Quem tem história, tem que contá-la, tem que transmiti-la às gerações futuras…

E se tem um clube que tem história, e uma história linda, pra ser contada, esse clube é a Sociedade Esportiva Palmeiras.

1942… A Segunda Guerra Mundial acontecia… o Brasil declarara guerra aos países do Eixo (a Itália era um deles) e, por causa disso, as colônias desses países no Brasil passaram a ser perseguidas…

Palestra Italia, de origens italianas… e italianos (japoneses e alemães também) passaram a ser mal vistos e perseguidos por brasileiros, passaram a ser vítimas do preconceito.

Pra se ter uma ideia, o presidente Getúlio Vargas decretara que os bens de italianos, japoneses e alemães, tanto de pessoas físicas quanto jurídicas (que moravam e trabalhavam no Brasil e nada tinham a ver com o que se fazia na guerra) poderiam ser confiscados para compensar os prejuízos causados ao Brasil pelos países do Eixo – Decreto 4.166, de 11/Março/1942.

E mais, italianos, japoneses e alemães eram proibidos de falar os seus idiomas em público. Cartazes como esse, eram obrigatoriamente colocados em repartições públicas, comércios, clubes… e todo o rigor da lei estava destinado a quem desobedecesse.

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Nem as criancinhas, pobrezinhas, escapavam… No sul do país, as crianças de origem alemã, por exemplo (a maioria delas nascidas no Brasil), eram proibidas de se expressar em alemão, sob pena de serem colocadas de castigo.

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Tempos difíceis, de perseguição,  xenofobia, de ódio insuflado… imagina a vida dos imigrantes aqui? Imagina se no futebol, onde já existe/existia grande rivalidade normalmente, a loucura da guerra não encontraria solo fértil?

Palestra Italia perseguido, caluniado (algumas coisas não mudaram, não é mesmo?) sofrendo todo o tipo de preconceito… E, em meio à perseguição que a guerra ocasionava, havia o “extra” de alguns que queriam se aproveitar da situação. Era o que queriam fazer com o Palestra, e com o seu estádio. Sim, queriam se apropriar do seu patrimônio.

O campeonato Paulista de 1942 estava em curso, em meio à gigantesca tensão que a guerra ocasionava… O Palestra era líder, mas, em Março de 1942, temendo as consequências da perseguição sofrida, resolveu alterar o seu nome para Palestra de São Paulo (muitas outras instituições fizeram o mesmo, como, por exemplo, o Palestra Italia de Minas Gerais, que virou Cruzeiro), seu escudo, naquela ocasião, perdeu a cor vermelha e passou basicamente a ser verde e amarelo.

O Palestra de São Paulo disputou seis partidas com essa denominação, venceu as seis, mas as autoridades que o perseguiam, alguns jornais que também o perseguiam (ainda existe isso nos dias de hoje, não é mesmo?) não se deram por satisfeitos.

Embora a palavra “Palestra” seja de origem grega, as autoridades do governo alegando que ela fazia alusão à Itália, determinaram que o nome do clube fosse novamente alterado.

Uma questão era observada atentamente pelos dirigentes palestrinos… Na troca de nome, o clube já havia cumprido com as suas obrigações perante a lei. E mesmo assim o obrigavam a mudar de nome mais uma vez. Isso deixava claro que havia realmente uma perseguição ao clube.

Imagina a situação? Faltavam duas partidas para o final do campeonato e bastava uma vitória ao Palmeiras para que ele fosse o campeão (seria o seu nono título paulista). No entanto, o clube corria um sério risco de perder seu patrimônio, e até mesmo, de ser fechado.

