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“Au, au, au… Zé Roberto é Animal”

Nada como dividirmos a casa com alguém, dividirmos a vida, as alegrias e tristezas, para conhecermos melhor esse alguém…

Tudo de bom que sempre ouvimos sobre Zé Roberto era pouco… o profissionalismo, a seriedade, a classe, a elegância que percebíamos nele quando jogava em outros clubes aqui no Brasil, ou no Real Madrid, no Bayern, na seleção… o respeito pela profissão, pelos clubes que representava, pelos adversários, pelos torcedores… eram pouco diante do que viríamos a conhecer depois.

“Convivendo” com ele dimensionamos o real tamanho de Zé Roberto, aprendemos a admirá-lo e respeitá-lo ainda mais, e ele passou a ser simplesmente o Zé… o nosso Zé… da família Palmeiras.

Pra mim, as despedidas sempre são dolorosas… E chegou a hora de nos despedirmos do Zé…

Sim, o Zé Roberto, esse grande jogador, que nos presenteou vindo jogar aqui, esse profissional nota mil, vencedor, que tanta coisa boa acrescentou ao Palmeiras, à sua história e aos corações palestrinos, decidiu que é hora de parar de jogar, de curtir mais a família… O futebol certamente ficará ainda mais triste do que nós no dia de hoje.

Fiquei pensando…  O que dizer do Zé, e para o Zé agora? O que dizer para um cara que é um dos melhores profissionais da história do nosso futebol? Um cara que é admirado e respeitado no mundo todo? O que eu apreendi dessa passagem do Zé aqui no Palmeiras? O que fica conosco agora, além da saudade e dos gols e títulos que ele nos ajudou a conquistar?

Poderia falar do meu espanto (sim, fiquei de olhos arregalados), da minha admiração, quando, fazendo uma postagem sobre as novas contratações do Palmeiras para a temporada de 2015, listando as conquistas e feitos dos jogadores que chegavam, quase caí dura com o tamanho da lista de títulos conquistados por você, Zé Roberto. Poucos têm tantas conquistas. O Palmeiras tinha contratado um grande campeão.

Poderia falar daquele primeiro jogo, e daquela preleção mítica… do jogador líder, de sensibilidade aguçada, que mesmo tendo acabado de chegar ao Palmeiras, sentiu o momento palestrino que se desenhava no universo… o momento da retomada – o gigante estava de pé outra vez, e retomaria a sua caminhada de glórias… e você, Zé, queria caminhar com ele…

E foi você quem despertou  o guerreiro que havia no peito de cada jogador do nosso elenco; foi você que chamou jogadores e torcida para a caminhada; foi você quem ordenou que cada um batesse no peito do amigo e dissesse “o Palmeiras é grande… é gigante”… E mais do que se tornar o nosso novo “Animal” – como você disse que desejava vir a ser  -, nesse dia, você nos arrebatou, nos encheu de orgulho, nos brindou com o seu carinho e respeito ao Palmeiras… e nos identificamos com você, nos vimos em você e o vimos em nós, e foi então que você se tornou o Zé, o nosso Zé…  Abriu todas as portas do nosso coração e entrou…

Talvez eu pudesse falar de todas as vezes que o vi  em campo e  tive certeza de que você dava o máximo de si, Zé… que eu senti, em todas as vezes que o vi jogando pelo Palmeiras, que você não brincava, não fazia menos do que podia, muito pelo contrário, você dava o sangue em campo, era sério o tempo todo, e honrava a camisa que vestia,  respeitava os que te apoiavam e aplaudiam… E quanto bem  isso fazia ao nosso coração.

Poderia falar das tantas vezes em que eu, admirada, vi o jogador já maduro, experiente, correr em campo, dar piques, piques mesmo, como se fosse um garoto em busca do primeiro título…   Poderia falar da liderança do capitão que você foi por um bom tempo… dos desarmes, do jogo limpo, leal, porém sem jamais se intimidar, sem ‘afinar’ pra ninguém…

Poderia falar das ocasiões em que você, sem saber, nos fazia brincar na bancada… Focado no jogo, se entregando em campo, você, às vezes, puxava uma perna do calção mais pra cima, e, rindo, dizíamos na arquibancada: O Zé puxou o calção, agora a coisa é séria, é certeza que vamos ganhar. E ganhávamos mesmo.

Poderia falar da sua competência, das vezes em que você foi decisivo… poderia falar do gol lindo (com passe de Valdivia) que você, de cabeça, e para nosso delírio, marcou lá no Esmolão… poderia falar do golaço contra o Tucumán,  na Libertadores… daquele outro golaço contra o Santa Cruz… que lindos.

Poderia falar do orgulho de vermos o nosso Zé, merecidamente,  na Seleção do Paulistão 2015, na Seleção da América do Sul 2016, do Diário AS, da Espanha…

Poderia falar da conquista, épica, enlouquecedora, da Copa do Brasil 2015, do pênalti que você tão calmamente cobrou na final, do nosso capitão levantando a taça… Pensei que morreria de tanta alegria…

Poderia falar do Zé, que nos ajudou a conquistar, depois de 22 anos, o Brasileirão 2016, fazendo do Palmeiras o eneacampeão brasileiro, o maior vencedor do país, e fazendo com que nos deliciássemos de novo,  e depois de tanto tempo, com o sabor e o perfume do título maior do Brasil…  Felicidade sem tamanho…

Poderia falar naquele lance, naquela bola cruzeirense entrando em nosso gol, que você, Zé, foi tirar não sei como, não sei de que jeito, mas o fez da melhor maneira possível… sem um erro sequer que permitisse ao árbitro marcar qualquer coisa contra nós… um lance em que você foi de corpo, alma e corações, milhões deles (os nossos estavam com você) e impediu um gol certo do Cruzeiro, quando nosso goleiro já estava batido… Fiquei uns quinze minutos tremendo… Depois desse ‘milagre’ seu, sabíamos que ninguém nos tiraria o título. Não fosse você ali, Zé… talvez nem tivesse dado certo tudo o que nos aconteceria depois… Gratidão…

