” Podrán cortar todas las flores pero no podrán detener la primavera” Pablo Neruda

Fomos a Barueri, buscar a classificação diante do Paraná…

Eu tinha uma única expectativa: a de ver o Palmeiras ganhar e se classificar, fosse como fosse. Jogando bonito ou feio, com Felipão fazendo a coisa certa ou não… Ultimamente, ando até abdicando de ver um bom futebol, quero ver meu time ganhar, se classificar, do jeito que der.

Quando o Palmeiras entrou em campo, tive a primeira emoção da noite: a torcida gritando os nomes dos jogadores. Senti tanto quando ela parou de fazer isso que, agora, me emociono a cada vez que ouço.

Público bom, num estádio até adequado para aquele confronto, mas jamais um estádio para o Palmeiras mandar clássicos como decidiram os nossos dirigentes que andam tendo uma dificuldade absurda para usar os neurônios (será que eles têm algum em bom estado?). Parecem uns mendigos, só ficam choramigando a falta de dinheiro, mas permitem que o Palmeiras jogue num estádio pequeno e numa quarta feira às 10h00. E querem ganhar dinheiro? Ah, tá…

O Mazinho, fazia a sua segunda partida e eu estava gostando muito dele em campo. Tinha boa movimentação e, às vezes pelo meio, às vezes pela esquerda, levava perigo ao adversário. Achei que a camisa caiu bem nele e ficou levinha.

O Palmeiras, apesar de errar lá na frente, pressionava o Paraná. Mazinho e Valdivia, que, supersticiosamente, usava bigode e cavanhaque, começavam a arriscar de longe, Barcos também tentava à cada oportunidade. E, de tão ansioso para voltar a marcar, acabava se atrapalhando algumas vezes.

A torcida estava feliz! Ficar longe do Palmeiras, por duas semanas, não fora nada agradável. E então, diante do seu amor, ela cantava, contente, esperando pelo momento maior… E ele chegou! Aos 25′, Assunção cobrou uma falta e colocou a bola quase na frente do goleiro do Paraná; Mazinho apareceu com velocidade, por trás do zagueiro (deve ter levado um baita susto com ele) e abriu o placar! Festa em Barueri! E com que alegria Mazinho comemorava!

Mas, minutos depois, após um empurrão de Douglas Tanque, Henrique foi tirar satisfações e simulou dar uma cabeçada no jogador paranista. O juiz, Péricles Bassols, que poderia muito bem  tê-los advertido ou amarelado, nem piscou e botou os dois na rua. Filho da mãe! Nossos jogadores reclamaram bastante. Fiquei preocupadíssima! Nosso melhor zagueiro estava fora.

Na mesma hora, Román foi chamado (ficou mais de 15 minutos se aquecendo). Era só tirar um volante pra por o zagueiro, que nem dava nada. Mas imagina se ele faria isso… entrou na do Assunção de que ele ficaria ‘quebrando o galho’ na posição até o intervalo. Tivemos sorte, porque Assunção, por mais boa vontade que possa ter, não dá para jogar de zagueiro.

Mas vou confessar, a vantagem por um gol, me fazia lembrar de um jogo perdido em 2010…

Na volta do intervalo, Barcos não estava mais no time. Felipão alegou que ele já tinha dois amarelos e ele não tem reservas para a posição. Ainda que eu não concorde em ver o técnico tirar um atacante para colocar um zagueiro , quando tem volantes em campo que não farão falta nenhuma (típico de Felipão fazer isso), a explicação que ele deu depois, me pareceu fazer sentido.

E nem deu muito tempo de eu ficar pensando a respeito, porque o Palmeiras voltou com o pé no acelerador. Numa jogada de velocidade, Mazinho recebeu a bola, driblou o adversário e, de fora da área, tocou rasteiro no cantinho direito do goleiro. Uffa! O medo que tava escondidinho no peito, bateu asas e voou!!! E viva o Messi Black! A camisa do Verdão vestiu muito bem nele, e lhe parece levíssima.

Aí o time ficou mais tranquilo; ainda que o futebol do Palmeiras não fosse brilhante, a classificação estava assegurada. Era só não vacilar. Mazinho estava iluminado! Aos 17′, numa outra jogada perigosa, ele errou o chute, mas a bola sobrou para o Mago que chegava lá na direita. E então, o que era alegria, explodiu em emoção… Valdivia mandou pra rede e marcou o terceiro gol. E enlouqueceu de alegria, nos deixando perplexos e emocionados. Saiu comemorando feito um louco, alucinado,  gritando palavrões, puxando a camisa e beijando o distintivo do Palmeiras… chorando de alegria e alívio de se ver livre das lesões madrastas que tanto têm atrapalhado a sua vida, que tanto o têm impedido de jogar o futebol que sabe. Foi o momento mais lindo do jogo…

Eu sei o quanto ele quer jogar bem e posso imaginar o que tem sido essa fase pra ele. Eu gritei muito, o estádio inteiro gritou muito. Todos nós queremos o Mago jogando o que sabe. Foi um sacrifício danado eu conseguir chorar disfarçadamente.