Graças a Deus nossos dirigentes eram iluminados… sabiam que poderiam perder seu patrimônio, seu estádio, para outros clubes; sabiam que havia um clube, o São Paulo, que estava de olho no Parque Antarctica, e poderia se aproveitar dessa hostilidade e perseguição ao clube de origens italianas,  – alguns jornais tentavam contaminar os brasileiros pintando o Palestra como traidor da pátria. Os dirigentes, sagazes, imbuídos da necessidade de defender e proteger o clube, perceberam que algo mais precisava ser feito…

Graças a Deus também, que o Capitão Adalberto Mendes fora designado pelo Exército para servir em São Paulo e, nas coincidências da vida e do “acaso” (a ajuda sempre vem de algum lugar) acabou conhecendo e se identificando com o Palestra, criando laços de amizade com dirigentes, e acabou sendo nomeado 2º vice-presidente por Ítalo Adami, o presidente palestrino na época. O Capitão Adalberto poderia vir a ser também a figura patriota que amenizaria a hostilidade da qual o Palestra era vítima.

Uma importante reunião aconteceria em 14 de Setembro de 1942 (ela não deve ter sido nada fácil)… e nela, Mario Minervino, que era da diretoria, diria as palavras que não cansamos de orgulhosamente repetir até hoje… “Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões”.  E assim nascia a Sociedade Esportiva Palmeiras…

Décadas depois, Oberdan Cattani me contaria o que foi pra eles, jogadores, essa mudança. Diria que o time estava concentrado na chácara de um diretor quando eles receberam a notícia da mudança de nome… Diria que ele e os companheiros ficaram muito tristes… Me contaria que ele e alguns jogadores choraram, que não conseguiram nem dormir direito à noite… diria também que todos sabiam que era o São Paulo por trás daquela situação. Que o clube rival tinha um diretor que era do Exército… Já estávamos na primeira década do novo século, depois de tantos anos passados, e os olhos de Oberdan, ao falar do assunto, mostravam ainda a profunda tristeza que ele sentira… Foi impossível não sentir o mesmo também.

Por isso, imaginei com que  espírito e motivação foram eles para o jogo decisivo…

O Palestra vinha de 18 partidas, com 16 vitórias, 8 empates, 61 gols marcados e apenas 15 sofridos… e agora, como Palmeiras, teria o adversário/inimigo pela frente…  Boa parte da imprensa caprichava na “arte” de macular a imagem do Palmeiras na semana que antecedia o jogo, lhe “presenteando” com os piores adjetivos possíveis na tentativa de jogar a opinião pública contra ele (por outros motivos e intenções, boa parte dela continua agindo do mesmo jeito nos dias atuais). A pressão era muito grande em cima dos palestrinos/palmeirenses.

Mas não se faz o aço sem fogo, não é mesmo?

Milhares de pessoas lotavam o Pacaembu… A torcida palestrina, que já era uma das maiores da capital, era muito numerosa no estádio; no entanto, era grande o número de antipalmeirenses  também…

O cenário estava pronto para que o Palmeiras entrasse em campo intimidado… Certamente ele seria muito vaiado e teria que entrar cabisbaixo, ferido na alma, no orgulho… Um cenário muito favorável ao seu adversário. Havia muita tensão antes do jogo, antes da entrada do Palmeiras em campo.

Mas era o Palmeiras… e ele nascia pra superar as adversidades que encontrasse em seu caminho…  nascia pra mostrar que era brasileiro sim senhor… nascia, sim, pra ser campeão…

O Capitão Adalberto teve a ideia de o time entrar com a bandeira do Brasil; ele entraria, fardado, com o time também (Oberdan me diria, anos depois, que eles gostaram muito da ideia porque a bandeira significava que eles lutariam pelo Brasil se fosse preciso, e era assim que se sentiam)…

E, então, o Palmeiras entrou em campo… “Após alguns segundos de surpresa por parte de todos, fomos muito aplaudidos e nenhum ato hostil nos foi desferido” –  Capitão Adalberto em depoimento a Luiz Granieri em 1982.

Sim, ao contrário do que imaginara muita gente – seu adversário, inclusive –  o Palmeiras nascia aplaudido, altivo… brasileiro, respeitado. E tinha pela frente a missão de vencer o jogo cuja vitória simbolizava toda a luta que o Palestra teve que enfrentar pra defender seu patrimônio, para defender o direito de existir como clube de futebol.

