Valdivia-voltou1

“Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca

Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre” ♪♫ (Milton Nascimento)

Pareceu uma eternidade esse tempo de Copa das Confederações em que o Verdão ficou sem jogar… Custou tanto a passar.

Não há vida sem Palmeiras! A gente continua fazendo tudo como sempre, trabalha, estuda, passeia, dá risada, se alimenta, anda, respira… mas é tudo tão sem cor, sem calor, sem perfume… A sensação de que falta algo é permanente.

Contamos os dias até esse sábado (06), ficamos ansiosos como quem mal pudesse esperar pra rever um grande amor. E era isso mesmo, íamos rever o nosso grande amor.

As expectativas eram as melhores possíveis, time descansado, que treinou bastante durante a “férias”, o garoto Luís Felipe no time, Prass de volta, Valdivia de volta… O Mago… com ele em campo sempre podemos esperar um futebol mais bonito.

Pra não ficar na pilha, passei o dia batendo pernas na 25 de Março, e cheguei em casa quase na hora do jogo começar. E então… surpresa! Nenhuma emissora ia transmitir o jogo do Palmeiras. A Band, que acenara com a possibilidade, mudou de ideia (ou a Globo fez com que ela mudasse) e transmitiria o ‘badaladíssimo’, confronto entre os dois “grandes campeões brasileiros”, São Caetano e Avaí. Era compreensível… afinal esses times, que ‘conquistaram tantos títulos nacionais’, ‘possuem milhões de torcedores espalhados pelo país’, não é mesmo? Eles têm jogadores que já vestiram a camisa da seleção brasileira, da seleção chilena… são times que têm muito mais apelo. E, deve ter sido por esses motivos que ‘São Caetano x Avaí’ foi o jogo que os milhões de palmeirenses, espalhados pelo Brasil inteiro, tinham pra assistir.

As TVs ‘preferiram’ levar ao ar uma programação que lhes daria menos pontos no Ibope? Estranho… Deve ser a Dona Globo, detentora dos direitos de transmissão, querendo forçar o torcedor palmeirense a comprar os pacotes de PPV da série B. Eu não sei você, amigo leitor, mas eu não compro!

E lá fomos nós assistir via PC… Estava um calorão em Presidente Prudente e o Palmeiras, de Fernando Prass, Luis Felipe, André Luiz, Henrique, Juninho, Márcio Araújo, Charles, Wesley, Valdivia, Leandro e Vinícius,  estava lindo de branco. Nas camisas, uma mensagem de apoio ao grande Djalma Santos, ex-jogador do Palmeiras, que se encontra hospitalizado. No banco, o auxiliar técnico, Juninho, substituía Gilson Kleina. No gramado, antes do apito inicial, Valdivia se ajoelhava em oração – e eu rezei com ele, rezei por ele… muito mais do que nós, torcedores, o Mago sabia o quanto essa volta significava, sabia tudo o que estava em jogo…

Apesar do gramado ruim, esse time, lindo, que vestia branco, precisou de apenas 7 minutos para abrir o placar. Jogada linda do Mago – tão bom ter ele de volta -, que driblou dois marcadores, tabelou com Leandro e rolou pra Luís Felipe cruzar no meio. Charles tentou mandar pro gol, mas acabou sendo travado; a bola sobrou para Leandro, que encheu o pé e estufou as redes (Tchuuupa, Tamoxunto!). Que alegria eu senti! O Palmeiras, do jeito que a gente gosta, saía na frente.

O toque de bola do Verdão era outro, o time estava mais rápido. A qualidade do passe de Valdivia, a sua visão de jogo, que são indiscutíveis, faziam muita diferença.  O Palmeiras precisa tanto disso…

O Oeste até quis nos importunar, mas a zaga estava esperta. Aos 36′, eles deram um susto na gente com uma bola na trave. Mas nem deu tempo de ficarmos preocupados. Na sequência, Valdivia, – os adversários batem um bocado nele – com um passe preciso lançou Vinícius; ele cruzou e Leandro, “facinho, facinho”, fez o segundo do Palmeiras, segundo dele na partida (visibilidade é isso, Tamoxunto! Fazer gols, jogando por um grande time). Que maravilha!!

