“Far vincere una squadra non è questione de quanto grande sia il giocatore, o i giocatori. Devono tutti essere disposti a sacrificarsi e a dare qualcosa di se stessi, pur di diventare campioni”
A cidade fervilhava de verde… respirava Palmeiras, naquele dia tão quente e ensolarado…
Como se fossem peregrinos em direção à uma “Meca” dos sonhos, palmeirenses apareciam de todos os cantos se dirigindo ao Allianz Parque e arredores (nem todos assistiriam ao jogo na arena)… a ansiedade era trazida a tiracolo…
A cidade estava uma loucura. Aquela gente de verde e branco, com um grande “P” no coração, que desembarcava dos metrôs, trens, ônibus, as que estavam nos carros que passavam – e cumprimentavam as que estavam a pé… essa gente toda, se mantinha numa movimentação acelerada. Camelôs, aos gritos, anunciavam as suas mercadorias… eram gorros de porco, faixas de incentivo, de campeão, bandeiras, camisas, cervejas, água… Se podia ouvir, mais ao longe, os cantos de torcedores que acabavam de desembarcar, e cujo volume ia aumentando à medida em que eles subiam as escadas…
Quantos sonhos povoavam a nossa imaginação… Quantas imagens surgiam das nossas lembranças e dançavam diante de nossos olhos… E tudo se misturava… o ontem, o hoje e o “amanhã” das horas que se aproximavam… Eu olhava aquelas pessoas, olhos vidrados, e concluía que, assim como eu, elas deveriam estar meio anestesiadas; a ficha delas, assim como a minha, talvez não tivesse caído ainda…
Ou, então, era porque a gente já sabia… nossos olhos, vidrados, já podiam ver o que tanto queríamos… já estavam lá no momento maior…
Bandeiras às costas, rostos pintados, cabelos verdes, barbas e bigodes também verdes, chapéus, bonés, perucas, máscaras e narizes de porco, toucas de porco, gestos… códigos e símbolos de uma mesma família. Pessoas e mais pessoas que tomavam as calçadas, as ruas… indo todos para a mesma festa, com o mesmo ar de júbilo, como se fosse um grande e maravilhoso carnaval fora de época…
Todo mundo indo – ainda que, para alguns, fosse um ir apenas em pensamento – e todo mundo lá, antes mesmo de chegar… O movimento nas ruas era frenético, incontrolável… o ‘rio’ seguindo seu curso… Não é só futebol… nunca foi… Ser Palmeiras vai muito além de apenas gostar de um esporte…
Palmeiras na final (a segunda em menos de um ano)… e sobrando… foi caçado por vários times, o campeonato todo e desde a 9ª rodada; foi prejudicado, muitas vezes, pelas arbitragens; teve o seu trabalho, a sua campanha, diminuídos e menosprezados pelos torcedores rivais de imprensa dos programinhas esportivos; teve um lobby contrário, orquestrado pela mídia, durante dois turnos inteiros… e permaneceu imune e líder, até o final… com o “Cucabol”, do melhor ataque, melhor defesa, melhor saldo de gols, maior número de vitórias… 98% de chances de ser campeão (faltava só um pontinho em dois jogos – isso, se o Santos vencesse as suas duas partidas, o que eu tinha certeza, absoluta, que não aconteceria)… Fez gol de pé, gol de cabeça, fez jogadas de todos os tipos, ensaiada, no improviso, de cruzamento, entrando pelo meio, com atacante, zagueiro, lateral, volante, meia…deu cambalhota, dançou em campo, pulou, socou o ar, se abraçou, se emocionou… e a torcida… ah, a torcida… encheu a arena o ano inteiro… cantou, vibrou, jogou com o seu time o campeonato todo, desde a primeira partida.
A PM proibira a entrada dos ‘peregrinos’ na Palestra Italia/Turiaçu, e então, eles se fizeram mar nas ruas paralelas e nas transversais… Era impossível andar ali, e era delicioso também, o ar impregnado de Palmeiras satisfazia todos os meus sentidos.