Oberdan, inspiradíssimo (imagina se não?),  e usando o azul no uniforme pela primeira vez (a partir dali os uniformes dos goleiros palmeirenses seriam azuis), fazia boas defesas e colocava por terra algumas tentativas iniciais do adversário. E, aos 20 minutos, o ponta Claudio Pinho abriu o placar no Pacaembu, marcando o primeiro gol da Sociedade Esportiva Palmeiras.

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Poucos minutos depois, aos 23′, Waldemar de Brito empatou o jogo. Aos 43′, Del Nero fez o segundo para o Palmeiras. A partida era nervosa, muito disputada… havia muito mais do que um campeonato em jogo…

Jogo nervoso, equilibrado… Para os adversários só a vitória interessava…  eles bem que tentaram, mas o time do Palmeiras, que parecia estar mais bem preparado, ter mais disposição, força em campo (por que será, né?) defendia tudo.

Aos 14 minutos, Echevarrieta ampliou a vantagem do Palmeiras… 3 x 1.  Três minutos depois, Og Moreira invadiu a área e sofreu uma entrada violenta do zagueiro são-paulino, Virgílio. O árbitro marcou o pênalti.

Os adversários, que não queriam perder o jogo de jeito nenhum, ficaram revoltados e não deixavam o Palmeiras cobrar a penalidade. E, então, aos 21 minutos, os são-paulinos abandonaram a partida. Sim, meu amigo,  muito provavelmente para não ter que ver o Palmeiras se sagrar campeão ali no Pacaembu, o São Paulo correu do jogo… Ter visto o Palmeiras ser aplaudido ao entrar em campo – quando esperavam que ele fosse humilhado -, já deve ter sido demais pra eles.

O árbitro aguardou o término do tempo regulamentar e apitou o final da partida… Palmeiras Campeão Paulista de 1942.

Não foi só mais um título, não é mesmo? Contra tudo (de ruim que quiseram lhe imputar), contra todos (os que quiseram lhe prejudicar), o Palmeiras escreveu uma página linda de sua história… a da Arrancada Heroica…

É por isso que 20 de Setembro está no calendário oficial do Município de São Paulo como o DIA DO PALMEIRAS (lei nº 14060)… e nós o comemoramos como o dia em que o Palestra morreu líder e o Palmeiras nasceu campeão!

Auguri, Palestra…Parabéns, Palmeiras!! 

“Há estrelas que não se apagam; apenas saem de nosso campo de visão. Mas continuam ali, eternas, no firmamento.”

– Você precisava ver um goleiro que tinha no meu tempo, filha. Nossa Senhora! Era bom pra caramba. Não usava luvas e pegava a bola com uma mão só. Nunca vi outro igual. Jogou no Palestra Italia e no Palmeiras.

– Quem era ele, pai?

– Oberdan Cattani.

Foi assim que Oberdan Cattani passou a fazer parte do meu mundo palestrino e do meu imaginário. Um goleiro que pegava a bola com uma mão só deveria ser um gigante… A julgar pela cara do meu pai, e do olhar dele viajando em suas memórias, me contando sobre os títulos conquistados com Oberdan, eu podia imaginar as defesas que ele havia feito e as emoções que fizera o meu pai sentir.

Muito tempo depois, quis a vida, assim como quem não quer nada,  me conceder o privilégio e a honra de conhecer Oberdan Cattani, um dos maiores jogadores da história da Sociedade Esportiva Palmeiras, que fez parte da “Arrancada Heroica”, de 1942, que fez parte do time campeão da Copa Rio, o Mundial de Clubes, em 1951.

Tinha me tornado amiga de uma de suas filhas, a Mônica, que ao saber do meu amor pelo Palmeiras me disse que o pai havia sido jogador do Verdão. Mas ela acrescentou que eu não o conhecia, porque ele tinha jogado há muito tempo.

Num instantinho, o meu cérebro fez a ligação com o sobrenome da minha amiga…

-Você é filha do Oberdan Cattani?