No finalzinho do primeiro tempo, o Mago deu um passe perfeito pro Charles e o deixou na cara do gol, mas ele foi derrubado na linha da área. Que gostoso ver o Palmeiras jogar um bom futebol! Que delícia ver o Valdivia em campo, fazendo das suas… Que alegria ver o garoto Luís Felipe se saindo tão bem, ver o Juninho fazendo bons cruzamentos, o Wesley jogando certinho, o Charles marcando dois gols no jogo… que bom ter o Henrique no time… que alívio constatar que, a despeito das reclamações da época, a diretoria acertou em cheio ao escolher Leandro, nosso artilheiro, entre os jogadores que lhe foram oferecidos pelo Grêmio.

Na segunda etapa, aos 6′, Luís Felipe fez jogada pela direita, cortou para o meio e, de fora da área, arriscou de esquerda acertando a trave. Quase! Valdivia estava Valdivia, enlouquecendo os adversários e encantando a torcida! Aos 12′, depois da jogada de Wesley (na posição certa ele joga bem, né Kleina?) e Luís Felipe, o rebote ficou com o Mago, que mandou uma “bomba” e o filho-da-mãe do goleiro defendeu. Foi por pouco…

O terceiro gol tava amadurecendo. Charles invadiu a área e chutou forte; o maledeto do goleiro conseguiu tirar. A gente sabia que ia sair mais um gol, mas só não sabíamos que ele seria tão espetacular…

Valdivia entortava um aqui, outro ali; chapelava, metia cada bola linda pros companheiros… organizava e armava as jogadas de ataque, fazia o futebol do Palmeiras ter muito mais qualidade. Mas, Mago que é, ainda faltava um sortilégio. Faltava ele deixar a gente maravilhado, faltava deixar o Prudentão transbordando de magia.  De fora da área, desmontou a defesa inimiga, meteu a bola por entre vários adversários, e ela foi encontrar Leandro, sozinho na área (como ele faz isso?). O garoto, esperto, rolou pra Charles que aparecia na trave oposta, e ele, como se fosse um ‘Fio Maravilha’, só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol... Jogada maravilhosa! Genialidade explícita e descarada em campo. A arquibancada enlouquecia, a bancada virtual também. Nossos corações, inundados de felicidade. Quanta saudade sentíamos desse futebol…

O time todo se apresentava bem, nossa camisa parecia ainda mais linda… parecia refletir o sol que inundava o Prudentão e o nosso peito…

O técnico Juninho substituiu Valdivia, o melhor jogador da partida, pelo estreante Mendieta (quero ver esses dois juntos em campo), e foi emocionante. O torcedor, grato pelo futebol palestrino, que renasceu pelos pés do Mago, gritava o seu nome e o aplaudia de pé. Merecidíssimo! As lágrimas corriam no meu rosto.

(Tá vendo, Mago? É como diz a música: “… é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter sonhos, sempre…”. Você sabe o quanto tem trabalhado, e o resultado está aí; a receita também: trabalho, paciência, trabalho, paciência…)

E se estava bom, ficou melhor ainda. Aos 38′, depois da cobrança de escanteio, a defesa do Oeste aliviou pra fora da área, Charles ficou com a sobra e, de primeira, emendou uma paulada acertando o canto direito do goleiro. Que golaço! O segundo dele no jogo, o quarto da goleada do Palmeiras.

E por pouco o estreante da tarde não deixa o dele. Na jogada de Wesley, Juninho cruzou, e Mendieta cabeceou pro gol. O goleiro conseguiu defender com os pés – não fosse ele tinha sido uns 7 x 0.  Minutos depois, Caio foi lançado, tentou o chute e o goleiro defendeu. Ele não viu Mendieta livre na frente do gol. Que pecado! No minuto final, Caio, de cabeça, quase marcou o quinto gol; o goleiro fez uma grande defesa. E então, o juiz apitou. E a torcida saiu feliz, cantando, aplaudindo o time.

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E o final de semana foi uma maravilha!  Parmera goleou, Valdivia jogou muito, Leandrinho fez 2 gols (Tchupa, Tamoxunto), Charles também fez, o gambá idiota foi nocauteado, os bambis perderam… Uma beleza!

