“Queremos dar alegrias para a torcida, e espero que a torcida não perca a fé na gente, pois daremos alegrias a ela” – Ricardo Gareca

Quarta-feira, noite muito fria,  jogo transmitido na TV aberta(Band),  ingressos a R$ 60,00 (sócio-torcedor paga metade, ou nada, dependendo do plano) e a partida no horário das 21h50… fala sério, o torcedor tinha todos os motivos para ficar em casa e assistir ao jogo deitadinho no sofá ou na cama, enroladinho no cobertor, tomando um chocolate bem quentinho, não é mesmo?

Mais de 21 mil pessoas não pensaram assim e foram ao Pacaembu para acompanhar a partida do Palmeiras contra a Fiorentina-ITA, inclusive, essa que vos escreve.

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O jogo era válido pela Copa Euroamericana, e era o  oitavo da série de nove jogos entre americanos e europeus – a Copa premiará o continente vencedor. Com o triunfo alviverde, os times do continente americano somam 4 vitórias/pontos na competição (antes da partida do Palmeiras, o América-MEX já havia derrotado o Atlético de Madrid-ESP, nas penalidades, por 3 a 2), empatando com os europeus. A decisão será entre Universitario-PER e Fiorentina-ITA, que jogarão neste sábado no estádio Nacional, em Lima, no Peru.

Também estava em disputa o troféu “Júlio Botelho”, uma homenagem ao ídolo palestrino e da Fiorentina nos anos 50 e 60. Para muitos italianos, ele, que atuava na ponta-direita, foi considerado o melhor da história da Fiorentina. Um troféu com o seu nome, justamente no ano do centenário do Palmeiras, e numa partida entre essas duas equipes, era uma justa homenagem ao grande ídolo.

E só a título de curiosidade, porque talvez nem todos conheçam essa história, Júlio Botelho, quando já estava no Palmeiras, protagonizou um episódio emocionante vestindo a camisa da seleção brasileira:

Era 13 de Maio de 1959… dia em que o técnico Vicente Feola, da seleção brasileira, ousou escalar o jogador do Palmeiras no lugar de Mané Garrincha… dia em que, exatamente por isso, mais de 100 mil pessoas se ergueram para vaiar Julinho Botelho no Maracanã… dia em que o jogador, sem se deixar abater, e, quem sabe, talvez ainda mais motivado pelas vaias, se encheu de brios, esbanjou talento em campo, marcou um dos gols da vitória do Brasil por 2 x 0, e fez as vaias se tornarem aplausos, muitos aplausos…

Esse troféu, em homenagem a ele, teria que ficar com o Palmeiras, não é mesmo? Além do mais, o continente americano estava em desvantagem na Copa, e o Palmeiras tinha que igualar as coisas.

E o Verdão entrou em campo, lindo, azzurro, vestindo a nova camisa em comemoração ao centenário, camisa que faz referência às origens italianas do Palmeiras. Linda demais!

E foi recebido com o bandeirão comemorativo do centenário…

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Agustin Allione faria a sua estreia no time; no banco, Léo Cunha e Victorino ansiavam por estrearem também. O Palmeiras foi a campo com um time misto: Fábio; Weldinho, Wellington, Marcelo Oliveira, Victor Luis; Josimar, Wesley, Mendieta, Allione ; Leandro e Érik. Titulares como Wendel, Lúcio, Tobio, Renato, Felipe Menezes, Mouche e Henrique foram poupados pelo técnico (e teve uma “jornaleira” de um certo portal, que fez questão de ressaltar que a Fiorentina jogava com reservas… o Palmeiras, não, né liMda?).

E, desde o começo, para nossa alegria, o Palmeiras se mostrava seguro em campo, marcava direitinho e tocava bem a bola. O jogo era bem movimentado em seu início, e o Palmeiras tentava pressionar a saída de bola dos italianos. Mas, num erro nosso, a Fiorentina partiu no contra ataque e, inacreditavelmente, Babacar perdeu um gol feito. Ainda bem, porque na sequência, o Palmeiras foi para o ataque, tocando a bola direitinho, e ela sobrou para Victor Luís, dominar, olhar, ver o espaço aberto à sua frente, e, de fora da área chutar forte e rasteiro no canto, sem chances para o goleiro.

GOOOOOOOOOL!! E que gol bonito! Festa da torcida na bancada! Quer dizer, quase toda ela. Acredite se quiser, estranhamente, uma pequena parte da torcida do Palmeiras não comemorou o gol do próprio time…

A Fiorentina tentava, mas não passava pela marcação do Palmeiras, que jogava muito bem. Wesley fazia uma boa partida, Allione ia agradando a torcida e a mim também – tem boa movimentação, é participativo, inteligente, tem raça e dá uns passes bem interessantes -, o Palmeiras mandava no jogo. Gareca posicionara a defesa adiantada e a Fiorentina não encontrava espaços.