O gol nem era tão importante assim, uma vez que tínhamos a classificação assegurada. Mas, para Valdivia, ele foi importantíssimo. E foi tão sincera a sua comemoração, tão sentido o seu desabafo, foi com tanto carinho que ele beijou o escudo do Palmeiras, que a torcida se comoveu. Tenha força, Mago! Que momento lindo você nos deu…

A noite ainda me traria mais uma alegria… Felipão chamou Maikon Leite, mas fez a burrada de tirar o astro da noite, fez a burrada de sacar Mazinho. Com João Vítor, Márcio Araujo que poderiam sair sem fazer falta ao time, ele me tira o cara que decidiu a partida. Haja paciência… Mas, de novo, nem deu tempo de a gente reclamar.

Tão logo Maikon Leite entrou em campo (ele vinha correndo para se posicionar), ele achou uma sobra lá na intermediária, dominou, partiu em velocidade, entrou na área e fuzilou pro gol! Goleada do Verdão!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PIL3zN767Gw[/youtube]

É… o cavanhaque do Mago deu certo e, assim como o bigode mexicano, nos trouxe sorte. Quando o juiz apitou, saímos todos felizes, mais leves, classificados (uffa!)…

Todos nós, não. Felipão, na coletiva, nervoso, de saco cheio (?) chutou o pau da barraca, detonou a diretoria e as contratações que ela pensa em fazer e ofuscou o brilho da goleada verde. Ainda que ele tenha razão em detonar esses dirigentes bananas e incapazes, que administram o Campeão do Século como quem administra uma lanchonete; por toda a sua experiência e curriculum, Felipão deveria saber que aquele não era o momento, que estamos disputando o único campeonato que nos sobrou no semestre e que, atitudes como essa, não vão ajudar o time a engrenar, muito pelo contrário. Foi um tiro no pé…

E, por achar que ele sabe disso muito bem, eu me pergunto: Estaria ele querendo ser demitido, para poder sair do Palmeiras sem ter que pagar a multa rescisória? Sei, não… mas tá parecendo.

Além do mais, na mesma entrevista, Felipão afirmou que, mesmo com Mazinho se saindo tão bem, o lugar é do Luan. Se sentar o Mazinho, que tá batendo um bolão, para colocar o Luan,  não vai ter respaldo para reclamar das escolhas dos dirigentes, né Felipão?

E assim vamos nós… sem conseguir ter sossego; quando não é um, é outro!

 

“Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar” – Chico Science

Três dias depois da desclassificação no Paulistão, íamos jogar contra o Paraná, na casa dele, com um fardo imenso de problemas. Com boa parte da torcida perdendo de vez a confiança no time, alguns torcedores fazendo protestos no desembarque da delegação, o goleiro sendo crucificado porque, a despeito dos erros do time, da comissão técnica e da diretoria, ao longo do campeonato todo, as suas três desastrosas falhas, diante do Guarani, acabaram sendo o motivo da nossa desclassificação! Só nos sobrou a Copa do Brasil e a desconfiança de que o semestre já está quase perdido…

Eu nunca deixo de acreditar no Palmeiras a cada nova partida, a cada novo campeonato. E isso é tão certo quanto o dia que nasce depois de uma noite. Mas tem hora em que o coração, cansado de sofrer, cansado de ser maltratado, reclama, se encolhe no peito, bate mais devagar, mais sem graça… Ontem, antes da partida, eu vivia um misto de sensações. Fé, medo, confiança, desconfiança… precisávamos reverter aquele astral tão pesado… E, tinha que ser nesse jogo, não dava para aguentarmos mais um insucesso. Por isso, na noite de ontem, pra mim, o resultado seria muito mais importante que o futebol que o Palmeiras apresentaria na partida.

E eis que o Palmeiras entrou em campo com surpresas! Bruno no gol, o atacante Mazinho fazendo a sua estreia e Valdivia… de bigode! Um baita bigodão latino, que talvez fosse uma maneira de mostrar que, com erros, ou sem eles, o grupo está, sim, fechado com Felipão! E, em minutos não se falava em outra coisa entre os torcedores. O assunto era o bigode do Valdivia! E o melhor de tudo, é que a torcida, que anda tão casmurra, começou a se divertir com aquilo. E vieram os apelidos, as comparações; Bandido mexicano, Fred Mercury, Dick Vigarista, Chris Cornell, Zorro, Amigo da Onça, Zé Bonitinho, cantor de bolero… Em minutos, sem que a gente mesmo se desse conta, estávamos todos mais leves; em minutos, sem que nem mesmo a imprensa se desse conta, ninguém mais falava dos problemas passados. Valdivia, brilhante, mais uma vez nos mostrando que é f*%#@! Tirou o foco da crise, fez todo mundo dar risada, trouxe um pouco de alegria ao elenco, à torcida e deixou o ambiente melhor.

