“Ousadia tem genialidade, poder e magia” – Johann Goethe
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Semifinal da Libertadores… jogo contra o Boca, na Argentina… Parada dura… ainda mais depois de termos ido jogar lá, na Fase de Grupos, e, atacando o jogo inteiro, enfiado 2 x 0 nos hermanos (um placar que, em Libertadores, só o Independiente tinha conseguido fazer em La Bombonera, em 1967).

Confesso que não gostei quando vi a escalação do nosso time sem um meia. E já imaginei que Felipão não estava muito focado em atacar e, muito provavelmente, jogaria  pelo empate – sair de lá com um empate não seria nada ruim, mas jogar pelo empate nem sempre dá certo.

No entanto, a princípio, era uma boa tática se defender, não tomar gol, não deixar o Boca se impor em seus domínios… e na maior parte do tempo, o Palmeiras foi impecável em seus propósitos. No entanto, ainda que o adversário não fosse um time tão qualificado, ele ainda era o Boca, copeiro, e jogava em sua casa.  Por isso mesmo, porque ele não era tão qualificado, não era um time difícil de ser batido, e porque ele é “macaco velho” em Libertadores, não podíamos passar o jogo inteiro só na retranca e no chutão, não é? E passamos. E saímos de lá com uma derrota amarga, doída, saímos de lá com 0 x 2. Penso que tínhamos que ter sido mais ousados, ter atacado, oferecido perigo ao Boca, tínhamos que ter tido em campo alguém pra criar as jogadas – e os nossos meias todos no banco…

Um ataque com Dudu, Borja e Willian deveria ser motivo de preocupação para o adversário, mas, com os jogadores do Boca fazendo de tudo para impedir que os palmeirenses conseguissem trocar dois passes, impedindo – com muitas faltas também – com marcação cerrada que nossos atacantes pudessem fazer o que sabiam – Dudu, e não só ele, tinha sempre vários jogadores à sua volta -, era evidente que teríamos dificuldade, e ficou evidente também, pelos muitos chutões que o Palmeiras deu, que faltou alguém ali para auxiliar os atacantes, para achar espaços,  faltou Felipão ter reajustado a forma do time jogar.

………………..Resultado de imagem para Boca Juniors 2 x 0 Palmeiras

Mas é justo que se diga que o Palmeiras estava bem, que conseguiu controlar o jogo quase todo, conseguiu controlar os nervos (os argentinos catimbavam como nunca) e conseguiu impedir, por mais de 80 minutos, que o Boca levasse perigo ao nosso gol – na zaga, Gustavo Gomez foi muito bem. O Palmeiras, apesar de não criar quase nada,  de pecar pela falta de ousadia, não deixou mesmo que o Boca jogasse durante todo o primeiro tempo e em boa parte do segundo. Jogando sério e fazendo o velho “bola pro mato, que o jogo é de campeonato”, desarmava/destruía as tentativas argentinas – Felipe Melo fez uma grande partida, comandou as ações no meio de campo, por outro lado, Moisés estava numa noite bem ruim e só Felipão não percebia. Era nítida a falta de um meia no time, a falta de Lucas Lima… Só que Felipão, quando fez a primeira substituição, no segundo tempo, ao invés de colocar o Lucas Lima (o futebol do Palmeiras gritava por ele),  trocou Borja por Deyverson… que mal pegou na bola.

E quando parecia que íamos conseguir sair de lá com um empate… a coisa desandou. Aos 38′ do segundo tempo, logo depois de Weverton ter feito uma defesa milagrosa e mandado a bola pra fora, Benedetto, que tinha entrado no jogo aos 31′, aproveitou a cobrança de escanteio e a falha na nossa marcação e abriu o placar.

Moisés  marcava Benedetto, e não foi na jogada, não subiu, não disputou a bola com ele. Felipe Melo, que marcava um outro jogador, antevendo que a bola passaria, até tentou ir cabecear com o atacante adversário, mas já não dava, o “Maledetto”, com todo o espaço do mundo, subiu sozinho, na cara do Weverton e mandou pro gol. Mérito do argentino, mas também muita desatenção do Palmeiras…

………………..Resultado de imagem para Boca Juniors 2 x 0 Palmeiras

Em desvantagem no placar, Felipão tirou Bruno Henrique e colocou Thiago Santos (não entendi a substituição. Ele queria segurar o 0 x 1?)… e o Lucas Lima, que já deveria ter entrado jogando desde o primeiro minuto (na fase de grupos ele tinha “deitado” lá na Argentina), continuava no banco… Ah, Felipão…

E para nosso infortúnio, a bruxa estava mesmo solta… Aos 42′, o maledetto do Benedetto (que estava há um ano sem marcar) recebeu um passe, deu um drible no Luan (que deveria ter parado ele na botinada se fosse preciso) e, com um chute colocado, de fora da área, daqueles que o cara só acerta em ano bissexto, com Lua cheia e o Sol em Leão, fez o segundo do Boca. E o Felipão, só então, aos 48′, resolveu sacar Moisés, que deveria ter sido substituído ainda no primeiro tempo, e colocar Lucas Lima no jogo. Mas aí adiantaria em quê?

Até os 83′ de jogo estava tudo tão certo com/para o Palmeiras… e, de repente, em quatro minutos, caiu a casa de uma vez… 83 minutos de uma defesa impecável… Mas o que vale mesmo é bola na rede. E eles, infelizmente, colocaram duas na nossa e não colocamos nenhuma na deles. Pagamos pela falta de ousadia (do nosso técnico) de não irmos para cima de um adversário que poderia sim ter sido batido. Quem não “agride” o adversário, quem não o ataca, acaba sendo sendo atacado por ele.

Ficamos bem chateados, ficamos frustrados com o preocupante resultado… mas esse jogo já acabou, essa página já virou… e a sensação de derrota também.  Semana que vem tem mais noventa minutos, tem o “segundo tempo” dessa semifinal que estamos perdendo por 2 x 0. As possibilidades estão todas abertas ainda…

É difícil? Sim, é.  Mas não é impossível. Sabemos muito bem que os argentinos são catimbeiros, e imagina no próximo jogo? Já vão vir caindo e simulando faltas e agressões ainda no avião. Mas o Palmeiras tem  time para reverter isso, tem técnico… e tem uma torcida maravilhosa.

Teríamos que não ser torcedores para não acreditarmos em nosso time… teríamos que não ser palmeirenses para não termos a certeza absoluta de que o jogo só termina quando o juiz apita, para não conhecermos, não trazermos marcadas no coração e na alma as muitas situações, quase impossíveis de serem mudadas, que o Palmeiras já reverteu em sua história…

Teríamos que esquecer as apendicites, sequestros,  as expulsões mandrakes, o gol de Valdivia na noite de frio e chuva de Barueri… o gol de Betinho em Curitiba… o gol de Fabiano, as viradas de jogo nos minutos finais, o gol de Mina no apito final, as cobranças de pênaltis que nos impediram de respirar por minutos… os 4 x 0 nos gambás, na final de 93, depois da derrota na primeira partida… o golaço inacreditável de Cleiton Xavier nas redes do Colo Colo… as defesas sensacionais de nossos goleiros, que a gente mesmo achava impossíveis de serem feitas… os 5 X 1 diante do Grêmio… o chute pra fora de Zapatta… Marcos defendendo o pênalti do farsante… aquele gol de Galeano… a mudança de nome do clube para defender seu patrimônio e o campeonato por conquistar… a derrota amarga diante do Juventus(ITA) que nos serviu de impulso para a conquista do primeiro Mundial de clubes…  os gols de Euller nos instantes finais do jogo contra o Vasco…

Teríamos que esquecer a épica Copa do Brasil 2015, ainda tão recente,  e todos os percalços que tivemos nesse torneio, todos os “xiii, agora ferrou” que superamos… teríamos que esquecer o campeonato decidido nos pés (nas mãos também) de nosso goleiro, campeonato conquistado  com um gol de Fernando Prass… e com a voz e a força da Que Canta e Vibra…

Para não acreditarmos, teríamos que esquecer que somos Palmeiras… e isso é impossível… é mais fácil esquecermos de respirar, é mais fácil nosso coração esquecer de bater…

Agora é em nossa casa. Faltam 90 minutos. Que venham os “maledettos”…  A força de vinte milhões de palmeirenses estará com o Palmeiras em campo.

É HORA DE LUTAR, VERDÃO, DE LUTAR MUITO!! E VAMOS BUSCAR ESSA P%RRA!!

 

 

VII – OLHA O MUNDIAL DE CLUBES AÍ, GENTE

A dignidade não consiste em possuir honrarias, mas em merecê-las”- Aristóteles
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O Mundial ia começar… a hora finalmente chegara… a maior disputa entre clubes do mundo, entre campeões de vários países da América do Sul e Europa. Os brasileiros ansiavam por ela, e ansiavam também por ver os craques estrangeiros em campo. E os participantes estavam prontos.

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Na Itália, o Torneio dos Campeões era notícia também… No dia da rodada de abertura do torneio, o jornal “Corriere dello Sport” falava da “grande manifestazione calcistica” del “TORNEIO DEI CAMPIONI”.

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A estreia do Palmeiras, campeão paulista de 1950, campeão do Rio-São Paulo de 1951, seria contra o Olympique Nice (FRA), no Pacaembu, pela rodada de abertura do Torneio Mundial de Clubes Campeões. No Maracanã, jogariam Áustria (AUS) e Nacional (URU). E o jornal falava da “sensacional abertura do Torneio dos Campeões”.

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Era 30 de Junho, um sábado. Maracanã e Pacaembu seriam os palcos por onde desfilariam os artistas da bola do mundial interclubes. Os jogos da primeira rodada seriam às 15h00… e quase 40 mil pessoas (28.700 pagantes – não pagantes sempre eram milhares e, na maioria das vezes, ultrapassavam a casa de dez mil pessoas) foram ao Pacaembu naquela tarde  para assistir Palmeiras (BRA) x Nice (FRA).

O Nice, como o campeão francês era chamado, era apresentado pelo jornalista Tomaz Mazzoni como “[…] um conjunto dos mais harmoniosos, com uma sólida defesa e uma vanguarda bem ajustada, requisitos indispensáveis a uma boa equipe” – MAZZONI, Tomaz. Apresenta-se o Palmeiras na “Copa Rio”. Jornal dos Sports, 30 de junho de 1951, pág. 3.

E, uns dias antes, na chegada do Nice, o presidente da comitiva, Sr. Sattegna, já tinha declarado: “Viemos, acima de tudo, estreitar os laços de amizade que unem brasileiros e franceses. Não temos grandes pretensões. O nosso principal objetivo é competir e fazer aquilo que nos for possível dentro das nossas condições técnicas. Na França, e no mundo inteiro, ninguém tem dúvidas da alta categoria do football brasileiro. E por isso mesmo que, pra mim, o Palmeiras e o Vasco são os favoritos desse desfile de quadros mundiais. […] Não quero dizer que vamos ser facilmente esmagados. Também não há de ser fácil. Mas de qualquer maneira, as nossas possibilidades com Palmeiras e Vasco são reduzidas”. Jornal dos Sports, 26 de Junho, de 1951, p.6 – Desfilam impressões os franceses.

O Nice tinha uma sólida defesa… O presidente da comitiva francesa deixava claro que Palmeiras e Vasco eram por eles considerados favoritos… Deve ter sido por essas duas coisas, e pelo nervosismo também (disputar o primeiro mundial de clubes era uma responsabilidade enorme), que o primeiro tempo ficou no 0 x 0 (para o Palmeiras ainda tinha o adicional de o torneio mundial ser um ano após o “Maracanazzo”). O técnico francês, temendo o bom futebol dos brasileiros, preferiu armar uma retranca daquelas, que o Palmeiras só conseguiu furar na segunda etapa.

E naquela tarde de “Brasil x França”, no Grupo B, chave de São Paulo, tarde de estreia brasileira no Mundial de Clubes, exatamente aos 8 min do segundo tempo, o Palmeiras quebrava o ferrolho francês… Aquiles sofreu pênalti de Firoud, ele mesmo cobrou e colocou o Palmeiras à frente no placar. Três minutinhos depois, aos 11′, o craque Jair da Rosa Pinto fez uma jogada espetacular e tocou para Ponce de Leon completar e aumentar a vantagem do Palmeiras. Os palestrinos faziam o Pacaembu vibrar. E, aos 30′, Richard, dando números finais à partida, marcou o terceiro do Palmeiras. A bola ainda tocou em Gonzales antes de entrar.

Fatura liquidada. Para alegria dos palmeirenses, e dos demais torcedores do país, era a primeira vitória brasileira no Mundial de Clubes Campeões… a primeira vitória do time do Verdão. Très bien, Palmeiras! E o sangue, que um dia correria em minhas veias, já começava a receber as primeiras colorações de uma alegria do tamanho do mundo…

PALMEIRAS 3 x 0 NICE (FRA)
Palmeiras
: Oberdan; Salvador e Juvenal; Waldemar Fiume, Luiz Villa e Dema; Lima, Aquiles (Richard), Ponce de León, Jair Rosa Pinto (Rodrigues) e Canhotinho. Técnico: Ventura Cambon.
Nice-FRA: Robert Germani; Serge Pedin e Mohamed Firoud; Jean Belver, Cesar Gonzalez e Rossi Leon; Bonifaci Antoine,  Bengtsson Per, Yeso Amalfi, Désir Carrè e Hjalmars Ake. Técnico: Numa Andoire
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: 
Franz Grill (Áustria)
Gols:  Aquiles (8′, 2ºT), Ponce de Leon (11′, 2ºT), Richard (30′, 2ºT)
Nenhuma ocorrência com cartão vermelho (ainda não existiam os cartões amarelos)
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No Maracanã, pelo Grupo A, na chave do Rio de Janeiro, diante de um público de 27.463 (18.429 pagantes – Renda CR$ 552.220,00), o Áustria Viena (AUS), numa partida primorosa goleou o Nacional (URU) por 4 x 0.

ÁUSTRIA VIENA(AUS) 4 X 0 NACIONAL (URU)
Áustria:
 Sweis, Melchior II, e Kowanz, Fischer, Ocwirk e Sukach, Melchior I, Koller, Huber (Higgers), Stojaspal e Aurednik.  Técnico: Heinrich “Wudi” Müller.
Nacional:  Penalva, Santamaría e Duran, Suarez (Cruz), Washington e Cajiga, Sovelio (Rutelli), Javier Ambrois, Tiger, J. Garcia (Julio Perez) e Orlandi. Técnico: Henrique Fernandez
Estádio Municipal do Rio de Janeiro, Maracanã – RJ
Árbitro
: Powers (Inglaterra)
Gols: Lukas Aurednik (22′, 1º T e 27′, 1º T), Ernst Stojaspal (8′, 2º T e 40′, 2º T)

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No domingo, na continuação da primeira rodada, o Vasco, base da seleção brasileira de 50 e um grande favorito ao título, estrearia na competição enfrentando o Sporting (POR) no Maracanã; no Pacaembu, o confronto seria entre Estrela Vermelha (IUG) e Juventus (ITA).

