VII – OLHA O MUNDIAL DE CLUBES AÍ, GENTE

A dignidade não consiste em possuir honrarias, mas em merecê-las”- Aristóteles
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O Mundial ia começar… a hora finalmente chegara… a maior disputa entre clubes do mundo, entre campeões de vários países da América do Sul e Europa. Os brasileiros ansiavam por ela, e ansiavam também por ver os craques estrangeiros em campo. E os participantes estavam prontos.

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Na Itália, o Torneio dos Campeões era notícia também… No dia da rodada de abertura do torneio, o jornal “Corriere dello Sport” falava da “grande manifestazione calcistica” del “TORNEIO DEI CAMPIONI”.

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A estreia do Palmeiras, campeão paulista de 1950, campeão do Rio-São Paulo de 1951, seria contra o Olympique Nice (FRA), no Pacaembu, pela rodada de abertura do Torneio Mundial de Clubes Campeões. No Maracanã, jogariam Áustria (AUS) e Nacional (URU). E o jornal falava da “sensacional abertura do Torneio dos Campeões”.

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Era 30 de Junho, um sábado. Maracanã e Pacaembu seriam os palcos por onde desfilariam os artistas da bola do mundial interclubes. Os jogos da primeira rodada seriam às 15h00… e quase 40 mil pessoas (28.700 pagantes – não pagantes sempre eram milhares e, na maioria das vezes, ultrapassavam a casa de dez mil pessoas) foram ao Pacaembu naquela tarde  para assistir Palmeiras (BRA) x Nice (FRA).

O Nice, como o campeão francês era chamado, era apresentado pelo jornalista Tomaz Mazzoni como “[…] um conjunto dos mais harmoniosos, com uma sólida defesa e uma vanguarda bem ajustada, requisitos indispensáveis a uma boa equipe” – MAZZONI, Tomaz. Apresenta-se o Palmeiras na “Copa Rio”. Jornal dos Sports, 30 de junho de 1951, pág. 3.

E, uns dias antes, na chegada do Nice, o presidente da comitiva, Sr. Sattegna, já tinha declarado: “Viemos, acima de tudo, estreitar os laços de amizade que unem brasileiros e franceses. Não temos grandes pretensões. O nosso principal objetivo é competir e fazer aquilo que nos for possível dentro das nossas condições técnicas. Na França, e no mundo inteiro, ninguém tem dúvidas da alta categoria do football brasileiro. E por isso mesmo que, pra mim, o Palmeiras e o Vasco são os favoritos desse desfile de quadros mundiais. […] Não quero dizer que vamos ser facilmente esmagados. Também não há de ser fácil. Mas de qualquer maneira, as nossas possibilidades com Palmeiras e Vasco são reduzidas”. Jornal dos Sports, 26 de Junho, de 1951, p.6 – Desfilam impressões os franceses.

O Nice tinha uma sólida defesa… O presidente da comitiva francesa deixava claro que Palmeiras e Vasco eram por eles considerados favoritos… Deve ter sido por essas duas coisas, e pelo nervosismo também (disputar o primeiro mundial de clubes era uma responsabilidade enorme), que o primeiro tempo ficou no 0 x 0 (para o Palmeiras ainda tinha o adicional de o torneio mundial ser um ano após o “Maracanazzo”). O técnico francês, temendo o bom futebol dos brasileiros, preferiu armar uma retranca daquelas, que o Palmeiras só conseguiu furar na segunda etapa.

E naquela tarde de “Brasil x França”, no Grupo B, chave de São Paulo, tarde de estreia brasileira no Mundial de Clubes, exatamente aos 8 min do segundo tempo, o Palmeiras quebrava o ferrolho francês… Aquiles sofreu pênalti de Firoud, ele mesmo cobrou e colocou o Palmeiras à frente no placar. Três minutinhos depois, aos 11′, o craque Jair da Rosa Pinto fez uma jogada espetacular e tocou para Ponce de Leon completar e aumentar a vantagem do Palmeiras. Os palestrinos faziam o Pacaembu vibrar. E, aos 30′, Richard, dando números finais à partida, marcou o terceiro do Palmeiras. A bola ainda tocou em Gonzales antes de entrar.