Você é isso, Zé! É competência! Seriedade! Profissionalismo x 1000! É sangue… suor…e muita vontade! É talento… alma. É caráter! E você nos deu exemplos diários de profissionalismo e humildade (nunca o vimos contrariado nas vezes em que esteve no banco)… exemplos de seriedade, respeito (pelo Palmeiras, por si mesmo e pelos demais), felicidade, amor próprio… Nos ensinou sobre sempre fazermos o melhor que pudermos, que quem se cuida vai mais longe… ensinou para nós e para o mundo todo que a vontade de vencer, de fazer algo, é soberana. E foi assim que, juntos, nós vivemos momentos inesquecíveis… Você deixa seu nome na história do Palmeiras e do futebol mundial, Zé, deixa o exemplo,  deixa um legado, e vai levar daqui  gratidão, saudade, e um caminhão de carinho e de respeito.

Você é f%da, Zé! E  não é por acaso que um jogador do seu quilate vai encerrar a carreira no maior do Brasil.

Muito, muito, muito obrigada,  Zé, seu lindo!!  Que a sua vida seja linda, seja plena. E que Deus o abençoe sempre!

Hoje, somos nós que  “batemos” no teu peito e te dizemos: Você é grande, Zé! É gigante! A torcida do Palmeiras te admira, te respeita, te ama e te aplaude!

FOI UMA HONRA, ZÉ! 💚  Uhuuuu! 

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Churry Cristaldo, nosso camisa 9, nosso argentino talismã, que virou xodó da torcida, está indo embora… O Palmeiras o negociou com o Cruz Azul, do México.

É assim que as coisa funcionam no futebol, jogadores vêm e vão. Nós entendemos, mas, mesmo assim, ficamos tristes.

Vamos sentir falta do argentino raçudo, que vestiu e respeitou a nossa camisa e ganhou o amor e o carinho da Que Canta e Vibra; do jogador, carismático que encarnou o verdadeiro “espírito de porco” e criou grande identificação com o clube e a torcida, que aprendeu a comer  feijão e que nos ensinou a amar os argentinos… vamos sentir falta daqueles gols iluminados, que ele sempre fazia nas horas mais necessárias… vamos sentir falta da alegria do Churry, das postagens no Twitter, das brincadeiras…

Boa sorte e sucesso, Cristaldo, seu lindo! Que a sua luz brilhe onde quer que você vá! Muchas Gracias pelos gols, pela alegria, pela conquista da Copa do Brasil e por ter honrado a nossa camisa!

Que Deus o abençoe, Churry! Você mora em nosso coração! #AjudouNoix #SejaMuitoFeliz #AtéUmDia  :'(

Gracias-Churry

“…que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”. – Manoel de Barros
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Chegou a hora de me despedir de você aqui também, Valdivia…

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É bem triste tudo isso. Além de um ídolo, você é também um amigo.  Gosto muito do seu futebol, você é o melhor jogador que apareceu no Palmeiras em quase duas décadas, é campeão da América – dificilmente aparecerá outro igual – , e gosto da pessoa que você é, uma pessoa linda, com a qual pude ter contato, o que faz que não me baseie em ‘achismos” quando falo a seu respeito.

Sinto bastante pelo futebol do Palmeiras, que, infelizmente, não tem um substituto pra você. Fico triste pela estupidez de se desfazerem de um craque do seu nível, porque sofreremos mais com as retrancas adversárias, porque cairemos na mesmice das bolas levantadas na área (não funcionam muito bem contra retrancas), do futebol mais burocrático, sem magia, sem irreverência, sem o inesperado… futebol, que pode ser muito eficiente assim também – por que não? -, mas que perderá o seu encantamento e poesia, e disso tenho certeza.
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Fico triste também, porque o Palmeiras, desde sempre, adora se desfazer dos craques, de talento,  matéria prima tão rara aqui no Brasil. Até um Jair da Rosa Pinto passou por isso.
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Ano passado, sentimos na pele, e quase na carne, o efeito colateral de uma atitude similar à de agora. Alá nos deu uma mão, você voltou, e o nosso “Titanic”, graças a Deus/Alá, ao aproveitamento de G4 que o time tinha com você (era de Z4 sem você), graças à algumas infiltrações, muitas dores e garra, graças ao amor da torcida, não naufragou.
Sempre fará falta um jogador criativo e diferenciado, que acha espaços onde eles não existem, que pensa o jogo, que faz aquilo que o adversário nunca espera; esses jogadores são raros hoje em dia e fazem falta em qualquer time.
Fará falta aquele drible absurdo, mágico e incompreensível, aquela assistência nunca antes imaginada, o caminho, inexistente, que você faz aparecer, o chute no vácuo – assinatura da irreverência do gênio -, fará falta o cara “fora da caixa onde moram todos os normais”, aquele que tem a bola nos pés e, então, oito adversários mais o goleiro ficam apavorados, porque sabem do que ele é capaz –  e isso porque lutávamos na parte de baixo da tabela e o adversário brigava pelas primeiras posições…
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Um futebol lindo como o seu, Valdivia, o seu talento raro, que faz o torcedor sonhar, pular da cadeira, e que encantou pessoas de várias partes do mundo durante a Copa América, tinha que estar no Alviverde Imponente e ser “o” acessório desse time tão bom que temos agora.
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Se o Palmeiras decidiu não renovar com você,  ainda que eu não goste disso, não concorde, nada posso fazer além de lamentar tamanha burrice. Mas sou apenas uma torcedora, que torce e vai continuar torcendo para quem entrar em campo. Sempre foi assim e assim vai ser. A vida segue para todos nós, todos passaremos, só o Palmeiras permanecerá.
E você, Valdivia, foi Palmeiras esse tempo todo (vai continuar sendo que eu sei)… E eu quero que saiba que sou muito grata a você.
Obrigada, Mago, por tanto encantamento, pela poesia escrita por seus pés, por ter me feito pular na arquibancada tantas vezes, por ter me deixado de boca aberta, literalmente, com as suas jogadas e dribles inexplicáveis; por ter me feito aplaudir, tão espontaneamente, os lances mágicos com que você nos brindou, pela emoção, que me fez chorar de alegria inúmeras vezes, por ter me feito sonhar…
Obrigada por ter me representado diante dos mais indigestos rivais, e ter respondido às provocações, na bola e com o fino da ironia, como se fosse eu mesma, uma  torcedora, que estivesse em campo…
 