E foi nesse mesmo domingo, 1º de Julho, que o presidente em exercício da CBD, Mario Pollo, enviou uma nota de agradecimento ao jornalista Mario Filho, o idealizador do torneio:

Ilmo Sr. Mario Rodrigues Filho – No momento em que se inicia o Torneio Internacional de Clubes Campeões, a Confederação Brasileira de Desportos presta ao grande jornalista-esportista a homenagem merecida por ter sido o inspirado idealizador do certame, cujas proporções atingirão o prestígio e o renome do football brasileiro, no concerto mundial das nações. Em futura oportunidade esta Confederação se sentirá muito feliz em reafirmar o justo preito que agora lhe leva. Manifestando, pois, os sentimentos da instituição representativa do football brasileiro, agradeço também a colaboração constante, eficiente, ampla e entusiasta que o jornal sob sua direção vem dando ao êxito do Torneio. Com os protestos de minha particular estima e do meu elevado apreço. Dr. Mario Pollo – Presidente em exercício

A C.B.D. agradece a Mario Filho o idealizador do “Torneio dos Campeões”. Jornal dos Sports, 1 de julho de 1951, pág. 3.

À tarde,  o Vasco fez, então, a sua tão esperada estreia no Maracanã… cheio de gente.  Diante de 91.438 pessoas (79.712 pagantes – renda: CR$ 2.964.000,00) o outro representante do Brasil goleou o Sporting (POR),  por 5 x 1. Friaça, aos 9′ do primeiro tempo, abriu o placar para o Vasco, Tesourinha, aos 41′, fez o segundo. Na segunda etapa, no primeiro minuto, Ipojucan marcou o terceiro do Vasco;  Patalino, aos 33′, diminuiu para o Sporting; Ipojucan, aos 38′, e Dejayr, aos 45 deram números finais à partida. Uma grande vitória do Vasco diante dos campeões portugueses. E essa vitória, com goleada, deixou os brasileiros mais confiantes ainda nas possibilidades do time brasileiro.

VASCO DA GAMA 5 X 1 SPORTING (POR)
Vasco da Gama
: Barbosa, Augusto (Laerte), Clarel, Ely, Danilo, Alfredo II, Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca e Dejayr. Técnico: Oto Glória.
Sporting: Azevedo, Serafim (Belenenses), Passos, Juvenal, Canário, Juca (Veríssimo), Jesus Correia (Patalino, “o Elvas), Vasques, Ben David (Atlético), Travassos e Albano. Técnico: Randolph Galloway
Estádio Municipal do Rio de Janeiro-RJ
Árbitro
: Gabriel Tordjan (França)
GOLS – Friaça (9′, 1ºT), Tesourinha (41′, 1ºT), Ipojucan (1′,  2ºT), Ipojucan (38′ 2ºT) e Dejayr (45′ 2ºT) marcaram para o Vasco;  Patalino, “O Elvas” (33′, 2º T) marcou para o Sporting.
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Pelo Grupo de São Paulo, nesse mesmo domingo, jogaram Juventus (ITA) e  Estrela Vermelha (IUG) – não há a informação sobre o público, a renda foi de CR$ 874.965,00. Com tantos jogadores da seleção italiana no Juventus e da seleção iugoslava no Estrela Vermelha, a partida foi quase um ITA x IUG,  e o time italiano venceu os iugoslavos por 3 x 2. Tomazevich abriu o placar, aos 17′, para o Estrela Vermelha, Boniperti marcou duas vezes, empatando aos 25′ e virando o jogo aos 42′. Na segunda etapa, Mitic deixou tudo igual, em 2 x 2. Aos 40′, Praest fez o terceiro e deu a vitória ao Juventus.

JUVENTUS (ITA) 3 x 2 ESTRELA VERMELHA (IUG)
Juventus: Viola, Bertucelli, Marente, Mari, Parola, Piccinini, Muccinelli, John Hansen, Bonipert, Karl Hansen e Praest. Técnico: Jesse Craver
Estrela Vermelha: Lovric, Stankovich, Ditich, Palbi, Djurjevich, Djajich, Ogujanov, Mitic, Tomazevich, Ilakovitch (Zlatkovich), Vukosaljevich (Jezervich). Técnico: Lubisa Brocci
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Alberto da Gama Malcher (Brasil)
Gols
: Boniperti (25′, 1ºT), Boniperti (42′, 1ºT) e Karl Hansen (40′, 2ºT) marcaram para o Juventus
……….Tomazevich (17′, 1ºT) e   Mitic (15′, 2ºT) marcaram para o Estrela Vermelha

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A segunda rodada teve duas partidas no dia 3 de Julho. Pelo Grupo A, o grupo do Rio de Janeiro, Sporting (POR) e Nacional (URU) jogaram no Maracanã, às 21h00. Aproximadamente 30 mil pessoas (21.642 pagantes – renda de CR$ 387.840,00)  assistiram à vitória do Nacional sobre o Sporting, por 3 x 2. Com essa vitória, conseguida no finalzinho de jogo, os uruguaios entravam na briga pela classificação.

NACIONAL (URU) 3 X 2 SPORTING (POR)
Nacional
: Penalva, Santamaria e Duran (Holley), Suarez, Washington Gomez, Vargin, Rosselo, Julio Perez (Javier Ambrois), Gimenez, Bermudez e Ramires. Técnico: Henrique Fernandez
Sporting: Azevedo, Serafim e Juvenal, Canário, Passos e Juca (Veríssimo), Jesus Correia, Vasquez, Patalino (Bem David), Travassos e Albano. Técnico: Randolph Galloway
Estádio Municipal do Rio de Janeiro – RJ
Árbitro: 
Galvatti (ITA)
Gols: Bermudez (12′,1ºT), Ramirez (30′, 2ºT), Javier Ambrois (43′, 2ºT) marcaram para o Nacional
……….Patalino (10′,1ºT), Jesus Correia (15′, 1ºT) marcaram para o Sporting

Disse a imprensa da época que foi um grande jogo. Jogo nervoso, extremamente viril, com expulsões, mas de muita luta e entusiasmo, e que o Sporting merecia ter empatado (depois da final da Copa, a torcida brasileira, claro, era praticamente toda para os portugueses, e muitos torcedores vaiaram os uruguaios durante a partida). Para se ter uma ideia, Julio Perez, jogador do Nacional, precisou ser substituído por causa do nervosismo excessivo. Nervosismo, que o próprio técnico afirmou ser o retrato do time em campo.

No dia seguinte, no jornal, além das informações sobre a tristeza que se abateu sobre a equipe do Sporting (POR) com a derrota para os uruguaios, no finalzinho de jogo (também, no final da partida, o português Bem David perdeu duas chances, na cara do gol), e sobre a declaração do jogador Azevedo, de que “nunca sentira tanto uma derrota”, havia também um relato emocionante sobre os vestiários uruguaios pós jogo. Relato que mostrava bem a importância do torneio mundial para clubes e jogadores:

“A entrada dos uruguaios no vestiário ofereceu uma nota emocionante. Lá se encontrava Julio Perez, que havia se retirado de campo devido ao seu intenso nervosismo, num momento, aliás, crítico para o seu bando. Isolado entre as paredes do vestiário, Julio Perez, o bravo e incansável artífice dos ataques do Nacional não soube exatamente o instante em que findara o “match”. Súbito, abrem-se bruscamente as portas e entram os companheiros, em tremenda algazarra, anunciando a vitória! Vitória em que Perez, a rigor, já descria… Encontramos o crack uruguaio em tremenda crise de nervos, que a emoção do triunfo e a festa dos companheiros lhe causaram:

– Julito! Julito!

Perez, no auge do entusiasmo, chorava de tanto contentamento. Tinha os olhos congestionados e o rosto umedecido de lágrimas. Os rapazes do Nacional, para evitar a insistência dos fotógrafos, cobriram Julio Perez com uma grande toalha. E lá, coberto e rodeado sempre pelos “players”, ficou sentado no banco, refugiou-se por fim nos chuveiros, até que desaparecessem os derradeiros vestígios, nos olhos vermelhos e na voz rouca,  das suas lágrimas e dos seus soluços… Refeito da violenta crise, Julio Perez, cordialmente, falou aos repórteres. Fôra uma partida duríssima, onde prevalecera mais a fibra. Confessou que jamais experimentara emoção como aquela: a vitória e as circunstâncias em que a conheceu…”
Jornal “Última Hora”, de 04 de Julho, de 1951, p.9. “Sob forte emoção, que o pôs fóra de jogo, Julio Perez chorou com a vitória.

A emoção e a vontade de vencer eram muito grandes no primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões…
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Pelo Grupo B, o grupo de São Paulo, no Pacaembu, também às 21h00, jogaram Juventus (ITA) x Nice (FRA).  Não há registro do número de pessoas que assistiram à partida, só o da renda que foi de CR$ 200.995,00. O Juventus venceu o Nice por 3 x 2. Pasquale Vivolo abriu o placar para os italianos aos 11′ do primeiro tempo. Jean Courteaux empatou para os franceses aos 20′. Karl Praest colocou o Juventus em vantagem aos 35′. Na segunda etapa, Courteaux empatou de novo para o Nice, aos 15′. Aos 32′, Muccinelli marcou o terceiro e deu a vitória ao Juventus. Mas o Nice jogou bem e perdeu duas grandes chances com Ieso e uma com Ben Tifour, que, sozinho diante do gol, chutou por cima e muito alto. O Nice também reclamou da arbitragem. O auxiliar marcara “off-side” na jogada que resultou no primeiro gol do Juventus, mas o árbitro, confiando em sua própria percepção, validou o gol. Com duas vitórias, o time italiano ficava com uma das duas vagas do Grupo de São Paulo para as semifinais.

JUV (ITA) 3 x 2 NICE (FRA)
Juventus
: Viola, Bertucelli, Manente, Mari, Parola, Piccinini, Mucinelli, Karl Hansen, Pasquale Vivole, John Hansen e Karl Aage Praest. Técnico: Jesse Craver
Nice: Robert Germani; Serge Pedin e Mohamed Firoud; Jean Belver, Cesar Gonzalez e Rossi Leon; Jean Courteaux, Bonifaci Antoine (Ieso),  Désir Carre, Hjalmars Ake e Bentifur. Técnico: Numa Andoire
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Franz Grill (Áustria)
Gols: Pasquale Vivole (11′, 1ºT), Praest (35 ‘, 1ºT), Muccinelli (32’, 2ºT) marcaram para o Juventus
………Jean Courteaux (20′, 1ºT e aos 15′, 2ºT) marcou para o Nice.

 

Ainda pela segunda rodada, no dia 4 de Julho, o Vasco enfrentaria o Áustria, mas devido ao frio e mau tempo, a partida foi remarcada para o dia seguinte. E se já havia grande interesse no jogo por parte dos torcedores, as 24 horas extras de espera aumentaram esse interesse ainda mais.

As duas equipes vinham de goleadas aplicadas em seus adversários anteriores. Mais de 100 mil pessoas  (93.833 pagantes – renda: CR$ 2.615.000,00) assistiram à partida. E o Vasco, sem Ademir (ele não se recuperaria a tempo de disputar o torneio mundial) venceu o Áustria por 5 x 1. Mas foi o austríaco Melchior I, cobrindo o goleiro Barbosa, quem abriu o placar no Maracanã, aos 10′. Aos 15′, Friaça empatou a partida, aos 21′, o mesmo Friaça virou o jogo, colocando o Vasco à frente no marcador. Ainda no primeiro tempo, Tesourinha fez o terceiro dos brasileiros. Na segunda etapa, Friaça aos 18′ e aos 39′ assinou a goleada brasileira e colocou o Vasco na semifinal.

VASCO 5 X 1 ÁUSTRIA (AUS)
Vasco:
 Barbosa; Laerte e Clarel; Eli, Danilo e Alfredo; Tesoura (Noca), Ipojucan, Friaça, Maneca (Tesoura) e Djair. Técnico: Oto Glória
Áustria: Schweda (Plovs); Melchior II e Kowanz; Fischer, Ocwirck e Jocksen; Melchior I, Koller (Kominac), Huber, Stoyassat e Aurednick. Técnico: Heinrich “Wudi” Müller.
Estádio Municipal do Rio de Janeiro – Maracanã
Árbitro: Mr. Power (ING)
Gols: Melchior I (10′, 1ºT) ; Friaça (15′  e 21′, 1ºT); Tesourinha (1ºT),  Friaça  (18′  e 39′, 2ºT)
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Completando a segunda rodada, com jogo remarcado para o dia 5 também, o Pacaembu recebeu Palmeiras x Estrela Vermelha (IUG). A previsão era a de uma noite muito fria em terras paulistanas. Liminha e Rodrigues estavam escalados.

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O Alviverde Imponente ia em busca da sua segunda vitória e da classificação no grupo. E o Palmeiras venceu os iugoslavos por 2 x 1, mas levou um susto quando Ongjanov abriu o placar para o Estrela Vermelha, aos 8′ do primeiro tempo. Aquiles empatou o jogo aos 30′. Na segunda etapa, aos 35′, Liminha, que tivera problemas de gastrite e se recuperara para a partida, marcou o  segundo e selou a classificação do Palmeiras. A nota preocupante foi Jair, machucado, ter que ser substituído antes do término do jogo. E justo ele, que vinha ganhando destaque no campeonato.

