ponte chegava com perigo, Felipão colocou Luan em campo no lugar de Max Pardalzinho, muito aplaudido pela boa participação na partida  e pelo gol marcado. O volume de jogo da Ponte era maior e a zaga palestrina passava maus bocados. E, aos 31′, deu zebra… Na cobrança de escanteio, a zaga palestrina tirou como pôde, mas na sobra, Renatinho, de fora da área, meteu pro gol.  De novo eu reclamei do gol tomado, sem um pingo de convicção se estaríamos mesmo sendo prejudicados ao perder a liderança.  A lamentar mesmo, só o fato que lá se ia a nossa invencibilidade de 15 jogos… O Palmeiras ainda tentaria empatar em algumas oportunidades, mas nada de aparecer alguém prá guardar. A Ponte fazia o dela e ficava lá atrás só tocando bola. E foi assim até o apito final.
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Perder nunca é bom mas, por outro lado,  pegar um adversário, teoricamente, mais fraco é auspicioso. Ecá entre nós, que hora boa para se perder, né?  Acredito que os quatro grandes têm condições de ganhar o título e talvez a Ponte vá dar trabalho. Mas, seja qual for o adversário, eu confio no Palmeiras e acho que temos alguns diferenciais que podem desequilibrar a balança a nosso favor. O primeiro deles está no banco comandando o time. Em campo teremos o Mago (desequilibrar partidas é com ele mesmo), Kleber (nosso Homem-de-Ferro), a zaga “Melhor do Mundo”, os dois melhores goleiros do planeta e a raça e determinação da Família Scolari… Que venha quem vier!
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As cortinas se abrem e o campeonato vai começar! Chegou a hora, amigo palestrino! De roer as unhas, de sentir aquele frio na barriga, de vestir a roupa “da sorte”, de sentir o coração apertado no peito! Hora de perder a fome e a concentração no trabalho, de não conseguir dormir na véspera de um jogo e nem depois dele… de rezar, acender velas, fazer promessas… Cada qual tem o seu jeito de torcer, tem o seu ritual, sua superstição… Mas, para todos nós, é hora de ter fé no time! De ter esperança!  De sonhar! De gritar gol! É hora da QUE CANTA E VIBRA, que nunca para de cantar e nunca deixa de acreditar! É hora da torcida que tem o maior amor do mundo! Essa gente palestrina, guerreira, que vive e respira Palmeiras!
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Nosso destino é vencer! É superar as adversidades com jogadas perfeitas, partidas inesquecíveis! Com gols inacreditáveis, marcados no último minuto… Com raça, encantamento e magia… Com a torcida cantando e dançando nas arquibancadas,  o coração enlouquecendo de alegria…
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E é na bancada que vamos fazer a diferença! Amanhã tem Copa do Brasil e no domingo o primeiro mata-mata do Paulistão! O PACAEMBU SERÁ PEQUENO! O PALMEIRAS VAI JOGAR, NOS VAMOS!!
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AUGURI, PALESTRA! SCOPPIA CHE LA VITTORIA È NOSTRA!
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“Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo.” –   Caio Fernando Abreu

 

Saí do Palestra num desânimo total.  Nem muito brava com o time, eu consegui ficar. Durante a volta, uma sensação tão estranha me acompanhava…  Qual um caramujo, que  carrega a casa nas costas, a minha “casa” estava pesada demais.  Meus olhos ardiam, raspavam,  como se eu estivesse morrendo de sono; e não estava.   Cansada de todos os “quases” do Palmeiras e de outros tantos, da vida, me fechei na minha “concha” e a única vontade era a de nunca mais falar com ninguém.  Acho que a derrota para a Ponte Preta, em casa, coincidiu com aquele dia crucial da TPM. Ia ser difícil chegar em casa…

Queria não pensar, mas era impossível… Pediram a presença da torcida e ela estava lá! No começo da partida, quanta esperança, o Palmeiras parecia que ia ganhar de ’20 x o’. Mas, mesmo tendo o jogo nas mãos,  nosso time não soube decidir  em nenhuma, das muitas, oportunidades surgidas. A Ponte, inofensiva, a não ser quando, por vacilos nossos, ganhava algumas chances, decidiu e matou a partida, em duas, das três boas oportunidades que teve.