Por ter suportado e respondido por mim, e por milhões de outros parmeras, ao veneno da imprensinha, à maldade e ao clubismo, disfarçados de jornalismo, de alguns…
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Obrigada por nunca toldar a confiança que tenho em você… e obrigada por confiar em mim também…
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Obrigada por todas as vezes (desde 2010) que você entrou em campo machucado, para ajudar o nosso – sei que é seu também – Palmeiras…
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Gracias pelos títulos que você nos ajudou a conquistar,  os únicos momentos de luz intensa de um longo período “sem sol”…
 
E por ajudar a salvar o Palmeiras do descenso em 2011, quando faltavam três rodadas para o campeonato acabar… Por ter ficado para jogar a série B em 2013, quando tantos outros se acovardaram e preferiram ir embora… por ter ajudado, e muito, a trazer o Palmeiras de volta, e de cabeça erguida…
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Obrigada pelo “título” do dia 07/12/2014, pelas infiltrações para nos ajudar a “conquistá-lo”, pelo comprometimento com que você se conduziu em campo – o que mais correu -. e por nos ajudar a estar onde estamos agora em 2015… Por ter sentido vergonha também, e ter chorado de alívio conosco naquele dia, por ter sido Palmeiras esse tempo todo.
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Eu te agradeço por ter jogado ao lado de companheiros de futebol demasiadamente modesto, e em equipes fraquíssimas que o Palmeiras montou; por ter ‘roído muito osso’ e carregado o time nas costas em muitas partidas, ajudando a escrever algumas páginas lindas na nossa história. O seu nome ficará pra sempre guardado com ela.
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Não se poderá falar da conquista do Paulistão 2008, sem repetir seu nome muitas vezes, Valdivia; tampouco poderemos falar das mais deliciosas vitórias, conquistadas diante dos rivais, das ‘trollagens’ em cima deles, do jejum que impusemos aos gambás, do resgate da nossa auto-estima, durante esse período “quase sem luz”,  sem falarmos do nosso Mago…
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Impossível falar da Copa do Brasil 2012 sem falar dos seus gols, das suas assistências e dribles, da mágica feita no frio e na chuva diante do Grêmio, e que nos levou à final… da cobrança perfeita do pênalti na final, em Barueri, que nos abriu o caminho para o título (o único que botou a bola embaixo do braço e disse: eu cobro)… Muito obrigada, Valdivia.
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Obrigada até mesmo por tentar ‘dar uma força’ nas eleições palestrinas, ano passado, se posicionando publicamente, para evitar que o Palmeiras caísse em mãos erradas – coisa  que a maioria dos jogadores não costuma ter a coragem de fazer.
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Você sempre foi O CARA, o diferencial!! Não esqueça de nós, porque os que te amam não o esquecerão nunca.
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Seja feliz, Mago! Muito feliz (vou acompanhar todos os seus jogos)! E leva meu respeito, minha admiração e meu imenso carinho… Leva as alegrias que dividimos com você, as risadas que demos por causa das suas míticas tiradas e entrevistas, leva os nossos aplausos…
E leva o Palmeiras em seu coração também. Nós – o futebol do Palmeiras, eu, e mais uma tonelada de torcedores – ficaremos aqui com a saudade. O futebol vai sentir a sua falta, a falta do seu talento,  da sua alegria, sua franqueza e irreverência, sentirá falta de alguém que tire o sono dos rivais, que chame a responsa, e que não se esconda em jogo nenhum… e eu também vou sentir muita falta disso tudo.
Torça por nós, viu Mago? Se formos campeões brasileiros, você também será. Eu vou torcer sempre pelo seu sucesso, dentro e fora de campo. E, com todo respeito a quem usa a camisa 10 agora, e a quem possa vir a usá-la depois, saiba que sempre vou me lembrar do Mago quando vê-la em campo. Sempre vou vê-lo dentro dela. E acredito que ela também se lembrará de você com muita saudade.
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Que Deus o abençoe,  Valdivia, meu ídolo, meu amigo, e encha de luz o seu caminho. Será impossível esquecer você e vamos (eu vou) esperar você voltar. Quem sabe um dia…
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E, seja aqui perto, seja lá longe, não importa onde, “tamojunto”, Maguito… longe é um lugar que não existe para o coração.

ademir-da-guia-allianz-parque-fernando-dantas-gp“Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda.” (Carl G. Jung)

Alguma vez passou pela sua cabeça que o Divino Ademir da Guia teria uma despedida oficial em 2014, aos 72 anos? E que esse jogo seria no Allianz Parque, a nova casa do Palmeiras? Alguma vez você imaginou que veria Ademir marcando um gol, ao vivo?

Eu sabia que me emocionaria no evento, mas não pensei que fosse tanto, e nem que fosse antes mesmo dele começar…

Seria o último evento-teste, desta vez com 10 mil pessoas, antes que o Allianz Parque receba a sua primeira partida oficial, que, muito provavelmente, acontecerá no dia 08/11 contra o Atlético-MG.

Nos arredores do Allianz Parque, transitavam palmeirenses pra lá e pra cá. Todo mundo com uma satisfação enorme estampada no rosto… Eu entraria pelo portão D, mas precisava ir até o portão A, na Turiaçu, para encontrar um amigo.

Ao dobrar a esquina da Turiaçu, a minha enorme satisfação estampada no rosto aumentou um bocado. Por quatro longos anos, e uma quantidade imensa de saudade, a Turiaçu tinha deixado de ser o ponto de encontro habitual dos palestrinos. Por quatro longos anos, estivemos longe da nossa casa. Meu coração, doidinho pra “conversar” sobre isso, e eu tentando ignorá-lo para tratar das coisas práticas do dia.