PALMEIRAS 2 X 1 ESTRELA VERMELHA (IUG)
Palmeiras
: Oberdan; Salvador e Juvenal; Waldemar Fiúme, Luiz Villa e Dema; Lima, Aquiles, Liminha, Jair Rosa Pinto e Canhotinho (Rodrigues). Técnico: Ventura Cambon.
Estrela Vermelha: Krivokuca Srboljuc; Tadic e Stankovi Branko; Palfi Bena, Duratinec e M. Disuic; Ognjanov, Mitic Raiko, Tomasevic Kosta, Djajic Predrag e Vukosavljevic Bane. Técnico: Lubisa Brocci.
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Gabriel Tordjan (França)
Gols: Ongjanov (8’ do 1ºT), Aquiles (30’ do 1ºT) e Liminha (35’ do 2ºT)

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A terceira e última rodada da fase de grupos seria disputada nos dias 07 e 08 daquele Julho de tantas e imensas emoções…
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No Maracanã, no dia 07, se enfrentaram Sporting (POR) x Áustria (AUS). Não há registro do número de pessoas que assistiram à partida, só o da renda que foi de CR$ 339.895,00. A segunda vaga no grupo ainda estava disponível. Áustria, Nacional e até mesmo o Sporting, dependendo de uma combinação de resultados, tinham chances de ir para a semifinal. Por isso as partidas eram importantes. E o Áustria venceu o Sporting por 2 x 1.

SPORTING (POR) 1 X 2 ÁUSTRIA (AUS)
Áustria
: Paul Schweda; Oto Melchior e Karl Kowanz; Fischer, Ernst Ocwirk e Joksch; Karl Melchior, Koller (Koelin), Adolf Huber, Ernst Stojaspal e Lukas Aurednick. Técnico: Heinrich “Wudi” Müller.
Sporting: Azevedo; Serafim e Juvenal; Canário, Passos e Barros; Jesus Correia, Vasquez (Vieira), Patalino, Travassos e Albano. Técnico: Randolph Galloway
Estádio Municipal do Rio de Janeiro-RJ (Maracanã)
Árbitro: Mika Popovic (Iugoslávia)
Gols: Auredinick abriu o placar para os austríacos no primeiro tempo; na segunda etapa, Albano empatou para o Sporting; Huber fez 2 x 1 e praticamente colocou o Áustria na semifinal.
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Pela chave de São Paulo, no Grupo B, a partida foi Nice x Estrela Vermelha. As duas equipes já não tinham mais chances de classificação. O Nice venceu a partida por 2 x 1. Não há registro do número de pessoas que assistiram à partida, só o da renda do jogo que foi de CR$ 198.800,00

ESTRELA VERMELHA (IUG) 1 X 2 NICE (FRA)
Estrela Vermelha
: Krivokuca; Tadic  e Djakic (Nesovich); Palfi, Djurdjevic e Djajic; Tihomir, Ognjanov, Rajko Mitic, Zlatkovic, Knstic e Jezerka. Técnico: Lubisa Brocci
Nice: Germain; Rossi e Firoud; Bonifaci, Gonzalez e Beiver (Pedine); Corteaux, Ieso, Pär Bengtsson, Carrè (Cartidia) e Abdelaziz Ben Tifour – Técnico: Numa Andoire
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Mario Viana (Brasil)
Gols: Rajko Mitic (1′, 2ºT) marcou para os iugoslavos,  Ben Tifour (4′, 2ºT) e Pär Bengtsson, de pênalti (2º T), marcaram para o Nice.

Nesse jogo em que as duas equipes, já eliminadas, se despediam do Torneio Mundial de Clubes Campeões, houve uma ocorrência: O goleiro Krivokuca, do Estrela Vermelha, empurrou o juiz  juiz brasileiro, Mario Viana, e cuspiu em seu rosto, porém, ele não foi expulso de campo.
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Completando a terceira e última rodada da fase de grupos, no dia 08 de Julho, Vasco e Palmeiras, já classificados, enfrentariam os representantes de dois países bicampeões mundiais: Uruguai e Itália. O Uruguai tinha conquistado a Jules Rimet em 1930 e 1950, e a Itália se sagrara campeã em 1934 e 1938. Estaria em disputa também a primeira colocação nos grupos. Era Brasil x Uruguai, no Rio; Brasil x Itália, em São Paulo…

A partida do Grupo do Rio de Janeiro era muito aguardada. O Vasco, a base da seleção vice-campeã do mundo de 50, enfrentaria o Nacional, campeão uruguaio, e representante do país que tomara do Brasil a Taça Jules Rimet, há menos de um ano… O público pagante foi de 61.766, para uma renda de CR$ 1.532.120,00. O Nacional tinha esperanças de vencer o Vasco (dizia-se na época, que seus dirigentes, confiantes em uma vitória, e em uma possível classificação, haviam até reservado um  hotel para o restante do torneio). Mas quem venceu o jogo, por 2 x 1, foi o Vasco, acabando com as pretensões dos uruguaios, consolidando a sua classificação e ficando em primeiro em seu grupo.

VASCO DA GAMA 2 X 1 NACIONAL
Vasco: 
Barbosa; Augusto e Clarel; Eli, Danilo Alvim e Alfredo; Tesourinha, Ipojucan (Amorim), Friaça, Maneca e Dejair. Técnico: Oto Glória.
Nacional: Penalva; Santamaria e Holdoway; Duran, Washington Gomez e Varela; Rosselo (Ramiro), Julio Perez (Ambrois), Gimenez, Bermudez e Orlandi. Técnico: Henrique Fernandez.
Estádio Municipal do Rio de Janeiro – RJ (Maracanã)
Árbitro
: Power (Inglaterra)
Assistente 1: Franz Grill (Áustria)
Assistente 2: Gabriel Tordjan (França)
Gols: Djair (36′, 1ºT), Ipojucan (23′, 2ºT), não há registro sobre o autor do gol do Nacional.
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Da mesma maneira, era grande o interesse na partida do Grupo de São Paulo entre Palmeiras e Juventus (ITA). Muito embora as duas equipes já estivessem classificadas, estava em jogo a liderança do grupo, uma vez que o líder enfrentaria o segundo colocado do Grupo do Rio de Janeiro nas semifinais, e o segundo colocado enfrentaria o Vasco.

O Pacaembu estava lotado. 37.639 eram os pagantes – Renda: Cr$ 1.120.905,00. O Palmeiras foi a campo com uma formação diferente, sem três titulares – Jair, um desfalque e tanto, tinha saído machucado no jogo anterior, foi banco naquela partida e atuou só em parte da segunda etapa, o zagueiro Salvador e o atacante Luiz Villa  não jogaram -,  e deu tudo errado para o Palmeiras. O Juventus, que tinha uma defesa muito boa, sólida, mas também tinha atacantes perigosos, venceu por 4 x 0. Boniperti, aos 10′ e aos 18′ do primeiro tempo, deixou o Juventus com 2 x 0 no placar.  Na segunda etapa, os 3′, Karl Hansen marcou o terceiro, Praest, aos 35′, deu números finais ao placar fazendo o quarto gol. Pra desgosto dos brasileiros, que esperavam que Palmeiras e Vasco pudessem ser os dois finalistas, os representantes do Brasil no mundial de clubes iriam se enfrentar na semifinal e só um seguiria em frente – as glórias palestrinas sempre parecem preferir percorrer os caminhos mais difíceis… Juventus e Áustria decidiriam a outra vaga na final.

PALMEIRAS 0 X 4 JUVENTUS (ITA)
Palmeiras
: Oberdan; Sarno e Juvenal; Waldemar Fiúme, Túlio e Dema; Lima, Aquiles (Ponce de Leon), Liminha, Canhotinho (Jair Rosa Pinto) e Rodrigues. Técnico: Ventura Cambon.
Juventus: Viola; Bertucceli e Manente; Mari, Parola e Piccinini; Muccinelli, Karl Hansen, Boniperti, Johan Hansen (Vivole) e Praest. Técnico: Jesse Carver.
Estádio do Pacaembu. São Paulo-SP
Árbitro: Edward Graigh (Inglaterra)
Assistente 1: Gardeli (Itália)
Assistente 2: Mika Popovic (Iugoslávia)
Gols: Boniperti (10’ do 1ºT), Boniperti (18’ do 1ºT), Karl Hansen (3’ do 2ºT) e Praest (35’ do 2ºT)

Fim da fase de Grupos… Os clubes classificados já estavam definidos… Palmeiras e Juventus, do grupo de São Paulo, enfrentariam Vasco e Áustria,  do grupo do Rio de Janeiro.

A sorte estava lançada, uma equipe brasileira estaria na final… Palmeiras ou Vasco representariam o Brasil na decisão do primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões. Palmeiras ou Vasco iriam em busca do título que faltava ao Brasil… Uma felicidade, inédita, novinha em folha, daquelas de estremecer e emocionar um país inteiro, já espreitava os torcedores brasileiros…

13 jogos do Palmeiras, no Brasileiro, nessa nova era Felipão… 10 vitórias e 3 empates (antes de sua chegada, o Palmeiras, comandado por Wesley Carvalho, tinha vencido o Paraná, o que dá ao time 14 jogos de invencibilidade)… 20 gols marcados, 3 gols sofridos… melhor defesa do campeonato (são 18 gols no total), segundo melhor ataque (45 gols no total), melhor saldo de gols (27), melhor campanha do segundo turno, com 86,6% de aproveitamento (67,8% no geral)… líder do campeonato, mesmo com os muitos prejuízos ocasionados ao time de Big Phill pelas arbitragens – tem “erro” do apito contra o Palmeiras um jogo sim e outro também…

Se na semana anterior, em 3 jogos importantes, o Palmeiras tinha assumido a liderança do Brasileiro ao vencer o Cruzeiro, conquistado a vaga na semifinal da Libertadores ao vencer o Colo Colo, e quebrado o tal tabu de 16 anos sem vitórias no Panetone fazendo 2 x 0 nos leonores… agora, faltava enfrentar o Grêmio, faltava o confronto entre os dois melhores times do país no momento e dois dos melhores times da Libertadores, e para apimentar ainda mais, a imprensinha jura que o time gaúcho tem o futebol “mais bonito” e que “é o mais forte dos que disputam o título” ( já tínhamos ganhado lá no sul)…

E esse jogão justo no dia do meu aniversário… E claro que fui ao Pacaembu  buscar o meu “presente”… o melhor presente de todos.

Cheguei em cima da hora. Antes de subir as escadas do setor verde das arquibancadas a torcida já gritava os nomes dos jogadores: “Dioooogo Barboooosa”!! Meus amigos estavam lá em cima, e parei duas vezes no meio da subida para me virar para o campo e aplaudir e gritar: “Wiiiiiillian Bigooode” e para homenagear meu ídolo baixinho e craque demais: “Duduuuuu, guerreeeeiro”…

Ainda que eu pareça meio convencida ao dizer, estava tranquila em relação ao jogo, mas esperava mais dificuldade por parte do Grêmio. A minha confiança no meu time não vem (apenas) da minha vontade de ver o Palmeiras campeão, ela foi conquistada pela campanha que esse time faz, pela arrumada que Felipão deu nas coisas, pelas observações que faço das comemorações de gols do Palmeiras – não são comemorações pró-forma, são comemorações genuínas, calorosas, cheias de alegria, de um elenco que tá unido pra c……., do “scolarismo” implantado nos vestiários palestrinos. Minha confiança cresce diante dos números, principalmente o de gols tomados; Felipão deu jeito na defesa, fez o time mais seguro, e é claro que se a defesa dá segurança, o resto do time pode jogar mais tranquilo e fazer melhor o que sabe.

E é isso… como um predador que estuda a sua presa, o Palmeiras, em campo, sempre me dá a impressão que sabe exatamente o que está fazendo. Não importa que a “presa” pareça que vai escapar, que tenha mais posse de bola,  quando ela menos esperar – e nós torcedores também – o porco predador dará o bote.

E ontem não foi diferente… Com um misto de jogadores dos chamados time A (que joga a Libertadores) e time B (que joga o Brasileiro), o Palmeiras fez um grande jogo. Começou com um ritmo forte, usando velocidade e lançamentos para agredir o Grêmio, e os gaúchos, tocando mais a bola, tentavam, em vão, achar espaços em nossa defesa. Mas a defesa/os defensores do time de Felipão andam numa fase…  Prass nem sujou a camisa.

Assim que o jogo se iniciou, Dudu já sofreu a primeira falta, um “desenho” do quanto tentariam segurar o baixinho no jogo. Mas ele estava impossível… Depois de algumas investidas do Palmeiras, que parecia até deixar a bola com o Grêmio e aproveitava a velocidade de seus atacantes para contra-atacar e pressionar o adversário, Dudu desceu em velocidade pela direita, recebeu e cruzou na área, Deyverson e Bressan foram pra bola, o atacante, esperto, se esticando todo, tentou chutar, o defensor tentou defender, os dois tocaram na bola, e ela foi pro fundo das redes do Grêmio…  portanto, gol do Menino Maluquinho!!!

O Allianz explodiu no grito de gol, que festa! Deyverson saiu comemorando e – vi depois – oferecendo o gol para o Nickollas, o parmerinha que tem deficiência visual – mesmo não enxergando, ele vai ao estádio para sentir o jogo e a sua mãe narra todos os lances pra ele.

Um gol logo no comecinho… O banco do Palmeiras foi à loucura! E quando o Palmeiras consegue marcar logo no começo, a gente já sabe… ele vai poder controlar a partida mais facilmente, e o adversário vai ter poucas chances de chegar com muito perigo ao nosso gol. E uns minutinhos depois de abrir o placar, quase o Palmeiras fez outro com Diogo Barbosa; o goleiro gaúcho teve que fazer uma baita defesa pra se safar.

Mas imagina se a arbitragem já não ia dar o ar da graça? 15 minutos de jogo e o Grêmio cometeu pênalti. Geromel puxou e derrubou Luan na área. No mesmo tempo em que isso acontecia, outro gremista tentava segurar Gustavo Gomez e o puxava pela camisa. Ricardo Marques Ribeiro, o árbitro, nada marcou…

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O Palmeiras, fechadinho – e nem por isso deixava de ser mais perigoso – dominava o jogo. Com o passar do tempo o Grêmio, em desvantagem, tentava chegar (cometia muitas faltas duras também), mas foi o Palmeiras, de novo, quem quase marcou numa jogada de tirar o nosso fôlego na bancada. Deyverson lançou Duduzinho, o baixinho, num carrinho, tirou Marcelo Oliveira da jogada, levantou, girou (a gente nem respirava e nem piscava também) e  quando pensávamos que ele ia chutar a gol, tocou para trás, no meio, onde estava Bruno Henrique que encheu o pé e mandou pro gol… o goleiro já tinha ido, mas o jogador gremista, na linha de gol, conseguiu tirar…

O Palmeiras dava um trabalhão para a defesa do Grêmio… e o Grêmio, que cobrou seu primeiro escanteio só no finalzinho do primeiro tempo, não deu trabalho para o Palmeiras na primeira etapa, mesmo porque nossos zagueiros… cremdeuspai… estão jogando um bolão. Gustavo Gomez e Luan estavam muito bem na partida, e o Prass continuava com a camisa branquinha, imaculada… o time todo estava bem, parecia confiante, seguro… e ainda tinha o Dudu que estava jogando demais.

