“Para cada prova, a matéria a estudar é diferente. Se, por exemplo, você decorar só a tabuada do 9, não passará em todas as provas”.
Não nos preparamos adequadamente para nossas provas… e deu tudo errado esse ano. Ainda que dessa vez eu não acreditasse numa eliminação – não contra o Barcelona de Guayaquil, e em nossa casa -, se fossemos observar com total isenção, depois da vacilada na primeira partida (poderíamos ter saído de lá com um resultado melhor), essa era mais uma tragédia mais ou menos anunciada…
Entrei no Allianz em 10 Agosto de 2017 e, antes mesmo de sair de lá, o ano já tinha acabado… Complicado…
Uma festa linda, torcida vibrante… mosaico maravilhoso, na arena toda… A voz do Allianz, de quase 40 mil pessoas cantando o nosso hino, podia ser escutada até lá da lua, e, deve ter sido por isso que, ela, a lua, curiosa, apareceu para espiar por sobre a cobertura… Emocionante… Por falta de apoio não foi.
O Palmeiras até que tentou, mas ficou faltando aquele algo mais…
Jogamos mal no primeiro tempo. Embora rondássemos a área do Barcelona muitas vezes, faltava a ofensividade que a ocasião exigia (precisávamos de dois gols), faltava pressionar/encurralar o adversário, deixar o Barcelona com medo, preocupado, fazer o goleiro deles trabalhar. Dudu, marcadíssimo, ‘botinadíssimo’ pelos adversários também, jogava numa posição que não era a sua, e Guerra e Moisés estavam no banco… Se não aguentavam um jogo todo, bem que poderiam ser utilizados pelo menos um tempo cada um. Não adiantava “economizarmos”, se as nossas pretensões de conquista de campeonato poderiam se encerrar naquela mesma noite. Faríamos o quê com as “economias” depois?
E não criávamos nada, ficávamos tentando só nos lançamentos, na ligação direta… e nada chegava no Deyverson -não adianta trocar o atacante se a bola não chega nele, se não tem um esquema para favorecer esse de tipo jogador. Pode por até o CR7 lá.
Faltas adversárias demais, jogo paralisado demais, cera demais – desde o início do jogo… Juiz assinalando de menos as faltas equatorianas… cartões amarelos, trapaceiros, que ficavam escondidos e não saíam do bolso do árbitro de jeito nenhum… e, assim, com adversários impunes, nossos jogadores iam apanhando um bocado, Dudu então, apanhava com bola e sem bola…
Mina saiu machucado no finalzinho do primeiro tempo, chorando (imagina se não teríamos jogadores machucados?). Mais essa ainda…
O primeiro tempo terminou 0 x 0 (com tanta paralisação e cera, o juiz deu só 3 minutos de acréscimo), e eu que, antes do jogo, achava que faríamos o placar desejado facilmente, já estava meio desconfiada – tivemos duas únicas chances reais de gol (eles tiveram uma)… era muito pouco para as nossas pretensões. Keno não estava muito bem, Guedes também não, Deyverson sumido, Tche Tche, na lateral, não conseguia segurar o atacante equatoriano quando ele descia…
Logo no início da segunda etapa, com a entrada de Moisés no lugar de Guedes, o Palmeiras ficou melhor, claro. Quem não sabia que, com ele jogando com Dudu, as coisas melhorariam? E fizemos um gol lindo, logo aos 5′. Duduzinho recebeu um passe longo e perfeito de Moisés, ele dominou, ajeitou, parou na frente da área, esperou Moisés chegar e tocou para o profeta… finalmente abrir o mar que nos separava do gol. Moisés deu um corte no “barcelento” e guardou no fundo da rede, no fundo do nosso coração… Que gol lindo! Um gol que explodiu o Allianz! E ainda mais, porque era do Moisés, que ficou tanto tempo parado. E ele, iluminado, veio nos dar o gol que tanto queríamos. Um momento lindo, de arrepiar a gente, literalmente…
Golaço de Moisés! Nessas horas, eu sempre acho que vamos morrer do coração de tanta alegria. O Allianz parecia que ia vir abaixo tamanha a força da voz da Que Canta e Vibra. A festa era linda. E todos pensamos: Agora vai!
Dez minutos depois, Egídio lançou a bola para Dudu dentro da área, ele deu o drible, e chutou cruzado, do outro lado Deyverson tocou e mandou pro gol. Mas o bandeira assinalou impedimento… Que “disgrace”. E não bastasse isso, na sequência, demos uma bobeada e o Barcelona deu um susto na gente com uma bola na trave do Jaílson…
Não pressionamos como deveríamos depois do gol… E, pra complicar ainda mais, devíamos ter uns 30 minutos de segundo tempo quando perdemos Dudu, o guerreiro, que sentia dores e caiu no campo, chorando (imagina se ele ia querer sair de um jogo desse?)… Mas estava na cara que isso ia acontecer, Duduzinho, que doou até a alma em campo (os jogadores todos se doaram na partida), apanhou feito um condenado, e com as bençãos do árbitro…
O tempo, insensível à nossa aflição, voava…
Seja pela ausência de Dudu, ou porque o time correu muito e cansou, mas o Palmeiras deu uma baixada de bola… o tempo foi passando e chegamos aos 45’… o juiz deu mais 4. Não podia ser que iríamos para os famigerados pênaltis, mas estava mais do que na cara…
O atacante do Barcelona recebeu sozinho na área, na cara do Jaílson… eu fechei os olhos e nem quis ver o resto da jogada, mas o grito da torcida me contou que alguém tinha salvado. Era Tche Tche, que apareceu e tirou a bola.