E então, cheguei até a entrada do Allianz, até onde costumava ser a entrada do Palestra… e não teve jeito, dando de cara com a casa – gigante – do gigante Palmeiras, tive que prestar atenção ao meu coração… na marra.

Que emoção eu senti quando vi dezenas de palmeirenses na frente dos portões do Allianz, quando vi os portões do Allianz. Então, “acordei”, caiu a minha ficha de que o tempo passou e chegara o momento com que nós tanto sonháramos… a volta pra casa!

O que eu sentia era muito mais forte do que eu; por mais que tentasse pensar em outra coisa, prestar atenção em outra coisa, meu coração reinava absoluto. E eu me lembrava de quando me despedi do Palestra, da última vez que cruzei seus portões… da saudade que já sentira naquele dia… E ali, de frente para o Allianz Parque, não conseguia, de jeito nenhum, conter a emoção e as lágrimas.

Até a habitual fila para entrar estava ali (tinha inúmeros cambistas também. Como eles conseguiram ter esses ingressos?).

Já entrei no Allianz algumas vezes, mas era diferente agora, ia ter Palmeiras em campo, torcida cantando… uma festa para o Rei Verde… e uma boa parte da realeza palestrina estaria reunida ali. Além do Divino, estariam em campo Dudu, Leivinha, Eurico, Rosemiro, Edu Bala, Evair, Cleber, César Sampaio, Jorginho Putinatti – eu adorava ele -, Galeano, Toninho Cecílio, Tonhão, Pires, Ney, Cafu, Amaral, Edmilson, Zé Mário, Denilson, Sérgio, Adãozinho, Pio, Odair, Celso Gomes, Toninho, Velloso, Demétrius Ferreira, Gilmar… e São Marcos (senti falta do Animal).

Dois Palmeiras entrariam em campo, o time verde e o time branco. O time verde começou com Sérgio, Rosemiro, Tonhão, Cleber e Cafu (que joga um bolão ainda); Pires, Claudecir, César Sampaio e Célio; Reinaldo Xavier e Nei. No banco:  O time branco era formado por Marcos, Eurico, Arouca, Toninho e Chiquinho; Edmílson, Adãozinho, Edu Bala e Ademir da Guia, o Divino; Denilson e Evair. Leivinha e Dudu seriam os técnicos. Tá bom pra você?

O Allianz Parque está 97% pronto, faltam detalhes. Digamos que ele já “tomou banho, se perfumou, se vestiu, e falta só a maquiagem para a festa”. O nosso velho Palestra – o lugar é o mesmo – ficou irreconhecível. Baba, baby!

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De fazer a gente perder o fôlego, né? O local onde fiquei era na curvinha do que seria o “gol das piscinas” (lembra?), e a visão era essa:

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Um mestre de cerimônias deu início ao evento e chamou a galera para a festa. Chamou também Walter Torre, o responsável pela obra que fez do Palestra a maravilha chamada Allianz Parque. O presidente Paulo Nobre foi chamado e apresentou Sir Ademir da Guia… De arrepiar!! O Divino, o Rei Verde, aparecia no campo e no telão do Allianz Parque… e os seus súditos não sabiam se aplaudiam, cantavam, choravam de emoção, ou se faziam tudo ao mesmo tempo. Salve, Ademir da Guia, o Divino! O Allianz Parque estava devidamente batizado pela emoção!

Até um lindo bem-te-vi apareceu e pousou na grade para espiar a festa do Rei Verde… deve ter vindo nos trazer boa sorte.

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E aqueles homens, que ajudaram a fazer o Palmeiras do tamanhão que ele é hoje, entraram em campo trazidos por Evair e Cafu… E nos deliciávamos com os jogadores que pisavam o sagrado tapete verde palestrino e iam aparecendo nos imensos telões. Até os palmeirenses Flávio Saretta e Hugo Hoyama, do tênis e tênis-de-mesa iriam entrar em campo também. A torcida delirava com as apresentações… Evair!! São Marcos! A emoção tomava conta de todos.

Então, Marcos Kleine veio nos brindar com a sua maravilhosa e tão familiar versão do hino palestrino. Em pleno gramado do Allianz, na despedida do Divino, diante dos times em formação, o som da sua guitarra nos emocionava ainda mais. Só quem é parmera sabe… só entendedores entenderão…

Depois, foi Simoninha quem veio, para cantar o Hino Nacional.

E o jogo começou… Ademir toca para Evair… a gente pode com uma coisa dessa?

Era magia pura ver Marcos, Evair, Eurico… e Divino, jogando num time, e Sérgio, Rosemiro, Clebão, Sampaio, Pires, Cafu… e Nei no outro… Quantos momentos palestrinos se misturavam ali, quantas conquistas, quantos jogos, dribles e gols para lembrarmos. A história do Palmeiras em 3D…

A bola, por “herança genética”, parecia reconhecer o dono da festa… ele, magro, elegante, classudo, divino, ainda faz o que quer com ela. Ficávamos maravilhados de vê-lo jogando. Teve um momento em que a bola, lançada em sua direção, simplesmente parou nos seus pés, por iniciativa própria, como se ela sentisse a mesma submissão e adoração que as bolas, suas ancestrais, sentiam diante dele… Que privilégio poder estar ali no Allianz. Que privilégio ser Palmeiras, de tantos craques, ser Palmeiras, do Divino…

Não dava para prestar atenção direito no jogo, porque queríamos ver todos os detalhes, todos os jogadores e não só os que disputavam a bola, e queríamos conversar  sobre o “Evair que fez isso”, o “Clebão que fez aquilo”, o “Cafu que poderia jogar o derby”, o “Divino que sabe tudo”, e era um tal de “olha lá o Sampaio”,  “que lançamento do Edu Bala pra Evair”, “olha a matada do Divino”, “é brincadeira o pivô do Evair?”, “que golaço do Jorginho”, “olha a defesa do Marcos! Ele tem lugar no time ainda”… que delícia tudo isso. Nossa alma verde e branca como nunca.