Eu recebia tweets, e-mails, perguntas no Facebook, todos muito divertidos, sobre o que eu achava daquele bigode. Claro que eu achei lindo! E não tinha como não rir… não tinha como não brincar, ainda que, dentro de campo estivéssemos tendo problemas, ainda que não concordássemos com toda a escalação do técnico, ainda que soubéssemos que não íamos jogar melhor do que contra o Guarani. O astral tinha mudado, era outro…

O estádio estava lotado, os torcedores locais faziam dele um caldeirão infernal e, por conta disso, o Paraná começou o jogo com velocidade, com uma baita disposição e com a caixa de ferramentas aberta. Bateram um bocado! O Palmeiras, no estilão de sempre, procurava cadenciar o jogo, conter o ímpeto do Paraná; mas não jogava bem.  Eu me aborrecia um bocado com Felipão; ainda que ele tenha colocado dois atacantes em campo, tinha que ter escalado Daniel Carvalho com Valdivia (Mazinho estava em campo, mas para que a gente não perca o costume, ele não jogaria em sua verdadeira posição). Os adversários sabem que é só marcar muito bem o nosso homem de criação para dificultar que a bola chegue redondinha ao atacante. E, embora muito marcado, o Bigode, ooops, o Mago, fazia uma bela partida. Mazinho também, seguro, nos dava a impressão que já tinha jogado outras vezes com a nossa camisa. Gostei dele.

Chovia uma barbaridade e tava uma dureza de a gente fazer gol. Nossos jogadores, parecem meio “amestrados” pelo esquema de uma única jogada”, mas, mesmo assim, levaram perigo de outras maneiras. Mazinho fez uma jogada linda,  driblou o zagueiro, entrou na área e chutou, o goleiro fez uma bela defesa; Valdivia, pela direita, já na pequena área, achou Barcos na cara do gol, mas nosso Pirata não conseguiu marcar… E dá-lhe chuveirinho! Oxalá apareça uma falta! E ela apareceu, aos 21′. Assunção cobrou com perfeição e guardou o seu 23º gol de falta, nesses dois anos de clube. Uffa!!

Minutos depois, Assunção chutou de longe, por pouco o goleiro não foi parar dentro do gol com bola e tudo. Mas Assunção, com dores na costela, teve que sair e foi substituído por… Patrik! Poderia ter entrado Daniel Carvalho ou mais um atacante. Ah, Felipão… Dois minutinhos depois, o Paraná empatou. Não foi bola aérea, acredite! O atacante recebeu um cruzamento rasteiro e chutou pro gol, Bruno fez grande defesa mas, Luisinho, aproveitou o rebote e guardou. Na cabeça da gente aquele pensamento nebuloso, negro e cheio de apreensão… será que… de novo?

Levamos bola na trave, tivemos dificuldades para chegar na área no segundo tempo, sentimos uma boa dose de aflição, nos aborrecemos com as substituições do Felipão, que tirou Barcos para colocar Fernandão, ficamos irados porque Patrik não fazia nada em campo, nos decepcionamos porque o Palmeiras fazia de tudo para garantir esse resultado magrinho, ao invés de ir pra cima e matar o jogo lá mesmo…

Mas, por mais que algumas coisas nos irritassem, não podíamos deixar de ver que Mazinho fazia sua estreia que nem gente grande, e jogava muito bem; que o nosso Zorro/bandido mexicano/cantor de boleros, Valdivia (de quem precisamos tanto para conquistar o que queremos), voltando de contusão, ainda sem ritmo, naquele gramado encharcado, pesado, buscou jogo, se movimentou, correu, deu carrinho, foi muito importante em campo; não podíamos deixar de ver que Bruno, seguro, também fazia uma boa partida, fazia defesas importantes; que Henrique, o nosso xerife, joga muito, e que nem tudo era motivo de reclamações.

E não era mesmo! Aos 33′, o botinudo do Henrique Alemão, cometeu pênalti em Patrik (!?!). Na ausência de Assunção, Henrique é o cobrador oficial. E cheio de moral, o xerife cobrou, muito bem por sinal, e colocou o Palmeiras em vantagem. Que alegria eu senti! Andamos levando tantas cacetadas nos últimos jogos, que temos que comemorar as coisas boas, por menor que elas sejam, quando elas nos acontecem. Felipão ainda colocou Román em lugar de Cicinho (imagina se ele não ia colocar mais um zagueiro?) e o jogo terminou (o bigode do Mago deu sorte) com a vitória do verde mais lindo do mundo!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=xS26GzbmpP4&feature=endscreen&NR=1[/youtube]

Deu um alívio imenso quando o juiz apitou o final; dá um alívio imenso quando o Palmeiras ganha. Mesmo que seja de um jogo feio, mesmo que tenhamos nos aborrecido com algumas coisas… Basta ele ganhar e a gente fica leve, ri mais fácil, se sente de bem com a vida, acha tudo mais bonito… E foi assim que fomos dormir, embalados pelos muitos risos que um ‘bigode latino’ nos trouxe; aliviados pela vitória que nos dá duas semanas de tranquilidade; um tanto esperançosos de que Felipão consiga enxergar um outro caminho; livres da aflição e do temor de mais um insucesso; um pouco mais relaxados para o jogo da volta … e com os nossos corações menos tristes, cantarolando um ritmo latino…

“…Solamente una vez, amé en la vida. Solamente una vez, y nada más…”