Quanto a nós, eu sei que foi só um jogo, que o caminho é longo, e que vai ser preciso manter a pegada, a regularidade, porque, certamente, as dificuldades aparecerão. Mas eu também sei que o time não jogou bem por acaso, que esse futebol bonito e vibrante poderá ser repetido muitas outras vezes. Sei que Alan Kardec, Felipe Menezes e Eguren ainda vão entrar no time… e, mais do que saber, tenho certeza, chegou a hora de podermos sonhar com um novo Palmeiras…

E como dizia aquele sábio barbudo e de óculos escuros: “Sonho que se sonha junto é realidade…”

Booora sonhar e fazer acontecer, parmerada! Sexta feira é no Pacaembu.

A gente se encontra lá!

 

Estamos na Páscoa…
Época de renascimento, de recomeço…
De renovar as esperanças e partilhar a vida…

Assim começava o texto que escrevi há dois anos atrás… Nunca essas palavras fizeram tanto sentido para nós palestrinos, quanto agora. Quando comemoramos a ressureição do espírito mais iluminado que por aqui passou, não podemos deixar de nos lembrar do nosso Palmeiras. Ele precisa mais do que nunca renascer. Mas não é só no sentido de conquistar as vitórias que o recolocarão no caminho que tanto queremos. É preciso que o Palmeiras renasça dentro do coração de cada palmeirense, em todos os cantos do planeta. Que renasça na boa vontade dos que o dirigem, e no comprometimento dos que defendem as suas cores.

Há exatos dois anos, comemorávamos a Páscoa em sua plenitude. Time e torcida estavam renovados, renascidos em alegrias e esperanças. Hoje, ao contrário daquela Páscoa tão feliz, vivemos um período de incertezas, de desconfiança, tristezas… Só as esperanças, continuam a caminhar conosco. Hoje, ao nos lembrarmos da Páscoa de 2008, o nosso coração fica apertado, a nossa saudade reclama aquele “coelhinho” que tantas alegrias nos deu, os nossos corações revivem aquele campeonato mágico…Tínhamos tantos e bons jogadores; no Depto Médico não havia um atleta sequer; o time que entrava em campo esbanjava raça, fibra e talento. Como as coisas mudaram… Quantos acertos se transformaram em erros e quantos erros cometidos, não podemos mais consertar.

No jogo de hoje, diante do Oeste, não reconheceríamos o Palmeiras, não fosse o manto. O futebol ruim, a garotada ainda sem ritmo, e o campo completamente impráticavel, ditaram o ritmo da partida, onde nada aconteceu. Não nos é possível avaliar o rendimento de nenhum dos nossos meninos, uma vez que a água, em quantidade absurda, só não brilhou mais que os 3.560 heróis da arquibancada, mas impediu que aparecesse o provável bom futebol da nossa garotada.

Mas estamos na Páscoa! Agora é tempo de recomeçar! De dizer sim ao amor e à vida! De nos tornarmos pessoas melhores! É tempo de renascer!

Mais uma vez, como ocorreu quando ganhamos o Paulistão/08, o time campeão terá que ser forjado, com muita luta, muito sacrifício, coletivo e individual. A nossa diretoria vai ter que repetir o trabalho de “formiga incansável” que foi feito naquele ano tão feliz. Vamos ter que cuidar direitinho da safra de bons e jovens jogadores que se formou. São frutos, nascidos no Palestra, é preciso amadurecê-los com cuidado. Agora é hora de reerguermos esse monumento, conhecido como “O Campeão do Século”. É hora de, juntos, fazermos valer cada palavra do nosso Hino… Alviverde Imponente… defesa que ninguém passa… linha atacante de raça…Torcida que Canta e Vibra…

Vamos lutar outra vez! Fazer tudo de novo! Juntos, time e torcida,  renascerão  quantas vezes forem necessárias! O amor que sentimos pelo nosso “Parmera” nos faz cada vez mais fortes e mais unidos!

Buona Pasqua Famiglia Palestrina!!  Que a Paz e o amor que vieram nos ensinar há mais de dois mil anos,  estejam conosco hoje e sempre.