Faz tempo que eu digo – e provo – que não se pode confiar no que a imprensa esportiva nos vende… É insana a prática, tão habitual, de fazer mentiras virarem verdades, pelo método da repetição exaustiva, do convencimento sem argumentos verdadeiros…

“O time X é o mais poderoso do Brasil, um dos mais ricos do mundo” (lembra disso?) e aí o time X fica sem pagar impostos por 5 anos, atrasa salários, perde jogadores por não ter dinheiro para segurá-los, para terminar de pagá-los, não paga o estádio e, pasme, tem até o fornecimento de luz cortado (publiquei isso aqui na época)…

“O time Y tem a quarta torcida do estado, a sua torcida está encolhendo, dizem as pesquisas”… mas o time Y não precisa fazer promoção de ingressos a 2 reais, está sempre de casa lotada, tem a camisa mais valiosa do país, o melhor programa de Sócio Torcedor, tem o canal do Youtube com mais inscrições no país e um dos que mais tem inscrições no mundo, está sempre entre os melhores índices de audiência (mesmo tendo menos jogos na grade da TV), tem melhor público e renda, vende mais camisas…

É um festival de enganação que sai dos microfones, bocas e computadores da chamada “imprensinha”… Cada hora é uma personagem nova  falando um absurdo qualquer…

Agora, foi a vez de Edmundo… O ídolo e ‘embaixador’ do Palmeiras – ídolo de um clube e de uma torcida que o mantém fazendo sucesso até hoje, que lota até mesmo as lojas onde ele vai dar autógrafos, ou o Palmeiras Tour, quando ele é um dos “guias” (lota com outros “guias também) -, trocou de emissora e parece que deve ter trocado de neurônios também, ou, quem sabe, tenha perdido a coragem de ser verdadeiro…

Edmundo falou que a torcida do Palmeiras (de Vasco e lava-jato também) só vai no estádio quando o momento é bom. E disse que a do Flamengo é diferente, e vai em qualquer situação… AHAM! Senta lá, Edmundo!

Se fosse verdade, nem me importaria, mas não é.

publico-torcida-abraca-o-time

A torcida do Palmeiras abraça o time em qualquer situação, até mesmo na segundona, onde ela foi resgatá-lo por duas vezes. Não importa se ganhou, se perdeu, se está chovendo, se faz sol… se o ingresso tá caro, se está barato, se é de manhã o jogo, ou às 22h00, no meio da semana… ela está sempre lá. E pensar que eu fui ao estádio, para o “decisivo” primeiro jogo da temporada 2015, alguns dias depois de perder o meu pai… “hora boa” essa, né?

Edmundo falando uma mentira desse tamanho na TV… Pela sua voz, tive a impressão que ele não está nada convicto do que fala… e, caso seja isso mesmo, por qual motivo ele agiria assim? Será que é desinformação (custo a acreditar), ou será pelo manjado “ter que fazer lobby para determinados dois times”, que impera nas pautas das emissoras e programas esportivos e parece ser meio imposto para o pessoal da imprensa esportiva que fala ao torcedor?

Edmundo não pode sustentar o que fala, nem que ele queira…

O time “f@dão”, que, segundo Edmundo, lota estádio,  e cuja torcida “vai em qualquer situação”, “tá sempre com o time”,  é apenas o 6º em público no Brasileirão, com média de público de 19.759 pagantes, e ocupação de 54% dos estádios? (Ou a torcida não tem o tamanho que dizem ter, ou ela não comparece, não é mesmo?) E o Palmeiras, da torcida que “só vai na boa”, é o líder de público e renda. Como assim, Edmundo??

publico-brasileirao

O pior público do Palmeiras, cuja torcida “só vai na hora boa”, foi diante do Grêmio, num dia de muito frio e chuva em SP… e no Pacaembu, que é descoberto…

pior-publico-palmeiras-brasileiro

E olha a diferença para o pior público do time que tem “a torcida que está sempre lá”…

pior-publico-flamengo-brasileiro

Sentiu o drama, Edmundo? O pior público do Palmeiras no campeonato é praticamente a média de público do time que tem a torcida “que vai em qualquer situação, que tá presente com o time”… O Palmeiras não coloca só 2.500 pessoas no estádio nem em amistoso…

Ah, mas talvez você tenha se referido ao campeonato carioca…

publico-camp-carioca

Não, no campeonato carioca também não é. O Vasco, da torcida que também “só vai na hora boa”, teve a melhor média de público.

Então, quem sabe, tenha sido na Copa  do Brasil… Era dessa competição que você falava, Edmundo?

publico-cb-2016publico-cb-2016apublico-cb-2016b

23º???  Até a Tombense levou mais gente ao estádio… Explica isso, Edmundo! A torcida não está com o time em qualquer situação?

publico-cb-2016-melhores-publicos-fla
Dá bem para vermos que a torcida “está sempre com o time”, que “vai em qualquer situação”, não é mesmo?

