No Brasil a corrupção é motivo de orgulho. Não a escondem mais, pelo contrário, os corruptos gabam-se dela e a usam para ironizar os demais.
PRIMEIRA PARTE –
Essa notícia é de várias semanas atrás… Depois disso, ele já negociou a sua saída da entidade máxima do futebol, mas sem abrir mão de comandar a “Confederação Brasileira dos Ovos de Ouro” (imagina se alguém ia querer largar um ossão desse?), no entanto, acusado pela Justiça americana de fazer parte do esquema de corrupção da Fifa, anunciou seu afastamento do cargo de presidente da CBF (nem esquentou muito a cadeira), podendo renunciar a qualquer momento, podendo também ser preso a qualquer momento.
Vai bem a CBF – o futebol brasileiro -, não é mesmo? Um ex-presidente, José Maria Marin, – no poder até o ano passado -, foi preso na Suíça por corrupção, depois de ter sido pego pelo FBI quando estava na Europa numa reunião da entidade, foi extraditado para os EUA e pagou uma fiança de US$ 15 milhões(!!!!!) para esperar o julgamento em prisão domiciliar, ou seja, no seu apartamento na 5ª Avenida. Tá podendo o Marin, hein? -; o outro, Marco Polo Del Nero – o presidente atual -, tem medo de sair do país para não ser preso também (por isso não ia às reuniões da Fifa), tentou, sem sucesso, arranjar um habeas-corpus para não ser preso em razão das investigações da CPI do Futebol, e para ter o direito de se manter calado quando interrogado (bobo ele, né?), e, agora, acusado pela Justiça americana, está prestes a renunciar e a ser preso aqui também; e há ainda Ricardo Teixeira, genro de João Havelange, ex-presidente da Fifa, à frente da entidade máxima do futebol durante o período de 1989 à 2012, que também está com medo de ficar zanzando pelo planeta e tem seu nome envolvido em escândalos e mais escândalos de corrupção – Andrew Jennings, o jornalista inglês, e suas denúncias que o digam.
Não foi à toa que, para o futebol brasileiro, a Copa do Mundo de 2014 tenha sido o maior fracasso da história, e o maior vexame também. Com essa picaretagem toda, o futebol tupiniquim, da seleção nacional, de zagueiros chorões – que virou um balcão de negócios e uma grande piada -, que toma de 7 x 1 em Copa do Mundo no Brasil, ficou em segundo plano e agoniza…
Se as acusações e suspeitas sobre os dirigentes da entidade máxima estão nesse nível, se eles estão envolvidos em tantos trambiques, qual a credibilidade do campeonato nacional, o mais importante e longo do país (e por ser longo, ele “rende”…), que esta entidade organiza? Faz tempo que esses campeonatos brasileiros estão pra lá de suspeitos…
A Copa do Brasil não ficou atrás também, o Palmeiras precisou vencer as arbitragens nas quartas de final, nas semifinais e nas finais, nas partidas de ida e de volta também. Gols legítimos anulados, pênaltis não marcados, gols irregulares dos adversários… (o quarto árbitro da primeira partida final, em que o Palmeiras foi garfado por Luís Flávio Oliveira, fez declarações importantes no programa “Bate Bola”, de 08/12,da ESPN, sobre o pênalti não marcado em Barrios. Pena que não se encontre nada disso no site do canal de TV).
As queixas são inúmeras, e os absurdos das armações também. A cada ano temos um modus-operandi diferente, mas sempre contando com os “estimados serviços” das arbitragens e seus incontáveis “erros”. Tudo sempre, e de certa forma, legitimado pelos “braços-direitos” da CBF.
Um deles, é o famigerado STJD – do promotor falastrão, que teve seu nome envolvido na Máfia dos ingressos da Copa – que denuncia, julga e pune os jogadores dos clubes de acordo com a “cor das suas trancinhas”, que promove os julgamentos mais incoerentes e descabidos, que inventa penas e ganchos exclusivos para alguns jogadores, por infrações que não punem nenhum outro jogador do país e do mundo. E tudo isso sempre favorecendo os mesmos clubes, e desfavorecendo os de sempre (quem não se lembra como o FluminenC voltou da segundona em 2013, no mesmo mês em que caiu, e de como “caíram” a Lusa para que ele voltasse e o Flamengo não caísse, não é mesmo? As investigações concluíram que a Lusa vendeu a vaga, só não “conseguiram concluir” quem as comprou. “Difícil” concluir isso, né? Parece até piada).