Fatura liquidada. Para alegria dos palmeirenses, e dos demais torcedores do país, era a primeira vitória brasileira no Mundial de Clubes Campeões… a primeira vitória do time do Verdão. Très bien, Palmeiras! E o sangue, que um dia correria em minhas veias, já começava a receber as primeiras colorações de uma alegria do tamanho do mundo…

PALMEIRAS 3 x 0 NICE (FRA)
Palmeiras
: Oberdan; Salvador e Juvenal; Waldemar Fiume, Luiz Villa e Dema; Lima, Aquiles (Richard), Ponce de León, Jair Rosa Pinto (Rodrigues) e Canhotinho. Técnico: Ventura Cambon.
Nice-FRA: Robert Germani; Serge Pedin e Mohamed Firoud; Jean Belver, Cesar Gonzalez e Rossi Leon; Bonifaci Antoine,  Bengtsson Per, Yeso Amalfi, Désir Carrè e Hjalmars Ake. Técnico: Numa Andoire
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: 
Franz Grill (Áustria)
Gols:  Aquiles (8′, 2ºT), Ponce de Leon (11′, 2ºT), Richard (30′, 2ºT)
Nenhuma ocorrência com cartão vermelho (ainda não existiam os cartões amarelos)
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No Maracanã, pelo Grupo A, na chave do Rio de Janeiro, diante de um público de 27.463 (18.429 pagantes – Renda CR$ 552.220,00), o Áustria Viena (AUS), numa partida primorosa goleou o Nacional (URU) por 4 x 0.

ÁUSTRIA VIENA(AUS) 4 X 0 NACIONAL (URU)
Áustria:
 Sweis, Melchior II, e Kowanz, Fischer, Ocwirk e Sukach, Melchior I, Koller, Huber (Higgers), Stojaspal e Aurednik.  Técnico: Heinrich “Wudi” Müller.
Nacional:  Penalva, Santamaría e Duran, Suarez (Cruz), Washington e Cajiga, Sovelio (Rutelli), Javier Ambrois, Tiger, J. Garcia (Julio Perez) e Orlandi. Técnico: Henrique Fernandez
Estádio Municipal do Rio de Janeiro, Maracanã – RJ
Árbitro
: Powers (Inglaterra)
Gols: Lukas Aurednik (22′, 1º T e 27′, 1º T), Ernst Stojaspal (8′, 2º T e 40′, 2º T)

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No domingo, na continuação da primeira rodada, o Vasco, base da seleção brasileira de 50 e um grande favorito ao título, estrearia na competição enfrentando o Sporting (POR) no Maracanã; no Pacaembu, o confronto seria entre Estrela Vermelha (IUG) e Juventus (ITA).

E foi nesse mesmo domingo, 1º de Julho, que o presidente em exercício da CBD, Mario Pollo, enviou uma nota de agradecimento ao jornalista Mario Filho, o idealizador do torneio:

Ilmo Sr. Mario Rodrigues Filho – No momento em que se inicia o Torneio Internacional de Clubes Campeões, a Confederação Brasileira de Desportos presta ao grande jornalista-esportista a homenagem merecida por ter sido o inspirado idealizador do certame, cujas proporções atingirão o prestígio e o renome do football brasileiro, no concerto mundial das nações. Em futura oportunidade esta Confederação se sentirá muito feliz em reafirmar o justo preito que agora lhe leva. Manifestando, pois, os sentimentos da instituição representativa do football brasileiro, agradeço também a colaboração constante, eficiente, ampla e entusiasta que o jornal sob sua direção vem dando ao êxito do Torneio. Com os protestos de minha particular estima e do meu elevado apreço. Dr. Mario Pollo – Presidente em exercício

A C.B.D. agradece a Mario Filho o idealizador do “Torneio dos Campeões”. Jornal dos Sports, 1 de julho de 1951, pág. 3.