Denilson fez firula na frente de Rosemiro e caiu na área… pênalti!! O Divino bateu bonito, mas ela foi na trave. E a gente na bronca com o Sérgio, achando que ele tinha defendido.

Uns minutinhos depois, pênalti para o time verde. Ademir, o dono da festa, trocou de camisa com Cafu e foi cobrar – ele podia tudo. Divino e São Marcos… até os anjos desceram do céu pra ver isso… Ademir cobrou lindamente e marcou o primeiro gol do Allianz Parque… GOOOOOOL DIVINO!

Reza a lenda que Marcão teria dito: “Ademir, vai ser um prazer tão grande levar um gol seu.” ‘Ademir, vai ser um prazer tão grande levar um gol seu’ ‘ ‘Ademir, 

Cafu, que parece um garoto ainda, desceu pela direita e tocou para Célio fazer o segundo do time Verde. Reinaldo Xavier marcou o terceiro.

E a torcida pedia: “Cafu, vai para o Pacaembu” – onde o time principal do Palmeiras jogaria à tarde.  E ele diria depois, que “tinha esquecido a identidade, e que não tinha nem uma 3 x4.”.

Na segunda etapa (eram dois tempos de 30 minutos), Velloso entrou no lugar de São Marcos, que virou comentarista e narrador da transmissão. O Divino continuava no jogo. Gilmar foi para o gol do time verde no lugar do Sérgio, Tonhão foi pro jogo também. Depois de alguns minutos, Ademir deixaria o campo (jogou 40 minutos)

Galeano fez o primeiro do time branco, 3 x 1. Depois, foi a vez de Jorginho marcar um golaço, o segundo do time branco, 3 x 2. Reinaldo empataria a partida.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=8PxztR8–qQ[/youtube]

O jogo acabou, os jogadores receberam medalhas, foram muito festejados pela torcida. Foi tudo pefeito! Os craques palestrinos, a Família Esmeralda, o Allianz Parque, gols e boas doses de emoção… tudo na mais perfeita comunhão.

PARABÉNS, DIVINO ADEMIR DA GUIA!! Muito obrigada por tudo e por tanto!

Mago-campeão

“Não tem palavras pra explicar o q este clube representa na minha vida,e não falo de futebol. falo de vida, de aprendizado, de 6 anos q me entregue bem ou mau, mas fiquei diante de todas as adversidades, sequestro, agressão. tudo isso me fez querer mais ainda o clube. Sou e por sempre serei agradecido da torcida, do clube, das pessoas q sempre me apoiaram em todos os momentos. fui mto feliz disputando uma segunda divisão pelo clube q amo, voltando o clube onde nunca jamais deverá sair.meu futuro está num outro clube a partir de agora.mas minha adoração por este clube será por toda a vida.goataria muito de ter ficado até velho por aqui mas o clube precisa dessa grana , espero q vcs entendam e vejam q sou um aternamente agradecido por vcs …por sempre agradecido e por sempre porco.” Despedida de Valdivia, via Instagram.

Eu não queria ter que escrever sobre isso, na verdade, não queria que estivesse acontecendo isso, mas, antes da Copa, quando me disseram que o Palmeiras “estava doido para vender o Mago”, meio que me preparei para esse momento – mas de nada adiantou…

E Valdivia vai/foi embora… e até já se despediu da gente… que difícil… perder o cara que é o diferencial do time, ver as esperanças de conquistarmos algo no centenário do clube diminuírem um bocado, e, pra mim, com o agravante de perder também o meu ídolo, que eu adoro e, mais do que isso, que admiro e respeito demais… Como diria Camões: “Num é fácio”…

O tempo dirá se isso foi uma negociação inteligente, se o Palmeiras ganhou com ela e se haverá reposição à altura… mas, penso, que perdemos todos, Palmeiras, Valdivia, futebol e torcida – principalmente as crianças, que adoram o Mago.

Sabe, Mago, pra nós também é difícil encontrar palavras para dizer o que você representa. As pessoas tentam traduzir o que você significa e, observando a variedade de significados que ‘Valdivia’ tem para a maioria dos torcedores, compreendemos o muito de ausência que você vai deixar aqui.

Nos divertimos juntos, sofremos juntos também, e aprendemos a ser mais fortes a superar os momentos difíceis. Foram 3 títulos e um bocado de emoção, unhas roídas, lágrimas de alegria, dribles e passes maravilhosos. Um Paulistão inesquecível, que caiu como chuva farta na terra árida e infértil de uma década, até aquele momento, maldita… Uma Copa do Brasil, conquistada na raça, na fibra, na superação de tantos obstáculos e problemas – até mesmo de um sequestro (e quantos apostaram que você não ficaria depois disso)… e aquele gol mágico diante do Grêmio, que aqueceu o nosso coração e os nossos corpos naquela noite de chuva e frio… gol que nos colocou na final, com a certeza que poderíamos superar qualquer adversidade que surgisse dali pra frente, e, quase sem acreditar naquela felicidade gigante, conquistamos a  Copa do Brasil, que sacramentou o Palmeiras no posto de maior campeão nacional. E teve a famigerada segundona (ela quase nos pegou em 2011, mas você nos salvou), da qual saímos pelas portas da frente, honrados, dignos e campeões (e quantos juraram que você não disputaria a série B). As alegrias que você nos deu, Mago, são pra sempre, ajudaram a escrever algumas páginas da história do Palmeiras e jamais serão esquecidas.

O Paulistão de 2008 não foi o primeiro título que vi o Palmeiras conquistar, mas foi deliciosamente redentor, a Copa do Brasil também não foi a primeira –  foi a mais eletrizante -, portanto, Valdivia, você não foi o meu primeiro ídolo, quero crer que não será o último, mas você é especial, único e muito amado. E sabe  o quanto te respeito e admiro.