No segundo tempo, a dinâmica de jogo continuava a mesma. Mas, o juiz, que já tinha ignorado um pênalti a nosso favor, deu mais uma garfada no Palmeiras. Não tinha nem 10 minutos da segunda etapa ainda quando, depois de uma bola levantada na área, Bressan comete pênalti em Dudu… e a arbitragem nada marca(?!?!). Bressan puxou Dudu na área, também fez carga com o braço direito em seu pescoço e em suas costas, e ninguém da arbitragem viu? Por que será que os árbitros só “erram” em prejuízo do Palmeiras, não?

 

Uns minutos depois, mais uma “apitada”… Bressan fez falta em Deyverson no meio. O Palmeiras colocou a bola no chão e cobrou rápido com Willian, que deixou Dudu na cara do gol, mas o árbitro mandou voltar a cobrança. E foi muito “homenageado” pelos parmeras… que raiva dessas arbitragens mandrakes.

Três minutos depois, contra-ataque do Palmeiras, Dudu avança em velocidade e, quando entra na área, é tocado por Bressan. O gremista estica a perna pra trás e toca mesmo a perna de Dudu, que vai ao chão. O juizão mandou seguir.

O Palmeiras era muito melhor em campo. Víamos o Grêmio tocando bola, mas de perigo mesmo… nada. Willian armou o contra-ataque, Duduzinho, como um foguete pela direita, invadiu a área e bateu… o goleiro conseguiu defender com o pé…

A torcida, que não parava de cantar, se inflamava ainda mais (ela sempre chama o gol)… Felipão tirou Dudu e colocou Hyoran, e a galera aplaudiu demais o baixinho pela partidaça que ele fizera (pra mim, o melhor em campo).

E se o juiz não pune… a vida o faz… 33 minutos do segundo tempo… lançamento lá na frente para Deyverson… Bressan (do pênalti não marcado, das muitas faltas sem cartão) tentou tocar por cima (acho eu) e deu um chutão pra cima, e a bola voltou ali mesmo. Ele se embananou todo, a bola sobrou pra Deyverson, que insistiu, dominou, aproveitou que Bressan escorregou, tirou o gremista da jogada e mandou um balaço pro fundo da rede. Que golaço! Aí foi decretada a festa de domingo. Os jogadores todos, os reservas todos em volta de Deyverson (que tinha tomado Maracujina e tava de boa) comemorando muito esse gol… coisa linda…

O Grêmio até tentou ir pra frente, mas o Palmeiras, fechadinho, não deu espaços e continuou jogando melhor até o apito final…

Quando o jogo acabou, na bancada, a alegria parecia tatuada no rosto dos torcedores… a voz da torcida palestrina tinha sido, e ainda era, a trilha sonora daquela tarde… O Palmeiras vencia o Grêmio e sacramentava a liderança. Falta muito e, ao mesmo tempo, falta pouco… são nove rodadas pela frente… mas o Palmeiras é, sim, um grande favorito… e aquele “feeling” maravilhoso já nos acompanha…

Felipão tinha caprichado no meu presente… O melhor presente de todos… Um time aguerrido, valente, FOCADO, jogando certinho… Prass no gol, de camisa branquinha e imaculada (nem sujou)… Duduzinho lindo jogando demais… e dois gols sensacionais – um deles, um golaço – de Deyverson… uma vitória maravilhosa… Meu “bolo” de aniversário tinha um sabor delicioso…

Grazie, Palmeiras!  🙏💚

 

 

 

 

 

 

 

 

Dois jogos muito importantes em quatro dias… Conquistar a liderança do Brasileirão e a vaga na semifinal da Libertadores eram os objetivos do Palmeiras num espaço entre o domingo e a quarta-feira passados…

O que, à princípio, eram dois times do Verdão, eram os considerados times A e B… agora se confundem e nenhum de nós mais ousa chamá-los assim… Pra dizer a verdade, nem sabemos mais quem é reserva e quem não é, uma vez que a maioria dos jogadores do elenco merece a camisa titular.

No domingo, o adversário tinha sido o Cruzeiro, diante de quem o Palmeiras vem sendo tão prejudicado (roubado  mesmo) nos últimos tempos (será que é porque tem um Perrela lá na CBF?). E nos mandaram o árbitro Dewson Freitas, o “c@%alho ruim” (ganhou esse apelido depois de – mais – um jogo em que operou o Palmeiras), para apitar a partida em que o Palmeiras, se vencesse, e dependendo do resultado dos leonores, poderia assumir a liderança do brasileirão. “Legal” a CBF, né?

E, como nem sempre as arbitragens conseguem ser bem sucedidas contra o Palmeiras (ah, grazadeus)… passamos o carro nas “marias” e vencemos o jogo por 3 x 1. Lucas Lima, pra esquentar (mais ainda) a nossa manhã, naquele Pacaembu de sol escaldante, abriu o placar aos 22′. Duduzinho cobrou escanteio, a bola cruzou toda a área e sobrou para Lucas Lima, num chute cruzado de fora da área, balançar a rede dos smurfs. Coisa linda! E foi todo mundo abraçar Felipão.

Bem que o árbitro, e os demais integrantes da arbitragem, tentaram jogar de azul depois de Lucas Lima abrir o placar… Aos 30′, Dewson Freitas marcou pênalti no toque de mão de Gustavo Gomez… O toque existiu mesmo, mas olha só em que lugar do campo o lance ocorreu… foi um pênalti inventado pela arbitragem.

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Um absurdo que, num jogo valendo a liderança do campeonato, ninguém da arbitragem (nem o bandeira?) tenha conseguido enxergar que o lance ocorreu muito fora da área, não é mesmo? Que não só o jogador, mas a bola também estava muuuito fora da área… AH, CBF…

Mas não era dia da arbitragem… Aos 41′, Hyoran, de cabeça, colocou o Palmeiras na frente outra vez. Festa verde no Pacaembu. O Cruzeiro não dizia a que tinha vindo, o Palmeiras era muito mais time em campo, finalizava muito mais, tinha mais posse de bola… e vencia o jogo, merecidamente. Tchuuuupa, juiz!

No segundo tempo, o Palmeiras continuou bem mais perigoso do que o adversário – nunca vi um jogo nosso, valendo vaga na semi da Libertadores, ser tão tranquilo). Mano Menezes tentaria tirar as raposas todas da cartola… Fred, Sóbis… sem sucesso. Era um grande jogo do Palmeiras de Felipão. Dudu fazia uma grande partida. Naquela “lua” do domingo, corria muito e apanhava muito também. Antes da metade do segundo tempo, Felipão substituiu o Baixinho por Willian, e os quase 36 mil palmeirenses que estavam no Pacaembu adoraram ver que Dudu ia ser “guardado” para o jogo da quarta contra o Colo Colo, do Mago. E foi Willian mesmo que acabou fazendo a jogada que originou na marcação de um pênalti. No cruzamento do BGod, o jogador do Cruzeiro interrompeu a trajetória da bola com o braço… pênalti.

Gustavo Gomez foi para a cobrança… eu, na minha eterna dúvida de “olho ou não olho”, olhei e o vi cobrar no cantinho do goleiro. A bola, sacana, pra testar nosso coração, ainda bateu na trave antes de entrar. A “churrasqueira Pacaembu” (estávamos sendo assados naquele sol) explodiu de alegria.  Palmeiras fazia 3 x 1 nos Smurfs, agarrava a vitória e os 3 pontos (mesmo com um “erro” escabroso da arbitragem, num momento em que o empate poderia ter complicado a nossa vida, e assumia a liderança do campeonato. Um tropeço dos leonores à tarde, acabaria ratificando a liderança do Verdão.

 

E aí, tinha Libertadores na quarta… e contra o time do Mago (nunca pensei em vê-lo jogando contra o Palmeiras, e acho que ele também não imaginara essa situação)…

O Allianz estava lotado… Quando vi Valdivia, ali, no aquecimento, vestindo outra camisa,  me senti tão desconcertada… e seria capaz de apostar que, apesar de saber o quanto ele gosta e respeita o Colo Colo, ele se sentia bastante desconcertado também…

Na hora do hino… cantávamos “meu Palmeiras, meu Palmeiras”… o Mago olhou a torcida à sua volta (a maior parte dela ainda o ama) e abaixou a cabeça (vi depois, num vídeo, que o seu companheiro lhe perguntava se era “meu Palmeiras” que a torcida cantava, e ele só conseguiu balançar a cabeça em afirmação e ficou cabisbaixo depois disso)… parece pretensão minha, mas de alguma maneira eu sabia como ele se sentia; meu coração rachou na hora e, disfarçadamente (não hora e momento pra isso), chorei ali na bancada… Como diz uma certa música: “É desconcertante rever um grande amor”… 

Mas valia vaga na semifinal da Libertadores – vaga que o Palmeiras não conseguia desde 2001, e que seria a sexta semifinal do técnico Felipão, de sete participações no torneio  -, e tudo o que eu queria era que o Palmeiras saísse classificado dali, tudo o que eu queria era que meu outro ídolo, Duduzinho, jogasse muito e que o ídolo que agora era adversário fosse impedido pelos marcadores verdes de jogar tudo o que sabia… Thiago Santos, não daria sossego para Valdivia no jogo.

O Palmeiras tinha conseguido uma vantagem excelente na primeira partida e, por isso, o jogo começava 2 x 0 pra gente. O Palmeiras não precisava se afobar para chegar ao gol… o time do Colo Colo, que levou muitos torcedores ao setor dos visitantes (ficou cheio lá), ao contrário, precisando reverter o prejuízo ocorrido no Chile,  começou a parecer nervoso no decorrer da partida, fazendo muitas faltas.

O Palmeiras parecia jogar tranquilo, sem pressa. Era mais perigoso em campo, mas sem forçar, sem buscar o gol de qualquer jeito… cadenciava o jogo, parecia esperar a hora boa. Com a vantagem que tinha, parecia que a prioridade do Palmeiras era não dar espaços, não correr riscos…  Eu achava que faltava um meia no time, para chegarmos ao gol com mais eficiência, para chutarmos a gol mesmo, para que a jogada fosse criada e a bola chegasse redondinha no pé dos atacantes, no pé de Borja…

Mas se não tinha o meia, tinha a fera, o craque, o baixola… e ele resolveu decidir. Duduzinho vestiu o fraque, colocou a cartola e foi pro gol! Pegou a bola quase no meio de campo, avançou, passando por um monte de adversários, foi até a entrada da área, e, com um chute maravilhoso, guardou no ângulo do goleiro chileno. 25º gol de Dudu no Allianz.

Sem brincadeira, o Allianz quase veio abaixo… que festa da parmerada, era só um monte de verdes pulando, enlouquecidos de alegria. Mas não era à toa, o líder do Brasileirão praticamente carimbava a sua vaga na semifinal da Libertadores. No agregado estava 3 x 0 pro Palmeiras, e todos sabíamos que seria bem difícil tomarmos 3 gols ou mais. Que semana boa para os palmeirenses.

No segundo tempo, o Palmeiras já nos mostrava que manteria o mesmo ritmo. Nós, torcedores, queríamos mais gols, claro, mas estávamos tranquilos, sossegados com o resultado e com o futebol do Verdão em campo. E nem precisamos esperar muito… Aos 6′, Dudu foi puxado por Opazo na área e o juiz assinalou o pênalti. Borjão da Massa foi para a cobrança (olho ou não olho? Olho sim!) cobrou forte, no canto e guardou. Seu 19º gol na temporada, 9 deles na Libertadores, o colocando na artilharia da competição ao lado de Morelo.

E se o Colo Colo já parecia meio desesperançado de conseguir alguma coisa, com a marcação do segundo gol do Palmeiras então… mas nos deu um susto com Barrios, que por pouco não marcou. Os chilenos tentavam levar perigo na bola aérea (e faziam muitas faltas também, Dudu, que apanhava o tempo todo, que o diga), mas os defensores do Palmeiras estavam espertos. Thiago Santos tomava conta de Valdivia direitinho. Maike estava jogando muito também. O Palmeiras era melhor em campo, mais perigoso. Bruno Henrique bateu falta e quase fez,  a bola raspou a trave…

Só dava Palmeiras, e a bancada era só alegria. Duduzinho foi cobrar escanteio e a torcida, encantada com a partidaça do baixinho,  gritava : “Dudu, guerreiro”…

Eu precisava sair mais cedo do estádio, que saco, e só vi quando Dudu foi substituído por Hyoran, e Borja – que havia feito sinal para o banco – foi substituído por Deyverson…

Mas meu coração, apesar de contrariado por ter que sair mais cedo, saía tranquilo, feliz… o meu Palmeiras era líder do Brasileirão e estava na semifinal da Libertadores, com a sua melhor campanha, até agora, de todos os tempos.

Íamos todos dormir felizes, serenos aquela noite… mas, no dia seguinte, certamente já estaríamos pensando na partida contra o São Paulo, lá no Panetone – onde não ganhamos há um bom tempo -… e valendo a manutenção da liderança…

Vida de torcedor não é fácil…

 

 

 

 

 

“Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras” – Mario Minervino

Hoje, 20 de Setembro, é Dia do Palmeiras (Lei Nº 14.060 do Calendário Oficial do Município de São Paulo)… dia em que comemoramos a ARRANCADA HEROICA.

Há 76 anos,  durante a guerra, e por causa dela, o Palestra Itália, por suas origens italianas, foi maldosamente “pintado” por alguns jornais como um inimigo da nação… e, por isso, corria o risco de perder o seu patrimônio, e de ver a sua “casa” tomada por aproveitadores (o São Paulo queria ficar com o Parque Antártica)…

Há 76 anos, o Palestra Italia, pra defender a sua honra e o seu patrimônio, se tornava Palmeiras…

Há 76 anos, no Pacaembu lotado, na final do Campeonato Paulista de 1942, no primeiro jogo da história do Palmeiras que acabara de nascer, o “time dos italianinhos”, carregando a bandeira do Brasil, e sob uma chuva de aplausos de todo o público presente ao estádio, passava a ser o “time dos brasileiros”… e era definitivamente “adotado” no coração do Brasil…

A coragem, a fibra e a grandeza da gente palestrina sobrepujaram e humilharam o inimigo em campo (ele fugiu do jogo) e fizeram o Palmeiras campeão…

Bravíssimo, Palestra/Palmeiras!! Tanti auguri #orgulhoimenso

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VI – O MUNDIAL ESTÁ ÀS PORTAS

“O tempo dirá tudo à posteridade. É um falador. Fala mesmo quando nada se pergunta” – Eurípedes

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Em poucos dias, o mundial começaria… Oito times de sete países lutariam por uma taça… a mais valiosa taça que qualquer clube de futebol poderia desejar… a de campeão do mundo…

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A tabela do torneio ficou pronta:  Vasco da Gama, Sporting (POR), Nacional (URU) e Áustria Viena (AUS) no grupo A, o Grupo do Rio de Janeiro; Palmeiras, Juventus (ITA), Estrela Vermelha (IUG) e Olympique Nice (FRA) no grupo B, o Grupo de São Paulo.

