“O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar” – Clarice Lispector
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Eu não entendo muito (quase nada) de esquemas e táticas, mas tem gente que parece entender bem menos do que eu… e acha que qualquer vitória é sinônimo de raça e comprometimento de todos, que todo jogador é “monstro” quando ganhamos um jogo, e que qualquer derrota é o inverso… jogadores “vagabundos”, “lixos”, sem vontade de vencer, fazendo corpo mole, querendo mandar técnico embora… Isso acontece também, é verdade, mas esquema tático ruim, escalações e substituições pavorosas,  jogadores fora de suas posições, jogador em má fase que não vai pro banco, deficiência técnica de alguns atletas, árbitros fazendo resultado… são sempre os motivos mais comuns. E não é preciso muito esforço pra se enxergar isso. 
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Cuca, em 2017, armava mal o time inúmeras vezes, escalava e substituía sem priorizar o melhor rendimento da equipe, e sim colocando em campo somente os jogadores que seu ego permitia, e excluindo outros que seu ego, por algum motivo, não tolerava.  A bola que o sujeito poderia ou não jogar,  não parecia ser a prioridade. Muita gente em má fase nunca ia para o banco, e muita gente com mais bala na agulha continuava assistindo o jogo sentado no banco de reservas. Isso, e o chuveirinho incessante e irritante, mais alguns “erros” do apito, nos custaram muitos pontos e  eliminações.
Valentim assumiu, mudou algumas peças – Keno, jogado pras traças lá no banco, virou titular e fez toda a diferença nas 3 vitórias seguidas que o Palmeiras conquistou; Borja, voltando a ter chances no time, também nos ajudou a vencer – a moçada colocou a bola no chão e o futebol reapareceu, a ofensividade também. Valentim mudou apenas dois jogadores e, com praticamente o mesmo time do técnico anterior, fez diferente.
O Palmeiras então, com essas três vitórias e com as derrotas do líder, voltou a brigar pelo título. E o que aconteceu? Foi GARFADO nos dois jogos seguintes diante do Cru, no Allianz, e contra o Lava Jato, no Itaquerão. Ainda que parecesse nos ter faltado sangue no zóio, no derby, foi só  PELA OBRA DO APITO, que o Palmeiras não conquistou mais duas vitórias e assumiu a liderança da competição – esquecer isso é ser conivente com a trapaça e com os trapaceiros que, talvez, possam estar por trás desses “erros” do apito. 
Culparmos nossos jogadores pelo resultado que não veio nas partidas em que tivemos que jogar contra 16, é jogarmos contra nós mesmos – Daronco, o juiz do derby, pra se ter uma ideia, vai ser julgado por ter jogado a regra no lixo e não ter dado o segundo amarelo para Gabriel,  não ter expulsado o jogador, que voltou a campo sem autorização – um árbitro, experiente (árbitro FIFA desde 2015), desconhece a regra? Um árbitro Fifa “esquecer a regra”, “esquecer” que SÓ ELE poderia autorizar a entrada do jogador e passar a responsabilidade para o bandeira – que também sabe que não poderia autorizar a entrada – foi muito significativo, não é mesmo? E isso é um erro de direito, bem mais grave que o erro de fato do gol impedido que foi validado, por exemplo. Mas, depois que o ‘serviço’ está feito, eles nos dão um “enganation” com um julgamento que certamente não dará em nada.
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E eu até entendo que o Palmeiras tenha desanimado depois dessa “apitada” dupla e descarada que sofreu. Entendo que, depois de ser tirado, no apito, da briga pelo título,  pela armação de sabe-se lá quem, o Palmeiras desse uma “brochada” na partida seguinte diante do Vitória, lá na Bahia, e nem podia ser muito diferente. Era previsível esse desânimo, mas, ainda que todo mundo estivesse desanimado pelas garfadas de Heber e Daronco,  dava pra termos  nos saído bem melhor nessa partida…
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Valentim armou  mal o time, não escalou os jogadores que poderiam fazê-lo render mais, nem mesmo quando fez as substituições (colocou em campo, como primeira substituição, um garoto da base, de 18 anos, que nunca tinha jogado  com o principal antes, deixando um Guerra no banco, um Felipe Melo, um Thiago Santos) não trocou algumas peças que não vinham funcionando bem (e ainda tirou o Keno)… e, apático, jogando mal, o Palmeiras perdeu o jogo (nos afanaram um gol legítimo nessa partida também, mas não foi por isso que perdemos). 
E então, com parte da torcida surtando – e esquecendo que, das seis partidas sob o comando de Valentim, o Palmeiras tinha ido mal em apenas uma delas -, caçando todas as bruxas, e fazendo lista de dispensas que incluíam até Dudu e Prass (pode?), fomos enfrentar o Flamengo no último domingo,  no Allianz Parque (temos todo o direito de reclamar,  era pra ter sido bem melhor o nosso ano; temos todo o direito de protestar pelo “presente de grego” que nos deram, mas sem gerarmos uma crise monstruosa para o clube que ganhou o BRA 2016 e, apesar de todos os vacilos e tropeços no ano, ainda ocupa as primeiras posições do campeonato 2017)…