Foi um prazer e um privilégio imenso ver, mais uma vez em ação, esse seu talento raro a serviço do meu/nosso Palmeiras. Você é o grande namorado da bola, que se encanta e se rende a você, enquanto tantos outros jogadores não conseguem conquistá-la de jeito nenhum…  Você brinca, faz poesia no gramado, e nunca entrou em campo para não jogar sério, nunca fugiu do pau… e, por isso mesmo, foi tão caçado em campo defendendo as cores do Palmeiras.

Como disse Armando Nogueira, num bilhete que te escreveu, “os medíocres é que detestam o drible” (eles é que o confundem com provocação, deboche), mas, “assim como o sol, ele – o drible – não nasceu pra todos. O drible é um privilégio, e só os eleitos merecem o dom que, por sinal, os deuses te concederam. O drible é invenção que nasce do coração. O driblador é um poeta… e pertence à uma dinastia que foi canonizada pelas canelas de Stanley Mattews, de Garrincha, de Zico, de Júlio Botelho, de Maradona e de tantos outros apóstolos do evangelho do drible”

Você é um poeta, é um Mago sim, na acepção da palavra; quantas vezes lá na arquibancada, nós, torcedores, boquiabertos, olhamos um para a cara do outro e nos perguntamos: “Como foi que ele fez aquilo”? E, rindo, encantados, não sabemos responder, e esperamos chegar em casa para ver o replay. Sim, seus dribles e passes muitas vezes parecem magia…

Você sempre foi o diferencial do nosso time, aquele toque de categoria e inteligência, de futebol arte, que anda tão raro por aqui. Num país com uma escassez tão grande de bons jogadores na sua posição (a selenike, na Copa, não tinha um nesse nível), era você quem nos mostrava que o futebol arte ainda existe, e é muito difícil aceitar que vamos ficar sem nostro Mago agora, que o “nosso futebol arte” vai brilhar em outro clube, que voltaremos à mesmice de um futebol sem magia, que venderam “o melhor 10 do país”, “o cara” do time, tão identificado com o Palmeiras. E como será possível trazer um outro lá de fora, com a mesma competência futebolística sua, sem gastar muito mais do que o Palmeiras recebe agora? Essas coisas são tão difíceis de entender e aceitar. E em pleno ano do nosso centenário, quando, teimosos que somos, sonhamos tão alto…

Ah, você vai fazer muita falta, Mago… e nem imagina quanta; vai fazer falta em todos os jogos, porque, agora, vamos perder até a costumeira esperança de uma jogada mágica  e inesperada, e do gol que surge depois dela. Você vai fazer falta para os atacantes palmeirenses lá na área, porque a bola, na maioria das vezes, não vai chegar mais tão redondinha e açucarada. Só os adversários se contentarão com a sua ausência.

Vão fazer falta as entrevistas com as suas míticas e divertidas declarações, vão fazer falta as suas comemorações, a sua alegria, a sua marra o seu sorriso franco…

Eu sei que nenhum jogador é maior do que o clube. Mas também sei que são os jogadores que ajudam a construir a grandeza de um clube ao conquistarem os títulos e as glórias. Sem eles, a mágica não acontece! Não se conta a história do Palmeiras sem citar seus jogadores e seus feitos pelos gramados. E você escreveu seu nome na história da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Boa sorte, Jorgito! Que você seja muito feliz em seu novo clube. Que Deus te abençoe e que a Virgem Del Carmen te ilumine (leva a medalhinha com você). Avisa lá os caras ‘de vestido’, que eles ganharam uma torcedora e vão ganhar muitos torcedores mais (vou comprar uma burca pra ir aí te ver jogar).

Muito obrigada, El Mago,  por todas as alegrias, por ter honrado a camisa do Palmeiras e tê-la vestido com tanta raça. Obrigada por ter aprendido a amar o Palmeiras – eu sei que você o ama sim.

Foi um presente de Deus poder te conhecer, viu?

Eu e a camisa 10 do Palmeiras estamos muito tristes, e vamos morrer de saudade do seu futebol e de você, Mago. Mas não somos as suas únicas admiradoras (você tem milhões de fãs palestrinos), e fazemos nossas as palavras desse santo aqui:

Marcos-msg

Até breve, Mago! Nunca se esqueça de voltar pra casa! #PraSemprePorco

“Há estrelas que não se apagam; apenas saem de nosso campo de visão. Mas continuam ali, eternas, no firmamento.”

– Você precisava ver um goleiro que tinha no meu tempo, filha. Nossa Senhora! Era bom pra caramba. Não usava luvas e pegava a bola com uma mão só. Nunca vi outro igual. Jogou no Palestra Italia e no Palmeiras.

– Quem era ele, pai?

– Oberdan Cattani.

Foi assim que Oberdan Cattani passou a fazer parte do meu mundo palestrino e do meu imaginário. Um goleiro que pegava a bola com uma mão só deveria ser um gigante… A julgar pela cara do meu pai, e do olhar dele viajando em suas memórias, me contando sobre os títulos conquistados com Oberdan, eu podia imaginar as defesas que ele havia feito e as emoções que fizera o meu pai sentir.

Muito tempo depois, quis a vida, assim como quem não quer nada,  me conceder o privilégio e a honra de conhecer Oberdan Cattani, um dos maiores jogadores da história da Sociedade Esportiva Palmeiras, que fez parte da “Arrancada Heroica”, de 1942, que fez parte do time campeão da Copa Rio, o Mundial de Clubes, em 1951.

Tinha me tornado amiga de uma de suas filhas, a Mônica, que ao saber do meu amor pelo Palmeiras me disse que o pai havia sido jogador do Verdão. Mas ela acrescentou que eu não o conhecia, porque ele tinha jogado há muito tempo.

Num instantinho, o meu cérebro fez a ligação com o sobrenome da minha amiga…

-Você é filha do Oberdan Cattani?

– Você conhece meu pai?

– Mas é claro que conheço! Um dos maiores jogadores que o Palmeiras já teve!

