VII – BUSCANDO VAGA NUM SONHO
“Nada de grandioso se realizou no mundo sem paixão” – Georg Wilhelm Friedrich Hegel
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Após a última rodada da primeira fase, quando os confrontos das semifinais ficaram definidos, e os dois times brasileiros teriam que se enfrentar, muita gente passou a apostar as suas fichas todas no Vasco da Gama. Afinal, além de ter a base da seleção brasileira em seu plantel, ele vinha de três vitórias, duas por goleada, e o Palmeiras tinha sido derrotado pelos italianos. Uma goleada que ninguém esperava, e que custara até a posição do goleiro Oberdan Cattani – ele acabou “pagando o pato” e sendo sacado do time para a entrada de Fabio Crippa.
A derrota do Palmeiras – sem três de seus jogadores titulares – para o Juventus (ITA) tinha sido um acidente de percurso, e boa parte dos torcedores brasileiros sabia disso – os palmeirenses, principalmente -, fora do Brasil, os que acompanhavam as notícias do Mundial de Clubes Campeões também conheciam a força do futebol do Palmeiras, no entanto, aqueles que passaram a achar que ficara fácil para o Vasco, que achavam que o Palmeiras iria se abater com a derrota, iriam se conscientizar mais à frente – dali a uns dias – de quanto estavam enganados.
Os dois maiores times do país, naquele início de década, iriam se enfrentar… e valendo uma vaga na final do primeiro Torneio Mundial de Clubes. Os brasileiros, que depois do mundial de seleções de 50, ficaram tão murchinhos em relação a futebol, começavam a soltar as amarras de seus corações… sem que eles mesmos notassem, estavam eufóricos agora… entusiasmadíssimos com a “nova Copa do Mundo”. Era esse mesmo o clima…
E seria um “prélio grandioso, envolvendo dois quadros categorizados, credenciados pelos títulos que ostentam. O Vasco, bi-campeão carioca e invicto na Copa Rio. O Palmeiras, Campeão Paulista. Herói do torneio Rio-São Paulo e agora com uma derrota no certame em que se acha empenhado” – Jornal dos Sports, 11/07/51 – a notícia não disse, mas o Palmeiras era também o bi-campeão da Taça Cidade de São Paulo. A disputa mexia com a paixão de todo um país… com a paixão de todos os torcedores do país… mexia com corações ainda machucados pelo que acontecera na Copa do Mundo…
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Seriam dois jogos entre as equipes, no que chamamos hoje em dia de “mata-mata”. O primeiro, no dia 11/07, às 21h00; o segundo, nos dias 14 e 15/07, às 15h00. Áustria e Juventus jogariam as suas partidas no Pacaembu para decidir uma das vagas à final – a segunda partida entre os dois seria no sábado (14/07). No entanto, as partidas semifinais que mais interessavam aos brasileiros seriam disputadas no Rio de Janeiro entre Vasco e Palmeiras, que jogariam a segunda partida no domingo (15/07). O Palmeiras até que tentara levar uma das partidas para São Paulo, mas não conseguira.
No entanto, para Juventus e Austria foi permitida a mudança de local de jogo na segunda partida entre eles. A notícia do jornal carioca dizia: “Juventus e Austria telegrafaram ao presidente Mario Pollo pleiteando realizarem, nesta capital, no sábado, o seu segundo encontro semifinal pela “Copa Rio”. A Comissão Diretora reuniu-se para tratar do assunto e após entendimentos pelo telefone com a Federação Paulista e com os dirigentes dos dois clubes interessados ficou assentado que Austria e Juventus jogarão hoje, em São Paulo, como estava determinado pela tabela. No sábado, porém, os dois clubes virão jogar aqui, no Maracanã, à tarde, encerrando a luta semi-final do Torneio dos Campeões”
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Esses dois jogos entre Palmeiras e Vasco se tornariam a maior de todas as disputas entre Rio e São Paulo (o Rio-São Paulo era, na época, o maior torneio do país)… um dos dois times estaria na final do Mundial dos Campeões. Um dos dois times iria tentar buscar para o Brasil o que ele ainda não tinha conseguido conquistar, e que lhe escapara no trágico 16 de Julho do ano anterior… um título de campeão mundial. Que responsabilidade…
A Copa Rio, contrariando os pessimistas de plantão (sempre tem uns desses, em qualquer época), já era um sucesso, técnico e financeiro. E as rendas, como se fossem as rendas de uma Copa Jules Rimet, já não deixavam nenhuma possibilidade de prejuízo. Os torcedores já tinham se dado conta de que estavam diante de grandes equipes do futebol mundial. O Juventus, reabilitando a Azzurra, tornava-se a grande atração dessa fase da Copa, era o que dizia a publicação do Jornal dos Sports de 11/07/51- Êxito da “Copa Rio”- Vitória do football brasileiro.