E bastou o Valentim voltar a escalar melhor o time (eu ainda gostaria que Guerra fosse titular), bastou ele colocar o  Michel Bastos (outro esquecido)  na lateral esquerda, onde vínhamos tendo problemas; bastou ele dar uma reforçada no meio escalando Felipe Melo e deixando a defesa mais protegida;  bastou apenas alguns ajustes para a bola não ficar voltando para nossa área o tempo todo, de qualquer jeito, e pegando nossos zagueiros de “calças curtas”, que a coisa funcionou. Com o time menos vulnerável
, dando menos espaços, os jogadores ficaram mais tranquilos, renderam mais (ou erraram menos), o futebol  melhorou de novo  – não foi uma ‘Brastemp’, mas foi bem melhor -, fomos mais ofensivos, objetivos e, com dois gols de Deyverson, ganhamos por 2 x 0 – poderia até ter sido por um placar maior. Vitória tranquila, sem sustos e, mais importante, uma vitória no estilo Palmeiras… sem a ajuda do apito.

Então… quando o técnico acerta o “desenho na prancheta”, e quando a arbitragem não parece incumbida de fazer o resultado de um jogo,  o futebol melhora e aparece… e isso é tão óbvio, não é mesmo?

“Ainnn, mas o X não tá comprometido… Ainnn, mas o Y ganha não sei quanto… Ainnn, mas o W foi na balada e pegou umas p#tas 2 dias antes do jogo… Ainnn, mas  o Z pintou o cabelo…” 

diabinho-anjinho-a-dúvida-do-palmeirense

Tá difícil o início do nosso 2016… estamos todos confusos…

Pra mim, futebol é emoção… mas, ontem, no Allianz, na partida diante da Ferroviária, pelo Paulistão, o futebol do Palmeiras, à exceção do gol de Cristaldo, não me fez sentir emoção alguma. Tem jogos em que você mal pode piscar, porque corre o risco de perder algum lance importante, alguma jogada linda, um gol… Mas, ultimamente, tanto faz se a gente pisca, se olha pro campo, pro lado, pro celular… Não acontece nada mesmo.

Não sabemos o que passa com o nosso time, com o futebol do Palmeiras, que anda sumidão… só podemos achar… achar que seja “isso”, “aquilo”, ou “aquela outra coisa lá”…

O fato é que o nosso treinador parece  estar perdido; o fato é que o P-a-l-m-e-i-r-a-s  p-e-r-d-e-u  d-a  F-e-r-r-o-v-i-á-r-i-a (!?!); o fato é que a Ferroviária jogou muito bem; o fato é que o Palmeiras não jogou nada.

Pior do que o Palmeiras perder, foi a derrota ser merecida. Isso chateou demais o torcedor, e o deixou na bronca. E, com a Libertadores apenas em seu início, e sabendo que nosso time pode jogar bem mais do que temos visto, todos nos perguntamos: “O que está acontecendo?”.

A torcida se divide entre os que acham que MO deve sair, e os que acham que ele deve ficar. E o surreal é que existem argumentos significativos para as duas possibilidades, que justificam as duas coisas. Todo mundo tem um pouco de razão.

Porém,  além dos argumentos significativos, tem sempre as teorias, que negam o óbvio – o futebol está ruim porque técnico e jogadores encontram dificuldades para fazê-lo fluir em campo – que preferem acreditar que o futebol mixuruca que vemos em campo está ligado ao caráter “desse” ou “daquele”, de “todos”, à raivinha, birra de um, de todos…

“Os jogadores são uns vagabundos e estão entregando, querendo fritar o técnico” – E eu me pergunto: Esses “vagabundos” (eu não acho nada disso) são os mesmos, que, há três meses,  se superaram, superaram adversários difíceis, e se doaram em campo para sermos campeões?

Os que “estão entregando, fritando” esqueceram de entregar na goleada diante do XV? Esqueceram de fritar o técnico?

E, seguindo essa “lógica”, temos 11 picaretas em campo então – fora os suplentes? Se um time inteiro não vai bem e a há os que acham que os jogadores fazem de propósito, então, podemos concluir que estão todos os jogadores nessa vibe? Caso contrário, quem não compactuao com isso já teria aberto a boca e já teria tentado dar um basta na “fritura de técnico” dos demais, não é?

Sem contar que os jogadores teriam que ser muito burros para jogarem no lixo o status conquistado aqui, o carinho, os aplausos, a visibilidade, a possibilidade de ganharem outros títulos… Que no futebol exista um ou outro tapado para agir assim, tudo bem; que talvez tivesse algum assim no nosso time, eu até poderia acreditar,  mas, um time inteiro, e que acabou de ganhar um título de maneira épica?

Você agiria assim, amigo palestrino? Eu não. E, sinceramente, não acredito em nada disso. Não dá pra ser guerreiro, herói, e, dois meses depois, ser um tremendo de um fdp que “faz corpo-mole”.