Moisés arriscou um chute de muito longe e começou a mancar depois… Se a coisa já tava dramática, imagina como seria com a possibilidade de cobranças de pênaltis cada vez mais real?
O juiz apitou o final de jogo, o Allianz gritava o nome de Jaílson. Eu rezava por ele, mas não podia evitar de pensar que Prass, nosso pegador de pênaltis, nosso milagreiro que faz até gol de título, estava no banco… Jean e Guedes, que são os que sempre cobram nas partidas, também estavam…
O Allianz, tenso, aflito, cantava a plenos pulmões… Que tensão… tá doido! Não faltara raça, não faltara empenho dos nossos jogadores, mas tinha faltado saber mais de um caminho para o gol, tinha faltado ter “estudado mais do que a tabuada do 9″…
Eu nem queria olhar as cobranças – isso é de praxe… Acho que a lua, meio supersticiosa, assim como eu, também não queria, porque ele já tinha desaparecido no céu.
Eles cobraram primeiro e marcaram… Guerra marcou o dele… Fizeram o segundo… Tche Tche também fez… Fizeram o terceiro… Bruno Henrique, machucado, foi para a cobrança e o goleiro defendeu, por um segundo ou dois, o Allianz ficou dolorosamente calado, e eu soube então o que acontecera… Acertaram a quarta cobrança – todo mundo dizia que Jaílson por muito pouco não pegara… Então, resolvi olhar a nossa quarta cobrança e vi Keno chutar muito bem, guardar o dele e sair vibrando…
Nossos pensamentos estavam todos em Jaílson… Jaílson tinha que pegar ou pegar…
De olhos fechados eu rezava por Jaílson… e o Allianz explodiu na defesa do nosso goleiro…. Haja coração! Moisés, mancando, cobrou e guardou. Tudo igual. Novas cobranças começariam. Agora, se um fizesse e outro errasse, acabaria ali. Eles marcaram o deles, Egídio cobrou e o goleiro defendeu… final de ano pra gente, e sem presente de Natal…
O Jaílson defendeu um… o goleiro deles defendeu dois… Mas, na nossa visão é sempre o mesmo, o pênalti defendido pelo nosso goleiro, é só mérito dele, os que foram defendidos pelo goleiro adversário é só demérito dos nossos jogadores…
Uns culpam a cobrança de pênalti de Egídio, culpam Egídio pela eliminação, e esquecem que perdemos duas cobranças; outros culpam os que não quiseram/não se sentiram confiantes para cobrar a penalidade – não achei legal saber que jogadores fugiram da raia na hora em que o Palmeiras mais precisava, e não achei legal também isso ter sido dito para imprensa.
E, de verdade, prefiro mil vezes um jogador que erra na cobrança de um pênalti, mas que foi lá sentir a pressão de cobrar uma penalidade tão importante, do que um que poderia ter acertado, mas fugiu da responsabilidade na hora de cobrar. Porém, não tenho raiva dos que se recusaram a fazê-lo. Apesar de não terem a coragem que eu gostaria que tivessem, apesar de não terem aquele algo mais que deveriam ter na hora de o time decidir algo, pelo menos foram honestos ao dizer que não estavam em condições.
Mas não foi só por isso que nosso ano foi desapontador, não foi só isso… Nosso futebol ficou devendo. Veja só, não conseguimos marcar dois gols no… Barcelona de Guayaquil, e em casa.
Se um projeto que nos parecia tão grandioso e no qual acreditávamos tanto, infelizmente naufragou, os motivos são vários e a responsabilidade é de todo mundo… jogadores, comissão técnica e dirigentes – não necessariamente nessa ordem.
Só a torcida não tem responsabilidade alguma nisso, mesmo com as cornetas todas, porque ela carrega o time nas costas – até mesmo literalmente, se precisar.
Nossos planos não deram certo, é uma pena, mas acontece. Estamos desapontados, frustrados, bravos, mergulhados em tristeza, mas penso que não temos que caçar bruxas, nem colocá-las na fogueira. Reclamar, sim; acender o fogo do inferno de novo, não. Agora é hora do mea-culpa geral lá no Palestra, é hora de todo mundo lá admitir as próprias falhas – sem tirar da reta- , consertar os erros (temos condições de consertar sim), de repetir os acertos, de unir forças… e levantar a cabeça… temos muitas partidas para disputar e tentar vencer ainda este ano.
E a torcida, sou capaz de apostar, vai continuar apoiando como sempre faz. Aliás, essa é a parte que nos cabe.
Sigamos em paz… #AvantiPalestra e #VoltaLogoPN