Na abertura do Mundial de Clubes Campeões, que seria no dia 30 de Junho, um sábado, Áustria Viena x Nacional  jogariam no  Maracanã; Palmeiras x Olympique Nice, no Pacaembu. No domingo, 01 de Julho, no Maracanã, o Vasco enfrentaria o Sporting; pelo outro grupo jogariam Juventus e Estrela Vermelha.

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Os alojamentos das delegações já estavam reservados. O mapa com a lista de hotéis que hospedariam as delegações foi divulgado: RIO – Áustria, Hotel Riviera; Uruguai, Paissandú Hotel; Sporting, Hotel Paineiras. SÃO PAULO – Juventus, Hotel São Paulo; Olympique Nice, City Hotel; Estrela Vermelha, City Hotel.

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Para que o  Sporting, que era a base da seleção de Portugal, pudesse se preparar bem para a “Copa Rio”, seus “scratch men” (os jogadores da seleção) tinham sido dispensados da seleção lusa para que pudessem treinar convenientemente para o torneio.

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O Palmeiras que, nos primeiros meses de 51, também conquistara o Torneio Rio-São Paulo e a Taça Cidade de São Paulo, nesse mês de Junho, ainda iria fazer alguns amistosos antes da estreia no mundial – ele venceria o Arsenal (ING) por 3 x 1, empataria com o Portsmouth (ING) em 1 x 1 e,  seis dias antes de o torneio tão aguardado iniciar, e enquanto o técnico Ventura Cambón afinava a orquestra verde para os “concertos” que viriam, o Palmeiras venceria o Jabaquara por 7 x 1, pelo Campeonato Paulista-51 que se iniciava,  e que seria paralisado em seguida para o início do Mundial.

Os outros concorrentes do Torneio Mundial de Campeões também jogavam lá na Europa. E as notícias diziam que eles estavam em grande forma.

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Irineu Chaves, Superintendente da CBD revelava a previsão dos custos com o Torneio Mundial dos Campeões…  mais de quinze milhões de cruzeiros. Uma iniciativa semelhante à Copa do Mundo, que teria custo semelhante…

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Eram notícias e mais notícias sobre o mundial, sobre os times, os jogadores, a tabela, os prognósticos, a taça que seria ofertada ao campeão, as datas de chegada das delegações… Em 22 de Junho, o jornal destacava o centro médio Parola e o centroavante Boniperti, como as figuras de grande expressão do time do Juventus(ITA), e que seriam vistos no curso do Torneio Mundial de Clubes Campeões.

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Em meio a muita ansiedade e agitação a semana da abertura do torneio finalmente chegara… Sim, o Brasil estava em plena semana do Torneio Mundial. A expectativa era enorme, o clima era de festa… era como se fosse Copa do Mundo outra vez… Maracanã e Pacaembu iriam receber os jogos do primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões. E os brasileiros iriam sentir de novo as emoções do Campeonato do Mundo.

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Na confederação, o clima era de “Copa do Mundo” antes mesmo de o torneio começar…


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Os campeões europeus começavam a chegar… O Austria, trazendo em sua delegação a base da seleção austríaca, foi a primeira delegação a desembarcar no Galeão, e o time treinou no campo do Flamengo depois de os jogadores terem ido assistir à partida entre Fluminense x América… As outras delegações continuavam sendo muito aguardadas.


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E sem que fosse preciso esperar muito as demais delegações chegariam… a do Nacional – dos simpáticos campeões uruguaios, como dizia o jornal, tinha chegado no sábado (mesmo sendo bem recente a final da Copa do Mundo, não era ironia o adjetivo “simpáticos” na notícia); as do Áustria, Juventus e Olympique Nice já tinham chegado também. No domingo, o Estrela Vermelha (com 8 jogadores da seleção iugoslava) chegaria pela manhã, o Sporting chegaria à noite… Juventus, Nice  e Estrela Vermelha, do grupo do Palmeiras, rumariam para São Paulo. O Rio de Janeiro era uma empolgação só a cada desembarque no Galeão.

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As novidades eram muitas, todos os dias. A alegria dos brasileiros também era muita, era contagiante, a sua expectativa era maior ainda… De novo, uma outra “copa do mundo” no Brasil… de novo, a chance de o Brasil conquistar esse título. O título que faltava ao maravilhoso e respeitadíssimo futebol brasileiro. Era uma segunda chance, e dessa vez, tinha que dar certo. Vasco ou Palmeiras haveriam de conseguir o que a seleção deixara escapar na Copa Jules Rimet – era o que, confiantes, pensavam todos os brasileiros, e boa parte dos brasileiros achava que o Vasco, por ser a base da seleção de 50, ficaria com a taça.

Até a “Rainha do Rádio”, a cantora Dalva de Oliveira, profetizava que o Vasco seria o campeão… E a CBD decidia que haveria rodízio apenas para os concorrentes estrangeiros no Torneio Mundial de Campeões. O Vasco jogaria só no Rio de Janeiro, no Estádio Municipal; o Palmeiras jogaria só em São Paulo, no Pacaembu. No entanto, as finais seriam no Rio.

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A realidade do Mundial de Clubes era cada vez mais palpável… Nas notícias do “Correio da Manhã”, de 27/06/51, a informação para os torcedores era a de que no dia seguinte começaria a venda de ingressos para o Torneio Mundial de Clubes Campeões (Copa Rio). A Administração do Estádio Municipal, visando atender melhor a todos os que quisessem assistir à partida inaugural entre Nacional e Áustria, no sábado, resolvera colocar vários postos de venda na cidade e no subúrbio. Doze postos seriam instalados para atender aos torcedores.

Uma outra notícia, na mesma página, dizia que a delegação do Juventus, que tinha permanecido no Galeão até as 15h00, já tinha rumado para São Paulo e esperava poder fazer dois coletivos antes da estreia, na segunda rodada. Os paulistas, só na expectativa para a chegada dos adversários do Palmeiras…

E para os palmeirenses, para os vascaínos, para os brasileiros todos, quando se falava em Torneio Mundial, se falava no sonho de se conquistar a cobiçada taça, a taça que seria levantada por mãos campeãs… O Brasil sonhava com esse momento de levantar uma taça de campeão mundial,  de levantar a “Copa Rio”, o troféu a ser disputado no Torneio Mundial de Clubes Campeões, e que seria ofertado pela Prefeitura do Distrito Federal.

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E a taça, linda, confeccionada toda em prata, ficou pronta finalmente… e os que a viram disseram se tratar de amor à primeira vista… E antes de a “Copa Rio” ser entregue à CBD, um representante do prefeito apresentou-a a Mario Filho, o proprietário do “Jornal dos Sports” e idealizador do Torneio Mundial de Clubes Campeões.

“COPA RIO” AO VENCEDOR DO TORNEIO MUNDIAL DE CLUBES CAMPEÕES

 

João Carlos Vital, o prefeito, fez a entrega solene da “Copa Rio” aos dirigentes da CBD. O jornal dizia que pela expressão dos participantes, pelos expoentes do futebol mundial que participariam do torneio, ele poderia e deveria ser considerado mesmo uma nova Copa do Mundo. Dizia também que era com esse espírito de Copa do Mundo que os austríacos, iugoslavos, franceses e italianos, por exemplo, tinham vindo disputar o Campeonato Mundial de Clubes, idealizado por Mário Filho – os italianos, aliás, chegavam com disposição para reabilitar a própria “Azzurra”. E os uruguaios, do Nacional, já haviam declarado amor à Copa Rio, e achavam que ela faria muito boa companhia ao lado da Taça Jules Rimet –  que fazia pouco tempo o Uruguai conquistara aqui no Brasil.

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A tabela definitiva do Torneio Mundial de Clubes Campeões (Jornal dos Sports, 26/06/51) estava pronta e os torcedores já sabiam de “cor e salteado” quem jogaria contra quem e quais seriam os horários dos jogos em todas as fases da competição. Cada uma das duas rodadas da semifinal teria um jogo no Rio e outro em São Paulo, em mesmo dia e mesmo horário.

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A atmosfera de otimismo – até demais – pairava entre os brasileiros, todos acreditavam piamente na conquista do Mundial de Clubes pelo Brasil, por Vasco ou Palmeiras,  e um membro do Conselho Nacional dos Desportos, o Sr. Sylvio Mello Leitão, vendo esse otimismo exagerado dos torcedores (até hoje, 2018,  brasileiros são assim), e lembrando do recente e imenso desgosto na Copa do Mundo, alertava:

Às vésperas do mundial de clubes e justamente nas vésperas do mundial de clubes o ambiente era o mesmo da Copa do ano anterior, o mesmo que antecedeu aquele fatídico 16 de Julho… só se falava em vitória. O Brasil ansiava por essa conquista. Mas, com a situação tão semelhante, com o país em clima de uma nova “copa do mundo”,  era impossível não lembrar… impossível não sentir algum receio… a derrota da seleção brasileira na final da Copa Jules Rimet era ferida aberta ainda… e sangrava…

O jornal “A Noite”, do dia 29, trazia a informação de que a COMISSÃO DE IMPRENSA do Torneio Mundial de Clubes Campeões (Taça Rio) tornara público que seria exercida severa fiscalização no sentido de se evitar que pessoas estranhas à profissão tivessem acesso à tribuna do Estádio Municipal reservada à imprensa. Informava ainda que o ingresso de senhoras e senhoritas naquele recinto só seria permitido com a apresentação de carteira funcional.

Era o torneio mais importante depois da Copa do Mundo, era o primeiro Torneio Mundial de Clubes da história, e algumas das melhores equipes do mundo estariam participando, equipes de vários países, de países campeões do mundo, inclusive… por tudo isso, pela responsabilidade de o Brasil sediar o primeiro mundial, os brasileiros tentavam antever quaisquer problemas que pudessem ocorrer (na final da Copa do Mundo, estimou-se que aproximadamente  50 mil  “não pagantes” estiveram no Estádio Municipal do Rio de Janeiro).
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Era véspera da abertura do Torneio dos Campeões, e os torcedores do Vasco, que temiam que a sua equipe não pudesse contar com Ademir, o Magnífico, receberam boas notícias nesse dia. O técnico Oto Glória tinha informações de que o atleta, que estava lesionado, acusava animadoras melhoras, e o médico, Dr Giffoni, já admitia a hipótese de se antecipar a sua volta aos gramados. Oto Glória confirmaria ao jornal “A Noite” que continuava contando com a participação de Ademir, ainda na fase de classificação, para o jogo contra o Nacional. Os vascaínos torciam para que pudessem contar com o seu craque.

Para tranquilizar a torcida, até a imagem de uma radiografia do pé de Ademir foi publicada no jornal “Última Hora”, no dia 29/06, véspera da abertura do Mundial de Clubes Campeões.
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O Juventus, que chegara com cinco jogadores da seleção italiana e um da seleção sueca, também trazia a sua força máxima para o campeonato mundial de campeões (não tinha sido à toa que Barassi preferira o Juventus)…

Ieso, o brasileiro, que era craque na França, no Nice, avisava para tomarem cuidado com o time do Juventus (o Juventus acabaria mostrando que ele tinha razão)… Segundo ele, o time italiano era um grande perigo e ia impressionar o público brasileiro. Mais do que isso, ia concorrer com grandes possibilidades à “Copa Rio”. E ele advertia: “Abram os olhos com o futebol italiano; está passando por uma fase brilhantíssima, está se recuperando completamente (da fraca campanha na “Taça do Mundo”) – Jornal “Última Hora”, 29/06/51 – pág.8 – “Todo cuidado é pouco com o Juventus”.

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Aquele dia, que parecia não passar nunca, iria dormir sexta-feira e acordar sábado… do tão aguardado torneio mundial… A “Copa Rio” ia começar… 

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O Palmeiras, por sua vez – que nem imaginava o trabalho que iria ter com o Juventus, que nem imaginava a história, linda, que o Juventus iria ajudá-lo a escrever – estaria completo na estreia. E já estava escalado por Ventura Cambón com Oberdan, Juvenal, Palante, Valdemar Fiume, Luiz Vila, Dema, Aquilles, Ponce de Leon, Jair e Rodrigues – conheci a esposa de Palante, e conversei muito com ela, em alguns dos aniversários de Oberdan.

Era assim que tinha que ser. Pela grandeza do torneio, seria excelente que todos os participantes estivessem completos – tomara Ademir se recuperasse bem e em tempo pra jogar. O Brasil precisava que Palmeiras e Vasco, diante de fortes adversários estrangeiros, fossem a campo com as suas melhores formações porque o futebol brasileiro tinha um título cobiçadíssimo para conquistar…

O Mundial de Clubes ia começar… Nacional e Austria Wien se enfrentariam no Maracanã; Palmeiras e Nice seria a partida do Pacaembu. O Brasil faria a sua estreia na “Copa Rio”… e estava em jogo na “Copa Rio” um título de campeão do mundo (Jornal dos Sports, 22/06/51)…

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E naquela noite de 29 de Junho de 1951, o sono custaria a chegar para os brasileiros, para os palmeirenses, principalmente… Uma noite apenas e seria o dia da estreia. Agora ia ser pra valer. O Palmeiras seria o primeiro dos brasileiros a entrar em campo…

No escuro, de olhos fechados, mas ainda bem acordados, certamente os jogadores do Palmeiras sonhavam com a primeira vitória, imaginavam a hora de entrar em campo diante de seus torcedores, imaginavam o jogo, imaginavam lances, jogadas, gols… Oberdan provavelmente imaginava como  se defenderia dos atacantes franceses… e do brasileiro, ex-jogador de Palmeiras e São Paulo, Yeso Amalfi, que fazia um sucesso enorme na França e era considerado o “deus do estádio” por lá… Ventura Cambon certamente pensava na melhor maneira de fazer seus comandados se imporem diante dos franceses, de impedirem os adversários de chegar até a meta de Oberdan, de driblar o nervosismo e a ansiedade da sua equipe na estreia…. certamente ele sonhava com o Palmeiras jogando o que sabia e podia, indo em busca da sua quarta estrela… Os torcedores palmeirenses sonhavam com gritos de gol, com abraços, aplausos… meu pai (e claro que ele iria ao jogo) certamente sonhava com a vitória do seu time de coração…

No dia seguinte, quando a bola rolasse, o Palmeiras,  cheio de esperanças,  e sem se dar conta do muito que a vida lhe reservava naquele torneio, começaria a escrever uma das páginas mais lindas da sua história, da história do futebol brasileiro e mundial…

 

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Decididamente, o Brasil não é para gente séria… Quase tudo por aqui é bafejado pelo hálito podre da falta de honestidade.