Embora eu estivesse aflita pelo desfecho do jogo e do campeonato, não me percebia temerosa, era só aquele “não ver a hora de chegar a hora”… Na entrada do Allianz, segurei a mão dos meus amigos e, disse que entraríamos com oito títulos brasileiros ali e sairíamos com nove. A garganta embolou…
Mas, de maneira totalmente inesperada, quando entreguei meu cartão Avanti para o moço da catraca, quando olhei o cartão trocando de mãos, me emocionei tanto, mas tanto, que, com as lágrimas quase caindo, mal consegui balbuciar um “obrigada” ao “bom jogo” que ele me desejara. O inconsciente fazia contato com o consciente… Sim, era verdade, eu estava entrando no Allianz para ver o meu Palmeiras ser campeão brasileiro… a ficha estava louca para cair…
Lá dentro, podia perceber que as pessoas à minha volta, apesar de muito ansiosas, pareciam extremamente felizes (na rua tive a mesma impressão). Todo mundo sorria, confiante, o tempo todo. Meu terço benzido estava na bolsa…
Olhávamos uns para os outros e nossos olhos se diziam: Você já se deu conta que o Palmeiras vai ser campeão brasileiro hoje? Muito louco isso…
Jaílson entrou pra aquecer… e Fernando Prass entrou também! Alegria e muita emoção no Allianz. “P#ta que pariu, é o melhor goleiro do Brasil, Fernando Prass!”… “Jaílson, Jaílson, Jaílson!”… Nossos dois goleiraços em campo… haja coração!
O time do Palmeiras veio para o aquecimento… muitos aplausos! A Chape também entrou em campo. Por motivos diferentes, dois times felizes estavam em campo… O de Cuca, porque, muito provavelmente, se sagraria campeão brasileiro naquela tarde; o de Caio Junior, porque ia disputar a final – inédita pra eles – da sul-americana dali a três dias.
Não saía da minha cabeça a “promessa” de Cuca, logo que chegou: “Nós vamos ser campeões brasileiros”. Eu, que em 1992 sonhara em vê-lo campeão pelo Palmeiras, tinha achado essa “promessa” de uma ousadia tão grande, e agora, a promessa se cumpria. Meu Deus, o Palmeiras vai ser campeão brasileiro… é verdade, o enea vem aí. A “ficha” fazia contato no meu cérebro…
Times a postos, chegara a hora da execução do hino, do nosso hino… cantaríamos para o novo campeão brasileiro. Uma emoção tão grande, misturada com um orgulho maior ainda… A sensação dentro do peito era deliciosa… E o som? “Palmeiras, meu Palmeiras, meu Palmeiras…” O som reverberava pelas paredes do Allianz e subia aos céus…
Os nomes de nossos jogadores passaram a ser gritados pela torcida… “Glória, glória, aleluia…. é Gabriel Jesus”… última partida do nosso menino em nossa casa, última vez que cantaríamos pra ele… a saudade já doía na gente.
Confesso que, mesmo o Palmeiras sendo inconfundível pra mim, a camisa branca e calções verdes da Chapecoense, às vezes, e por uma fração de segundo, me atrapalhavam…
Quando o árbitro apitou o início de jogo, atravessamos um portal para uma outra dimensão… Eu apenas me perguntava: quem será que vai fazer o gol do título?
O alto-falante anunciou que o Santos perdia (ah, vá)… Mas o Palmeiras não estava nem aí para esse jogo, ia pra cima do seu adversário. A Chape – finalista da sul-americana e querendo vaga na Libertadores -, não se fazia de rogada, tentava desarmar nossas jogadas e ia pro ataque também. O jogo era muito pegado, com jogadas duras. Mas, mesmo com toda a disposição do adversário, o Palmeiras tinha controle do jogo, parecia tranquilo, marcava firme e trocava passes lindos.
Jesus passou por três adversários e achou Moisés lá na área, na hora em que ele ia chutar pro gol, foi travado. O Allianz se arrepiava esperando o gol do Palmeiras, esperando o gol campeão – estava na cara que ele não demoraria a sair… a torcida cantava sem parar.
Brinquei com meus amigos: “Gol de título sempre sai dos pés mais improváveis… Vai, Fabiano chuta pro gol aí!”.
Um minutinho depois… na cobrança de falta, na jogada ensaiada, Duduzinho deu só uma roladinha pro Zé, que tocou rasteiro pra área; Jesus fez o corta luz, Moisés deu um toque de letra e o Fabiano, meio de lado, deu um toque perfeito, por cima, encobriu Danilo e botou na rede. Que golaço! Na pintura de gol, o campeão assinava a escritura do Brasileirão 2016, do seu eneacampeonato – nenhum outro clube conquistou um campeonato brasileiro por 9 vezes.