O jogo estava bem movimentado quando, aos 33′, Mendieta deu um passe lindo para Leandro, ele recebeu, avançou, driblou o zagueiro, entrou na área, e marcou um golaço! E que festa na bancada! O Verdão fazendo bonito na Copa Euroamericana. Mas, de novo, parte da torcida não comemorou o gol do seu próprio time. Eu nunca tinha visto isso antes na minha vida, e com torcida de clube nenhum. No campo, Leandro, que sabe que não vive uma boa fase, não comemorou o gol, preferindo apenas agradecer a Deus…

E pra quem pensou que o Palmeiras ia dar uma relaxada depois do segundo gol… que nada! Continuava marcando sobre pressão e tinha total domínio do jogo. E assim foi até o final da primeira etapa.

Nem bem o segundo tempo começou e o Josimar (sim, ele), recebeu na entrada da área e mandou uma bomba. O goleiro da Fiorentina teve que mandar pra escanteio.

Eu estava gostando bastante de ver a maneira que o Palmeiras jogava – “Salve, Gareca” -, a maneira como ele trocava passes, esperando encontrar a oportunidade mais adequada. E não víamos nem sombra daqueles erros todos da partida anterior. Nosso técnico resolveu então fazer duas alterações (eram permitidas 5, em 3 paradas de jogo), Patrick, no lugar de Erik; Bernardo, no lugar de Mendieta.

A Fiorentina mandou uma bola na nossa trave; no minuto seguinte, Bernardo, quase marcou o terceiro, mandando uma bomba, que exigiu uma grande defesa do goleiro. O jogo tava bom. A Fiorentina, que perdia por 2 x 0, tratava de buscar o seu gol. No Palmeiras, Gareca promovia mais duas substituições, Allione daria lugar para Mazinho (como assim, Gareca? Tirar justo o Alli?), e Wesley, para o estreante Léo Cunha .

Dez minutos depois de ter entrado em campo, Rossi, o principal jogador da Fiorentina, diminuiu para os italianos. A parmerada na bancada, que queria, sim, o Palmeiras conquistando a taça, não desgrudava os olhos do campo. E foi assim, com olhos grudados em campo, que vimos, finalmente, Victorino estrear. Ele foi festejado ao entrar, e também a cada vez que tocava na bola. A parte da torcida que se mantivera muda na primeira etapa de jogo, no segundo tempo, cantava sem parar.

E de nada adiantou a Fiorentina  pressionar O Palmeiras buscando o segundo gol; o Verdão ia segurando o jogo e o resultado. Aos 48′, o juiz apitou o final, o Palmeiras conquistou o troféu “Julio Botelho” e a torcida fez a festa. Ganhar taça é com o Palmeiras mesmo (Allione, Léo Cunha e Victorino,  mitos! Uma partida, um troféu!).

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E em essa que não se pode comemorar essa conquista… Não se esqueçam da Copa Eusébio, do Torneio Tereza Herrera, da Copa Suruga, da Taça Sócrates, Troféu Achille e Cesare Bortolotti, Troféu Apolo V (esse é “pacabá”), Taça Cronistas Esportivos, Taça ao Preço Fixo…

Palmeiras-campeão-Euroamericana

Comemoramos sim! É o primeiro da “Era Gareca”, pra abrir o caminho para todos os outros que virão, se Deus quiser.

VALEU, VERDÃO!!! No nosso centenário tem taça sim senhor!

A partir de hoje, o Blog da Clorofila vai premiar os profissionais da imprensa escrita, falada e televisada, os profissionais da Comissão de Arbitragem, os homens dos tribunais, da CBF…

Vemos tantos ‘troféus’ sendo dados a jogadores por aí, que pensamos ser bastante justo premiarmos o outro lado da moeda. Foi criado o “Clorofila Press and Football Awards”!!

Vamos premiar os profissionais das áreas citadas de acordo com o seu desempenho e destaque. A ideia é que a premiação seja feita a cada mês, ou sempre que aparecer um ‘grande talento’ em ação. Colocaremos alguns nomes em votação no blog para que os leitores escolham os vencedores. Aceitaremos também sugestões com nomes de futuros candidatos.

Mas, como hoje é a estreia dessa premiação, o Blog da Clorofila já fez a escolha para os dois troféus que serão oferecidos. Aposto que você vai concordar que foram merecidíssimos!

TROFÉU MR. MAGOO – Categoria “comentarista de replay”
Vencedor: Arnaldo César Coelho, da TV Globo

Dentre todos os profissionais com a ‘visão deteriorada e comprometida’, incapazes de ver o pênalti cometido pelo jogador Índio do Inter, no jogador Barcos do Palmeiras, Arnaldo se destacou! Ele, que já foi árbitro de futebol e jamais poderia deixar passar algo assim, viu o replay inúmeras vezes, pediu cartão para Barcos, mas não foi capaz de enxergar o escandaloso pênalti que estava sendo cometido durante o lance.

Pode isso, Arnaldo? O prêmio é seu, e com louvor!

Na próximo post, você terá o vencedor do outro troféu. Aguarde…