Somos obrigados a lidar o tempo todo com alguns ‘espertos’, que, por interesses pessoais, e tentando nos fazer de idiotas, nos bombardeiam, diariamente, com verdades inventadas, ou maquiadas, distorcidas, com o intuito de nos fazer achar certo o que é errado, achar justo o que é injusto, achar correto o que é ilícito.

E imagina se seria diferente no futebol brasileiro do tão propagado “roubado é mais gostoso”,  da entidade corrupta (tem até um dirigente preso por causa disso, tem outro escondido embaixo da cama para não ser pego), das mutretas inenarráveis para se fazer resultado de jogos,  para se “doar” campeonatos (e a sua gorda premiação, claro)… dos títulos comprados (até com dinheiro de crimes da máfia russa)… do jogador que faz gol de mão e pede honestidade e fair-play aos demais… das vagas vendidas – e compradas – na série A…  da mutreta, em uma final de campeonato, levada a cabo por um grupo que contou com até com a participação pessoas da federação paulista…  de atleta desconvocado da seleção por “lesão”, lesão que ‘sara 3 dias depois’ permitindo que ele dispute as semifinais de um campeonato pelo seu clube… E nem a imprensa escapa disso. Boa parte dela, ao invés de fazer o seu papel e investigar e esclarecer as coisas duvidosas, nebulosas, as que não parecem muito corretas, faz exatamente o contrário, e legitima, bate o carimbo de ‘legalidade’ em quase todas elas.

Ontem, disputando a primeira semifinal da Copa do Brasil, o Palmeiras, jogando contra o Cruzeiro, teve um gol legal anulado nos acréscimos da partida quando ele perdia por 1 x 0. O árbitro do jogo, Wagner Reway, teria visto falta de Dracena (PAL) no goleiro Fábio (CRU), quando, na verdade, não houve falta nenhuma do palmeirense. O goleiro Fábio, que saiu mal do gol e se atrapalhou todo pra fazer a defesa, foi  atrapalhado também por um jogador do seu próprio time.

Só se o Dracena fosse esse de azul para ter feito falta no goleiro… não é mesmo?

Com as imagens mostrando que não houve falta de Dracena, ficou esquisito o que o árbitro fez… porque foi um prejuízo e tanto para o Palmeiras essa apitada, não?

“Foi só um erro do árbitro. Acontece.”, dirão muitas pessoas… Mas acontece também que, na Copa do Brasil, existe o VAR, o árbitro de vídeo, recurso que existe para corrigir os erros que os árbitros possam cometer em campo, e ele não foi usado; o árbitro de vídeo não avisou ao árbitro de campo que ele cometera um erro… Por quê?

“Ainnn, mas o VAR não corrige todos os erros”, dizem outros. É verdade, e é por isso também que existem os casos, mais sérios, onde o uso do VAR é imprescindível. Ontem, no Allianz, antes do jogo, cansaram de mostrar no telão e de avisar nos alto-falantes sobre as situações em que o VAR poderia ser utilizado… achei até que nas orientações para os torcedores havia muito mais situações para o uso do VAR do que as que vimos na Copa do Mundo na Rússia, por exemplo. No entanto, na hora do vamos ver… na hora em que a partida teve um momento crucial para se usar o recurso, CADÊ O VAR? Cadê o árbitro, que está diante de um vídeo com as imagens de vários ângulos, para consertar o erro do árbitro que apita o jogo? Para avisá-lo do erro cometido? O VAR sumiu!

Mas o o que diz a CBF sobre o uso do VAR?

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O Palmeiras fez um gol, legal, o árbitro marcou uma falta, que não existiu, e o gol não valeu. Que o árbitro tivesse se enganado, ok, mas o árbitro que estava no VAR não poderia deixar um erro de passar batido, uma vez que as imagens mostram claramente que Dracena não fez falta e que, por isso, o gol foi legal.

Ainnn, mas o árbitro apitou  a falta (inexistente) antes… É recomendação da Fifa que se espere a conclusão da jogada, e se ele não esperou, se não seguiu o que recomenda a FIFA, isso é problema dele e dos responsáveis por ele estar ali exercendo essa função, ou seja, da CBF. O punido não pode ser o Palmeiras que nada tem com isso. Dessa maneira é fácil prejudicar um time, sem querer, ou de propósito, e depois ‘tirar da reta’ e culpar… o erro do árbitro (nem o árbitro culpam).

E embora isso seja irrelevante, uma vez que há recomendação da Fifa para que o árbitro espere a jogada ser concluída, podemos observar/ouvir no vídeo, tirado lá do Twitter do Esporte Interativo, que o árbitro não apitou antes, ele apitou quando Antonio Carlos chutou, ou quando ele viu que a bola sobraria para um jogador do Palmeiras, sozinho, na cara do gol. 

Muita gente na imprensa afirma que o árbitro errou, mas que ele não tinha como chamar o VAR depois que apitou a falta. Como afirmou o Simon, “aquele” ex-árbitro.   Não era o árbitro que tinha que chamar o VAR  nesse caso, era o pessoal do VAR que tinha que avisá-lo de que ele cometera um erro sério, determinante, que mudava o resultado da partida. Se o árbitro errou achando que acertou, como esperam que ele chame o VAR? E eu falo isso baseada no que observei de outras situações em que usaram o VAR (até mesmo em campeonatos tupiniquins onde o VAR não é permitido e foi usado mesmo assim), quando o árbitro que apita o jogo não se dá conta que errou, o árbitro  de vídeo o avisa do erro. 

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Não faz muito tempo, num Bahia x Palmeiras pelas quartas de final da Copa do Brasil, Anderson Daronco assinalou um pênalti de Gregore (BAH) em Arthur (PAL) e deu cartão vermelho para o jogador. Foi avisado através do “ponto” que cometera um erro, e depois de 6 minutos de análise e de conversa com o pessoal do VAR, o árbitro voltou atrás do cartão mostrado e, acertadamente, deu o amarelo para o jogador do Bahia.

E se fosse assim, como dizem agora, se “quando o árbitro apita antes, ele não pode pedir o VAR”, como explicar, então, lances em que um árbitro erra ao não marcar um pênalti, por exemplo, e assinala tiro de meta… o jogo segue, e depois de algum tempo de bola rolando, avisado pelo árbitro de vídeo, ele decide conferir a jogada e assinala a penalidade máxima? Como aconteceu na Copa do Mundo, na partida França 2 x 1 Austrália. Ou como aconteceu no jogo Dinamarca 1 x 0 Peru. Cueva sofreu um pênalti que não foi assinalado. Após quase meio minuto, o árbitro paralisou o jogo para acionar o VAR. Certamente ele não recebeu um aviso do além lhe dizendo que cometera um erro, não é mesmo? Alguém do VAR o avisou do erro, ele foi conferir, e consertou as coisas.
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E uma situação similar  acontecida no jogo Espanha 2 x 2 Marrocos, na Copa, também teve uso do VAR… O jogador Aspas marcou o gol de empate, o segundo da Espanha, no finalzinho do segundo tempo; árbitro e bandeira assinalaram impedimento. Avisado pelo VAR, ele voltou atrás e validou o gol. Como é que não se pode usar o VAR depois que o juiz assinalou algo?

https://www.youtube.com/watch?v=deGmI7kX2cM

http://www.youtube.com/watch?vFtm0MsII-24&feature=share

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Uma outra situação de uso do VAR na Copa do Mundo aconteceu no jogo Suécia 1 x 0 Coreia do Sul…

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São muitas as partidas e situações em que o árbitro de vídeo interferiu e consertou o erro do árbitro do jogo. Mas você é obrigado a acreditar que só no jogo do Palmeiras, no lance em que ele marcou o gol de empate, o VAR não podia ser usado.

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http://www.youtube.com/watch?vFtm0MsII-24&feature=share

É fácil concluirmos que não usaram o VAR no lance do gol do Palmeiras porque não quiseram, porque não era conveniente ao interesse de alguns consertar o ‘perigo de gol’ apitado por Wagner Reway. O Palmeiras foi operado, sem anestesia, de novo. Em uma mesma partida, usaram o VAR para uma falta, mas não o usaram para um lance capital que mudaria o resultado do jogo (será que  a Copa do Brasil 2018 é mais um campeonato de cartas marcadas pela CBF? Será que ela já tem o destino certo para a gorda premiação que vai oferecer ao campeão?). E toda essa lenga-lenga dos que “enxergam” a falta inexistente, dos que falam que “Ainnn, não se pode acionar o VAR depois que o juiz apitou” ,é só mais do mesmo, ou  seja, são os “profissionais” de sempre, fazendo o serviço de sempre: enganar o torcedor e legitimar a picaretagem, maquiar a garfada que deram no time dele. Os brasileiros conseguiram corromper até o VAR, e ele já exala um cheiro podre.

O Brasil não é para gente séria… Me engana que eu gosto, CBF.

 

http://www.youtube.com/watch?vFtm0MsII-24&feature=share

Depois daquela mutreta orquestrada, filmada, fotografada, telefonada e escancarada – com a participação até da Federação Paulista – que ocorreu no derby da final do Paulistão 2018, não imaginei que o Palmeiras viesse a ser operado escandalosamente outra vez, e sem anestesia,  em um outro derby,  poucos meses depois daquele…

Palmeiras, a três pontos do líder no Brasileirão, somando bons resultados e pontos desde a chegada de Felipão; Lava Jato, mal posicionado na tabela, se distanciando até mesmo da briga pela vaga na Libertadores… Que tolinha eu fui por imaginar que  o Palmeiras não seria assaltado de novo, né?

Foi uma arbitragem nociva. Os quase 40 mil palmeirenses que estavam no Allianz – os que estavam vendo o jogo na TV também – quase morreram de tanta raiva do árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima (RS). Ele abusou de ‘errar’ na partida – com uma desfaçatez tamanha -, e sempre em prejuízo do Palmeiras (claro), como sempre acontece quando Palmeiras e o time da Lava Jato se enfrentam, e não importando quem seja o juiz.

Mas, ao contrário de algumas outras vezes, nem com o árbitro “jogando” muito, nem com o árbitro irritando profundamente os jogadores do Palmeiras (isso serve para atrapalhar o time mais forte, para desconcentrá-lo, e dar uma igualada nas coisas em campo) eles conseguiram dar conta do nosso “time B”. Pra se ter uma ideia, o árbitro foi o mais produtivo jogador adversário, os demais só souberam bater, pisar, se jogar, fazer cera e ficar indignadíssimos com uma piscadinha de Deyverson.

Eu até achava que Felipão tinha que mandar o time titular pro jogo, uma vez que o adversário estreava Jair Ventura, seu novo técnico, e os times costumam ter um gás a mais em estreias de novos comandantes, mas não imaginei que o Lava Jato estaria murchinho, murchinho, sem gás nenhum, não imaginei que o nosso time “reserva” fosse jogar tão tranquilo e seguro (apenas 3 jogadores eram do time considerado titular).  Luan e Gustavo Gomez – nossa zaga “reserva” – jogaram muito, Marcos Rocha também, e ainda deu passe pro gol… Victor Luiz, errou algumas coisas, mas teve bons momentos no jogo… Deyverson, ligado no 220, fez o gol da vitória,  deu chapéu (foi pisado por Douglas por isso), deixou a gambazada revoltada por causa de uma piscadinha… (como chamar esses jogadores de reservas? Como chamar um Lucas Lima de reserva?), Thiago Santos foi bem, Felipe Melo jogou um bolão, Moisés, que entrou na segunda etapa, foi muito bem…  Willian entrou na segunda etapa também e, tão gentil, deu até uma “caneta” de presente pro Gabriel com os dizeres: “Recuerdos de Allianz Parque”… Duduzinho, que deu um trabalhão para os adversários (Mantuan que o diga), jogou demais e, por um pecado de alguns poucos centímetros, deixou de fazer um golaço – invadiu a área, passou entre quatro adversários e chutou, a bola bateu na trave de cima, pingou fora da linha do gol e Cássio conseguiu se safar.

E só deu Palmeiras no jogo – essa é a vantagem de se contratar muita gente boa, coisa tão criticada pela imprensinha meses atrás. Allianz lotado, a torcida “dentro de campo”, cantando sem parar, time jogando do jeito que a gente espera que ele jogue um derby. Além da defesa mais segura, mais forte e consciente, gostei também da atitude do time, e essas coisas são, sim, méritos de Felipão.

Embora o Palmeiras não tenha sido muito efetivo para conseguir o seu gol na primeira etapa e, por isso, tenha dado muitos chutões, embora tenha faltado ‘aquele’ passe, aquele acerto antes da finalização (Felipão consertaria isso depois), o Verdão comandou as ações, ficou muito mais tempo com a bola no pé, foi muito mais ao ataque (deu trabalho para a zaga ‘itakera’), acertou muito mais passes, roubou mais bolas, finalizou mais, teve mais escanteios. Pra se ter uma ideia, no primeiro tempo, quando o Palmeiras foi menos efetivo, tivemos chances com Hyoran, num chute cruzado, que passou perto e que Cássio não conseguiu pegar mesmo se esticando todo; com Deyverson, duas vezes, num chute frontal ao gol de Cássio e numa cabeçada que passou pertinho… O adversário, era uma pálida figura em campo. Cássio já fazia cera no começo do primeiro tempo.  E, nesses 45 minutos,tirando um chute de Jadson, que passou longe, o adversário não fez sequer uma finalização a gol, não cobrou escanteio algum. Weverton não sujou nem as luvas.

O Palmeiras atacava e o Lava Jato, só se defendia, colocando o time inteiro no campo de defesa. O desenho do primeiro tempo era esse:
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E não foi diferente na segunda etapa. Felipão acertou mais o time, trocou Thiago Santos por Moisés (e eu vivi pra ver o Felipão tirar um volante de campo), o Verdão foi pra cima – sofreu dois pênaltis e nenhum foi marcado pelo apitador – e abriu  o placar com um gol espertíssimo de Deyverson,  aos 11′. Marcos Rocha cruzou rasteiro, Deyverson, esperto, ganhou de Léo Santos e tocou pro fundo do gol de Cássio. E o Allianz, que já cantava sem parar, explodiu no gol. Festa no Chiqueiro!! Tchuuuupa, juiz!

