PALMEIRAS TRICAMPEÃO… E COM O CORAÇÃO EM “PRASS”…

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“O amor conquista todas as coisas” – Cícero

Só agora estou voltando ao normal, arrebatada que fui por tanto encantamento… Só agora consigo falar a respeito do sonho, no qual entrei Prass nunca mais sair…

Aqueles que não conhecem os caminhos retos para se conquistar objetivos – campeonatos, por exemplo -, os que não sabem o que é caminhar com as próprias pernas, os que não têm história, jamais entenderão a magnitude desse momento do Palmeiras…

Era mais que um título, era mais que a Copa do Brasil… era mais do que a primeira volta olímpica da história do Allianz Parque… era mais do que ter chegado à final tendo que vencer adversários e arbitragens durante todo o campeonato… era mais do que viver um momento de prosperidade, de salários em dia, de casa sempre cheia… mais do que começar a colher os frutos da reconstrução do Palmeiras… era mais do que calar a empáfia e a dissimulação do adversário final… era mais do que poder desdizer os jornaleiros e seus prognósticos ridículos, mais do que fazer a imprensa engolir as suas chacotas, piadinhas, seu desdém… era mais do que mostrar a força do time que a imprensa insistia em fazer desacreditado…  era mais  do que mudar o fato de que em 40 anos só outros dois técnicos ganharam títulos aqui…  era tudo isso junto, era justiça, era uma questão de ser Palmeiras,  era(é) o resgate de um Gigante, que estava prestes a escrever mais uma linda página da sua gloriosa história…

Como foi difícil atravessar a noite e o dia que antecederam a final da Copa do Brasil…

Um certo passado, ainda recente, nos fazia ficar apreensivos; a razão, no entanto, nos lembrava que o adversário, que só nos vencera na primeira partida com a ajuda do árbitro, não era tudo aquilo que diziam dele; e o coração, ah, o coração… ele, que nunca erra, fazia os palpites palestrinos serem os melhores possíveis…

Por mais que eu tivesse imaginado mil vezes o final da noite do dia 02/12, não pensei que ele seria tão espetacular, tão épico, tão Palmeiras…

Desde que saí da minha casa, os palmeirenses pelo caminho eram incontáveis. Nas proximidades do Allianz, eram milhares, e traziam no rosto aquela ansiedade e  brilho nos olhos de quem está indo para uma grande festa.

A Rua Palestra Itália estava uma loucura! Entupida de gente… Muitas luzes de sinalizadores,  fogos, que espocavam sem parar… risos, alegria, ansiedade… todo mundo sabendo que a realização do nosso sonho já tivera o seu início…

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No entorno do Allianz, o ambiente era mágico, surreal. Nunca tinha visto nada igual, não daquele jeito. Era como se estivéssemos dentro de um sonho, numa outra dimensão, de luzes e névoa…

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40 mil pessoas no Allianz… Do lado de fora, na Palestra Italia/Turiaçu e arredores, outras 40 mil, se não mais, acompanhariam nos televisores dos bares..

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E tanto dentro do Allianz como fora dele havia uma energia única, arrebatadora, que deixava a gente tonto, como se tivéssemos ingerido alguma droga, cujo efeito colateral fosse a felicidade.

Eu olhava aquele gramado e me lembrava de outros momentos, sentia o Palestra Italia  vivo ali, sabia que um pedaço da antiga ferradura dormia embaixo das arquibancadas… passado e presente misturados…

Eram muitas risadas, conversas e corações a mil quando Prass entrou pra se aquecer, seguido pelos companheiros… A recepção a eles foi eletrizante. “O Palmeiras é o time da virada, o Palmeiras é o time do amor”. E quanto amor estava envolvido naquela final…

A nossa “droga da felicidade” ia fazendo efeito. A conexão entre o que se via e ouvia era feita diretamente na nossa pele, no sangue nas nossas veias… Os sons e imagens pareciam atravessar a nossa pele e tomar conta do nosso corpo. O cérebro, atordoado, tentava assimilar, classificar, entender aquele mundo mágico, de sonho, mas era impossível, só podíamos sentir…

