Faz muito tempo que eu digo que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva julga clubes e jogadores com as regras que melhor lhe convier… algumas vezes, com regras próprias, ou distorções das regras  existentes, que parecem novas regras, recém inventadas pelos famigerados torcedores promotores da nossa detestável “Capitania Hereditária” – quem não se lembra da pena exclusiva para Valdivia, por forçar um terceiro cartão? Quem não se lembra do jogador do Flamengo forçando um cartão também, e admitindo isso logo depois da punição do Mago, sem receber pena alguma? Quem não se lembra do Se Vagner Love tivesse as trancinhas rubronegras…”?

Faz tempo também, que reclamo da conivência da imprensa esportiva, e dos servicinhos prestados por alguns de seus veículos e profissionais, para legitimar esse dois-pesos-e-duas-medidas do tribunal – das arbitragens também -, sempre em favorecimento de 2 ou 3 clubes. Punições descabidas e inventadas para o Palmeiras e para os jogadores do Palmeiras, a imprensa faz parecer que foram merecidíssimas, enquanto que punições para outros clubes e seus jogadores, pelas mesmas infrações, a imprensa faz parecer  que são crimes contra a humanidade.

Na Copa do Mundo, a mordida(agressão) que Suárez deu no jogador italiano foi considerada crime por aqui e rendeu os mais condenáveis comentários. E foi uma coisa condenável mesmo. No entanto, Emerson Sheik ter mordido um jogador do Boca Juniors na Libertadores de 2012, mereceu o comentário de que “ele sabe jogar contra argentinos” (que liMdo, não?). A hipocrisia é imensa.

“Trocentas” garfadas do apito no Palmeiras – como aconteceu escandalosa e obscenamente em 2012 – são apenas erros de arbitragem nas profissionais bocas da imprensa, e a maioria das imagens desses “erros” somem dos vídeos de melhores momentos; um raríssimo erro de arbitragem beneficiando o Palmeiras, mesmo que seja numa partida em que ele é prejudicado em vários outros lances, é um absurdo inaceitável, condenado, mostrado,  e comentado à exaustão em todos os programas esportivos.

Como aconteceu diante do Criciúma em 2013. Bruno César sofreu pênalti de Escudero, que o juiz não marcou, e, quando ele estava no chão, foi chutado com bola e tudo pelo mesmo Escudero. O juiz, de novo, nada marcou, a imprensa fez que não viu, o STJD nem “tchum”.

pênalti-em-Bruno-Cesar

Mas essa penalidade, a favor do Criciúma e não assinalada pelo árbitro, foi o ‘apocalipse’; fizeram um escarcéu imenso e o STJD não perdeu tempo em denunciar, julgar e punir o jogador palmeirense. Dois-pesos-e-duas-medidas na sua versão clássica.

tiago-alves

Essa cotovelada abaixo, que ocorreu numa outra partida (eu poderia mostrar inúmeras outras imagens de agressões e lances violentos sofridos por jogadores do Palmeiras, e que não foram marcados pelas arbitragens, mas nem precisa), também foi ignorada nos programas esportivos e nas pautas do tribunal:

Eguren sofre agressão e o árbitro nada marca

Eguren sofre agressão e o árbitro nada marca

 

Valdivia é expulso num Derby por deixar a mão na cara do adversário. E a imprensa, justificando o cartão vermelho dado a ele, o “frita”… ele é o “esquentadinho”, “prejudica o time”, “irresponsável”…

Expulsão-ValdiviaA

Mas, numa partida mais recente, o “esquentadinho” leva uma cotovelada,  o juiz nada marca, e a mesma imprensa diz que ele é “cai-cai”, que ele “provoca”, e o tribunal… nem aí, se faz de ceguinho da silva.

AgressãoAoMago

Um “trabalho” tão bem feito, que tem até palmeirenses aceitando a lavagem cerebral de que os árbitros erram para todos os times, tem palmeirenses culpando seus jogadores quando eles tomam cartões, ou achando correto que o Palmeiras seja prejudicado pelas arbitragens caso não tenha jogado bem, como se uma coisa legitimasse a outra. E nem se dão conta que, na nossa balança, o prato dos benefícios está praticamente vazio, enquanto que o dos prejuízos, repleto, arrasta no chão.