E, na coluna de Vasco Rocha, no jornal “O Globo Sportivo”, edição 00649 (1), de Julho de 1951 – onde um dos diretores era Roberto Marinho (ele ficaria bastante conhecido, anos depois, por ser o fundador e proprietário da Rede Globo) – falava-se também que os objetivos do “Torneio Mundial de clubes campeões” haviam sido alcançados, que a primeira fase do torneio oferecera ao público “espetáculos com muita semelhança daqueles de que foram pródigas as partidas da Copa do Mundo”.
E o Palmeiras chegava ao Rio de Janeiro para a semifinal, e chegava meio desacreditado aos olhos de muitos que davam como (quase) certa a vitória do Vasco e também a sua classificação à final. No entanto, nem todo mundo achava que o Palmeiras já era “carta fora do baralho”. Mario Julio Rodrigues, em sua coluna no Jornal dos Sports, avisava:
“Ontem chegou o Palmeiras. Aos olhos de muita gente com cara de concorrente desclassificado. Com cara de concorrente sem maiores pretensões. O Vasco, porém, que se precavenha, que entre em campo com a mesma energia com que tem entrado em todos os matches desta copa sensacional. O Palmeiras pode ter tido uma tarde negra, mas nem por isso deixa de se constituir em uma ameaça. Em uma grande ameaça, por sinal. Não foi por perder estrepitosamente para o Juventus que o Palmeiras deixou de ser uma grande equipe. Como não foi por ser goleado pelo Juventus que o Palmeiras deixou de ser o campeão paulista. O campeão paulista ou o campeão do Rio-São Paulo. Todos os magníficos “cracks” que lhe deram estas extraordinárias conquistas aí estão. E em plena forma. Nomes como Oberdan, Juvenal, Valdemar Fiume, Luiz Villa, Lima, Liminha e do fabuloso Jair dispensam qualquer comentário. O Palmeiras está na terra. E está na terra mais perigoso do que nunca. Porque nada como uma grande vitória para apagar uma grande derrota”. – RODRIGUES, Mario Julio – Êxito da “Copa Rio” – Uma vitória do futebol brasileiro – Jornal dos Sports, 11/07/51.
Em sua coluna, publicada no Jornal dos Sports do mesmo dia 11/07, Vargas Neto também fazia um alerta e, entre outras coisas, avisava: “Cuidado com o Palmeiras, que ele anda mal intencionado. (…) Se alguém duvidar do que eu digo, que vá ao Maracanã e veja como vai jogar o Palmeiras contra o Vasco.”
Sábias e proféticas palavras… Sabiam das coisas os dois. Não se pode subestimar nunca a força da camisa esmeraldina, a força dos que a vestem (ainda mais, quando seu elenco está recheado de craques, como era o caso no torneio mundial dos campeões)… não se pode subestimar aqueles que levam a paixão a campo… nós, palmeirenses, sabemos disso desde sempre, e, naquela época, os profissionais da imprensa já sabiam também.
Mas era semifinal do Mundial de Clubes Campeões… e não se falava em outra coisa no universo futebol. Aqui no Brasil a ansiedade era muita, e na Europa também. Fosse qual fosse o resultado nesses jogos, uma coisa era certa: um time brasileiro e um europeu decidiriam o primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões, e um deles conquistaria o cobiçadíssimo troféu, a “Copa Rio”. E quais seriam esses finalistas? Vasco ou Palmeiras? Áustria ou Juventus?