A última batalha ia começar… Corações a postos, orações,  alguns olhos grudados no céu,  outros fechados, mãos que seguravam terços… nossa energia se tornando uma só. O lindo mosaico da torcida, que, com muita justiça, trazia Prass, apareceu no momento em que nosso “hino nacional” ganhou os ares… e ele nunca foi tão lindo, tão tocante…

“Palmeiras, meu Palmeiras, meu Palmeiras”… era emoção demais…  As lágrimas nublavam os meus olhos e, muitas vezes, eu só mexia a boca, porque a voz não saía…

O juiz mal acabara de apitar o início e, com uns 10 segundos de jogo, Arouca achou Barrios lá na frente, ele deu um passe lindo para Gabriel Jesus sair na cara do goleiro e chutar pro gol, mas Vanderlei conseguiu salvar com os pés e tirar a bola por cima… Uhhhhh!

Era o Palmeiras mostrando que era o dono da casa, que ali a conversa seria outra; o Santos parecia assustado, mas foi pro ataque, Prass fez uma defesaça e, no rebote, a bola foi chutada na trave. Que susto!

O Palmeiras procurava não dar espaços para o Santos, desarmava, defendia, e era mais ofensivo, mais objetivo. O time tinha velocidade e uma vontade enorme. Do jeito que a gente queria, do jeito que as sardinhas e a imprensinha não contavam que  seria…

Mergulhada na “outra dimensão”, nervosa, eu enxergava diferente, como se tudo à minha volta tivesse uma outra luz, uma outra perspectiva… a respiração era curta, mais difícil… assistia com o coração…

Chance com Dudu… Chance com Zé Roberto, que recebeu carga do defensor do Santos e caiu na área… Chance com Barrios, de cabeça, e o goleiro defendeu de mão trocada pra evitar o gol certo…

Vaaaamos, Palmeiras! A Que Canta e Vibra dava um show e esperava pelo momento de gritar gol… a energia nas cadeiras do Allianz era absurda. O som era impressionante… “Eu sempre te amarei e te apoiarei, eu canto ao Palmeiras”… Time e torcida dando tudo e o melhor de si…

O Santos fazia muita cera, e o seu goleiro inventava mil e uma para parar o jogo. Com as bençãos do juiz, que fazia muito jogo de cena para parecer aborrecido, mas amarelo que é bom…

Jesus invadiu a área e David Braz meteu o cotovelo na bola, pra evitar que ela sobrasse pro palmeirense. Braço afastado do corpo, braço que desceu para acertar a bola com o cotovelo… E o juiz… nada! Que raiva! Não tinha sido suficiente o gambá Oliveira nos garfar e nos fazer sair em desvantagem na primeira partida?

Sentindo dores no ombro, Jesus, que fazia uma bela partida, saiu de campo aos 40′ para a entrada de Rafael Marques. Que triste perder nosso Menino Jesus e vê-lo  sair chorando…

O grito de gol se torcia em nossas gargantas, querendo escapar…. mas o primeiro tempo acabou 0 x 0.

E veio a segunda etapa… a decisão se aproximava do final…

O Santos, que tanto se gaba de um dia ter parado uma guerra, iniciara uma guerra estúpida e imbecil contra o Palmeiras – logo contra o Palmeiras, que parava até o Santos de Pelé – e se dera muito mal, porque não tinha bala na agulha para enfrentar o Palmeiras em seus domínios. E tremia na base… amarelava… se encolhia…

O falastrão David Braz já tinha saído machucado; Lucas Lima, das risadinhas irônicas, era engolido pelo brilhante futebol de Matheus Salles; Ricardo Oliveira, o imbecil “Viola da vez”, não conseguia fazer nenhum palmeirense entrar na sua pilha…

Por outro lado, Dudu e Barrios jogavam muito…  na verdade, o time todo do Palmeiras jogava muito e era bem melhor que o seu adversário. Seria só questão de ter paciência e sangue-frio. Mas sangue-frio só se fosse o das sardinhas amarelentas… porque o sangue verde pegava fogo e fazia o Caldeirão do Porco ferver.

