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O Mundial de 51 do Palmeiras nunca precisou da chancela da Fifa para ser ou deixar de ser um mundial de clubes. É fato, é história, é imutável, e sempre dissemos isso – reconhecer o Mundial de 51 não era mais do que óbvio, mais do que obrigação da entidade.
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A importância dessa conquista do Palmeiras reside no que ela representou ao clube,  reside na enormidade  que significou para o Brasil, para o futebol brasileiro; residiu na reação de todo um país, do mais de um milhão de pessoas nas ruas comemorando e esperando os heróis daquela conquista (qual outro clube teve algo parecido?), no orgulho que causou aos palestrinos (meu pai, por exemplo, que foi assistir à final) e a todo o povo brasileiro; na reação da mídia, no que foi dito e escrito por ela; no respeito conquistado diante dos rivais do resto do mundo…
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Mas, supondo que o Mundial de 51 precisasse dessa “validação”… qual a seriedade/credibilidade de uma entidade (atolada em escândalos e denúncias de corrupção, com 7 dirigentes presos pelo FBI) que analisa e valida uma conquista em 2007, a confirma em 2014 – com documentos assinados pelos seus representantes -; que confirma isso novamente, em 2015, a um jornal (Estadão); que cumprimenta o Palmeiras no aniversário dessa conquista, em 2016;  e que, em 2017, com novos dirigentes, dá uma canetada e resolve desdizer tudo o que disse, resolve “desconfirmar” tudo o que confirmou, “desanalisar” tudo o que analisou e “desassinar” tudo o que assinou??  NENHUMA!
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Qual a diferença que isso faz pra nós, palmeirenses? NENHUMA TAMBÉM!
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Essa “não chancela” da Fifa tem tanta credibilidade quanto a afirmação de que a escolha do Catar para sede da Copa do mundo de 2022  foi feita de maneira lícita, sem corrupção.
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E ainda tem mais… Com a “validação” de apenas e tão somente 11 anos de disputas – que existem há décadas entre campeões sul-americanos e europeus -, a “séria, correta e responsável” Fifa também faz saber que as conquistas de mundiais do Santos, de Pelé;  do Flamengo, de Zico; do Grêmio, de Renato Gaúcho; do São Paulo, de Raí; do Real Madrid, de Di Stefano; do Ajax, de Johan Cruyff; da Juventus, de Michel Platini, ou a de Zidane e Del Piero; do Milan, de Van Basten e Ruud Gullit; do Boca Juniors, de Riquelme… não “existiram”, não são mais os mundiais que foram, sim, na época (what a $hame, Fifa!).
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Será que esses clubes, e os seus jogadores da época, vão deixar de ser campeões, vão apagar parte das suas histórias só porque a Fifa deu uma canetada nas suas conquistas? É claro que não.
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O  non-sense da ‘canetada’ da Fifa não para por aí… ela, que só reconhece os mundiais de 2005 pra cá,  abre exceção para um… o de 2000. Dá um inexplicável salto pra trás, ignora as conquistas, legítimas, do Boca Juniors, campeão de 2000, do Bayern, em 2001, Real Madrid, em 2002, Boca Juniors , em 2003 e Once Caldas, em 2004, para reconhecer o torneio mais cheio de controvérsias e coisas erradas – a troco de quê? Esses mundiais todos também não valem mais, foram “canetados”, menos o ‘arranjadão’ de 2000  – patrocinado pela Hicks Muse e pela Traffic, do J. Hawilla, réu confesso de crimes de corrupção, que patrocinavam também o “campeão” SEM LIBERTADORES (ser campeão da Libertadores é condição ‘sine qua non’ para um time sul-americano disputar um mundial).
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E quem explica o que rolou embaixo dessa ponte, para uma decisão tão sem sentido, uma vez que em nenhuma oportunidade  se repetiu o formato daquele torneio (disputa no Brasil, em Janeiro;  com dois clubes de um mesmo país fazendo a final; com convidados sem as conquistas que os qualificariam a participar daquele mundial de clubes, como, por exemplo, o Vasco, campeão da Libertadores 1998, ocupando a vaga que deveria ser do Palmeiras, o campeão de 1999; o Al Nasr, campeão da Super Copa Asiática 1998, no lugar do Jubilo Iwata, o campeão de 1999;  o Corinthians, sem conquista sul-americana alguma)? O próprio Blatter admitiu que o torneio foi todo errado.
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Não dá para levarmos a Fifa a sério…
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E o problema maior nem é legitimar o tal “Torneio de Verão” de 2000 – um ‘capricho’ inventado e patrocinado pelos patrocinadores do convidado sem Libertadores, disputado apenas um mês após a disputa do mundial de 1999, no Japão -, e sim fazer de conta que as conquistas de grandes clubes e de alguns craques lendários não existiram. E só porque alguém lá da Fifa assim decidiu… ‘Canetaram’ até a conquista do Pelé, que a própria Fifa elegeu como o “jogador do século”!?!
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É a Fifa ‘socialista/comunista’,  apagando conquistas do mundo da bola e reescrevendo a história do futebol com uma caneta vagabunda cuja tinta mancha o papel.
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Só falta agora a entidade invalidar as conquistas do Brasil e de outros países, anteriores aos últimos 17 anos, não é mesmo? 😉
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E, quando a gente imagina essa situação hipotética de se cancelar as conquistas do Brasil (quem acharia correto se, com uma canetada, o Brasil passasse a ter só um mundial?), e se dá conta que isso seria impossível, mesmo que alguém assim determinasse,  fica tudo muito claro,…  com canetada ou sem, o que foi escrito na história do futebol, escrito permanecerá.