– Você conhece meu pai?

– Mas é claro que conheço! Um dos maiores jogadores que o Palmeiras já teve!

Cinco minutos depois, minha amiga me colocava ao telefone com a lenda do gol do Verdão. Eu nem sabia o que dizer, mas aquele vozeirão do outro lado da linha era tão simpático, transmitia tanta bondade e humildade que a conversa fluiu normalmente. Eu, ao telefone com Oberdan Cattani, “A Muralha Verde”, quem haveria de imaginar? Meu pai mal acreditou quando contei pra ele.

Semanas depois, eu estaria diante de Oberdan, em sua festa de aniversário. Ele já tinha mais de setenta anos, mas continuava muito grande, de porte ereto, altivo, imponente… como o Palmeiras. Que emoção eu senti ao conhecê-lo e abraçá-lo.

Não me fiz de rogada e fui logo medir a minha mão com a dele. Deus do céu! Ela era imensa! Ele, de uma simplicidade adorável, se divertia com o meu assombro e a minha empolgação, e ríamos os dois.

Naquele mesmo dia, Oberdan me mostraria o seu “museu”, o seu quarto no andar de cima da casa, onde a história do Palmeiras transbordava em faixas de campeão, medalhas, troféus, jornais, revistas, flâmulas, bandeiras, chaveiros, desenhos, cartões de prata, quadros, camisas, e tudo mais que se pudesse imaginar. Quantos tesouros! Quantas homenagens e honrarias ele recebera ao longo da carreira e da vida. E ele ia me contando a história do Palmeiras, apenas relembrando as suas memórias de jogador… Eu me deliciava com aquelas preciosidades todas, com aquelas histórias. Oberdan fazia a ponte entre o Palestra Italia/Palmeiras que não vivi com o Palmeiras de agora… .

Poder tocar aquelas faixas, de títulos conquistados pelo Palmeiras quando eu ainda nem tinha nascido, era algo surreal, era como entrar numa máquina do tempo… Minha sensibilidade quase me transportava para aquele tempo que não conheci, quase me permitia ver as imagens de jogos que não assisti… As faixas não pareciam guardadas há tanto tempo, pelo contrário, pareciam novas!

E ele me deixava tocá-las, beijá-las, colocá-las, com aquela bondade que tinha na voz, no jeito de chamar a gente de “filha”. Tirei uma foto com a faixa do Palmeiras campeão de 42… meu pai era menino nesse tempo, deve ter ficado tão feliz com aquela conquista do Verdão…  a ‘menina’, feliz, agora era eu; Oberdan se divertia com isso.  E a “menina” entendia que não seria possível contar a história do Palmeiras sem falar de Oberdan Cattani, tampouco se poderia falar sobre Oberdan Cattani sem falar sobre o Palmeiras. As histórias dos dois se misturavam.

E assim, nossa amizade nasceu… Amizade que me permitiu conseguir comprar ingressos para a final de 1993, e viver uma das maiores alegrias da minha vida – no dia do aniversário de Oberdan. Mesmo tendo chegado cedinho ao Palestra, e ficado horas na fila das bilheterias, fui informada que os ingressos haviam acabado, tão logo a fila começara a andar – ela tinha andado apenas alguns metros desde o momento que as bilheterias abriram. Não fosse Oberdan, mesmo eu tendo assistido a todos os jogos do campeonato, não teria visto o título do Paulistão 93… E passei na casa dele depois do jogo, para agradecer o favor, lhe desejar feliz aniversário e comemorar a conquista (e logo fui para a Paulista).