Eu não vi como a jogada foi feita,  só vi a bola morrer na rede lá do outro lado e o grito de gol de 20 milhões de palestrinos (estavam todos lá) se livrar das amarras e explodir no Allianz. Eu me perdi no amontoado de abraços e lágrimas, e gritos de alegria…

Duduzinho, lindoooooo!! Dudu vibrava muito, aliás, vibração foi a palavra dessa noite épica… Com 11′, conseguíamos tirar a vantagem que Luís Flávio de Oliveira, o árbitro da primeira partida, dera ao Santos. E íamos buscar o título…

O Palmeiras jogava muito mais (que partida de Barrios!), merecia a vantagem, e com uma garra do tamanho da nossa vontade de gritar “É campeão”, ia pra cima das sardinhas falastronas…

O tempo passava… A tensão aumentava. Eu sentia tonturas… Barrios sentiu a coxa e deu lugar para Cristaldo. Minutos depois, Lucas Taylor entrou no lugar de João Pedro…

O jogo ia se aproximando dos 40′, e nós íamos ficando cada vez mais nervosos. Eu já não via mais o jogo direito… estava inquieta, rezava… a cabeça voava mentalizando o final de jogo, a festa da torcida.

E então, uma falta para o Palmeiras… Rafa, um amigo, me pergunta: Você lembra da falta em 98? Presta atenção. Sim, eu me lembrava…

Dito e feito! Robinho cobrou lá na esquerda, Vítor Hugo desviou de cabeça, Rafa Marques deu um toquinho e mandou pra área. Com três santistas ali, Duduzinho apareceu como um raio e guardou.

E o Allianz enlouqueceu e se abraçou com o Palestra Italia. Duduzinho, herói do jogo, emocionado, nos emocionava ainda mais na comemoração…  Nossa camisa 7,  finalmente podia sorrir orgulhosa e feliz…

Palmeiras x Santos Dudu (Foto: Marcos Ribolli)

Mas a vida queria fazer mais um herói…

Não entendemos isso na hora em que o Santos marcou  o seu gol, justo quando faltavam poucos minutos para gritarmos o tão sonhado “É campeão”… Não entendemos porque a sorte madrasta tinha levado a decisão para as famigeradas cobranças de pênalti…

Tinha que ser épico, tinha que ser no jeito Palmeiras de ser, e logo compreenderíamos isso…

Eu, que nunca tinha visto nada igual a esse jogo, à essa vibração, à essa  conexão time e torcida, à festa na entrada, olhava a torcida palestrina no Allianz e pensava comigo “não existe outro final pra essa história. O Palmeiras vai ser campeão”… “Prass vai pegar”… Nem Deus, nem Allah, Jeová, a sorte, o destino, o acaso… ou seja lá o que for, seriam tão cruéis com essa torcida tão linda e tão apaixonada…

E me enchi de coragem pra assistir… Ninguém nos tomaria esse título… Em nossa casa mandamos nós!

Com meus terços nas mãos, eu chamava até Oberdan para ajudar Prass, mas acho que ele já estava ali mesmo… eu pensava que todos os heróis palestrinos, até mesmo os que já se foram, estavam no Allianz naquele momento…

Marquinhos Gabriel foi cobrar (“ajuda o Prass, Oberdan”)… e chutou pra fora! O Allianz explodia em alegria…

Zé Roberto foi para a nossa primeira cobrança… e guardou!!! O sangue esquentava na veia. Estávamos em vantagem…

Meu coração estava lá dentro do campo…

Gustavo Henrique foi pra cobrança (“Pega, Prass! Pega, Prass! Você vai pegar!” Eu quase perdia a voz de tanto gritar)… e Prass , maravilhoso, monstro, defendeu! Os palestrinos pareciam em transe de tanta felicidade…

Eu era a criança que encontrara a bicicleta embaixo da árvore de Natal… Meu Deus que felicidade! Chorava, ria e morria de nervoso ao mesmo tempo.

Rafa Marques cobrou e o goleiro do Santos defendeu… Isso fazia parte dos planos da vida para fazer um outro herói…

A tensão era palpável… qualquer erro agora poderia ser fatal… Mas continuávamos em vantagem… era só acertar as próximas cobranças… Alguns torcedores choravam copiosamente…

Geuvânio cobrou e fez para o Santos…

Jackson, com muita competência, guardou para o Palmeiras… Bendito seja o zagueiro que cobra como atacante…

Lucas Lima fez para o Santos…

Cristaldo,  cobrando lindamente, fez para o Palmeiras… raça gringa no Allianz em homenagem ao técnico adversário…