À tarde,  o Vasco fez, então, a sua tão esperada estreia no Maracanã… cheio de gente.  Diante de 91.438 pessoas (79.712 pagantes – renda: CR$ 2.964.000,00) o outro representante do Brasil goleou o Sporting (POR),  por 5 x 1. Friaça, aos 9′ do primeiro tempo, abriu o placar para o Vasco, Tesourinha, aos 41′, fez o segundo. Na segunda etapa, no primeiro minuto, Ipojucan marcou o terceiro do Vasco;  Patalino, aos 33′, diminuiu para o Sporting; Ipojucan, aos 38′, e Dejayr, aos 45 deram números finais à partida. Uma grande vitória do Vasco diante dos campeões portugueses. E essa vitória, com goleada, deixou os brasileiros mais confiantes ainda nas possibilidades do time brasileiro.

VASCO DA GAMA 5 X 1 SPORTING (POR)
Vasco da Gama
: Barbosa, Augusto (Laerte), Clarel, Ely, Danilo, Alfredo II, Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca e Dejayr. Técnico: Oto Glória.
Sporting: Azevedo, Serafim (Belenenses), Passos, Juvenal, Canário, Juca (Veríssimo), Jesus Correia (Patalino, “o Elvas), Vasques, Ben David (Atlético), Travassos e Albano. Técnico: Randolph Galloway
Estádio Municipal do Rio de Janeiro-RJ
Árbitro
: Gabriel Tordjan (França)
GOLS – Friaça (9′, 1ºT), Tesourinha (41′, 1ºT), Ipojucan (1′,  2ºT), Ipojucan (38′ 2ºT) e Dejayr (45′ 2ºT) marcaram para o Vasco;  Patalino, “O Elvas” (33′, 2º T) marcou para o Sporting.
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Pelo Grupo de São Paulo, nesse mesmo domingo, jogaram Juventus (ITA) e  Estrela Vermelha (IUG) – não há a informação sobre o público, a renda foi de CR$ 874.965,00. Com tantos jogadores da seleção italiana no Juventus e da seleção iugoslava no Estrela Vermelha, a partida foi quase um ITA x IUG,  e o time italiano venceu os iugoslavos por 3 x 2. Tomazevich abriu o placar, aos 17′, para o Estrela Vermelha, Boniperti marcou duas vezes, empatando aos 25′ e virando o jogo aos 42′. Na segunda etapa, Mitic deixou tudo igual, em 2 x 2. Aos 40′, Praest fez o terceiro e deu a vitória ao Juventus.

JUVENTUS (ITA) 3 x 2 ESTRELA VERMELHA (IUG)
Juventus: Viola, Bertucelli, Marente, Mari, Parola, Piccinini, Muccinelli, John Hansen, Bonipert, Karl Hansen e Praest. Técnico: Jesse Craver
Estrela Vermelha: Lovric, Stankovich, Ditich, Palbi, Djurjevich, Djajich, Ogujanov, Mitic, Tomazevich, Ilakovitch (Zlatkovich), Vukosaljevich (Jezervich). Técnico: Lubisa Brocci
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Alberto da Gama Malcher (Brasil)
Gols
: Boniperti (25′, 1ºT), Boniperti (42′, 1ºT) e Karl Hansen (40′, 2ºT) marcaram para o Juventus
……….Tomazevich (17′, 1ºT) e   Mitic (15′, 2ºT) marcaram para o Estrela Vermelha

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A segunda rodada teve duas partidas no dia 3 de Julho. Pelo Grupo A, o grupo do Rio de Janeiro, Sporting (POR) e Nacional (URU) jogaram no Maracanã, às 21h00. Aproximadamente 30 mil pessoas (21.642 pagantes – renda de CR$ 387.840,00)  assistiram à vitória do Nacional sobre o Sporting, por 3 x 2. Com essa vitória, conseguida no finalzinho de jogo, os uruguaios entravam na briga pela classificação.

