Talvez eu fosse suspeita para escrever sobre Valdivia, dado o tamanho do amor, do respeito e da gratidão que sinto pelo meu ídolo. Mas sei que qualquer coisa que eu escreva, será, como sempre é quando aqui escrevo, a minha verdade.  E também sei que a dor que eu sinto agora, ao constatar a ingratidão de uma parte da nossa torcida, não é só minha, como vocês poderão ler nesta carta que recebi de um amigo:

“Querida Clô, te mando abaixo uma última carta; não escreverei  mais sobre o Palmeiras, to realmente de saco cheio, hoje tinha muito trabalho, larguei absolutamente tudo,   tomado de muito nervoso, lendo a ingratidão da nossa gente, dos irmãos de amor, durante mais de 5 horas…

Sim, porque daquela raça que nos dirige, que tomou posse do maior clube do mundo, eu já esperava tudo, nada de muito ruim iria me surpreender… Mas constatar que sair em defesa dos nossos raros ídolos não é uma unanimidade entre nós, foi como se o raio da desilusão caísse sobre minha cabeça. Na verdade, o que me desanima a ponto de parar mesmo, é que não sei quem é mais traíra, os jogadores- ídolos ou nós torcedores.

Nós é que traimos nossos ídolos, deixamos Evair ir para o Vasco, “Alexotan” (o chamavam assim) para o Cruzeiro, não demos a devida e sonhada despedida honrosa pro Edmundo, estamos dando ou rifando o Pierre e agora traindo Kleber e Vadivia.

Quem somos nós afinal? Imediatistas? Egoístas? Covardes? Que roemos a corda em seis meses, que desistimos dos ídolos por meia temporada?

Caras com um tremendo mercado, que vieram aqui, mesmo sabendo a merda que encontrariam, que não renderam o seu melhor ao lado de Tadeu, Luan, Dinei, Rivaldo, ‘Caramujo’ e outras aberrações; que não treinaram o suficiente e nem entrosaram; chegaram no meio da temporada e encontraram um furacão de desmandos e irresponsabilidades diretivas. Salários atrasados, traições e  guerra política baixa e desleal. Nunca foram defendidos em nenhuma instância do futebol, nem na imprensa e nem nos momentos mais difíceis. São os eternos culpados por mais de 10 anos sem títulos, saem com reputações manchadas e com o fracasso, igual a Muricy e Love, campeões em outras paragens.

E agora, na nossa hora de retribuir, ficamos questionando se dizem a verdade ou se a verdade está com Pescarmona, Palaia, Beluzzo, Cipullo, Mustafá e outros comprovadamente mentirosos, traíras e desonestos, a corja da oposição e da situação que vieram do mesmo esgoto.

Aqui  não é mais Palmeiras!

Aqui quem trai somos nós, aqui temos exatamente o que merecemos ao ver gente nossa erguendo troféus com outras cores.

Não só desisto desse Palmeiras, desisto de nós mesmos, pelo menos até que nos lembremos do nosso legado, da nossa maior herança, que foi o que sempre nos manteve unidos em todas as batalhas que vencemos desde 1914…

Esquecemos de transformar LEALDADE em padrão…”

Texto de  Bruno Damiani