O Allianz enlouqueceu no gol de Fabiano… Gritos, lágrimas, muitas lágrimas, abraços… era impossível pensar ali, só conseguíamos sentir… e a emoção, impossível de ser contida, nos levava à loucura… Fabiano, alucinado, correu para os amigos no banco, os jogadores todos se deram um “abraço” gigante. Os 40 mil parmeras do Allianz se juntaram ao abraço, 20 milhões de parmeras, espalhados pelo mundo, foram abraçar o Fabiano também.
A ficha caiu… O Palmeiras era, SIM, campeão brasileiro. A Chape não ia virar o jogo e sabíamos disso…
E só deu Palmeiras depois disso, o goleiro Danilo ia salvando a Chapecoense de tomar mais gols… Dracena, Tche Tche, Mito, Zé, Jesus, Guedes, Jean, Fabiano, Jailsão da Massa… tava todo mundo batendo um bolão. Duduzinho e Moisés jogavam muito. Cabia ao Palmeiras apenas administrar. E por pouco Jesus não fez o segundo no finalzinho do primeiro tempo. O goleiro da Chape uma grande defesa e impediu o gol.
No começo do ano, quando pensávamos em título, parecia tão distante, uma caminhada complicada; durante o campeonato, pareceu tão difícil, mas, na verdade, nunca foi tão fácil… tão seguro, sem instabilidades no percurso, sem sermos ultrapassados…
E, agora, em pleno intervalo de uma final, nem nervosa eu estava… só queria saber mesmo à que horas poderíamos soltar o grito de campeão.
Veio o segundo tempo, na outra dimensão onde nos encontrávamos, víamos o Palmeiras, muito superior, muito campeão, ir pra cima da Chape tentando matar logo o jogo e ela defendia de todo jeito. Guedes, Tche Tche, Dudu, Jesus… cada hora era um levando perigo…Tche Tche dando chapéu… o enea chegando… a torcida cantava cada vez mais forte… e o Zé Roberto, nossa revelação, ainda acenava para cantarmos mais. Time e torcida numa sintonia maravilhosa.
“Eu vou beber, beber até cair, o enea vem aí”…
Passava dos 35′ quando, finalmente, o Allianz decidiu soltar o grito aprisionado por 37 rodadas… “É campeão!! É campeão!! É campeão!! Os “peregrinos” tinham encontrado a sua Meca de sonhos… a dimensão onde nos encontrávamos era o Nirvana… ninguém mais ia mudar isso… a felicidade não cabia em nosso peito…
Na lateral do campo, Barrios, Rafa, Arouca e os reservas todos já comemoravam o título… e então, Prass foi chamado para entrar em campo… Os torcedores choravam de emoção, as lágrimas escorriam no meu rosto… Os jogadores correram abraçar o Jaílson lá no gol. Ele fora fundamental na nossa conquista. Não conhecemos uma derrota sequer com ele no gol… Abençoado Jailsão da Massa, tão amado, que daria lugar para o Prass, que nós amamos tanto… era justo que Prass sentisse o gostinho de voltar nessa ‘final’.
Prass defendeu um cruzamento e o Allianz comemorou muito… “É campeão! É Campeão!”…
O juiz apitou o final da partida e a festa teve início no Allianz… PALMEIRAS, 9 VEZES CAMPEÃO BRASILEIRO!! Não conseguíamos olhar tudo ao mesmo tempo, o telão, o gramado, os jogadores que choravam, nosso menino Jesus que desabara no gramado chorando muito, Cuca emocionado, o cavalinho parmera lá com os jogadores, Prass carregando Jesus nos ombros, Jesus nos pedindo para não esquecermos dele (não vamos esquecer de você nunca), Prass puxando o coro de “é campeão”…
Fogos de artifício cortavam os céus… Chuva de papel picado, Duduzinho e Paulo Nobre (muito obrigada, presidente!) levantavam a taça tão desejada… a volta olímpica… o rosto dos palmeirenses que choravam de alegria… 22 anos que terminavam ali…
Nos embriagamos dessa felicidade, de imagens felizes, sons maravilhosos, que vamos guardar pra sempre no coração…
Foi contra tudo e contra todos, na capacidade e fibra da nossa gente e na força da nossa camisa e da nossa torcida… O gigante voltou, grazie Dio!
E que o mundo todo saiba, o nome desse gigante é PALMEIRAS, mas pode chamá-lo de ENEA!
https://www.youtube.com/watch?v=bQu-ih4PJmw