Cinco minutos depois, minha amiga me colocava ao telefone com a lenda do gol do Verdão. Eu nem sabia o que dizer, mas aquele vozeirão do outro lado da linha era tão simpático, transmitia tanta bondade e humildade que a conversa fluiu normalmente. Eu, ao telefone com Oberdan Cattani, “A Muralha Verde”, quem haveria de imaginar? Meu pai mal acreditou quando contei pra ele.

Semanas depois, eu estaria diante de Oberdan, em sua festa de aniversário. Ele já tinha mais de setenta anos, mas continuava muito grande, de porte ereto, altivo, imponente… como o Palmeiras. Que emoção eu senti ao conhecê-lo e abraçá-lo.

Não me fiz de rogada e fui logo medir a minha mão com a dele. Deus do céu! Ela era imensa! Ele, de uma simplicidade adorável, se divertia com o meu assombro e a minha empolgação, e ríamos os dois.

Naquele mesmo dia, Oberdan me mostraria o seu “museu”, o seu quarto no andar de cima da casa, onde a história do Palmeiras transbordava em faixas de campeão, medalhas, troféus, jornais, revistas, flâmulas, bandeiras, chaveiros, desenhos, cartões de prata, quadros, camisas, e tudo mais que se pudesse imaginar. Quantos tesouros! Quantas homenagens e honrarias ele recebera ao longo da carreira e da vida. E ele ia me contando a história do Palmeiras, apenas relembrando as suas memórias de jogador… Eu me deliciava com aquelas preciosidades todas, com aquelas histórias. Oberdan fazia a ponte entre o Palestra Italia/Palmeiras que não vivi com o Palmeiras de agora… .

Poder tocar aquelas faixas, de títulos conquistados pelo Palmeiras quando eu ainda nem tinha nascido, era algo surreal, era como entrar numa máquina do tempo… Minha sensibilidade quase me transportava para aquele tempo que não conheci, quase me permitia ver as imagens de jogos que não assisti… As faixas não pareciam guardadas há tanto tempo, pelo contrário, pareciam novas!

E ele me deixava tocá-las, beijá-las, colocá-las, com aquela bondade que tinha na voz, no jeito de chamar a gente de “filha”. Tirei uma foto com a faixa do Palmeiras campeão de 42… meu pai era menino nesse tempo, deve ter ficado tão feliz com aquela conquista do Verdão…  a ‘menina’, feliz, agora era eu; Oberdan se divertia com isso.  E a “menina” entendia que não seria possível contar a história do Palmeiras sem falar de Oberdan Cattani, tampouco se poderia falar sobre Oberdan Cattani sem falar sobre o Palmeiras. As histórias dos dois se misturavam.

E assim, nossa amizade nasceu… Amizade que me permitiu conseguir comprar ingressos para a final de 1993, e viver uma das maiores alegrias da minha vida – no dia do aniversário de Oberdan. Mesmo tendo chegado cedinho ao Palestra, e ficado horas na fila das bilheterias, fui informada que os ingressos haviam acabado, tão logo a fila começara a andar – ela tinha andado apenas alguns metros desde o momento que as bilheterias abriram. Não fosse Oberdan, mesmo eu tendo assistido a todos os jogos do campeonato, não teria visto o título do Paulistão 93… E passei na casa dele depois do jogo, para agradecer o favor, lhe desejar feliz aniversário e comemorar a conquista (e logo fui para a Paulista).

E através dele pude conhecer Valdemar Fiume, Servílio, Fabio Crippa, Dudu, Turcão… e todas as vezes que nos encontrávamos nas festas de aniversário de Oberdan, nos divertíamos com a famosa “história da geladeira” (uma loja havia oferecido uma geladeira para quem conseguisse fazer um gol em Oberdan, e Turcão marcara contra. A brincadeira é que, dizem – Oberdan dizia rindo -,  ele fez de propósito…)

E assim,  eu pude conhecer o pai e avô amoroso, o amigo (suas amizades eram de longa data) por trás daquela lenda, pude conhecer a pessoa íntegra, simples, divertida, e conheci o torcedor, apaixonadíssimo pelo Palmeiras. E assim, eu conheci também muitas histórias… como a de um certo jogo contra um certo maior inimigo…

“… o atacante deles (ele me disse o nome do jogador, mas eu não me lembro) veio pra cima de mim e meteu as travas da chuteira na minha perna. Me rasgou a coxa. Continuei no jogo e pensei, na próxima, eu pego esse f… d… p…. 
Ah, quando ele veio pra cima, eu também fui… quebrei quatro costelas dele…”. E era só risada, da ouvinte e do narrador…

Conheci o homem vaidoso, de cabelo e bigode impecáveis, sempre elegante em suas festas, que mesmo com “uma dorzinha no joelho” se levantava para cumprimentar cada um de seus convidados.

– Mas o senhor tá bonito hoje, hein?

– Você acha, filha? Muito obrigado. – ele me dizia sorrindo.

Conheci o ídolo, atencioso com os fãs, que ajudava muita gente jovem a fazer os seus TCCs, contando, com riqueza de detalhes, a história do Palestra Italia que passou a se chamar Palmeiras; e ele, um dos personagens principais dessa parte de nossa história, se lembrava de tudo.

Fosse pelo ídolo, fosse pela pessoa dele (a pessoa e o torcedor que ele foi o fez ser mais ídolo ainda), não tinha como não amar Oberdan Cattani… não tinha como não achar que ele era um “parente”…

Mas o tempo, ah, esse malvado, tão apressado quando a gente não quer, foi passando rápido… e meu ídolo foi ficando quase centenário. Por isso, todas as vezes em que eu tinha o privilégio de estar diante de Oberdan, principalmente, em suas festas de aniversário, ciente da maravilha de estar diante de alguém que fez parte do Palestra Italia (o seu último representante), e ajudou o Palmeiras a nascer campeão, que conquistou o nosso Mundial,  que fazia a ponte entre o passado e o presente do Palmeiras, eu fazia questão de beijar as suas bochechas, de segurar as suas mãos e dizer pra ele o quanto nós, palestrinos, o amávamos; mandava os recados dos torcedores, os votos de feliz aniversário… e ele sempre dizia: “Obrigado, filha. Fala pra eles que eu agradeço.”