O Lava Jato até tentou ir pra frente depois do gol tomado, mas não teve como.  Se time do Felipão quando tá em vantagem é difícil de ser batido, imagina com a torcida “dentro de campo”,  jogando também? A energia estava no ar, e não se sabia se ela vinha do campo pra arquibancada ou se era a arquibancada que energizava o campo. Palmeiras inteiramente focado no jogo, cheio de raça e vontade.

Deyverson estava bem na partida, mas como ele é meio destrambelhado,  e como o juiz estava “jogando” para os adversários, Felipão resolveu tirar o atacante e colocou Willian em seu lugar. Deyverson, ao sair, deu uma piscadinha para os lados do banco dos visitantes, alguns jogadores ali ficaram bravos,  levantaram do banco, xingaram (fazer selfie dentro do campo é bacaninha, né? Fazer embaixadinha, é do jogo, é malandragem. Chacoalhar as partes íntimas para a torcida adversária, depois de um gol, também pode. Nada disso é provocação, mas piscar é um “absurdo”) , Roger, o que ‘esqueceu’ a mão na cara de alguns parmeras, discutiu com Prass…

 

E cada hora era uma coisa pra agitar a parmerada. O BGod, que tinha acabado de entrar, tão gentil e hospitaleiro, deu uma caneta linda de “presente” para… Gabriel.  A torcida amou a “gentileza” do BGod…

Mas o árbitro continuava aliviando para o adversário, ignorando algumas faltas que eles faziam, ignorando as suas reclamações, e parecia se importar só quando as reclamações eram alviverdes. Felipão foi expulso por reclamação (o árbitro mete a mão no Palmeiras e não quer que ninguém reclame?)… Jogo tenso, como costumam ser os dérbis…

Mas não teve jeito. O Lava Jato não era de nada mesmo. O Palmeiras foi mais time, jogou mais e melhor, e saiu merecidamente com a vitória, com mais três pontos, com a torcida cantando feliz…  venceu o rival, a arbitragem, e, continua na briga pelo título.


Mas não é porque ganhamos, porque foi uma maravilha e ficamos todos felizes, porque a zoeira começou assim que o juiz apitou o final de jogo, porque os memes apareceram… que podemos esquecer e deixar de falar que, DE NOVO, o Palmeiras FOI MUITO GARFADO NUM DERBY. Isso é recorrente, é absurdo e  aviltante, e não parece ser por acaso. Teria o dedo da CBF nisso, uma vez que ela não toma nenhuma providência a respeito dos apitadores que fazem esse servicinho a cada confronto entre os dois times? O Palmeiras continua sendo roubado… e o Lava Jato continua sendo beneficiado… e a imprensinha continua tirando o foco – com tanta coisa errada feita pela arbitragem, ela, depois do jogo, só falou da piscadinha.

E não foi pouco o prejuízo que a arbitragem causou ao Palmeiras. Início de jogo, Léo Santos derrubou Lucas Lima na entrada da área. Na hora, deu a impressão de pênalti, mas foi fora. No entanto, foi falta, foi muito falta. O árbitro viu, auxiliares viram, e nada foi marcado. Lucas Lima reclamou, com razão, e o juiz amarelou o jogador palmeirense. Para o infrator, nada;  para o Palmeiras, a não marcação da falta e o cartão para Lucas Lima. Estranho o livro de regras do árbitro…

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E o árbitro continuou invertendo critérios, faltas, irritando e pilhando o time do Palmeiras, enquanto  marcava qualquer encostada no adversário, principalmente nas proximidades da área.

Roger “esqueceu” o braço no rosto de Luan, e não levou cartão… depois acertou “sem querer” Gustavo Gomez… e nada – só na segunda etapa ele levaria um amarelo. A memória do árbitro para lembrar das regras funcionava, ou não, de acordo com a cor da camisa do jogador.

Na segunda etapa, o árbitro nos mostraria a que veio… Aos 8′ (um pouquinho antes do gol de Deyverson),  dois pênaltis foram cometidos pelos “itakeras”, em duas jogadas seguidas num intervalo de uns cinco segundos…na cara do árbitro e do auxiliar. Lances  bem fáceis de se ver, até de longe, mas o árbitro não assinalou nenhum deles.

O primeiro, cometido por Henrique em Deyverson… que já tinha tocado a bola quando foi tocado pelo corintiano. E isso é pênalti. Os árbitros “esquecem” as regras em dérbis, não?

Na sequência, Douglas chutou Marcos Rocha…

Como explicou Gaciba: “São duas jogadas em velocidade. Em ambas os jogadores do Palmeiras tocam na bola primeiro e depois recebem o chute. Na regra do jogo não fala em intenção, e houve o toque nas duas. Foi pênalti nos dois lances”.

E assim, nesse “jeitinho de apitar”, e se não faço confusão, são 9 anos de derby sem que nenhum pênalti tenha sido marcado a favor do Palmeiras, mesmo ele tendo sofrido vários. É muita coisa. Esquisito isso, não?

Mas teve mais coisa…  Deyverson deu um chapéu em Douglas e olha só o que o Douglas – olhando bem onde pisava –  fez na sequência do lance…

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O juiz “não viu” essa agressão, o bandeira também não, nem “o quarto árbitro, o quinto árbitro, o delegado, nem o tutor, nem o cara com o celular na mão querendo afastar o helicóptero que sobrevoava o estádio”… os profissionais  da emissora de TV, que tem “trocentas” câmeras, também “não viram” (se viram, fizeram de conta que não)… nem os jornalistas dos programinhas esportivos, com os vídeos disponíveis, com imagens mil…

Ah, se fosse o Felipe Melo a pisar em alguém… Se fosse ele, teria recebido o vermelho na hora, claro; a imprensa falaria dessa agressão o dia inteiro, em todos os programas, por dias seguidos, as imagens seriam mostradas dezenas de vezes e por todos os ângulos possíveis; ele seria o maior vilão do futebol, e você seria sutilmente convencido a achar que a expulsão foi pouco, e que ele não serve para o seu time.  Essa maneira seletiva de agir é “desonestidade” que fala, né?

Um dia essa “casa” cai…  O que importa agora é que o Palmeiras jogou muito bem, superou o rival, a arbitragem mandrake e continua na briga pelo título do Brasileiro… quanto ao técnico estreante, é melhor Jair se acostumando…  não vai ter moleza contra o Verdão.  

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V – E JUNHO CHEGOU

“Para onde quer que fores, vai todo, leva junto teu coração” – Confúcio

O coração dos brasileiros se apertava, e era bem grande a empolgação. Junho conduziria os brasileiros ao torneio mundial, a mais um torneio mundial no Brasil… Muitos já sentiam aquele friozinho na barriga quando pensavam na competição. Meu pai, que iria, claro, assistir aos jogos do Verdão no Pacaembu, certamente, já pensava na possibilidade de assistir à final caso o Palmeiras chegasse até ela (mesmo sem nunca ter perguntado isso a ele  – e agora não posso mais fazê-lo -, tenho certeza que ele acreditava piamente que o Palmeiras estaria na final). Muito provavelmente, naquele início de Junho, ele e os amigos que foram ao RJ também, já faziam planos para uma possível viagem – outro dia mesmo, minha mãe, com quem eu falava sobre essa postagem, me contou sobre as pessoas que foram ao Rio de Janeiro com ele na ocasião.

A hora estava chegando… A “Copa Rio”, verdadeiro Campeonato Mundial de campeões logo começaria…

E, por decisão da Associação Uruguaia de Futebol, o Nacional confirmava presença no torneio…

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E porque o Nacional participaria do  Mundial de Clubes, o campeonato uruguaio também seria paralisado durante a disputa (mas que “torneiozinho sem expressão”… Paralisaria até o campeonato do Uruguai, o país que acabara de ser campeão do mundo), e haviam negociações em andamento para a realização, em Montevidéu, e durante o torneio aqui no Brasil, de uma série de partidas entre clubes orientais (clubes uruguaios) e brasileiros. O Corinthians já havia aceitado a proposta para se exibir em Montevidéu no que seria o seu primeiro amistoso fora do país (seria um amistoso de “fax”?), e Bangu, América e outros clubes nacionais estudavam o assunto. Um representante da CBF seguiria para a capital uruguaia para acertar em definitivo essas negociações.

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Antes mesmo que a tabela ficasse realmente pronta,  já noticiavam…  O Vasco, no dia 30 de Junho, enfrentaria o Sporting, de Portugal, na abertura do Torneio Mundial de Campeões, pela chave do Rio de Janeiro. Na chave de São Paulo, o Palmeiras, no mesmo dia, enfrentaria um time italiano. Pensava-se que seria o Milan, no entanto, o campeonato italiano só terminaria na segunda quinzena de Junho – o Milan já tinha acertado anteriormente que disputaria a Copa Latina, que seria na Itália naquele ano –  e, antes disso, Barassi, que também era presidente da Federação Italiana,  acabaria preferindo, convidando e se acertando com o Juventus, o campeão de 50, com vários jogadores da seleção italiana, e que já tinha conquistado oito campeonatos italianos contra três do Milan (o Milan conquistaria o seu quarto título em 51).

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E, então, depois de alguns dias, Barassi finalmente definiria todos os participantes do primeiro mundial de clubes. Além de Palmeiras e Vasco, seis campeões estrangeiros participariam da disputa. Eram eles:

Nacional (URU) – Campeão uruguaio de 1950 (batera o Peñarol, a base da seleção que conquistara a Copa no Brasil), e possuía 9 conquistas no campeonato do Uruguai.
Sporting (POR) – Campeão português de 1951, dez vezes campeão nacional (na última década, tinha sido campeão em 41/44/47/48/49/50),  sendo o representante designado pela federação portuguesa.
Juventus (ITA) – Campeão italiano da temporada 49/50, com 8 conquistas no campeonato nacional, e que tinha em seu elenco 7 jogadores da Azzurra e um da seleção sueca, e fora designado pelo próprio Barassi,  presidente da Federação Italiana, para representar o futebol de seu país no torneio.
Olympique Nice (FRA) – Campeão francês da temporada 50/51, o melhor clube da França, onde jogava o popular Ieso Amalfi, o brasileiro que era o astro número 1 do futebol francês naquela temporada.
Estrela Vermelha (IUG) – ele não era o campeão iugoslavo de 50 – acabaria se tornando o campeão de 51 -, mas era o Tricampeão da Copa da Iugoslávia (48/49/50), além de ser a base da seleção que estivera no Brasil na Copa de 50, e fora designado pela própria Federação de Belgrado como o representante melhor qualificado do futebol iugoslavo.
Austria Wien (AUS) – Bicampeão austríaco (48/49 e 49/50), quatro vezes campeão da Áustria, tinha em sua equipe 10 jogadores que integravam a seleção austríaca – o Rapid Viena era o campeão de 50/51, mas, por problemas ocasionados em outras competições, a CBF o vetara e Barassi nem sequer o convidara – Diário da Noite, 06/51.

E com essas equipes já acertadas para o torneio, a imprensa alertava: “Nada de otimismo exagerado para o Mundial de Campeões”.  Mesmo com muitos triunfos internacionais dos clubes brasileiros diante de clubes estrangeiros, mesmo com o futebol brasileiro atravessando um período áureo, não se podia achar que estava tudo azul… e que o título de campeão mundial de clubes já estava no papo.

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E tudo ia se acertando, se encaixando… as providências todas iam sendo tomadas… E formavam-se as comissões para o Torneio Mundial dos Campeões.

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A Comissão de Imprensa também seria formada e, para isso, estariam reunidos na sede da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) os cronistas credenciados.

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O Ministro das Relações Exteriores do Brasil telegrafaria para todos os embaixadores brasileiros em países cujos campeões participariam do Torneio Mundial, para que facilitassem no que fosse necessário as citadas delegações.

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Os gastos com a Copa Rio, segundo informava a CBD, atingiam cerca de 12 milhões de cruzeiros. Os dirigentes esperavam lucros com o torneio, mas havia os que profetizavam (eles existem em qualquer época) que o torneio daria prejuízo – se ele seria um torneio rentável parecia ser uma das coisas que a Fifa queria observar nesse primeiro mundial.

Enquanto o país todo acompanhava e aguardava o torneio,  Rio e São Paulo fervilhavam de ansiedade, aguardando a chegada das delegações. Palmeirenses, vascaínos e os demais torcedores brasileiros não viam a hora de ver a bola rolando no mundial de clubes. Os jogadores de Palmeiras e Vasco  não viam a hora de entrar em campo.

A CBD e a FIFA, repetindo a decisão da Copa do Mundo, oficializaram a bola para a Copa Rio… A SUPERBALL, a mesma bola utilizada na Copa do Mundo, seria a bola oficial no 1º Torneio Mundial de Campeões (Ainnn, mas não era mundial). E, para atender ao regulamento, Maurício Fucks foi pesar e medir as  “Superballs” e colocar a sua assinatura em cada uma delas.

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Havia gente da imprensa que procurava desmerecer o Mundial de Clubes, desmerecer as equipes estrangeiras que iam participar do torneio… Havia um jornal, ou melhor,  havia um cronista, que não assinava o que escrevia (devia ser avô de algum desses “jornaleiros” atuais), que tentava confundir o fato de o Torneio Mundial de Clubes Campeões também ser chamado pelo nome do seu troféu, “Copa Rio”, como se o segundo anulasse o primeiro (da mesma forma que, levianamente – ou por ignorância – fazem alguns agora, quase 70 anos depois), havia quem achasse que não deveria mais ser considerado um torneio mundial. E Mario Filho – o idealizador do torneio -, em sua coluna no jornal,  esclareceria os fatos e o ‘certo cronista’…

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“O campeonato do mundo de futebol é Taça Jules Rimet. O campeonato mundial de clubes  é “Taça Rio”. Só que o campeonato mundial de Futebol já foi “Coupe du Monde”, e o campeonato mundial de clubes nunca deixou de ser “Copa Rio”. “COPA RIO” É O NOME DA TAÇA. Sempre se chamou o mundial de clubes de “Copa Rio” e “Copa Rio” de mundial de clubes” , Mário Filho.  – Duas notas sobre o mundial de clubes ou “Copa Rio”, Jornal dos Sports, 16 de Junho de 1951.