“Mas o MO ganhou dois brasileiros e uma Copa do Brasil seguidos, não pode ser que ele seja o problema” – Pode ser que não seja ele mesmo… mas também pode ser que seja sim… 

Eu me pergunto (encontro muitas respostas fazendo perguntas pra eu mesma responder): Um técnico, que ganhou 3 títulos nacionais seguidos, não saberia identificar o “corpo-mole” – caso existisse/exista corpo-mole -, e não teria ele, comandante que é, fritado meio mundo lá ao invés dele próprio ser jogado na frigideira? A diretoria também não teria identificado isso?

Além do mais, um técnico que ganhou 3 títulos seguidos não saberia identificar os erros básicos que o time comete em campo?

Nada bate… nada faz sentido… então, ficamos com as nossas teorias sobre aquilo que vemos no campo, o que é real, o que sentimos do que vimos, e não o que imaginamos sobre o que o “Fulano”, “Sicrano” e “Beltrano” pensam… nunca poderemos ter certeza sobre o que uma outra pessoa pensa.

Existem outras teorias e todas elas fogem do óbvio: o futebol está ruim porque, do jeito que ele está sendo pensado/planejado, não está dando certo.

Ontem, a coisa  ficou estranha… mas também expôs muito claramente o nosso problema. A Ferroviária, time pequeno, jogando certinho, com a bola no chão… sem chutões, com toques mais curtos, bem mais precisos, aproveitando os espaços que encontrava, jogadores parecendo muito próximos uns dos outros. Mágica? Claro que não! É treino!

E tá na cara que os seus jogadores não resolveram jogar daquele jeito lá na hora. Estão acostumados a jogar dessa maneira, certamente treinam assim todos os dias, dava pra gente perceber, o time era todo organizadinho. Por isso, a Ferroviária teve mais posse de bola – 59% -, dentro da nossa casa; por isso, jogou melhor e sabia o que estava fazendo em campo;  por isso, seu goleiro mal sujou o uniforme… por isso, tirou os nossos espaços para jogar, e, por isso também, não fossem as apitadas pró “Sport Club Caiu é Pênalti”, ela seria líder na classificação geral. O técnico da Ferroviária faz um belo trabalho.

E do nosso lado, onde estão os jogadores de melhores condições técnicas… quanta coisa errada. O time parece/é mal posicionado, e isso deixa vários buracos para o adversário jogar. Nossos jogadores parecem muito distantes uns dos outros e, sem criatividade (que saudade do Mago), quando o adversário, bem posicionado em campo, fecha as “passagens”, a única iniciativa que eles têm são os famigerados, os detestados chutões…  que não dão em nada. Uma vez ou outra, quando um companheiro aparece lá na frente, sozinho, em condições de surpreender, vá lá arriscar um “chutão”, um lançamento longo. Mas sempre? Até na saída de bola? E para qualquer jogador, até mesmo os adversários? Não dá.

Não sou grande entendida no assunto, mas uma outra coisa que eu também acho, é que tem jogador fora de posição. Dudu, por exemplo, que é veloz, driblador, está no meio – um desperdício. Alguém lá no meio é que deveria lançar o Dudu, aproveitar a sua velocidade, os seus dribles (onde está o meia, que faz muita falta em nosso time?). Jogador em posição errada dificilmente vai render o que pode.

Custo a crer que o MO não esteja vendo isso tudo,  que não veja que perdemos a posse de bola o tempo todo, custo a crer que no Depto de Futebol ninguém veja isso também.

Pra mim,  o problema está com o MO, mas não quero a sua saída (ainda não),  e acho que ele pode resolvê-lo, tem como fazer isso. Não me parece tão difícil a tarefa. Não sei se ele se sente mais pressionado no Palmeiras, pelo tamanho do clube e da torcida, pelo tamanho da exigência diária e ininterrupta, e, por causa disso e por medo de errar, de fazer algo diferente, acabe insistindo sempre na mesma coisa.

Mas o fato é que se você faz uma coisa e ela não dá certo; faz de novo, do mesmo jeito, e não dá certo de novo; tenta mais uma vez, fazendo igual às vezes anteriores, e não dá certo outra vez, você precisa se tocar que tem que mudar o jeito que faz, não é? Senão, vai continuar a obter sempre o mesmo resultado. Até criança aprende dessa maneira.

Coragem, MO! Estamos do seu lado, mas as coisas precisam mudar. Basta querer, basta não ter medo de sair do lugar comum, basta ousar. Presta atenção no que outras pessoas estão fazendo, repara onde elas acertam, amplia as suas possibilidades, a sua “visão periférica”.

Se continuarmos jogando dessa maneira, se o time continuar a não apresentar evolução alguma, as coisas acabarão se complicando. E isso seria um pecado. Nosso time é bom sim, pode jogar bem mais do que isso sim, e tem tudo para ter um ano maravilhoso, tem tudo pra ser campeão sim.

Booooora, MO! Acertar esse time aí, e vamos buscar mais um título. Quinta-feira será um dia ótimo para começarmos a acertar tudo dentro de campo.

E nós estaremos lá com você, com o nosso time, com o nosso Verdão.

O ALLIANZ VAI TREMER! E VAMOS GANHAR, PORCOOOO!!