NACIONAL (URU) 3 X 2 SPORTING (POR)
Nacional
: Penalva, Santamaria e Duran (Holley), Suarez, Washington Gomez, Vargin, Rosselo, Julio Perez (Javier Ambrois), Gimenez, Bermudez e Ramires. Técnico: Henrique Fernandez
Sporting: Azevedo, Serafim e Juvenal, Canário, Passos e Juca (Veríssimo), Jesus Correia, Vasquez, Patalino (Bem David), Travassos e Albano. Técnico: Randolph Galloway
Estádio Municipal do Rio de Janeiro – RJ
Árbitro: 
Galvatti (ITA)
Gols: Bermudez (12′,1ºT), Ramirez (30′, 2ºT), Javier Ambrois (43′, 2ºT) marcaram para o Nacional
……….Patalino (10′,1ºT), Jesus Correia (15′, 1ºT) marcaram para o Sporting

Disse a imprensa da época que foi um grande jogo. Jogo nervoso, extremamente viril, com expulsões, mas de muita luta e entusiasmo, e que o Sporting merecia ter empatado (depois da final da Copa, a torcida brasileira, claro, era praticamente toda para os portugueses, e muitos torcedores vaiaram os uruguaios durante a partida). Para se ter uma ideia, Julio Perez, jogador do Nacional, precisou ser substituído por causa do nervosismo excessivo. Nervosismo, que o próprio técnico afirmou ser o retrato do time em campo.

No dia seguinte, no jornal, além das informações sobre a tristeza que se abateu sobre a equipe do Sporting (POR) com a derrota para os uruguaios, no finalzinho de jogo (também, no final da partida, o português Bem David perdeu duas chances, na cara do gol), e sobre a declaração do jogador Azevedo, de que “nunca sentira tanto uma derrota”, havia também um relato emocionante sobre os vestiários uruguaios pós jogo. Relato que mostrava bem a importância do torneio mundial para clubes e jogadores:

“A entrada dos uruguaios no vestiário ofereceu uma nota emocionante. Lá se encontrava Julio Perez, que havia se retirado de campo devido ao seu intenso nervosismo, num momento, aliás, crítico para o seu bando. Isolado entre as paredes do vestiário, Julio Perez, o bravo e incansável artífice dos ataques do Nacional não soube exatamente o instante em que findara o “match”. Súbito, abrem-se bruscamente as portas e entram os companheiros, em tremenda algazarra, anunciando a vitória! Vitória em que Perez, a rigor, já descria… Encontramos o crack uruguaio em tremenda crise de nervos, que a emoção do triunfo e a festa dos companheiros lhe causaram:

– Julito! Julito!

Perez, no auge do entusiasmo, chorava de tanto contentamento. Tinha os olhos congestionados e o rosto umedecido de lágrimas. Os rapazes do Nacional, para evitar a insistência dos fotógrafos, cobriram Julio Perez com uma grande toalha. E lá, coberto e rodeado sempre pelos “players”, ficou sentado no banco, refugiou-se por fim nos chuveiros, até que desaparecessem os derradeiros vestígios, nos olhos vermelhos e na voz rouca,  das suas lágrimas e dos seus soluços… Refeito da violenta crise, Julio Perez, cordialmente, falou aos repórteres. Fôra uma partida duríssima, onde prevalecera mais a fibra. Confessou que jamais experimentara emoção como aquela: a vitória e as circunstâncias em que a conheceu…”
Jornal “Última Hora”, de 04 de Julho, de 1951, p.9. “Sob forte emoção, que o pôs fóra de jogo, Julio Perez chorou com a vitória.

