“Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto, eu tô voltando. Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama, eu tô voltando…”
(Simone)

AlanKardec-Bragantino1

Falta uma partida…

Nosso pesadelo está no fim. Aquela sombra que pairou sobre nossas cabeças no segundo semestre de 2012, e que esmagou o nosso coração ao final dele, se desfez…

Já não há mais aquele punhal atravessado em nosso peito. Não! Nosso mundo está cheio de luz e calor, está cheio de sorrisos outra vez!

O Palmeiras foi jogar contra o Bragantino, lá na casa dele, e o estádio se coloriu em verde e branco. Coisa linda essa parmerada, essa torcida que “está diminuindo” (continuam insistindo nisso)! Parecia até que o visitante era o Bragantino. O Verdão, “em casa”, mandou no primeiro tempo. Prass só viu a cor da bola em cobranças de tiro-de-meta; “Lã” Kardec sobrou em campo, jogou muito. Deu passe, tabelou, fez pivô, fez café, trocou lâmpada e fez gol! Um golaço! Aos 27′ do primeiro tempo, ele recebeu de costas na intermediária, girou, e entre dois marcadores mandou um chutão, meio rasteiro, que foi morrer no canto esquerdo do goleiro. GOOOOOOOL, “LÔ KARDEC, SEU LINDOOOOO!! (sonha que você vai voltar, Tamoxunto. A camisa 9 mais linda do mundo já tem dono)!

Eu não imaginei que teria a reação que tive… Assim que a bola tocou a rede, uma emoção enorme, incontrolável, tomou conta de mim; eu nem sabia que ela estava ali, espiando, esperando o momento de se mostrar. As lágrimas, inúmeras, pareciam brigar para saírem todas de uma vez. Uma sensação maravilhosa. Abençoado “Lã” Kardec…

Tivemos outras oportunidades de marcar, mas o primeiro tempo acabou assim. Aí, logo no começo da segunda etapa, Leandro foi expulso infantilmente (é preciso ter mais paciência e inteligência, Leandro, sua boa fase vai voltar) e então, a dinâmica do jogo mudou. Com um a mais o Bragantino veio pra cima e o Palmeiras teve que ficar mais defensivo e se aventurar no contra-ataque; Prass, que estava de uniforme limpinho, passou a ter que trabalhar. O Palmeiras defendia com uma bravura danada. Kleina colocou Eguren no time (aleluia) para fechar os espaços no meio, e aí, Wesley, que tava armando o jogo e fazendo uma bela partida, pareceu ficar mais solto.

Eu continuava chorando, e tive vontade de dar um abraço gigante no Prass, quando ele, com um reflexo extraordinário, defendeu uma cabeçada do jogador do Bragantino e colocou a bola pra fora. Ufffa! Com jogador a mais e tudo, o Bragantino, que batia um bocado (e só o Verdão teve jogador expulso) não ia balançar a nossa rede, não.

O Palmeiras tentava na bola parada; Henrique, olha só que atrevido, cobrou uma falta e ela passou raspando; depois, novamente em cobrança de falta, foi a vez de Kardec acertar o travessão. Trave maledeta!

E o jogo, nervoso, caminhava para o final. O zagueiro Guilherme, pilantra que só ele, recebia atendimento fora de campo e rolou para dentro do gramado para paralisar a jogada. Xerifão Henrique ficou uma fera (aqui é Palmeiras, p@#&rra!) e os jogadores dos dois times se estranharam. E o vigarista, que arranjou a confusão, deitado no gramado, mascava chicletes numa boa, parecendo um camelo.

Aos 42′, quase que o Bragantino marca, Prass, ligado, espalmou pra fora. O juiz avisou que daria mais 3 minutos. Força, Verdão! E aos 47, assim, como quem não queria nada, Wesley, rápido, invadiu a área, deu um corte no zagueiro e mandou no ângulo! GOOOOOOOOOLAÇO, WESLEY, SEU LINDOOOOOO! Matou o jogo e matou a parmerada de alegria!

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Eu, que tinha trancado a sete chaves a dor de ver o meu time na segundona, de vê-lo jogando naqueles gramados horrorosos, contra alguns times que só têm como tática as faltas violentas e jogadores simulando contusões e agressões o tempo todo, podia, finalmente, escancarar as gavetas.

Eu, que escondi a minha dor, para dar ao Palmeiras os meus melhores sorrisos, para dar o meu otimismo, a minha fé e paciência, o meu amor, os meus aplausos, mesmo quando isso pareceu difícil, chorava, copiosamente, as lágrimas deliciosas de poder entrar no dia 26 no Pacaembu, orgulhosa, de cabeça erguida, porque o Palmeiras, mais uma vez, caminhou sem muletas, com suas próprias pernas, e fez uma campanha brilhante!