Não consigo entender como os nossos jogadores se recusam a brilhar.  Estão na maioria da vezes, dando muito menos do que podem. Alguns, com mais futebol para mostrar, dificilmente ultrapassam a linha que põe de lados opostos protagonistas e coadjuvantes. Em algumas ocasiões se comportam como meros figurantes.  De nada adianta fazer dois clássicos com brilhantes atuações e tropeçar em todos os pequenos que encontrar pela frente.Todos sabemos que  a Ponte Preta nunca ganhou nada, e  é por isso mesmo que não dá para aceitar numa boa essa derrota.

No primeiro tempo mandamos na partida, mas o gol nada de sair.  Já era sinal que algo precisava ser mudado.   Fazíamos tudo certinho até chegar lá na frente  e então a bola parecia queimar os pés dos nossos atletas. Ewerthon, estava sempre de costas e, ao receber não conseguia girar; então passava… Diego recebia e também passava… Robert e Cleiton, idem. Quando chutávamos, a ansiedade, ou o goleiro da Ponte, atrapalhavam a finalização. Nosso mais ofensivo atacante parecia ser o zagueiro Danilo, sempre aparecendo com perigo diante do goleiro da Macaca.

Mas parece que o Palmeiras traz um peso a mais, sei lá… Esses anos sem títulos, essa cobrança toda, essa pressão. Parece que a camisa quando é dada a um novo jogador, já vem “imantada” com essa “nhaca” de não se tocar que É O PALMEIRAS, PORRA! De não entender que o time pequeno vem, sim, com medo ao Palestra, e nós é que os permitimos ficar mais ousados.  O torcedor que não é bobo já adivinhava o que estava por vir e, antes dos quinze do segundo tempo, pedia Lincoln, que nem relacionado fora. Alguns, na verdade,  não sabiam que ele não estava no banco, outros, gritavam seu nome como uma forma de protesto por ele não ter sido relacionado. O torcedor já percebeu que Lincoln pensa e joga ao mesmo tempo, coisa que outros acham difícil fazer.  QUE FALTA FAZ UM CAMISA DEZ…

Zago continuou sem perceber que a Ponte tava chegando e cometeu o mesmo erro que Muricy tantas vezes cometera; ficou esperando que o time (que dava mostras de não funcionar) resolvesse. Mais da metade da segunda etapa se passara e nenhuma mudança tinha sido feita. Aos 32′, a Ponte fez o seu seu gol. Custei a acreditar! Só então nosso técnico resolveu substituir. Edinho deu lugar a Lenny. Só que esse Palmeiras atual se desequilibra absurdamente quando é ele quem toma o primeiro gol na partida. E não foi diferente dessa vez…  Nós, na bancada, já sentíamos que o Palmeiras não reagiria. Aos 38′,  o veterano(!!) Finazzi marcou o segundo.  Estranho que Finazzi estivesse sem um zagueiro em sua marcação, e somente Armero estivesse na área dando combate…

O que já era insuficiente, ficou ainda pior… Nossos jogadores, tão melhores que os da Ponte, faziam questão de parecerem piores. Que desequilíbrio é esse?? A Macaca,  com o time todo atrás, só se aventurava em contra-ataques. E foi num deles que Danilo cometeu penalti em Marcos Rocha. O Santo defendeu!!! A torcida, triste, machucada, por mais um campeonato a esquecer, comemorou muito. A defesa de Marcos (que agarrou a bola!) foi o único bálsamo para as dores que aquela noite nos trazia… Para mais um “quase” que teríamos que digerir…  O maior prejuízo é o de nos acostumarmos (torcida, jogadores, diretoria) a  isso, de aceitarmos todas as desculpas, de fabricarmos outras tantas…

Quando desci na estação próxima a minha casa, a chuva caía… Todo mundo se protegia e a rua estava deserta.  Saí caminhando, lentamente, para ser engolida pela escuridão e pela água que caía do céu…  Hoje, está escuro e chove no meu mundo, mas eu sempre vou esperar pelo sol…

REAGE, PALMEIRAS!!!