Os torcedores brasileiros estavam eufóricos, arriscavam palpites… Palmeiras e Vasco se mantinham confiantes, mas cada qual respeitando o adversário…
A imprensa foi ouvir os vascaínos a respeito do grande jogo. “O ambiente cruzmaltino, relatava o jornal, era magnífico. Os jogadores estavam bem dispostos e compenetrados da responsabilidade da missão”. Para o técnico Oto Glória, por exemplo, o Palmeiras em circunstância alguma deixou de ser aquele rival combativo e respeitável de sempre”. Oto Glória reconhecia que o Vasco atravessava um período favorável, mas ele sabia, e dizia, que para superar o campeão paulista seria necessário prosseguir na luta, com a mesma elevação de sempre. O Vasco não poderia vacilar porque, um tropeço, naquela altura do campeonato, atrapalharia a brilhante campanha do time carioca. Danilo, Jorge, Barbosa, Augusto, Dejair, Maneca e todos os demais vascaínos concordavam com ele. Todos reconheciam as qualidades técnicas excepcionais do Palmeiras e sabiam que não poderiam economizar energias. Os vascaínos queriam a vitória e a manutenção da invencibilidade na competição.
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No lado palmeirense, a disposição era a mesma e todos estavam confiantes, e dispostos a darem o máximo de si mesmos… além do talento, ficava claro que a paixão, a fibra palestrina, também entraria em campo. Liminha dizia: “O Vasco é um grande adversário, mas não há de faltar espírito de luta para a vitória”. Juvenal concordava, e acrescentava: “O Vasco é sempre o Vasco. Em qualquer circunstância é um grande adversário, vamos porém dar o máximo para uma completa reabilitação”. Rodrigues, confiante, afirmava : “Com boa vontade tudo há de chegar favorável às cores do Palmeiras”… Luiz Villa, o magnífico “pivot” argentino do time de Parque Antártica, era mais discreto em seu comentário e afirmava: “o footbal é no campo e não se ganha com conversas”.
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O Vasco queria manter a invencibilidade, o Palmeiras queria a reabilitação… e as duas equipes, igualmente, queriam, muito, a vaga na final do mundial… por isso, estavam todos empenhados em buscar a vitória…
Juventus e Austria também queriam muito a outra vaga na final… Mas o Juventus – que treinava no Parque Antártica – tinha uma baixa na equipe. Seu meia-esquerda, John Hansen, sofrera uma distensão no jogo contra o Palmeiras e estava afastado dos jogos do Torneio Mundial dos Campeões.
No dia 11 de Julho, às 21h00, e para a alegria dos muitos italianos que viviam em São Paulo, Juventus e Áustria se enfrentaram no Pacaembu pela primeira partida da semifinal. Segundo o Jornal dos Sports de 12/07/51, pág.1, […] “o público que compareceu ao Pacaembu teve a oportunidade de assistir a um espetáculo de excepcional brilhantismo no que diz respeito ao desempenho técnico dos quadros, durante o primeiro tempo e boa parte do período final”. […] “Se, por um lado, o Áustria tinha as suas linhas perfeitamente articuladas, com o excepcional e extraordinário centro médio Orcwick mandando o jogo, distribuindo e defendendo de forma precisa e eficiente, por outro, o Juventus mais vivo, mais rápido nas ações, mais decidido e disposto a proporcionar luta ao adversário”.
Por isso, o primeiro tempo foi mais ou menos equilibrado. O Áustria tinha melhor desempenho técnico, mas o Juventus se defendia muito bem e se utilizava de perigosos contra ataques. No primeiro tempo, aos 30′, após o lançamento de Aurednick, Koeller, com um chute forte, no canto esquerdo, abriu o placar para os austríacos; Muccinelli, com um chute indefensável, empatou aos 37′, mas Stojaspal colocou o Austria na frente outra vez aos 39′. Na segunda etapa, o Juventus voltou mais acertado e Praest empatou o jogo aos 4′. Aos 31′, Boniperti em boa jogada com Praest virou para o Juventus. No finalzinho, aos 44′, após falta cometida por Manente, o juiz marcou o pênalti para o Austria. E, então, aconteceu o que ninguém esperava…
Os jogadores italianos ficaram revoltados com a marcação e partiram pra cima do juiz brasileiro (o goleiro Viola chegou a dar um empurrão nele). E aí a confusão se instalou. Foi um custo para que os italianos deixassem o pênalti ser batido por Stojaspal. E depois da cobrança, bem sucedida, e do empate do Áustria no finalzinho de jogo, os italianos ficaram revoltados outra vez e cercaram o árbitro que por pouco não foi agredido (os austríacos se mantiveram afastados). Mas, então, aconteceu coisa pior… Viola e Muccinelli agrediram um sub-delegado de polícia e foram levados para a Polícia Central onde ficaram detidos. Depois de algumas horas na Polícia Central, das explicações dadas, e de muita tensão – o Juventus ameaçava até abandonar a “Copa Rio” (Jornal dos Sports, 12/07/51) -, eles acabariam sendo liberados. O empate do Áustria, que tirava a vitória, e a vantagem dos italianos na segunda partida, dificultando o caminho até a tão cobiçada vaga na final do mundial, havia tirado os italianos do sério.