A emoção e a vontade de vencer eram muito grandes no primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões…
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Pelo Grupo B, o grupo de São Paulo, no Pacaembu, também às 21h00, jogaram Juventus (ITA) x Nice (FRA).  Não há registro do número de pessoas que assistiram à partida, só o da renda que foi de CR$ 200.995,00. O Juventus venceu o Nice por 3 x 2. Pasquale Vivolo abriu o placar para os italianos aos 11′ do primeiro tempo. Jean Courteaux empatou para os franceses aos 20′. Karl Praest colocou o Juventus em vantagem aos 35′. Na segunda etapa, Courteaux empatou de novo para o Nice, aos 15′. Aos 32′, Muccinelli marcou o terceiro e deu a vitória ao Juventus. Mas o Nice jogou bem e perdeu duas grandes chances com Ieso e uma com Ben Tifour, que, sozinho diante do gol, chutou por cima e muito alto. O Nice também reclamou da arbitragem. O auxiliar marcara “off-side” na jogada que resultou no primeiro gol do Juventus, mas o árbitro, confiando em sua própria percepção, validou o gol. Com duas vitórias, o time italiano ficava com uma das duas vagas do Grupo de São Paulo para as semifinais.

JUV (ITA) 3 x 2 NICE (FRA)
Juventus
: Viola, Bertucelli, Manente, Mari, Parola, Piccinini, Mucinelli, Karl Hansen, Pasquale Vivole, John Hansen e Karl Aage Praest. Técnico: Jesse Craver
Nice: Robert Germani; Serge Pedin e Mohamed Firoud; Jean Belver, Cesar Gonzalez e Rossi Leon; Jean Courteaux, Bonifaci Antoine (Ieso),  Désir Carre, Hjalmars Ake e Bentifur. Técnico: Numa Andoire
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Franz Grill (Áustria)
Gols: Pasquale Vivole (11′, 1ºT), Praest (35 ‘, 1ºT), Muccinelli (32’, 2ºT) marcaram para o Juventus
………Jean Courteaux (20′, 1ºT e aos 15′, 2ºT) marcou para o Nice.

 

Ainda pela segunda rodada, no dia 4 de Julho, o Vasco enfrentaria o Áustria, mas devido ao frio e mau tempo, a partida foi remarcada para o dia seguinte. E se já havia grande interesse no jogo por parte dos torcedores, as 24 horas extras de espera aumentaram esse interesse ainda mais.

As duas equipes vinham de goleadas aplicadas em seus adversários anteriores. Mais de 100 mil pessoas  (93.833 pagantes – renda: CR$ 2.615.000,00) assistiram à partida. E o Vasco, sem Ademir (ele não se recuperaria a tempo de disputar o torneio mundial) venceu o Áustria por 5 x 1. Mas foi o austríaco Melchior I, cobrindo o goleiro Barbosa, quem abriu o placar no Maracanã, aos 10′. Aos 15′, Friaça empatou a partida, aos 21′, o mesmo Friaça virou o jogo, colocando o Vasco à frente no marcador. Ainda no primeiro tempo, Tesourinha fez o terceiro dos brasileiros. Na segunda etapa, Friaça aos 18′ e aos 39′ assinou a goleada brasileira e colocou o Vasco na semifinal.

VASCO 5 X 1 ÁUSTRIA (AUS)
Vasco:
 Barbosa; Laerte e Clarel; Eli, Danilo e Alfredo; Tesoura (Noca), Ipojucan, Friaça, Maneca (Tesoura) e Djair. Técnico: Oto Glória
Áustria: Schweda (Plovs); Melchior II e Kowanz; Fischer, Ocwirck e Jocksen; Melchior I, Koller (Kominac), Huber, Stoyassat e Aurednick. Técnico: Heinrich “Wudi” Müller.
Estádio Municipal do Rio de Janeiro – Maracanã
Árbitro: Mr. Power (ING)
Gols: Melchior I (10′, 1ºT) ; Friaça (15′  e 21′, 1ºT); Tesourinha (1ºT),  Friaça  (18′  e 39′, 2ºT)
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Completando a segunda rodada, com jogo remarcado para o dia 5 também, o Pacaembu recebeu Palmeiras x Estrela Vermelha (IUG). A previsão era a de uma noite muito fria em terras paulistanas. Liminha e Rodrigues estavam escalados.

