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Certa vez – faz tempo -, li algo em uma revista…
“Existe um lugar mágico, onde o tempo não passa no mesmo ritmo pra todo mundo. Nesse lugar mágico, nenhum relógio marca a mesma hora. E o futebol é um caos. Enquanto um torcedor vê o seu craque partindo para a grande área com a bola dominada, diante do goleiro adversário, outro já viu o drible, o chute, já viu o gol acontecer, já o comemorou, ao mesmo tempo que um terceiro torcedor está vendo ainda o time entrar em campo… Para alguns, o jogo ainda nem começou; para outros, já aconteceu… há mais de 60 anos”.
A pessoa que escreveu isso se baseou nas teorias de Einstein, e claro que a concepção desse mundo mágico, desse tempo onde não se distingue passado, presente e futuro, a ideia de que tempo e espaço são a mesma coisa, era dele. E isso nos leva a pensar que, talvez, nada possamos mudar… nem eu, nem você, nem o gatinho no telhado, nem a pedra na montanha, nem a concha na areia da praia… o que para uns é futuro, para outros já está gravado na memória, já aconteceu…
Aconteceu pra gente primeiro… e o que aconteceu está lá… no tempo… e nada pode mudar. E podemos sempre viajar no tempo, cada um de nós à sua maneira, e (re)viver fragmentos da nossa história, do nosso universo, da nossa vida…
Meu pai viveu isso, em 1951, e eu, viajante de um outro tempo, ‘vivi’ isso depois, através dele… Meu pai viveu a tristeza enorme da perna quebrada de Aquiles, antes do jogo da semifinal… e eu já conhecia o final da história… Meu pai viu a injustiça que fizeram com o seu ídolo, Oberdan Cattani, pela derrota diante da Juventus-Turim, na fase classificatória da competição (como alguns fazem agora com Prass)… eu vi a continuação da história, que fez justiça a um dos maiores – senão o maior – goleiros da história do Palmeiras… Meu pai fez parte dos 100.093 torcedores brasileiros que estavam no Maracanã (o Brasil era Palmeiras, o Palmeiras era Brasil – em nenhuma outra ocasião, um clube paulista desfilaria em carro aberto no Rio de Janeiro, e sob aplausos e lágrimas de alegria e orgulho das pessoas na rua)… eu faço parte dos milhões de viajantes de outro vagão desse trem do tempo, que já deram de cara com essa conquista…
Talvez, hoje, nesse tempo que não distingue passado, presente e futuro, meu pai esteja lá no Rio de Janeiro, em pleno 22 de Julho de 1951, vivendo a alegria dessa conquista, vivendo a maravilha de ver o seu time, com os seus ídolos amados, fazer o Palmeiras Campeão do Mundo… talvez ele esteja lá agora, sorrindo de alegria, com lágrimas nos olhos e de peito cheio de orgulho por saber que Brasil inteiro comemora com ele…
Talvez, hoje, nos fios do tempo que se embaraçam nesta data, 1951 se encontre com 2017, e meu pai e eu (e todos os palmeirenses de todos os tempos) estejamos juntos… comemorando o Mundial do Palmeiras.
Auguri meu pai… Auguri Fábio Crippa, Oberdan, Sarno, Salvador , Juvenal, Waldemar Fiume, Túlio, Luiz Villa, Dema, Lima, Aquiles, Ponce de León Canhotinho, Liminha, Jair Rosa Pinto, Rodrigues, Richard e Ventura Cambon.
Tanti auguri Palmeiras.
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