Bem… quem sabe se considerarmos o público no Brasil, em todos os campeonatos…

publico-no-brasil-todos-os-campeonatos

Nem assim, né Edmundo? A briga pela primeira posição está sempre entre Palmeiras e os “lava-jato”.  No momento, depois da partida no Itaquerão, os “lava-jato” passaram na frente, mas, assim que o Palmeiras jogar em casa novamente (mesmo com a punição recebida – que deveria ser do Flamengo) ele passará a ocupar o primeiro lugar. A briga é só entre os dois, que vão se revezando durante a competição.

É Edmundo, parece que, lamentavelmente, você foi contaminado pelo sistema… o corrompido sistema que se utiliza do esquema de vender mentiras como se fossem verdades… Mas vou te contar uma coisa, Edmundo… 5 mil pessoas num aeroporto não é público de campeonato, e tampouco significa que uma torcida “vai ao estádio em qualquer situação”, que “está sempre com o time”… mesmo porque não acontecem jogos em aeroportos, sabia? A torcida do Palmeiras enche aeroportos sempre, para recepcioná-lo onde quer que ele vá, sem ser preciso que a imprensa venda determinada partida como uma “final de campeonato” como fez na semana passada.

Ah, quase me esqueço, vou te contar mais uma coisa também… para, que tá feio.

Talvez eu fosse suspeita para escrever sobre Valdivia, dado o tamanho do amor, do respeito e da gratidão que sinto pelo meu ídolo. Mas sei que qualquer coisa que eu escreva, será, como sempre é quando aqui escrevo, a minha verdade.  E também sei que a dor que eu sinto agora, ao constatar a ingratidão de uma parte da nossa torcida, não é só minha, como vocês poderão ler nesta carta que recebi de um amigo:

“Querida Clô, te mando abaixo uma última carta; não escreverei  mais sobre o Palmeiras, to realmente de saco cheio, hoje tinha muito trabalho, larguei absolutamente tudo,   tomado de muito nervoso, lendo a ingratidão da nossa gente, dos irmãos de amor, durante mais de 5 horas…

Sim, porque daquela raça que nos dirige, que tomou posse do maior clube do mundo, eu já esperava tudo, nada de muito ruim iria me surpreender… Mas constatar que sair em defesa dos nossos raros ídolos não é uma unanimidade entre nós, foi como se o raio da desilusão caísse sobre minha cabeça. Na verdade, o que me desanima a ponto de parar mesmo, é que não sei quem é mais traíra, os jogadores- ídolos ou nós torcedores.

Nós é que traimos nossos ídolos, deixamos Evair ir para o Vasco, “Alexotan” (o chamavam assim) para o Cruzeiro, não demos a devida e sonhada despedida honrosa pro Edmundo, estamos dando ou rifando o Pierre e agora traindo Kleber e Vadivia.

Quem somos nós afinal? Imediatistas? Egoístas? Covardes? Que roemos a corda em seis meses, que desistimos dos ídolos por meia temporada?

Caras com um tremendo mercado, que vieram aqui, mesmo sabendo a merda que encontrariam, que não renderam o seu melhor ao lado de Tadeu, Luan, Dinei, Rivaldo, ‘Caramujo’ e outras aberrações; que não treinaram o suficiente e nem entrosaram; chegaram no meio da temporada e encontraram um furacão de desmandos e irresponsabilidades diretivas. Salários atrasados, traições e  guerra política baixa e desleal. Nunca foram defendidos em nenhuma instância do futebol, nem na imprensa e nem nos momentos mais difíceis. São os eternos culpados por mais de 10 anos sem títulos, saem com reputações manchadas e com o fracasso, igual a Muricy e Love, campeões em outras paragens.

E agora, na nossa hora de retribuir, ficamos questionando se dizem a verdade ou se a verdade está com Pescarmona, Palaia, Beluzzo, Cipullo, Mustafá e outros comprovadamente mentirosos, traíras e desonestos, a corja da oposição e da situação que vieram do mesmo esgoto.

Aqui  não é mais Palmeiras!

Aqui quem trai somos nós, aqui temos exatamente o que merecemos ao ver gente nossa erguendo troféus com outras cores.

Não só desisto desse Palmeiras, desisto de nós mesmos, pelo menos até que nos lembremos do nosso legado, da nossa maior herança, que foi o que sempre nos manteve unidos em todas as batalhas que vencemos desde 1914…

Esquecemos de transformar LEALDADE em padrão…”

Texto de  Bruno Damiani