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O Alviverde Imponente ia em busca da sua segunda vitória e da classificação no grupo. E o Palmeiras venceu os iugoslavos por 2 x 1, mas levou um susto quando Ongjanov abriu o placar para o Estrela Vermelha, aos 8′ do primeiro tempo. Aquiles empatou o jogo aos 30′. Na segunda etapa, aos 35′, Liminha, que tivera problemas de gastrite e se recuperara para a partida, marcou o  segundo e selou a classificação do Palmeiras. A nota preocupante foi Jair, machucado, ter que ser substituído antes do término do jogo. E justo ele, que vinha ganhando destaque no campeonato.

PALMEIRAS 2 X 1 ESTRELA VERMELHA (IUG)
Palmeiras
: Oberdan; Salvador e Juvenal; Waldemar Fiúme, Luiz Villa e Dema; Lima, Aquiles, Liminha, Jair Rosa Pinto e Canhotinho (Rodrigues). Técnico: Ventura Cambon.
Estrela Vermelha: Krivokuca Srboljuc; Tadic e Stankovi Branko; Palfi Bena, Duratinec e M. Disuic; Ognjanov, Mitic Raiko, Tomasevic Kosta, Djajic Predrag e Vukosavljevic Bane. Técnico: Lubisa Brocci.
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Gabriel Tordjan (França)
Gols: Ongjanov (8’ do 1ºT), Aquiles (30’ do 1ºT) e Liminha (35’ do 2ºT)

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A terceira e última rodada da fase de grupos seria disputada nos dias 07 e 08 daquele Julho de tantas e imensas emoções…
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No Maracanã, no dia 07, se enfrentaram Sporting (POR) x Áustria (AUS). Não há registro do número de pessoas que assistiram à partida, só o da renda que foi de CR$ 339.895,00. A segunda vaga no grupo ainda estava disponível. Áustria, Nacional e até mesmo o Sporting, dependendo de uma combinação de resultados, tinham chances de ir para a semifinal. Por isso as partidas eram importantes. E o Áustria venceu o Sporting por 2 x 1.

SPORTING (POR) 1 X 2 ÁUSTRIA (AUS)
Áustria
: Paul Schweda; Oto Melchior e Karl Kowanz; Fischer, Ernst Ocwirk e Joksch; Karl Melchior, Koller (Koelin), Adolf Huber, Ernst Stojaspal e Lukas Aurednick. Técnico: Heinrich “Wudi” Müller.
Sporting: Azevedo; Serafim e Juvenal; Canário, Passos e Barros; Jesus Correia, Vasquez (Vieira), Patalino, Travassos e Albano. Técnico: Randolph Galloway
Estádio Municipal do Rio de Janeiro-RJ (Maracanã)
Árbitro: Mika Popovic (Iugoslávia)
Gols: Auredinick abriu o placar para os austríacos no primeiro tempo; na segunda etapa, Albano empatou para o Sporting; Huber fez 2 x 1 e praticamente colocou o Áustria na semifinal.
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Pela chave de São Paulo, no Grupo B, a partida foi Nice x Estrela Vermelha. As duas equipes já não tinham mais chances de classificação. O Nice venceu a partida por 2 x 1. Não há registro do número de pessoas que assistiram à partida, só o da renda do jogo que foi de CR$ 198.800,00

ESTRELA VERMELHA (IUG) 1 X 2 NICE (FRA)
Estrela Vermelha
: Krivokuca; Tadic  e Djakic (Nesovich); Palfi, Djurdjevic e Djajic; Tihomir, Ognjanov, Rajko Mitic, Zlatkovic, Knstic e Jezerka. Técnico: Lubisa Brocci
Nice: Germain; Rossi e Firoud; Bonifaci, Gonzalez e Beiver (Pedine); Corteaux, Ieso, Pär Bengtsson, Carrè (Cartidia) e Abdelaziz Ben Tifour – Técnico: Numa Andoire
Estádio do Pacaembu – São Paulo-SP
Árbitro: Mario Viana (Brasil)
Gols: Rajko Mitic (1′, 2ºT) marcou para os iugoslavos,  Ben Tifour (4′, 2ºT) e Pär Bengtsson, de pênalti (2º T), marcaram para o Nice.