Outro “braço-direito” é a imprensa esportiva, ou melhor, uma boa parte dela, na qual está incluída a emissora de TV, a rgt, que parece dona do futebol brasileiro; que coloca áudio gravado, em jogo ao vivo, para fazer parecer que uma determinada torcida é maior e mais barulhenta em determinados jogos (fez isso há alguns anos lá em Recife, e a torcida do Sport chiou um bocado depois, revelando a prática até então desconhecida do público); que já editou até tira-teima, para legitimar uma garfada do apito em favor desse mesmo time – e da selenike também – dessa mesma torcida (a imagem, mostrada no tira-teima para legitimar a anulação de um gol legítimo do Vasco, na Libertadores 2012, era completamente diferente da imagem da Fox no mesmo lance. A da rgt, além de editada, espertamente mostrava a posição do jogador no momento em que a bola já estava no ar, e não no momento do toque, que seria o correto); que tem sempre por comentaristas de arbitragens ex-árbitros que, quando na ativa, promoveram os maiores absurdos com o apito, favorecendo os mesmos favorecidos de sempre; emissora, que o jogador Alex acusou de ser a grande mandante do futebol brasileiro e de usar a CBF como seu escritório.
É essa emissora, e a CBF, que a opinião pública acusa de tentarem promover a espanholização do futebol brasileiro (uma boa parte da imprensa tupiniquim, omissa que é, parece ajudá-los nessa tarefa), empurrando, fortalecendo e tentando fazer protagonistas apenas dois times (Corinthians e Flamengo), e mais uns dois como coadjuvantes, enquanto o resto se afunda; emissora que transmite inúmeros jogos de apenas dois clubes, enquanto esconde outros – o Palmeiras, principalmente – , e que paga cotas de TV de valores altíssimos apenas para esses dois mesmos clubes – alguns outros recebem quase a metade -, justificando essa diferença com índices de audiência, que, se analisados, não comprovam o parcelamento das cotas que ela faz – no futebol alemão, campeão do mundo, pra se ter uma ideia, as cotas de TV são praticamente iguais entre os clubes, para que todos se fortaleçam e o futebol do país se desenvolva…
Em 2005, o campeonato brasileiro, que deveria ter sido conquistado pelo Internacional, foi colocado no colo do Corinthians. Todo mundo viu o que aconteceu… todo mundo viu o “boi de piranha” – Edilson, o árbitro – que arranjaram para legitimar a anulação de 11 partidas do campeonato (a única maneira de impedir que o Inter fosse campeão), sendo que em muitas dessas 11 partidas não tinha havido nada que pudesse sugerir uma tramoia da arbitragem; e todo mundo viu também como foi que mesmo nos jogos “rejogados” meteram a mão para que o Corinthians ficasse com os pontos (e o título)… contra o Santos, por exemplo.
Todo mundo viu o seu Márcio Resende de Freitas operar o Inter diante do Corinthians e depois, se aposentar e virar comentarista de arbitragem numa afiliada da rgt; todo mundo ouviu as escutas telefônicas da Polícia Federal sobre a lavagem de dinheiro praticada pela MSI através do Corinthians, o clube que ela patrocinava; todo mundo ficou sabendo das contas no exterior, para onde enviavam parte dos “salários” de alguns atletas do clube; todo mundo ficou sabendo dos mandados de prisão, até mesmo para Dualibi, o presidente corintiano, e a declaração, via telefone, desse mesmo Dualibi, afirmando que o campeão de 2005 deveria ter sido mesmo o Internacional (dá um Google que você encontra tudo isso)… todo mundo ouviu falar de um certo relógio de ouro que o presidente da CBF teria recebido ao final do campeonato do representante da MSI (cujo endereço na Inglaterra era o de uma academia de ginástica, algo parecido com o patrocinador atual, cuja empresa nem CNPJ possui)…
Uma vergonha, um escândalo, uma maracutaia imensa que, se fosse na Europa, rebaixaria o time favorecido com a mutreta e daria o título ao seu legítimo campeão, que enfiaria muita gente na cadeia, mas que aqui no Brasil, ficou por isso mesmo.
Ninguém foi preso, o ex-árbitro tá por aí, mas ninguém sabe, ninguém viu; Márcio Resende de Freitas – que expulsou o jogador Tinga, do Inter, após ele levar uma voadora do goleiro Fábio Costa, do Corinthians, dentro da área, – se aposentou; Szveiter deixou o STJD e sumiu dos noticiários (mas o filho “herdou” o tribunal), Armando Marques, da Comissão de Arbitragem, também se aposentou e saiu de cena (morreu ano passado)… todo mundo sumiu do mapa…. a imprensinha “esqueceu” e…voilá… foi como se nada tivesse acontecido. Mataram a verdade, e criaram outra realidade.
E já que, à exceção do Inter, os demais clubes se calaram, e a opinião pública se deixou engabelar… entrou em cartaz, para todo o Brasil, e para alguns outros países do planeta, a segunda edição do Edilsão 2005, o nosso Campeonato Brasileiro 2015.
(Continua na Segunda Parte)