E através dele pude conhecer Valdemar Fiume, Servílio, Fabio Crippa, Dudu, Turcão… e todas as vezes que nos encontrávamos nas festas de aniversário de Oberdan, nos divertíamos com a famosa “história da geladeira” (uma loja havia oferecido uma geladeira para quem conseguisse fazer um gol em Oberdan, e Turcão marcara contra. A brincadeira é que, dizem – Oberdan dizia rindo -,  ele fez de propósito…)

E assim,  eu pude conhecer o pai e avô amoroso, o amigo (suas amizades eram de longa data) por trás daquela lenda, pude conhecer a pessoa íntegra, simples, divertida, e conheci o torcedor, apaixonadíssimo pelo Palmeiras. E assim, eu conheci também muitas histórias… como a de um certo jogo contra um certo maior inimigo…

“… o atacante deles (ele me disse o nome do jogador, mas eu não me lembro) veio pra cima de mim e meteu as travas da chuteira na minha perna. Me rasgou a coxa. Continuei no jogo e pensei, na próxima, eu pego esse f… d… p…. 
Ah, quando ele veio pra cima, eu também fui… quebrei quatro costelas dele…”. E era só risada, da ouvinte e do narrador…

Conheci o homem vaidoso, de cabelo e bigode impecáveis, sempre elegante em suas festas, que mesmo com “uma dorzinha no joelho” se levantava para cumprimentar cada um de seus convidados.

– Mas o senhor tá bonito hoje, hein?

– Você acha, filha? Muito obrigado. – ele me dizia sorrindo.

Conheci o ídolo, atencioso com os fãs, que ajudava muita gente jovem a fazer os seus TCCs, contando, com riqueza de detalhes, a história do Palestra Italia que passou a se chamar Palmeiras; e ele, um dos personagens principais dessa parte de nossa história, se lembrava de tudo.

Fosse pelo ídolo, fosse pela pessoa dele (a pessoa e o torcedor que ele foi o fez ser mais ídolo ainda), não tinha como não amar Oberdan Cattani… não tinha como não achar que ele era um “parente”…

Mas o tempo, ah, esse malvado, tão apressado quando a gente não quer, foi passando rápido… e meu ídolo foi ficando quase centenário. Por isso, todas as vezes em que eu tinha o privilégio de estar diante de Oberdan, principalmente, em suas festas de aniversário, ciente da maravilha de estar diante de alguém que fez parte do Palestra Italia (o seu último representante), e ajudou o Palmeiras a nascer campeão, que conquistou o nosso Mundial,  que fazia a ponte entre o passado e o presente do Palmeiras, eu fazia questão de beijar as suas bochechas, de segurar as suas mãos e dizer pra ele o quanto nós, palestrinos, o amávamos; mandava os recados dos torcedores, os votos de feliz aniversário… e ele sempre dizia: “Obrigado, filha. Fala pra eles que eu agradeço.”

Uma insuficiência respiratória o levou de nós na sexta-feira (20), e ainda não consigo acreditar que tivemos que nos despedir dele… Oberdan ‘dormiu’ numa cama de hospital – uma toalha do Palmeiras, por cima do cobertor, cobria o seu peito – para acordar no Olimpo Palestrino, onde estão Turcão, Echevarrieta, Fabio Crippa, Junqueira, Servílio, Valdemar Fiume…

As despedidas aconteceram no Palmeiras, o lugar que ele mais amava… uma bandeira do Palmeiras e outra do Brasil cobriam o seu caixão…

Eu queria tanto que ele tivesse tido mais tempo… queria tanto que ele pudesse ter recebido o busto em sua homenagem na sua festa de aniversário, marcada para o dia 19… que pudesse ter sido homenageado na festa do centenário do Palmeiras… queria ter podido ligar mais uma vez e ter ouvido aquele vozeirão me dizendo: “Alôôôô!”, queria ter podido lhe dar mais um abraço… mas a vida tinha outros planos…

Acho que Valdemar Fiume, Junqueira, Turcão e o narrador Fiori Gigliotti… estavam com saudade do amigo e precisando de um goleiro… Fabio Crippa devia estar pendurado por cartão…

Ídolos são pra sempre, “seo” Oberdan. Você viverá em nossos corações e em nossas lembranças. Jamais se poderá falar do Palmeiras e do futebol brasileiro sem que você seja lembrado. Sua passagem por aqui foi sensacional.