Nesse jogo em que as duas equipes, já eliminadas, se despediam do Torneio Mundial de Clubes Campeões, houve uma ocorrência: O goleiro Krivokuca, do Estrela Vermelha, empurrou o juiz  juiz brasileiro, Mario Viana, e cuspiu em seu rosto, porém, ele não foi expulso de campo.
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Completando a terceira e última rodada da fase de grupos, no dia 08 de Julho, Vasco e Palmeiras, já classificados, enfrentariam os representantes de dois países bicampeões mundiais: Uruguai e Itália. O Uruguai tinha conquistado a Jules Rimet em 1930 e 1950, e a Itália se sagrara campeã em 1934 e 1938. Estaria em disputa também a primeira colocação nos grupos. Era Brasil x Uruguai, no Rio; Brasil x Itália, em São Paulo…

A partida do Grupo do Rio de Janeiro era muito aguardada. O Vasco, a base da seleção vice-campeã do mundo de 50, enfrentaria o Nacional, campeão uruguaio, e representante do país que tomara do Brasil a Taça Jules Rimet, há menos de um ano… O público pagante foi de 61.766, para uma renda de CR$ 1.532.120,00. O Nacional tinha esperanças de vencer o Vasco (dizia-se na época, que seus dirigentes, confiantes em uma vitória, e em uma possível classificação, haviam até reservado um  hotel para o restante do torneio). Mas quem venceu o jogo, por 2 x 1, foi o Vasco, acabando com as pretensões dos uruguaios, consolidando a sua classificação e ficando em primeiro em seu grupo.

VASCO DA GAMA 2 X 1 NACIONAL
Vasco: 
Barbosa; Augusto e Clarel; Eli, Danilo Alvim e Alfredo; Tesourinha, Ipojucan (Amorim), Friaça, Maneca e Dejair. Técnico: Oto Glória.
Nacional: Penalva; Santamaria e Holdoway; Duran, Washington Gomez e Varela; Rosselo (Ramiro), Julio Perez (Ambrois), Gimenez, Bermudez e Orlandi. Técnico: Henrique Fernandez.
Estádio Municipal do Rio de Janeiro – RJ (Maracanã)
Árbitro
: Power (Inglaterra)
Assistente 1: Franz Grill (Áustria)
Assistente 2: Gabriel Tordjan (França)
Gols: Djair (36′, 1ºT), Ipojucan (23′, 2ºT), não há registro sobre o autor do gol do Nacional.
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Da mesma maneira, era grande o interesse na partida do Grupo de São Paulo entre Palmeiras e Juventus (ITA). Muito embora as duas equipes já estivessem classificadas, estava em jogo a liderança do grupo, uma vez que o líder enfrentaria o segundo colocado do Grupo do Rio de Janeiro nas semifinais, e o segundo colocado enfrentaria o Vasco.

O Pacaembu estava lotado. 37.639 eram os pagantes – Renda: Cr$ 1.120.905,00. O Palmeiras foi a campo com uma formação diferente, sem três titulares – Jair, um desfalque e tanto, tinha saído machucado no jogo anterior, foi banco naquela partida e atuou só em parte da segunda etapa, o zagueiro Salvador e o atacante Luiz Villa  não jogaram -,  e deu tudo errado para o Palmeiras. O Juventus, que tinha uma defesa muito boa, sólida, mas também tinha atacantes perigosos, venceu por 4 x 0. Boniperti, aos 10′ e aos 18′ do primeiro tempo, deixou o Juventus com 2 x 0 no placar.  Na segunda etapa, os 3′, Karl Hansen marcou o terceiro, Praest, aos 35′, deu números finais ao placar fazendo o quarto gol. Pra desgosto dos brasileiros, que esperavam que Palmeiras e Vasco pudessem ser os dois finalistas, os representantes do Brasil no mundial de clubes iriam se enfrentar na semifinal e só um seguiria em frente – as glórias palestrinas sempre parecem preferir percorrer os caminhos mais difíceis… Juventus e Áustria decidiriam a outra vaga na final.