O mesmo acontece com o tribunal em relação às infrações cometidas por jogadores. Se são jogadores do Palmeiras os infratores, eles são denunciados e julgados por imagens, são punidos – até mesmo por sorrisos -, e muitas vezes são julgados de novo pela mesma infração – Diego Souza era uma grande vítima de rejulgamentos quando estava no Palmeiras. O juiz pune em campo, o tribunal resolve punir um pouco mais; o juiz não pune em campo, vem o tribunal fazer “justiça”. Só que o mesmo não acontece com vários outros jogadores e clubes.

E nos perguntamos: por que alguns são denunciados e punidos e outros não? Por que para uns servem as imagens para se fazer a denúncia, e,  para outros, a infração tem que estar relatada na súmula? A mando de quem se utilizam desse “método” tão discrepante? Qual o livro de regras que usam para o Palmeiras, que nunca é igual ao que usam para os outros clubes?

O “dois-pesos-e-duas-medidas” é jogado na nossa cara todos os dias. Depois de todo blá bla blá da Copa por causa da agressão do Suárez, que o juiz não viu, e a sua consequente e pesada punição, aconteceu algo meio inédito aqui no campeonato brasileiro; o jogador Petros, do Corinthians, agrediu o árbitro Raphael Claus durante a partida entre Santos e Corinthians. E não foi por acaso, não foi sem querer, foi de propósito mesmo. Acompanhe…

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=1P893FtDp-k[/youtube]

Fica tão claro que ele muda até de direção para ir de encontro ao árbitro e atingi-lo, não é mesmo? Mas teve gente que fez de conta que não viu isso, e a parte muito/bastante/tremendamente cara-de-pau da imprensa saiu em defesa do… jogador?? Teve quem dissesse que ele deu uma trombada no árbitro, que não o viu, que foi sem querer… (??) Qual a possibilidade de um jogador do Palmeiras, Valdivia por exemplo, agredir um árbitro e não pegar “duzentos” jogos de gancho? Quais as chances de vermos profissionais de imprensa e ex-árbitros saírem em sua defesa?

O árbitro nada marcou na súmula, mesmo tendo levado uma pancada nas costas que quase o derrubou,  mesmo tendo visto as imagens depois do jogo. E porque nada havia na súmula, alguns “imprenseiros” diziam que o STJD não poderia denunciá-lo (mas quando denunciou o jogador do Palmeiras só pelas imagens podia?). Arnaldo César Coelho gastou o seu latim na defesa do jogador (por que o defendem se ele está errado?)

Só que, na terça-feira, dois dias depois da partida, o árbitro foi obrigado a fazer um adendo na súmula e relatar a ocorrência, sob o risco de ser ele o punido (não fosse isso, ele não relataria?).

raphael-claus-agressão-súmula

E então, o STJD resolveu denunciar o jogador – teria sido inaceitável ele não ser denunciado -, e aí surgiu mais polêmica…

Arnaldo César Coelho (é advogado de defesa do Petros?) declarou no programa “Bem Amigos” que vê o adendo à súmula como precedente perigoso…

Leonardo, no mesmo  programa, defendeu o direito que o árbitro tem de escrever na súmula no dia seguinte…

Por que tanta falação, tanta polêmica para se punir, ou deixar de punir – como querem muitos –  um jogador que merece ser punido por agressão? Agressão é agressão, e não importa a “cor das trancinhas” dele.

Petros agrediu o árbitro, sim, e o árbitro, atingido pelas costas, não viu o lance, portanto o STJD pode agir à vontade, sem precisar do adendo na súmula. Afinal, a regra deve ser a que a Fifa estabelece, não é mesmo?

E se deve, vejamos o que declarou o presidente da Comissão Disciplinar da Fifa, durante a Copa do Mundo no Brasil (preste atenção a isso palestrino, e faça um “remember” das inúmeras vezes que o tribunal descumpriu essa norma para punir jogadores do Palmeiras):

Comitê-Disciplinar-Fifa1Se a Comissão Disciplinar  só pode agir em caso de expulsão ou em caso de o árbitro aparentemente não ter visto o lance, então, não precisava de súmula e tampouco de adendo para se denunciar o Petros , não é mesmo? O árbitro não viu nada na hora e tampouco puniu o jogador… portanto, o caso é todo do STJD! O julgamento será nessa segunda (amanhã), e o tribunal só não vai aplicar as regras e dar um belo gancho para o jogador que agrediu o árbitro (como faria se o jogador, por acaso, fosse do Palmeiras), se ele não quiser, ou se alguns dos promotores gostarem da cor das trancinhas do Petros… Vamos observar…