Você agora é eterno, é a nossa ponte para o sempre.

Obrigada por tanto.

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Pelos olhos e relatos de meu pai eu ‘vi’ Oberdan jogar… e ele se tornou meu ídolo desde então.

No sábado passado, meu ídolo comemorou 94 anos, e eu tive o privilégio e a honra de poder comemorar com ele e de lhe dar um abraço e um beijo.

Na entrada do salão, o verde-e-branco já se fazia presente, e eu encontrei o aniversariante na sua mesa repleta de amigos, como sempre… Altivo, elegante, bem disposto, atencioso, lá estava Oberdan Cattani, a lenda do Palmeiras… O único remanescente do Palestra Italia…

FestaOberdan-Mesa

A minha palestrina cabeça pira diante dessa constatação. Oberdan faz a ponte com um tempo que eu não vivi, com um Palestra que eu não vi jogar. É como se ele tivesse saído de uma máquina do tempo, ou eu tivesse feito uma viagem até aqueles dias.

Pra mim, é mágico poder segurar aquelas mãos imensas, que fizeram defesas tão importantes, que ajudaram o Palmeiras a conquistar títulos, inclusive um mundial, num tempo em que eu ainda não tinha nascido. Quando estou com ele, nunca deixo de me lembrar que esse senhor, de 94 anos, vestia a camisa do meu time e entrava em campo para fazer valer aquele trecho do nosso hino, “defesa que ninguém passa”. E ele fez isso tão bem… Quem o viu em campo diz que ele foi o mais fantástico de todos, e que pegava a bola com uma mão só, num tempo em que os goleiros não usavam luvas, e que as faltas no goleiro eram permitidas… Num tempo em que se jogava por prazer e por amor… Num tempo em que o atacante do grande rival lhe rasgava a coxa com as travas da chuteira, e ele, que continuava jogando mesmo assim, lhe quebrava algumas costelas no lance seguinte…

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Ele se lembra de tudo, e nos coloca diante do Palestra Italia do qual só ouvimos falar, e é como se estivéssemos vendo acontecer a história do Palmeiras que apreendemos dos livros. Ele defendeu o Palestra que morreu líder e o Palmeiras que nasceu campeão, ajudou o Palmeiras a conquistar o primeiro mundial de clubes e resgatar o orgulho de um país inteiro. Viu o Palmeiras ser aclamado pelo mundo por esse feito. A história da vida de Oberdan, de verdade, se confunde com a história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Não dá para contar a história de um sem falar do outro.

Lembro do meu pai me falando dele (ele sempre fala); lembro de como a sua expressão, depois de tanto tempo, ainda parecia maravilhada com as lembranças, com o filme que passava lá em sua cabeça. Oberdan, o ídolo que passou de pai pra filha, que era conhecido como o “goleiro de mãos gigantes”, “muralha verde”, “fortaleza voadora”, e até mesmo “Clark Gable”, devido sua semelhança com o ator americano…

Que foi fazer um teste no Palmeiras, lá no distante ano de 1940, com o exigente técnico Caetano de Domênico, que costumava, durante os testes, jogar a bola com as mãos em direção à meta e, caso o goleiro não a pegasse, perdia a vez para o próximo da fila. Oberdan não só pegou a bola jogada pelo técnico, como o fez com apenas uma das mãos e na maior tranquilidade, para surpresa de Caetano de Domênico. E assim ele foi aprovado para o quadro de aspirantes. E sem salário algum.

O tempo passou e ele completou 94 anos. Com bolo e vela de bola de futebol; com distintivo do Palmeiras e goleiro embaixo da trave, enfeitando a mesa; com champanhe, alegria… com a família e os amigos, com os votos de felicidades de milhões de novos e jovens fãs palestrinos, e com Palmeiras… no coração, no sangue e no hino que tocou depois do “Parabéns a você”.

Auguri, Oberdan Cattani. Tante grazie!

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Comemorar só o Dia dos Namorados em 12 de Junho é para os fracos!