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ÁUSTRIA (AUS) 3 X 3 JUVENTUS (ITA)
Áustria: Schweda; Oto Melchior e Josck; Fischer, Orcwick e Schleger; Ernst Melchior, Koeller, Huber, Ernst Stojaspal e Aurednick. Técnico: Heinrich “Wudi” Müller
Juventus: Giovanni Viola; Alberto Bertuccelli e Sergio Manente; Giacomo Mari, Carlo Parola e Piccinini; Ermes Muccinelli, Hansen, Giampiero Boniperti, Pasquale Vivolo e Karl Praest. Técnico: Jesse Carver
Árbitro: Alberto da Gama Malcher (Brasil)
Gols: Koeller (30′,1ºT), Stojaspal (39′,1ºT), Stojaspal (de pênalti, aos 42′, 2ºT) marcaram para o Áustria.
……….Muccinelli (37′,1ºT), Praest (4′,2ºT) e Boniperti (31′, 2ºT) marcaram para o Juventus
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No mesmo horário do jogo do Pacaembu, aconteceria o jogo que os brasileiros tanto esperavam. Palmeiras e Vasco se enfrentariam no Maracanã… os dois melhores times do país naquele ano de 1951… Uma expectativa imensa. O Vasco, a base da seleção, considerado favorito por muita gente, jogando em seus domínios, certamente estava mais tranquilo. O Palmeiras, que vinha de um resultado ruim, quando já estava classificado no grupo (jogara sem três de seus titulares), e passara a ser desacreditado quanto às chances de conquistar a vaga, tinha uma responsabilidade muito grande agora e a pressão estava com ele. Mas quem é Palmeiras sabe… a força da camisa esmeraldina e da gente que se veste com ela é inesgotável. E sem contar que o time do Palmeiras era bom demais – pelo Rio-São Paulo, um pouco antes do Torneio Mundial começar, o Palmeiras, que acabaria sendo o campeão na ocasião, tinha batido o mesmo Vasco naquele mesmo Maracanã. E tendo ganhado os últimos quatro torneios que disputara, o time da camisa esmeralda, nesse mundial, ia em busca da sua quinta coroa.
E o Alviverde Imponente, tão imponente quanto a ocasião exigiu, cheio de talento e paixão, surpreendeu a todos os que duvidavam dele e bateu o Vasco da Gama… em pleno Maracanã. 2 x 1. E com o agravante de ter tido duas perdas importantíssimas na partida, de ter precisado substituir Valdemar Fiume, que se lesionara, antes mesmo dos 20′ do primeiro tempo, e de ter ficado sem Aquiles, em boa parte da segunda etapa, porque, depois de um choque com o goleiro Barbosa, uns minutos depois do gol de empate do Vasco, ele se lesionara gravemente e saíra de campo carregado.
O Vasco teve mais força ofensiva, no entanto, as suas investidas foram desorientadas, a maioria dos seus ataques não levaram real perigo ao gol de Fabio, e o Palmeiras, com ataques mais precisos, seguro na defesa, soube se impor no jogo. “O Palmeiras atacava pouco, porém era absolutamente mais objetivo. Cada ataque tinha a noção exata do perigo. Isto porque a defesa do Vasco não exibia a segurança habitual”… “Salvador lutador e incansável, Juvenal, mais clássico. Absolutamente mais consciencioso. Nunca abandonou a área”… “Magnífica a intermediária paulista, cabendo a Luiz Villa os méritos do principal valor”… “O arqueiro Fábio, não fosse o tento de Friaça, teria uma classificação excepcional”… “Dema reafirmou seu valor liquidando Tesourinha”… “dos pés de Jair partiram as jogadas mais perigosas”… “Rodrigues, embora pouco empenhado, deu grande trabalho à defensiva cruzmaltina”… (Jornal dos Sports, 12/07/51 pág.6 – PALMEIRAS, 2 X 1).
