Acordei muito cedo, ainda estava escuro. Ao sair de casa, o sol já começava a aparecer. Dia de estreia do Mago, em Campinas; de ônibus, eu iria fazer um caminho um pouco diferente para chegar até lá e ver a estreia do meu ídolo.
Cheguei na rodoviária às 6h30, o céu já tinha contornos de azul. Algumas pessoas sonolentas, cheias de malas, pacotes, esperavam a sua hora de embarcar. Ali, naquele começo de manhã, quando os olhos tentam se acostumar com a claridade que vem chegando, a minha camisa verde-limão ajudava o sol a acender o dia e acabava atraindo todos os olhares. rsrs
Na poltrona ao lado da minha, um senhor vestindo uma bata jamaicana, muito falante, jogou por terra as minhas intenções de dormir um pouquinho, durante a viagem. Falando de seus antecedentes, de alguns povos da África, acabou num assunto que me deixou, no mínimo, intrigada. Imaginem que ele me falava de um rei africano (eu conhecia a história), que ajudara a esconder Jesus, de Herodes. Baltazar era seu nome, um dos três Reis… MAGOS!!! Que coisa! Eu, feliz da vida, indo acompanhar a volta do Mago e o meu vizinho de poltrona me falando de um Rei MAGO!!! Acho que ele não entendeu porque eu sorria…
E lá fui eu atrás do meu “rei” Mago… Nova Odessa, Americana, Santa Bárbara (para almoçar com o Libaia), Paulínia (para pegar o Ricardo) e, finalmente, Campinas. Uffa! A galera da TwitPigs já estava toda lá. Um sol de rachar! Lotamos as arquibancadas que nos destinaram. Clima de festa, todo mundo alegre. O Palmeiras vinha de uma vitória fantástica diante do Vitória, pela Sulamericana; Valdivia, o nosso Mago, tão querido, cuja volta foi tão desejada, faria a sua estreia. O juiz seria “Salve o “CÚ RINTIA” Spínola. Xiiii…
Eu mal podia esperar pelo início da partida. Alguns jogadores do Palmeiras vieram fazer aquecimento diante da torcida. Até o Kleber veio, mas o Mago que é bom, ficou escondido. Alguns integrantes da TUP resolveram fazer bobagem e quiseram nos tirar de nossos lugares, na marra, para que eles os ocupassem. Um abuso! Os torcedores, que eram empurrados, se recusavam a sair; a coisa tava quase virando porrada quando alguns integrantes da Mancha, vieram em socorro dos torcedores. Discutiram muito, mas os folgados acabaram batendo em retirada. Juro que essa, de tirar o torcedor à força, de seu lugar, eu nunca tinha visto…
Finalmente, o Palmeiras entrou em campo! E lá vinha Valdivia! De colete reserva, eu o via se dirigir para o banco. Que felicidade eu sentia! Era verdade, o Mago voltara para o Palmeiras; eu não tinha sonhado! Tentei conter as lágrimas, mas que jeito?? Um batalhão de repórteres estava em volta dele. A torcida cantava: EÔ EÔ, O VALDIVIA É UM TERROR!! Ele acenava em agradecimento! Que emoção! Eu olhava um pouquinho o jogo e um pouquinho o banco de reservas, e ele continuava sentado lá. Não, não era miragem, Valdivia vestia a camisa do Palmeiras, outra vez.
O calor era demais e já estava difícil suportar o sol, quando o jogo começou. Como fez na Sulamericana, o Palmeiras adiantou a marcação, foi prá cima do Guarani e quase marcou aos 6′,quando Rivaldo, após jogada de Luan, mandou no travessão. Mas o técnico do Guarani, que se preparou a semana inteira para enfrentar o Palmeiras, na estreia do Mago, acertou a marcação. Rivaldo e Tinga foram marcados de perto e quase não tiveram espaço para criar as jogadas de ataque. O jogo era amarrado e ao Palmeiras, muito marcado, sobrava a opção de jogar pelas laterais, o que não fazíamos muito bem, e errávamos muitos passes, cruzamentos… A partida não agradava nem um pouco ao torcedor. O segundo tempo teria que ser um pouco melhor…
Na segunda etapa Felipão trouxe o time com Valdivia em lugar de Fabrício. Aos 6′, Tinga bateu de fora da área e assustou o goleiro; mas o Palmeiras tinha poucas chances. Ainda por cima, tinha os escanteios, inventados, que o juiz dava pro Guarani, as faltas cometidas por eles que deixava de marcar, a perseguição a Felipão, que parece proibido de reclamar. Todos os técnicos reclamam, e muito, mas Felipão não pode. Por que será? Para piorar, aos 14′, Kleber sentiu a coxa e saiu. A dupla Mago e Gladiador teria que esperar uma outra oportunidade. As investidas do Guarani paravam na nossa defesa e em Marcos. Aos 21′, Ewerthon entrou no lugar de Luan. Aos 29′, Marcos Assunção fez falta em Mazzola ,tomou o segundo amarelo e foi expulso. O Palmeiras ficava com um jogador a menos…
Eu olhava Valdivia em campo e o coração absorvia aquelas imagens, matando uma saudade de dois longos anos. Algumas vezes eu tinha novamente a impressão que ele nunca foi embora, que sempre esteve conosco. E, na verdade, esteve. O nosso Mago, apesar de estar sem ritmo e sofrer algumas faltas, procurava fazer as jogadas e colocar os seus companheiros em condições de marcar. Na base da vontade, ajudou na marcação, desarmou e deu passe até sentado. Mas ainda não tem a mobilidade que conhecemos, e o time, desgastado da partida de quinta-feira e debaixo daquele sol escaldante, não “dava liga”; era um festival de chutões inúteis e que impossibilitavam o ataque palestrino de chegar ao gol. A melhor oportunidade da partida saiu dos pés de Valdivia (só podia), que deu um belo passe para Patrik chutar rasteiro e o goleiro defender. Ah, se fosse o Kleber nessa bola… Uma pena. E o jogo, chato, monótono, terminou do jeito que começou.
O torcedor ficou desapontado. Ir até Campinas e ver aquele futebol ruim, não estava nos planos de ninguém. Mas empatar fora de casa, depois do desgaste de quinta e debaixo desse sol escaldante, até que não foi mal negócio.
Quinta-feira tem mais! No dia do aniversário do Palmeiras, enfrentaremos o Atlético/GO, no Pacaembu. Valdivia vai jogar em casa, para a sua torcida… QUE A SORTE ESTEJA COM ELE E COM O VERDÃO!!!!