PALMEIRAS 0 X 4 JUVENTUS (ITA)
Palmeiras
: Oberdan; Sarno e Juvenal; Waldemar Fiúme, Túlio e Dema; Lima, Aquiles (Ponce de Leon), Liminha, Canhotinho (Jair Rosa Pinto) e Rodrigues. Técnico: Ventura Cambon.
Juventus: Viola; Bertucceli e Manente; Mari, Parola e Piccinini; Muccinelli, Karl Hansen, Boniperti, Johan Hansen (Vivole) e Praest. Técnico: Jesse Carver.
Estádio do Pacaembu. São Paulo-SP
Árbitro: Edward Graigh (Inglaterra)
Assistente 1: Gardeli (Itália)
Assistente 2: Mika Popovic (Iugoslávia)
Gols: Boniperti (10’ do 1ºT), Boniperti (18’ do 1ºT), Karl Hansen (3’ do 2ºT) e Praest (35’ do 2ºT)

Fim da fase de Grupos… Os clubes classificados já estavam definidos… Palmeiras e Juventus, do grupo de São Paulo, enfrentariam Vasco e Áustria,  do grupo do Rio de Janeiro.

A sorte estava lançada, uma equipe brasileira estaria na final… Palmeiras ou Vasco representariam o Brasil na decisão do primeiro Torneio Mundial de Clubes Campeões. Palmeiras ou Vasco iriam em busca do título que faltava ao Brasil… Uma felicidade, inédita, novinha em folha, daquelas de estremecer e emocionar um país inteiro, já espreitava os torcedores brasileiros…

Classificados no Paulista, primeiro do grupo, o time jogando melhor com Cuca no comando, com outra postura em campo… e, agora, chegou a hora de decidir vaga para a próxima fase da Libertadores…

Difícil? Sim é difícil. Impossível? De jeito nenhum.

Nos enrolamos, nas nossas próprias pernas, e complicamos a nossa situação no grupo, as nossas chances. É muito ruim termos

que torcer para um outro time para que seja bom para o Palmeiras, termos que depender da vontade de ganhar de um outro time, numa outra partida, por outro lado, saber que os dados ainda estão rolando é muito bom.

Não podemos fazer nada além de torcer, de estarmos todos juntos hoje, no Allianz, de coração e alma, e  doarmos a nossa energia e o nosso amor ao Palmeiras, mas temos que acreditar e acreditar muito. Nada está ganho e tampouco perdido antes do juiz apitar o fim de jogo.

E fhodhaC se o outro lá tem desfalques, fhodhaC se podem fazer um jogo de compadres, fhodhaC se o Palmeiras tem dificuldade pra marcar três gols… fhodhaC a calculadora! Se tiver que ser, será!

Como foi quando Euller marcou dois gols, um atrás do outro…

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… quando Galeano cabeceou “aquela” bola…

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… quando Valdivia saiu do banco pra nos colocar na final…

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… como foi quando São Marcos fez três milagres em poucos minutos…

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… quando uma defesa de pênalti nos fez avançar no caminho de um título inédito…
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… quando Zapatta, diante da Santa Muralha, chutou pra fora…

… quando Cleiton Xavier fez um gol inacreditável, num tempo quase improvável…

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Gol-CX-ColoColo

 

… quando Prass pegou tudo…

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… Como foi quando Dudu decidiu…

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… quando Jesus “multiplicou seus gols”…

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… quando Barrios nos manteve na luta…

gol-Barrios-Rosario

… como foi quando Prass correu, bateu e guardou, e nos fez campeões…

gol-Prass-título

Tá na nossa história, no nosso sangue, no nosso DNA… faz parte da nossa  essência…

As manchetes já devem estar todas escritas… VAMOS REESCREVÊ-LAS, VERDÃO!!

À LUTA, PARMERADA!! AQUI É PALMEIRAS, PORRA!