O Palmeiras abriu o placar no Maracanã aos 24′ do primeiro tempo. Jair passou por Danilo e recebeu a falta de Eli, o próprio Jair cobrou a falta e tocou para Richard, o centroavante invadiu a área e chutou, abrindo o placar para o Palmeiras. No segundo tempo, aos 40s, ataque do Vasco, posse de bola com Maneca que chutou muito forte, no ângulo. Fabio tentou defender, largou a bola, ela bateu na trave e entrou. Partida empatada. Aos 37′, Jair, de novo cobrando uma falta (os vascaínos fizeram muitas), acionou Liminha. O veloz jogador palmeirense avançou e, com um belo chute, que foi parar no fundo das redes de Barbosa, deu a sensacional vitória ao Palmeiras.
O Palmeiras venceu, estava muito feliz, mas uma sombra de tristeza e preocupação muito grande pairava sobre todos os palmeirenses. Além de Valdemar Fiume ter saído lesionado no primeiro tempo, uns minutos após o empate do Vasco, e depois de um choque com o goleiro Barbosa, o Palmeiras ganhara mais um, e muito sério, desfalque. Aquiles saíra de campo seriamente contundido, e carregado – mais tarde seria confirmado que o jovem jogador do Palmeiras fraturara a tíbia (ele ficaria meses sem jogar). A família palmeirense ficou consternada.
O Vasco saiu reclamando de um impedimento de Richard no primeiro gol, o Palmeiras saiu reclamando da expulsão de Maneca que foi reconsiderada pelo juiz – ele expulsou o jogador do Vasco e, depois de uma conversa com Augusto, do time carioca, ele reconsiderou e voltou atrás…
O Palmeiras tinha ido ao Rio buscar a vaga e já saíra da primeira partida em vantagem. E tinha feito por merecer. A matéria do (carioca) Jornal dos Sports, do dia 12/07, diria que o Vasco não esteve bem na partida, […] “produzindo pouco e com o agravante de procurar o jogo pesado nos momentos em que o adversário mostrava-se mais inspirado. Talvez enervados pela marcação severa da retaguarda palmeirense, os cruzmaltinos perderam inteiramente o controle”… “Tesourinha, inteiramente anulado por Dema, Friaça deixando-se dominar por Juvenal”… “Alfredo preocupou-se muito com a violência e deixou de ser o médio sereno e hábil dos outros prélios”… “O Palmeiras ganhou com mérito. Foi mais quadro. Defendeu-se melhor. E teve a grande habilidade de se aproveitar das falhas do adversário para ganhar com justiça”… “o onze do Palmeiras soube impor o seu valor, não se perturbando nunca com o maior volume ofensivo (do Vasco). Foi mais objetivo o conjunto palmeirense e daí a explicação lógica para a sensacional vitória colhida na noite de ontem”.
PALMEIRAS 2 X 1 VASCO DA GAMA
Palmeiras: Fábio; Salvador e Juvenal; Valdemar Fiume, Luiz Villa e Dema; Liminha, Aquiles, Richard, Jair e Rodrigues. Técnico: Ventura Cambon.
Vasco da Gama: Barbosa; Augusto e Clarel; Eli, Danilo e Alfredo; Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca e Dejair. Técnico: Oto Glória
Árbitro: Mr. Craig (Inglaterra)
Renda: CR$ 901.520,00
Gols: Richard (24′, 1ºT), Maneca (40s, 2ºT) e Liminha (37′, 2ºT)
O Palmeiras saía na frente na disputa da vaga, ficava mais perto da final do mundial, mas os torcedores vascaínos não se davam por vencidos e continuavam confiando que o Vasco daria o troco ao Palmeiras no segundo jogo e que seria ele, Vasco da Gama, a ficar com a vaga na final…
Meu pai, à essa altura dos acontecimentos, certamente já deveria estar se preparando, com os amigos, para ir ao Rio de Janeiro ver a decisão do Mundial de Clubes… se o sangue que corre em minhas veias não me engana, ele tinha certeza que o Palmeiras estaria lá…
Faltava uma partida… faltava um empate ao Palmeiras… a vaga na final do primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões estava ali, pertinho, quase ao alcance de verdes mãos… mas não seria fácil. O Vasco, que agora teria que vencer de qualquer maneira – era a sua única chance de classificação, tinha um timaço também e certamente ia querer descontar o prejuízo. Faltavam só quatro dias para o próximo jogo, mas os corações brasileiros já batiam em ritmo de uma épica final…