27 de Abril de 1920… início do século XX… e o Palestra Italia, recém fundado, já comprava a sua casa… a nossa casa, palco de tantas conquistas, de tantas verdes alegrias, onde nós, nossos pais, nossos avós, e tantos outros palestrinos vivemos momentos absurdamente felizes e inesquecíveis…

Sem dinheiro público, sem terreno doado por político… 

Ainda no final do final do séc. XIX, a Cia Antárctica Paulista criava o Parque Antárctica – uma área de lazer de 300 mil m², com restaurantes, parque infantil, bosque, lago e… campo de futebol. E a Antárctica começou a alugar o campo para os clubes de futebol. 

Em 1917, o Palestra Italia passou a ser arrendatário também. O seu primeiro jogo no Parque Antárctica foi diante do Internacional-SP, em partida válida pelo campeonato regional.  E o Palestra venceu por 5 x 1. Caetano Izzo marcou o primeiro gol palestrino no estádio que viria a ser a nossa casa. Naquele mesmo ano, no primeiro derby, veja só, amigo leitor, o Palmeiras venceu por 3 x 0… com três gols de Caetano Izzo (abençoado seja ele. Será que era bisavô do Obina?).

Foram 22 partidas, 14 vitórias, 4 empates, 4 derrotas, 56 gols marcados e 29 sofridos até aquele Abril de 1920… E, então,  contando apenas com reforços e recursos da sua comunidade, o Palestra comprou o Parque Antarctica por 500 contos de reis (era muito dinheiro na época). Um projeto audacioso, um passo muito grande,  um sonho que até as mais tradicionais e aristocratas equipes da época ainda não sonhavam (até hoje, em pleno 2020, ainda existem clubes que não conseguiram ter seu estádio). E foi pela iniciativa ousada, pela grande quantia dispendida que a compra do terreno ficou conhecida como “A Loucura do Século”. Nosso Palestra/Palmeiras vanguardista desde sempre.

O Palestra deu uma entrada de 250 contos de réis, acrescida de mais 32 contos referente ao imposto de transmissão. Restaram duas parcelas de 125 contos. A primeira foi paga, mas, devido a uma crise financeira, o Palestra teve dificuldades para pagar a segunda, e, assim, para honrar a dívida e pagar a última parcela direitinho, acabou se vendo obrigado a vender uma parte do terreno para as indústrias do Conde Matarazzo.

Menos de um mês depois,  o Palestra Italia estreou, como proprietário, diante do Mackenzie-SP e venceu por 7 x 0 (era danado esse Palestra, hein?). 

E veio o título Paulista de 1920, o Paulista de 26… o “Extra” de 26… o Paulista de 1927,  o de 32…  No início dos anos 30, o Palestra reformou a sua casa. As pranchetas de madeira deram lugar às arquibancadas de cimento, que ficavam de frente uma para a outra, com o campo entre elas.

E teve goleada verde, outra vez, no primeiro jogo com o estádio reformado… Era 1933, e o Palestra Italia venceu o Bangu por 6 x 1. 

Os anos foram passando, a torcida ia aumentando cada vez mais, e o Palestra (por causa da guerra, ele mudaria de nome e se tornaria Sociedade Esportiva Palmeiras, em 1942) ia conquistando títulos, ia se tornando cada vez maior… Foi campeão do Torneio Rio-São Paulo 1933,  conquistou os Campeonatos Paulistas de 1933/34/36/38(Extra)/1940/42/44/47/50/59, a Taça Cidade de São Paulo 1950/51, o Torneio Rio-São Paulo 1951 e o Primeiro Torneio Mundial de Clubes, em 1951… 

Conquistou o Campeonato Brasileiro 1960… e nova reforma aconteceria em nossa casa. Foi construída uma meia-lua de arquibancada, em forma de ferradura, o campo de futebol foi elevado aproximadamente 3 metros em relação ao nível do solo, formando uma espécie de fosso ao seu redor… e a nossa casa, elegante, passaria a ser chamada de “Jardim Suspenso”… Nosso Palestra Italia cada vez mais lindo.

E vieram as Academias do Palmeiras, e novos craques, novos títulos… muitos títulos… Torneio Rio-São Paulo 1965/93/2000, Campeonatos Paulistas 1963/66/72/74/76/93/94/96/2008,  Campeonatos Brasileiros 1967 (Taça Brasil), o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 67  (Campeonato Brasileiro em novo formato criado pela CBD)69/72/73/93/94, a Copa do Brasil 1998,  Copa Mercosul 1998, Copa Libertadores 1999, Copa dos Campeões 2000… o Palmeiras foi considerado o “Campeão do Século”…

A Família Palmeiras cada vez maior, cada vez mais apaixonada… e quantas alegrias vivemos ali no nosso Palestra Itália, quantas vezes (de perder a conta de quantas foram) descemos as escadas felizes cantando e seguimos em festa pelo fosso… inebriados por uma vitória, por um título… um amor que passava de geração à geração, de pai pra filho, ou que brotava espontaneamente das pessoas com DNA verde e branco… e quanto amor dedicamos à nossa casa… e como nos preocupamos quando mais uma reforma foi anunciada…

Como assim? Vão reformar o Palestra? 