O “rei da farsa e pastor nas horas vagas” fez o terceiro  do Santos, e por muito pouco o Prass não defendeu…

Faltava uma cobrança… se guardássemos essa, o Palmeiras seria campeão… Um chute a gol nos separava de um sonho… um chute a gol… só um…

A cobrança era de Prass, cobrança  do nosso goleiro; aquele, que, profeticamente, a Mancha Verde trouxe em seu mosaico… aquele, que a vida, merecidamente, queria brindar agora com uma página especial em nossa história…

As mãos santas de Prass tinham nos empurrado à final… e, agora, pelos seus pés poderíamos conquistar o título. Prass nos colocaria uma faixa no peito…

Eu não tive coragem de ver… Olhei para o céu, pedi a Deus, lembrei de Evair, que assistia à partida, imaginei que a sua energia estaria com Prass naquele momento… a minha energia toda estava com Prass…

Fernando Prass bate pênalti (Foto: Marcos Ribolli)

Olhando pro céu, prendi a respiração e  esperei o grito da nossa torcida… e nunca mais vou me esquecer da força com que ele ganhou os ares…

https://www.youtube.com/watch?v=RNEYMB3HNyE

Aquela camisa, metade Oberdan, metade São Marcos, com recheio de Prass, corria pelo gramado, enlouquecida de alegria. Prass entrava pra história do Palmeiras, e a gente soltava o grito guardado… É Campeão! É Campeão! Tricampeão!

O mundo ficou mais bonito, o mundo ficou todo verde…

O Gigante Palmeiras estava de pé! Tricampeão da Copa do Brasil, 12 títulos nacionais, o maior campeão do Brasil… E o Gigante batia no peito dizendo: Na minha casa não!

PARABÉNS, PALMEIRAS! PARABÉNS, TORCIDA QUE CANTA E VIBRA!! Foi limpo, legítimo e muito merecido! ¯\_(ツ)_/¯

 

4 comentários

  1. Boa tarde Tania, parabéns e obrigado por nos brindar com o texto tricampeão rsrs.

    Esta final me remeteu ao dia 12 de Junho de 1.993, quando tinha apenas 12 anos (coincidência não?) e agora prestes a completar 3 x 12 o título, a festa e a contagiante alegria (ainda) pelo título me fizeram voltar minha infância / adolescência…….

    Mas, para não escrever tanto, quero registrar somente 3 fatos…..

    1 – 1973 – PALMEIRAS é Campeão Brasileiro sobre as bibas;

    2 – 1994 – 21 anos depois PALMEIRAS é Campeão Brasileiro sobre os gambás;

    3 – 2015 – 21 anos depois PALMEIRAS é Campeão da Copa do Brasil sobre os sardinhas;

    Temos 12 títulos nacionais 4 para cada rival do estado, sendo um sobre cada um deles……. Agora eu pergunto: torcedor de qualquer timinho no Brasil, você tem títulos nacionais ou internacionais sobre todos os seus rivais?????? talvez somente o torcedor atleticano vai conseguir essa façanha graças à CdB 2014……….

    E cadê a imprensinha que deveria mensurar este fato histórico e projetor???????

    1. Saudações campeãs, Emanuel!!

      Bem observado. Na hora da onça beber água, ou melhor do porco beber água, não tem pra ninguém. Temos grandes conquistas sobre todos os nossos rivais. Mas vc acha que a imprensinha vai falar alguma coisa? Neste exato momento, ela está muito ocupada “fazendo a egípcia” no caso do patrocinador (lavanderia?) dos gambás, que alardeou milhões, mas cuja empresa não tem sequer cnpj…

      Um abraço

  2. “Torcida que canta e vibra”.
    Realmente a torcida do nosso verdão é surreal, incomparável, não tem como não dizer que somos a mais fanática e que apoia de maneira incondicional, nosso time nos fez por representar, não esquecerei jamais!!
    A você palmeirense meus sinceros cumprimentos, aos que ainda não são, aproveitem pois tempos melhores estão por vir, esta festa sinceramente será uma constante.
    Avanti Palestra!!

    1. Saudações campeãs, Fernando!!

      PALMEIRAS, O MAIOR CAMPEÃO NACIONAL, e com um espetáculo da Que Canta e Vibra!!

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