Os palestrinos têm muito mais a comemorar…

12 de Junho é dia de relembrar o espetáculo, o show que o Palmeiras (nosso amor eterno) apresentou para a gambazada na final do Paulistão/1993!

Com um time recheado de craques, com metade do Morumbi lotada de parmeras, com gols inesquecíveis, dribles maravilhosos, com uma apresentação de gala do Matador Evair, com a defesa que ninguém passa (e não passava mesmo!), com a linha atacante de raça e uma dose “animal” de emoção, o título foi merecidamente conquistado pelo Verdão! 4 x 0, fora o baile, ficou barato demais!

Grazie Evair, Edmundo, Zinho, Sampaio, Antonio Carlos, Mazinho, Tonhão, Roberto Carlos, Sérgio, João Luís, Edílson (vou te dar uma colher de chá…), Paulo Sérgio, Daniel, Maurílio, Jean Carlo, Alexandre Rosa, Sorato, Jefferson, Toninho, Marquinhos, Willians, Edinho, Magrão, Naná !!! Nós nunca mais vamos nos esquecer!!

SALVE, PALMEIRAS! SALVE DREAM TEAM!

E 12 de Junho é também o aniversário de um dos maiores goleiros da Sociedade Esportiva Palmeiras, de uma lenda viva do Palestra Italia e do Palmeiras…

OBERDAN CATTANI, PARABÉNS PELOS SEUS 93 ANOS!

MUITA SAÚDE, ALEGRIAS, 

E PARMERA CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL TAMBÉM!!