Ficamos sem casa um bom tempo… A última partida válida em competições oficiais aconteceu em 22 de Maio de 2010, quando vencemos o Grêmio por 4 x 2 (como eu chorei naquele dia me despedindo do meu Palestra de tantas alegrias. Choro agora também ao lembrar)…

Ganhamos o Bi da Copa do Brasil em 2012, jogando a primeira final em Barueri… e morrendo de saudade da nossa casa. 

Foram quatro anos de uma saudade enorme, e um pouco antes de 2014 terminar,  finalmente, ela ficou pronta… e que linda! Se tornou Allianz Parque, o mais belo e moderno estádio do país.

Nem precisaria dizer – eu sei que você sabe – que já ganhamos novos títulos lá, não é mesmo?  O Tri da Copa do Brasil, em 2015 – de forma épica, maravilhosa, com Allianz Parque e Rua Turiaçu lotados – e mais dois espetaculares títulos brasileiros, em 2016 e 2018, que fizeram o Palmeiras decacampeão.

Que Deus continue abençoando a nossa casa, nosso Parque Antárctica/Palestra Italia/Allianz Parque, e que Ele permita que ela continue sendo de palco de muitas conquistas do Palmeiras, o Ma10r Campeão do Brasil.

 

 

 

Perto de completar seu centenário, o Palmeiras é hoje um clube repleto de glórias e tradição. Ao longo dos quase 100 anos de existência, acumulou diversos títulos e honrarias – inclusive a de ser o primeiro time a representar a seleção brasileira e a de ser considerado campeão do século XX no país. É impossível negar que o Verdão possui um histórico completo e gratificante, e o grande segredo da formação desta agremiação vencedora sempre esteve no planejamento e no pensamento vanguardista.

Como prova de sua essência pioneira, os líderes do ainda recém-fundado Palestra Italia já demonstravam no início do século passado a preocupação não só com vitórias, mas em projetar o clube, atingir uma condição estável na sociedade e transformá-lo em uma referência nacional. A aquisição do Parque Antarctica (atual estádio Palestra Italia) em 1920 foi o primeiro passo para materializar o sonho.

A ligação entre o Palestra e o Parque Antarctica, porém, teve início três anos antes. À época, o espaço, que pertencia à Companhia Antarctica Paulista e era uma área de lazer muito tradicional em São Paulo, tinha um campo que era cedido à equipe de futebol do Germânia (atual Pinheiros). Depois da Primeira Guerra Mundial e a consequente crise financeira do Germânia, o América, clube então em formação, passou a ser o locatário do estádio. Mas o América não podia arcar com as despesas de aluguel sozinho, e o Palestra, que já levava grande público a seus jogos, interessou-se pelo local.

Em 1917, por intermédio do América, foi feito o contrato de aluguel do campo por 500 mil reis por mês. Foi assim que o Palestra Italia se instalou no tradicional local. O América, à beira da falência, não demorou a desaparecer, e o contrato, a partir de então, passou a ser direto entre o Palestra e a Antarctica. O jogo de estreia dos palestrinos no hoje solo sagrado para todos os palmeirenses aconteceu há exatos 95 anos.

No dia 21 de abril de 1917, o Palestra enfrentou o Internacional da capital pelo Campeonato Paulista. A histórica partida ficou marcada pelo início de uma boa fase do Verdão, que goleou por 5 a 1 uma equipe que inclusive já havia conquistado o título de campeão estadual, em 1907. O atacante Caetano teve a felicidade de marcar o primeiro gol do time no Parque Antarctica. A partir dali, o Palestra Itália começou a ganhar força para alcançar o objetivo de conquistar seu primeiro título estadual em 1920, conseguindo quebrar a hegemonia do C. A. Paulistano, que buscava a conquista de seu pentacampeonato.

Os números comprovam a superioridade do Palestra no Parque Antarctica mesmo antes de ter as dependências do local sob seu poder. Entre 1917 e 1920, período em que o Palestra atuou antes de se tornar proprietário do estádio, foram 21 partidas, 13 vitórias, 4 empates e apenas 4 derrotas, sofrendo 29 gols e marcando 56 (quase o dobro).

Até 2010, ano do fechamento do estádio para as obras da Nova Arena, os jogos realizados pelo Palmeiras no estádio somaram, ao todo, 1570 partidas, com 1063 vitórias (67,8%), 318 empates (20,2%) e 189 vitórias adversárias (12%). Foram 3695 gols marcados (média de 2,3 por jogo) e 1485 gols sofridos (média de 0,94).

Departamento de Marketing lança réplica do estádio

Em comemoração aos 95 anos da estreia alviverde no Parque Antarctica, o departamento de marketing da Sociedade Esportiva Palmeiras vai disponibilizar aos torcedores uma belíssima réplica do Estádio Palestra Itália.

Trata-se de uma verdadeira relíquia para eternizar na memória do palmeirense a última imagem do Jardim Suspenso, contando, inclusive, com um pedaço do concreto original do estádio. Fique esperto! Em breve, a réplica estará à venda nas lojas oficias do Verdão! Veja o protótipo:

Agência Palmeiras
Departamento de História

21/04/2012 08h00