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Mas são “juquinhas” da vida que, quase 70 anos depois, juram que sabem mais sobre o torneio do que o jornalista que o idealizou e que apresentou a ideia do torneio aos dirigentes da FIFA, juram que sabem mais do que as notícias contaram sobre o torneio na época em que ele aconteceu.

Não havia no mundo um torneio entre clubes que fosse mais importante do que a “Copa Rio”. Em importância no cenário futebolístico só a Copa do Mundo era maior do que o mundial de clubes que estava sendo organizado no Brasil. E Mario Filho contava em sua coluna, que tinha encontrado um aliado em Ottorino Barassi, que o dirigente via o estádio com os mesmos olhos dele, Mario Filho. E quando ele falara com Barassi sobre o mundial de clubes, antes de dizer “sim” ou “não”, Barassi lhe perguntara quanto ele achava que renderia o campeonato do mundo. E quando Mario Filho respondeu que renderia uns 40 milhões, Barassi, então, lhe apertara a mão.
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Sim, a Copa do Mundo de seleções era o torneio de maior expressão no planeta. E, por isso mesmo, alguns membros da Fifa temeram que esta nova competição de relevo mundial, por levar o nome de mundial também, prejudicasse o sucesso das futuras Copas do Mundo (Taça Jules Rimet), lhes tirasse algum brilho – a Copa do Mundo era, e tinha que continuar sendo, a maior e mais importante competição do planeta -, mas fora o próprio presidente da FIFA, Jules Rimet (o Jornal dos Sports publicaria isso depois), quem afirmara que não havia motivo para tantos receios.


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Era um mundial de clubes desde que fora idealizado, concebido – as notícias dos jornais, de vários jornais diferentes, nos contam essa história. O primeiro mundial de clubes a ser realizado. E era no Brasil… E o Brasil, que ainda não conquistara nenhum título mundial, e ansiava por uma conquista assim, aguardava e contava as horas para o início do torneio…

“Pronto. Está tudo feito. Agora é esperar que esses poucos, pouquíssimos dias se escoem. Cada meia-noite passada, sendo um dia a menos. E então começará a romaria diária ao aeroporto do Galeão. Será a chegada dos concorrentes ao torneio mundial dos campeões. Candidatos à primeira posse da Copa Rio. Uruguaios, italianos, franceses, iugoslavos, austríacos, portugueses. Sim, também os portugueses. Para alegria de quantias que ansiavam por uma reaproximação que já estava tardando. Iremos, pois, uma porção de vezes ao aeroporto para receber os nossos hóspedes. Seis clubes estrangeiros. Meia dúzia que, com nossos Vasco e Palmeiras, totalizarão oito concorrentes ao primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões. Tal como havia sido previsto. Pensara-se inicialmente em oito, mesmo antes da Copa do Mundo de cincoenta. E oito são os que virão.

Não foi sopa, porém, para trazer ao Rio esses oito concorrentes. Que o diga Ottorino Barassi, o operoso dirigente da Federação Italiana e da FIFA. O Herbert Moses do futebol internacional pela faculdade de onipresença. Teve de andar de Herodes para Pilatos a fim de não fracassar.  Parecia até o combinado São Paulo-Bangu, hoje aqui, amanhã ali. E como Barassi é homem que não está acostumado a fracassar, teve de meter os peitos. Afinal, conseguindo resolver tudo a contento. E ninguém poderá negar o mérito que esse italiano teve para um certame praticamente já vitorioso. Porque o mais difícil está feito. Agora é esperar o momento do início da festa”, escreveu Everardo Lopes para o Jornal dos Sports, em 16 de Junho de 1951).

 

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Sim, seria uma festa, disso todos tinham certeza… os brasileiros estavam inteiros nisso, de coração… mas será que dessa vez o anfitrião ficaria com o título? Será que dessa vez a Copa ficaria no Brasil?

IV – O MUNDIAL DE CLUBES VEM AÍ

“A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória…” – Cícero
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1951 chegara… a Europa, ainda cheia de escombros, ia se refazendo dos estragos da guerra, mas continuava sofrendo pelo horror vivido, sofria com a falta de dinheiro… Em outro ponto do planeta, norte-coreanos e chineses, em guerra com a Coréia do Sul, capturavam Seul… A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) preparava a sua segunda temporada de F1, que, na época, era disputada só no continente europeu e em apenas oito corridas (um campeonato com 21 corridas, como aconteceria décadas depois, era impensável naquele tempo em que as viagens eram mais complicadas e sair da Europa era muito difícil)…. Na Argentina, aconteceriam os primeiros Jogos Pan-americanos… e em terras brasilis o primeiro Mundial de Clubes era organizado.

E nesse início de Janeiro, o Mundial de Clubes era o assunto do universo futebol… No Jornal dos Sports, a coluna de Pierre Rimet informava que o presidente da FIFA afirmara que “A Copa Rio”, Torneio Mundial dos Clubes Campeões, deveria bisar o triunfo do Campeonato Mundial de 1950″. As expectativas eram muitas…

Na primeira semana do ano, a notícia era sobre a chegada, nos próximos dias, de Ottorino Barassi – o dirigente da Fifa e presidente da Federação Italiana – que mantinha estreita ligação com a CBD e vinha ao Brasil para ultimar providências para a realização do 1º Torneio Mundial de Clubes Campeões (Jornal do Brasil – 06/01/51)

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No Brasil, enquanto aguardavam Barassi, os homens do Conselho Técnico da CBD  se reuniam para tratar do palpitante assunto do momento: o Campeonato Mundial de Clubes Campeões. O Conselho Técnico de Futebol da CBD , sob o comando de Castelo Branco, organizava o regulamento da competição. (Correio da Manhã – 09/01/51)

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E o mundial de clubes, em sua inédita edição – o seu primeiro formato na história – já fazia tanto sucesso, antes mesmo de estar totalmente organizado, que “os dirigentes ingleses, impulsionados à modernidade por Sir Stanley Rouss e Mr. Arthur Drewry, queriam/se decidiam a organizar, em 52, um Torneio Mundial de Clubes Campeões mais  ou menos idêntico ao torneio idealizado por Mario Filho”,  que se realizaria no Rio de Janeiro naquele ano.

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Até o comércio pegava carona na grande badalação que era o Torneio Mundial dos Campeões… e fazia ofertas com “Preço Campeão”…

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Em 30 de janeiro, vindo de Roma, Ottorino Barassi, presidente da Federação Italiana de Calcio e vice-presidente da FIFA, chegava ao Brasil para tratar com a CBD dos assuntos do torneio mundial – (Jornal dos Sports, 30/01/51).

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Fevereiro mal iniciara e a CBD já se reunira outra vez, e exclusivamente por causa do Campeonato Mundial de Clubes Campeões. E ficou decidido que no torneio seriam dois grupos de quatro times cada um.  Vasco e Palmeiras seriam os cabeças de chave do grupo do Rio de Janeiro e de São Paulo respectivamente (com jogos no Rio e em São Paulo, a recém inaugurada Via Dutra, que ligava os dois estados, facilitaria a vida de muitos torcedores). Faltava Ottorino Barassi definir os demais participantes.

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Barassi, que tinha ido à Argentina, chegava ao Brasil mais uma vez e, no mesmo dia,  esteve na CBD conversando com os dirigentes e com os jornalistas credenciados. E, embora por aqui se especulasse muito sobre os países que participariam do mundial de clubes, durante a conversa, Barassi e CBD combinaram que, dentro de alguns dias, eles se reuniriam mais uma vez para acertarem quais países, por intermédio de seus clubes campeões, seriam convidados a participar  do  torneio.

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O CND (Novo Conselho Nacional de Desportos) estudava até a possibilidade de reatar relações com a AFA, a Associação de Futebol da Argentina, estudava aceitar o apaziguamento insinuado pelo chanceler argentino Jesus Paz,  e convidar o Racing para o torneio – as relações haviam sido cortadas depois que os argentinos, sem maiores explicações, se recusaram a participar da Copa do Mundo no Brasil (Jornal da Noite, edição 050591) – na verdade, segundo o que diziam alguns, a explicação existia sim, e a recusa da Argentina em participar se dera pelo fato de a Copa ser no Brasil, e a Argentina querer sediar a Copa.

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Barassi ‘quebrava a cabeça’ para fechar a parte dos europeus que viriam para o mundial – como era o primeiro  torneio no gênero, o primeiro mundial de clubes, e não havia um critério determinado, os participantes tinham que ser convidados, não havia outro jeito, e como a Europa ainda vivia muitas dificuldades pós guerra,  ficava mais difícil ainda. O dirigente adiantava que Uruguai, Itália, Inglaterra, Portugal e Espanha estavam entre os países que seriam convidados, e ele acreditava que todos aceitariam (como constataríamos depois, Uruguai, Itália e Portugal aceitariam sim o convite do dirigente da Fifa). Barassi achava que, muito provavelmente, a outra vaga acabaria sendo da Suíça. 

Em Portugal, uma notícia equivocada (falsa) dizia que o mundial não mais se realizaria e que teria sido Jules Rimet a afirmar isso, mas a CBD desmentia e garantia que a realização do mundial estava firme – Jules Rimet também desmentiria e esclareceria o assunto depois.

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A organização do mundial – programado desde Julho de 1950, e cuja ideia existia desde Março desse mesmo ano e contava com a concordância de todos os presidentes de clubes brasileiros -,  ia encorpando…

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Era uma novidade a cada dia… Dois árbitros ingleses – um deles, que estivera apitando na Copa do Mundo –  estariam entre os árbitros do Mundial dos Campeões, e Barassi, por telefone, adiantava que um time da Áustria deveria participar do torneio. Barassi também informava que Mr. Stanley Rouss viajaria para o Brasil em sua companhia para integrar a comissão organizadora do torneio.

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O frisson pelo mundial prestes a acontecer era cada vez maior no Brasil. Os dias se tornavam ansiosos, inquietos… E como os participantes europeus ainda não estavam definidos, as especulações, como não poderia deixar de ser, eram muitas… mas já se podia quase afirmar que Itália, Iugoslávia, Portugal e Uruguai mandariam os seus representantes – o futebol italiano e o uruguaio eram bicampeões do mundo. Em relação à Espanha, a derrota para o selecionado brasileiro na Copa, por 6 x 1, e a grande significação da Copa Rio – era uma “outra Copa do Mundo” – deixava inseguros os seus representantes quanto a disputar o Mundial de Clubes. Atletico de Madrid, campeão espanhol, e o Barcelona, campeão da Copa Generalíssimo Franco,  achavam impossível vencer no Brasil. E depois de a Portuguesa ter vencido o campeão espanhol em Madrid, o futebol espanhol acabou convencido da absoluta superioridade do futebol  brasileiro. Além disso, achavam que o Mundial de Clubes serviria apenas para que o Brasil reeditasse a goleada imposta à Espanha na Copa. No “Diário da Noite” a notícia contava que o campeão espanhol fugira do Torneio Mundial de Campeões.

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Era quase confirmada a ausência da Inglaterra (por problemas financeiros o Tottenham acabaria declinando do convite) e, em seu lugar, diziam, deveria participar a França. A Áustria, cujo campeão, o Austria Wien, derrotara o campeão inglês, também queria participar. A participação da Iugoslávia, Portugal e Itália estavam asseguradas.

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Junho, mês em que o mundial teria início  – a partida de abertura seria no dia 30 -, estava quase chegando… e aconteceria mais uma conversa da diretoria da CBD com o Presidente da República, Sr. Getúlio Vargas, que nesse ano de 1951, estava em seu segundo mandato como o 17º presidente do Brasil – dessa vez eleito pelo voto direto.

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O Nacional, do Uruguai  – país cuja seleção atravessara a faca no coração dos brasileiros na Copa do Mundo -, pediu à CBF o regulamento e alguns esclarecimentos sobre ele, a fim de poder confirmar a sua inscrição. E era muito grande a expectativa e a alegria, dos brasileiros pela participação do time campeão uruguaio de 50 no Torneio Mundial de Clubes Campeões… era grande a vontade de enfrentar os uruguaios mais uma vez.

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Durante os primeiros meses desse novo ano em que o mundial era organizado, o Brasil ganharia 32 medalhas no primeiro Pan-americano (5 de ouro, 15 de prata e 12 de bronze), ficando em 5º lugar… o “Trio de Ouro” faria sucesso com a música “Vingança”, de Lupicínio Rodrigues… Juan Manuel Fangio, no Grande Prêmio da Suíça, em Maio, conquistaria o seu primeiro campeonato na Fórmula 1… O Palmeiras, que se sagrara campeão da Taça Cidade de São Paulo 1950,  campeão Paulista de 1950  – o campeonato terminara em Janeiro de 51 -,  conquistaria ainda o Torneio Rio-São Paulo de 1951 – com alguns resultados muito expressivos, como a goleada de 7 x 1 no Flamengo (a maior goleada , até hoje, no confronto entre os dois clubes), 4 x 1 na Portuguesa, 4 x 2 no Bangu, 3 x 0 no São Paulo, 4 x 1 no Vasco (o outro participante brasileiro do mundial e favorito ao título para muita gente) e as duas vitórias decisivas sobre o Corinthians por 3 x 2 e 3 x 1 –  conquistaria também a Taça Cidade de São Paulo 1951 onde derrotou o São Paulo por 3 x 2 e  goleou o  time do Santos por 6 x 2. Com quatro títulos disputados e conquistados, o Palmeiras ia agora em busca da sua quinta coroa… o titulo do Torneio Mundial de Clubes Campeões.

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O campeonato paulista de 51, que teria início em 02 de junho, por determinação da CBD seria paralisado para que o Torneio Mundial de Clubes Campeões fosse disputado…

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Os meses passavam rapidamente, os dias corriam apressados, tagarelas, ansiosos… os torcedores brasileiros sonhavam com o mundial… um rapaz de vinte anos, que no futuro viria a ser o meu pai, e me daria por herança o verde dos meus olhos e o sangue verde que corre em minhas veias, sonhava com o Palmeiras conquistando esse grandioso torneio… sonhava com dribles, com gols de Jair da Rosa Pinto, com defesas do seu grande ídolo, Oberdan Cattani (“ele pegava a bola com uma mão só”, me contaria ele anos depois), sonhava com a faixa de campeão mundial em peitos palestrinos…  sonhavam também os jogadores do Palmeiras, os do Vasco… sonhavam os palmeirenses, os vascaínos… sonhavam todos os brasileiros… já era chegada a hora de preparar a alma pra ser feliz…

(Continua na próxima terça-feira, 04/09)