Qual é o seu super herói favorito? Aquele que voa e usa uma capa? Quem sabe seja  o que usa uma máscara de morcego…  ou então aquele que se torna verde e invencível…Talvez seu herói seja alguém muito próximo a você, alguém que luta contra as dificuldades da vida e supera os obstáculos encontrados no caminho, com bravura e dignidade…
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Não importa… Seja qual for o seu herói, tenho certeza que você o escolheu pelo exemplo; pela bravura, coragem e amor; porque ele luta por aquilo que acredita; porque  quando ele veste a ‘roupa que o transforma’, quer dar o melhor de si, quer honrar a confiança que muitos depositam nele, quer trazer alívio e alegria para alguns corações… e você o reconhece pelo seu uniforme. E por falar em bravura, coragem, amor e uniforme…
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Era uma vez,  num  longínquo 1951…
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Onze heróis… Na verdade, não eram apenas onze, era um grupo de heróis, daqueles raros e eternos… Vestiram a maglia lendária e foram à luta, contra “monstros” tidos e havidos como invencíveis… Esses heróis venceram o “inimigo” e resgataram o orgulho e a alegria de um país inteiro! Escreveram seus nomes no livro de glórias do futebol e no coração do Brasil. Heróis que serão lembrados prá todo o sempre e que vestiam o manto sagrado verde, com um grande P no coração…
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E esse manto sagrado está de volta! Num evento maravilhoso, Palmeiras e Adidas resgataram a lendária e mítica camisa do Palmeiras campeão Mundial, na Copa Rio de 1951. O uniforme dos gigantes de 51 (Oberdan, Fábio Crippa, Valdemar Fiume, Salvador, Rodrigues,José Sarno, Juvenal, Dema, Túlio, Aquiles, Lima, Richard, Luiz Villa, Ponce de Leon, Liminha, Rodrigues, Canhotinho e o técnico Ventura Cambon) agora será vestido pelo Palmeiras de Felipão, Marcos, Valdivia, Kleber, Pierre, Thiago Heleno, Deola…
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A nova camisa, com a tecnologia dos dias atuais, que faz com que ela seja uma das mais modernas do mundo, será quase uma réplica do outrora vitorioso manto alviverde. Com o emblema do clube com “P” de Palestra e a bandeira do Brasil com a frase “sabe engrandecer a Pátria”.
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Foi muito bom ter estado no lançamento. Maravilhoso ter encontrado lá fora a lenda viva do Palmeiras, Oberdan Cattani. É sempre uma grande emoção poder conversar com ele, segurar as mãos que tantas alegrias deu aos nossos antepassados, tantas alegrias deu ao meu pai, defendendo o gol do Verdão…
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Revivi um dia de sonho, que virou realidade em 1993, ao encontrar Evair, o “9” de todos os “9”. Quantas imagens me vieram à mente no instante em que vi o nosso “Matador”… Ele não percebeu, mas que emoção eu senti quando tirei uma foto com ele. Até mesmo Galeano, que eu vi lá no cantinho do ginásio, me fez lembrar outro dia de felicidade explícita.
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Quando a apresentação começou e foi exibido o vídeo de lançamento da nova camisa, e vi a imagem de Oberdan Cattani, já não pude conter as lágrimas. Mas eu não era a única. O amor ao Palmeiras brilhava nos olhos de todos ali.
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[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=nW2JfluMQf8&feature=player_embedded[/youtube]
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E vieram as tão aguardadas camisas! Uma mais bonita que a outra. Linha feminina, infantil, passeio…  Show de bola! A qualidade do material esportivo da Adidas é indiscutível, a campanha vai de encontro aos mais belos sentimentos guardados no coração do torcedor e, por isso mesmo, todo mundo aguardava pelos uniformes oficiais. E eles apareceram! Lindos! Kleber, Marcos Assunção, Pierre, W. Paulista e Deola vestiam o uniforme principal. O de número 2, nos foi mostrado por Bruno, Patrick Vieira, Vinícius e Diego Xavier (os “pratas da casa”).
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E enquanto eu olhava aqueles jogadores que nos parecem tão familiares,  que aprendemos a querer tão bem,  e de quem esperamos tanto, eu pensava…
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“Hoje, nossos heróis são outros (e quantos mais vestiram nosso manto até chegarmos aqui), mas o amor à camisa há de ser o mesmo, a dedicação dentro de campo (e fora dele também) há de ser a mesma. Defender e honrar a camisa do primeiro campeão mundial de clubes, do Campeão do Século, deverá ser o compromisso de todos.  E que todos compreendam e valorizem a grandeza desse clube.”
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É chegado o tempo de ser escrita mais uma página de glórias da Sociedade Esportiva Palmeiras. E, no evento de ontem, o chamado foi feito, o recado foi dado, e o exemplo vivo do sentimento do Palmeiras campeão Mundial de 51 se fez presente.
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Ao final da apresentação, no momento em que estavam no palco os jogadores do Palmeiras 2011 e os ‘pratas da casa’ que serão os heróis do futuro,  nosso Gladiador saiu de cena por uns instantes, para voltar trazendo pela mão, uma página viva da nossa história. Às vésperas de completar 92 anos, Oberdan Cattani, campeão do mundial de 51, último remanescente do Palestra Itália, vestindo a camisa oficial de goleiros da SEP, numa merecidíssima homenagem, subiu ao palco.
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Eu não esperava por isso e acho que a maioria ali também não. Fomos pegos de surpresa! A emoção de Oberdan foi tocante. Enquanto o aplaudíamos, a maneira como ele, altivo, estufou o peito em honra àquela camisa, derrubou todas as barreiras com as quais muitos de nós tentava segurar as lágrimas. Só mesmo o Palmeiras, e a sua maravilhosa história, para nos proporcionar momentos como esse. Só mesmo o Palmeiras e os seus incontáveis e inesquecíveis “super heróis”… Não se conta a história das glórias do futebol brasileiro e Mundial sem se falar do Palestra, sem falar da Sociedade Esportiva Palmeiras…
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Enxuguei as lágrimas e saí dali desejando que os tempos de glória voltem com a mítica camisa. Na alma eu guardava aquela imagem de Oberdan, Kleber, Vinícius… Passado, presente e futuro do time do meu coração…
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AVANTI PALESTRA! SCOPPIA CHE LA VITTORIA È NOSTRA!!