O Palmeiras jogou com o Cruzeiro, perdeu o jogo, mas não mereceu a derrota. Na maior parte do tempo, jogou muito mais bola do que o líder do campeonato.

Gareca, arrojado, meteu três atacantes no time, Henrique, Diogo e Leandro – Mouche, relacionado pela primeira vez, ficou no banco. E o Palmeiras começou o jogo correndo bastante, o Cruzeiro também. Não tinha nem um minuto ainda e Renato arriscou uma bomba de fora da área, mas errou o alvo; o Cruzeiro tentou na cabeçada de Egídio, e Fábio foi buscar no cantinho; Diogo cruzou com perigo na área, mas o zagueiro cortou. E o relógio ainda marcava dois minutos de jogo…

Foi então que aconteceu o que a gente não esperava… O Cruzeiro se aproveitou de 8 minutos de apagão do Palmeiras e de uma falta não marcada pelo juiz – facilitadora do primeiro gol -, e colocou 2 x 0 no placar. Um gol aos 7′, e outro aos 10′ (e uma baita defesa do Fábio aos 18′), e não teve quem não se lembrasse do Brasil e da sacolada de gols que ele levou da Alemanha…

Embora o Palmeiras tivesse três atacantes, o time sentia muita falta de alguém para armar o jogo e municiar esses atacantes. Mendieta, que é bom jogador, parece se sentir tímido com a tarefa de ser o responsável pela criação, agora que Valdivia não está mais, e não tem jogado como esperamos e como ele pode (vamos ter que dar um tempo para ver como renderão os jogadores sob o comando de Gareca). Por isso, tínhamos dificuldade para atacar e, até os 30′, mais ou menos, o Cruzeiro dominava o meio de campo e a partida. E fazia muitas faltas duras também.

O Palmeiras começou então a dar pequenas mostras que saía do estado letárgico que o deixara em desvantagem. Mendieta fez uma boa jogada e tocou para Leandro, ele chutou, e o goleiro fez uma bela defesa; no rebote, com o gol escancarado, e sem goleiro, Henrique, num dia pra lá de infeliz, conseguiu fazer o mais difícil e chutou por cima. Não dava pra acreditar que aquele gol tivesse sido desperdiçado.

Eguren, machucado, foi substituído por Felipe Menezes, e então, com o “Özil” palestrino, o Palmeiras começou a se acertar ainda mais em campo e passou a pressionar o Cruzeiro. Leandro foi para o ataque, mas chutou em cima da marcação; após cobrança de escanteio, bola perigosa na área e Henrique (o deles),  de cabeça, mandou na trave e quase fez contra.

O Verdão estava esperto e desperto, e as chances iam surgindo. O Palmeiras já era outro; Diogo, raçudo, se movimentava bastante, tentava do jeito que podia. Leandro, teve oportunidade de invadir a área, mas chutou pela linha de fundo.

E assim fomos para o intervalo com o jogo equilibrado, mas com a desvantagem e aquele “quase” gol de Henrique para lamentarmos.

O Palmeiras voltou pressionando… Falta em Diogo, “Özil” mandou pra área, mas Fábio (o deles) deu um soco na bola e afastou o perigo; Lúcio fez jogada individual, avançou, acabou desarmado, foi lá e roubou a bola de novo, e, sob aplausos, ouviu a torcida gritar o seu nome (a gente quer ver isso em campo, raça, vontade, determinação). E a galera, que tava quietinha, se inflamou. Leandro foi parado com falta, Felipe “Özil” Menezes cobrou, e quase que o Tobio alcançou…

O Palmeiras jogava certinho e o Cruzeiro, priorizando a marcação, descia o sarrafo. Erra difícil acreditar que o time mineiro tinha ficado as 3 partidas anteriores sem tomar um amarelo, porque seus jogadores batiam um bocado. Achei que o juiz, pra variar,  estava sendo muito camarada com eles, porque várias faltas cruzeirenses foram bem duras (algumas nem sequer foram marcadas), e ter tomado  só três cartões amarelos até aquele momento deixava o time mineiro no lucro.

Então, teve mais uma falta em Leandro; “Özil” cobrou lá pra área, e a bola, boazinha e obediente, foi procurar o pé do… Tobio! E, de pé direito, com muita tranquilidade, ele guardou no canto esquerdo do goleiro,  e saiu comemorando o seu primeiro gol no Palmeiras, o primeiro gol da Era Gareca  – ela vai dar frutos – um gol argentino. Festa na arquibancada. Que delícia! Eu estava morrendo de saudade de gritar um gol do Palmeiras.

O Verdão fazia de tudo pra empatar; Felipe Menezes cruzou na área e Tobio quase alcançou de cabeça… jogada rápida de Leandro e William Matheus, que tocou na área pra Henrique sair na cara do goleiro, e o goleiro deu uma esticada no braço e fez a defesa. Meu Deus, podíamos ter empatado!

Gareca sacou Leandro e promoveu a entrada de Pablo Mouche.

O Palmeiras dominava o jogo. O Cruzeiro, me lembrando dos adversários que enfrentáramos na segundona, fazia cera e mais cera.

Era inacreditável, o Palmeiras encurralava o líder do campeonato – parecia que era ele o líder da competição -, a torcida empurrava, mas o gol não saía… Lúcio, do campo de defesa, lançou a bola lá na frente para Mouche, que a recebeu dentro da área, dominou, chutou e quase empatou o jogo. Passou pertinho…

Pra você ter uma ideia de como o Cruzeiro batia, ele, que recebera 14 cartões amarelos em 10 partidas, já tinha recebido 5 no jogo, e estava muito barato. Eu já estava rouca de tanto xingar o juiz, que deixava de ver umas faltas a nosso favor, e via, com lentes de aumento, tudo o que o Palmeiras fazia.

O gol não saía, mas a torcida gostava do Palmeiras que via em campo, que jogava certinho, com vontade, e que deixava o líder do campeonato fazendo hora e gastando tempo na linha de fundo a cada vez que podia cobrar um tiro de meta.

O jogo acabou, e, enquanto os (aliviados) mineiros comemoravam não terem sofrido o empate e, quem sabe, a virada, os palmeirenses saíam com a sensação de que uma grande injustiça acontecera na tarde de domingo. O Palmeiras, tinha jogado muito bem (era o que todo mundo falava ao final) e não merecera perder… mesmo!

Os deuses do futebol por certo não estavam inspirados… mas eles que se preparem, porque, pelo que estamos percebendo no trabalho de Gareca, que já imprime o seu estilo ao Palmeiras, esse time vai dar… tango!