E das gavetas saíam as lembranças…

E me dei conta que não esqueci que o nosso técnico nos deixou na mão, ano passado, e que nenhum outro queria dirigir o Palmeiras na ocasião. Me lembrei das recusas – até o Falcão, técnico tão inexpressivo, se recusou. Por isso, todo o meu carinho, um enorme respeito e gratidão a Gilson Keina…

Não esqueci dos jogadores que não quiseram vir, e dos outros, que se achando muito importantes para jogar a série B, trataram de se mandar… Por isso, o meu carinho, o meu respeito e a minha gratidão, aos que ficaram e aos que chegaram para lutar as 38 batalhas da mais indesejada das guerras, da “volta ao mundo” para se jogar a série B, dos gramados horríveis e das botinadas o tempo todo…

Não me esqueci dos jogos em que fomos escandalosamente roubados em 2012, dos pontos que nos foram tirados no apito e que pesaram tanto na balança para que fossemos rebaixados… Não me esqueço das palhaçadas encenadas pelo tribunal… Não me esqueço da conivência e omissão da imprensa, que ajudou a esconder os prejuízos que sofremos, que sumiu com as imagens e deixou que gritássemos sozinhos e parecêssemos lunáticos, a cada vez que sofríamos uma derrota fabricada. Por isso, o meu enorme desprezo aos “profissionais” do apito, aos torcedores da justiça desportiva e aos torcedores profissionais de imprensa.

Não me esqueci do desprezo de alguns “palmeirenses”, das suas previsões de descenso no Paulistão, de humilhação na Libertadores, de surras memoráveis diante dos grandes paulistas, de o Palmeiras não voltar da série B. Vocês erraram feio! Por isso, o meu respeito e o meu carinho aos verdadeiros torcedores, que lutaram COM o Palmeiras e PELO Palmeiras. Aos que o apoiaram mesmo que, apesar de, até mesmo se, muito embora… sem impor condições, sem denegri-lo; a todos os irmãos dessa grande família de sangue esmeralda, que fizeram uma festa para receber o Palmeiras pelo Brasil afora; aos que incentivaram os jogadores, mesmo aqueles dos quais não gostavam, mas o fizeram porque eles vestiam a nossa camisa e ela precisa ser respeitada pelo seu torcedor.

Não me esqueço da bagunça generalizada da gestão anterior, das entrevistas desastrosas menosprezando patrimônio do clube, da falta de respostas para as matérias mentirosas de alguns veículos de imprensa, do vazamento de notícias, do CT que parecia a casa da Mãe Joana, dos jogadores que não queriam ficar no clube, das brigas, do presidente, tranquilão, pegando uma praia no RJ, no dia seguinte ao rebaixamento…

Por isso, o meu carinho, meu respeito e admiração ao presidente Paulo Nobre, ao vice-presidente Genaro Marino (membro da Chapa Academia, da qual faço parte com orgulho),  à toda a diretoria executiva e a todos os que trabalharam pelo Palmeiras e foram mudando tantas coisas nesses meses mais escuros.

Nós conseguimos! Estamos de volta! E vamos buscar o título!!

Foi mais que uma simples vitória no sábado, foi a senha para a festa do dia 26, para a volta à série A. Sim, amigo leitor, desmarque os seus compromissos, anota aí na sua agenda, prepara o seu coração, o seu melhor sorriso, a sua bandeira e o seu manto sagrado. Dia 26 tem festa no Pacaembu! O Palmeiras depende só dele e, com todo respeito ao São Caetano,  no dia 26, o Palmeiras (Mago e Vilson de volta!), que hoje já olha nos olhos da série A, vai poder lhe dar um grande abraço e dizer: Estou de volta, cara mia! Sentiu muito a minha falta? Eu não disse que não me demoraria lá?

O PACAEMBU VAI TREMER!! O GIGANTE ESTÁ DE VOLTA!! GRAZIE, DIO!!

Hoje é aniversário do Mago… Parabéns, Valdívia!

Fico feliz, enquanto te desejo toda a felicidade do mundo. Enquanto desejo que você receba em dobro todas as alegrias que me deu.

Sinto saudades… De ver aquela camisa 10 transpirando raça, dedicação e amor ao time. De ver aquele mágico maravilhoso que, mesmo de nariz quebrado, continuava em campo, esbanjando competência.

Sinto saudade… do chute no vácuo, do Palestra gritando seu nome, dos adversários desesperados por ter que enfrentá-lo, ter que marcá-lo, das criancinhas ansiosas por ver o craque em campo…

Sinto falta do sorriso lindo que contagiava a todos, da alegria sem tamanho, da gozação com os adversários, da camaradagem sem máscara, que a gente percebia na maneira como era tratado pelo elenco…

Sinto saudade, quando ainda vejo tantas camisas 10, com seu nome…

Não ouço mais as respostas precisas e, muitas vezes cortantes, que ele dava para a imprensinha…

Não tem mais chororô, não tem mais Coelhinho da Páscoa, adversários rendidos, nem dribles desconcertantes, passes fantásticos e gols de matar de emoção…

Parece que a minha saudade, a nossa saudade, tem prazo de validade…

O Mago vai voltar! Esse foi o ‘presente’ que recebi na semana do meu aniversário.

E no seu aniversário Maguito, só posso dar o meu amor, a minha gratidão, o meu respeito,  e  o desejo que seja muito feliz onde quer que vá…

Não se demore Valdívia, por favor… Senão a gente morre de saudades…