Esse texto foi originalmente escrito em 2013, e repaginado em 2020.
“Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões” – Mario Minervino
20 de Setembro de 2020… 78 anos de um momento histórico… a Arrancada Heroica.
78 anos distante daquele Setembro, quando o nome Palestra Italia teve que deixar de existir para que seu estádio não fosse tomado, não fosse apropriado pelo São Paulo – eles, que não tinham estádio, com a desculpa da guerra, dos italianos “inimigos” do Brasil, e com a ajuda da imprensa, que fez de tudo para pintar o Palmeiras como inimigo da pátria (você conhece bem a versão moderna desse tipo de jornalismo) queriam nos tomar o Palestra. É mole?
78 anos que se seguiram àquela semana em que Oberdan me seus companheiros, concentrados em uma chácara à espera do grande jogo de de 20 de Setembro de 1942, choraram ao serem informados que o nome Palestra Italia não mais existia… imagino a dor que calou no peito dos palmeirenses todos da época (a vi estampada nos olhos de Oberdan, mais de 40 anos depois, quando ele me falou a respeito) e, de alguma maneira, posso senti-la hoje.
78 anos daquela promessa de vingança, feita por Oberdan e seus companheiros, do juramento de vencer o grande perseguidor do Palestra, na final do campeonato que se daria na semana seguinte (faltavam dois jogos, mas, pela campanha feita, se o Palmeiras vencesse o São Paulo, já seria campeão antes mesmo de enfrentar o Corinthians na última rodada)… e eles juraram honrar o Palestra, que morria, e a Sociedade Esportiva Palmeiras, que acabava de nascer…
Aqueles homens todos, que lutaram pela honra do Palestra, que salvaram nosso estádio de ser tomado pelo São Paulo; os que cercaram o Palestra com barris de gasolina para defendê-lo (imagine a cena, imagine o tamanho do amor): os que temeram, os que perderam o sono, os que choraram, que se revoltaram e jamais pensaram em desistir, em se entregar (isso ficou marcado em nosso DNA); os que entraram em campo pelo Palmeiras, pela primeira vez, carregando a bandeira do Brasil, e que foram aplaudidos, durante minutos, pelos mesmos que o esperavam para hostilizá-lo; os que amavam o Palestra e passariam a amar o Palmeiras… todos aqueles palmeirenses de então, não podiam imaginar que, passados 78 anos, o dia 20 de Setembro fosse, oficialmente, o Dia do Palmeiras (Lei nº 14.060 do calendário Oficial do Município de São Paulo)…
Não podiam imaginar que aquela família se tornaria nação e tivesse tantos filhos espalhados por todo o país e pelo mundo… E que esses filhos sentissem tanto orgulho do que eles fizeram, da sua luta… que os lembrassem com alegria e respeito, que lhes fossem tão gratos… que esses filhos comemorassem tanto o dia em que o Palmeiras nasceu campeão, quando o nosso patrimônio foi salvo, quando Oberdan e Cia, liderados pelo Capitão Adalberto, conquistaram o respeito de todos, quando fizeram o São Paulo fugir de campo (sim, eles correram), com medo de apanhar de mais do que 3 x 0… quando o Brasil conheceu a imponência de um gigante, e a honra e a força de sua gente.
O tempo passou, amigo, e nós estamos aqui, hoje, fazendo jus à nossa herança de um Palmeiras digno, honrado, imponente e gigante, com uma “tonelada” de títulos, legítimos, conquistados apenas com o seu suor e esforço dentro de campo… que encara os seus inimigos – e eles são tantos agora – de frente e não se vale de trambiques e armações, que prefere não fazer parte da “Tchurma”… estamos aqui para fazer jus à nossa essência de defender o Palmeiras com a mesma bravura e o mesmo amor dos nossos antepassados.
A história se repetiu, e foi com muita luta (imagina se seria diferente) que o Palmeiras, e todos nós, mais de 70 anos depois, defendemos o direito de transformar a nossa casa no Allianz Parque, a versão moderna e maravilhosa do antigo Palestra Italia, o estádio mais bonito e moderno do país, que não tem um único centímetro de concreto sequer que tenha sido comprado com dinheiro público. Tentaram nos atrapalhar, nos impedir, de todas as maneiras… mas nós vencemos, mais uma vez, e o Allianz Parque virou realidade, virou a nova casa dos palmeirenses… e, como não poderia deixar de ser, novos títulos, legítimos, limpinhos, foram conquistados… a Copa do Brasil 2015, os Brasileiros de 2016 e 2018, o Campeonato Paulista de 2020…
Assim é o Palmeiras! Assim somos nós, palmeirenses, palestrinos… está em nossa essência lutar e honrar nosso clube, a nossa casa, a nossa família; fazer as coisas da maneira certa e amar o Palmeiras acima de tudo… reverenciar a nossa história e os que a escreveram até aqui, deixando o caminho limpo para os que vierem depois de nós.
E é a nossa história, linda, com capítulos emocionantes, que nos faz permanecer altivos, nos faz levantar ainda mais a cabeça, olhar o céu e enxergar o sol, até mesmo quando os tempos ficam difíceis e as nuvens escuras teimam em aparecer… é a nossa história – e ter história é para poucos e bons – que nos faz cantar ainda mais alto, bater no peito e dizer: “Aqui é Palmeiras, p#rra!
Eu tenho muito orgulho da história desse gigante! Orgulho imenso de ter o sangue esmeralda correndo em minhas veias, de tê-lo herdado do meu pai…
Não sou eterna, mas o meu amor pelo Palmeiras é!
AUGURI, PALESTRA/PALMEIRAS!