Uma insuficiência respiratória o levou de nós na sexta-feira (20), e ainda não consigo acreditar que tivemos que nos despedir dele… Oberdan ‘dormiu’ numa cama de hospital – uma toalha do Palmeiras, por cima do cobertor, cobria o seu peito – para acordar no Olimpo Palestrino, onde estão Turcão, Echevarrieta, Fabio Crippa, Junqueira, Servílio, Valdemar Fiume…

As despedidas aconteceram no Palmeiras, o lugar que ele mais amava… uma bandeira do Palmeiras e outra do Brasil cobriam o seu caixão…

Eu queria tanto que ele tivesse tido mais tempo… queria tanto que ele pudesse ter recebido o busto em sua homenagem na sua festa de aniversário, marcada para o dia 19… que pudesse ter sido homenageado na festa do centenário do Palmeiras… queria ter podido ligar mais uma vez e ter ouvido aquele vozeirão me dizendo: “Alôôôô!”, queria ter podido lhe dar mais um abraço… mas a vida tinha outros planos…

Acho que Valdemar Fiume, Junqueira, Turcão e o narrador Fiori Gigliotti… estavam com saudade do amigo e precisando de um goleiro… Fabio Crippa devia estar pendurado por cartão…

Ídolos são pra sempre, “seo” Oberdan. Você viverá em nossos corações e em nossas lembranças. Jamais se poderá falar do Palmeiras e do futebol brasileiro sem que você seja lembrado. Sua passagem por aqui foi sensacional.

Você agora é eterno, é a nossa ponte para o sempre.

Obrigada por tanto.

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Hoje, eu acordei de ressaca… Ressaca de emoção.

Ainda estou tocada por tudo o que vivenciei na noite de ontem…

Cheguei no Pacaembu quando ainda faltavam umas duas horas para a partida começar. As pessoas não paravam de chegar; as camisas com o número 12 às costas se multiplicavam, os sorrisos nos rostos das pessoas eram maiores do que nos dias normais, a quantidade de crianças também. Os nossos corações se preparavam para um encontro… e que encontro!

Amigos de perto, amigos de longe, amigos  que ainda não conhecíamos pessoalmente… tinha vindo todo mundo! Abraços, beijos, muita conversa, muitas recordações e uma quantidade imensa de orgulho estavam em todas as rodas. E no escuro da noite, o palco da última apresentação do melhor goleiro do Brasil, o melhor que eu já vi na minha vida, se acendia em verde…

Foto: O Pacaembu está verde!

Quem achou que depois do Brasileiro essa festa perderia brilho, perderia vibração, se enganou redondamente. Vendo aquela multidão que continuava a chegar, eu me perguntava: Que gente é essa, que se supera e se transforma a cada revés? Que se deixa levar só pelo amor? O nó na minha garganta era constante. O melhor mesmo era só falar “abobrinhas” e nem pensar muito sobre o que aconteceria lá dentro do estádio.

E ele estava lindo quando entrei. Lotado! Os quase 40 mil pagantes foram recorde de público do Pacaembu no ano. Tinha que ser o Marcos! E a gente na maior ansiedade esperando o Palmeiras entrar em campo. E quando ele entrou, o estádio explodiu e foi impossível não se emocionar. Quanta saudade daquele Palmeiras… O telão mostrava Marcos, que ainda não entrara, e que estava vindo com o filhinho recém-nascido nos braços.  O mosaico da Mancha reproduzia o gesto que Marcão eternizou.

“PUTA QUE PARIU, É O MELHOR GOLEIRO DO BRASIL, MARCOS!”, gritavam os 40 mil, quando Marcos Roberto Silveira Reis, o nosso São Marcos, subiu ao gramado. Os milhares de flashes dos que queriam capturar todos os momentos da última partida do Santo, deixavam o Pacaembu mágico! As lágrimas que derramávamos sem pudor algum, também.

E os corações palestrinos enlouqueciam diante de tantos ídolos do Palmeiras em campo. AU, AU, AU EDMUNDO É ANIMAL!! O Pacaembu ensurdecia! Que emoção eu senti ao ouvir isso e vê-lo responder lá em campo! EÔ EÔ EVAIR É UM TERROR!! A saudade explodia na arquibancada! Meu coração, em pedaços, se espalhava pelo gramado. Esses pedaços de coração vestiam camisas do Palmeiras e, alguns, as da seleção. Olhava no campo e ali estavam Marcos, Edmundo, Evair, Cleber (o nosso Clebão), César Sampaio, Alex, Paulo Nunes, Tonhão, Amaral, Asprilla, Oséas, Junior, Euller, Sérgio… Ademir da Guia!!! Meeeeu Deeeeus! Era bom demais pra ser verdade! Do lado da seleção, mais um monte de ídolos palestrinos: Cafu, Rivaldo, Antonio Carlos, Roberto Carlos, Velloso, Djalminha (você não, Edílson!)… no comando da equipe, César Maluco e Leivinha, Dudu estava no banco. Só o Palmeiras consegue montar dois times e uma comissão técnica de craques, de ídolos!! E ainda deixar alguns no banco. E Felipão comandava a seleção.

Quando o Palmeiras se perfilou para o hino nacional, eu fui sugada por uma máquina do tempo invisível e meu coração passou a bater num outro tempo, numa outra época. Ouvir o hino do Palmeiras no estádio, logo após ter ouvido o do Brasil, foi surreal. Olhar aquela fileira de craques em campo era algo de outro mundo.

A partida era uma festa! Nossa alma estava em festa! Marcos estava no gol em frente às arquibancadas, e  isso era delicioso. Eu me sentia como se nunca tivesse deixado de ver o Marcão ali, como se nunca tivesse deixado de ver aqueles craques todos jogarem. Era tudo tão familiar, que parecia ter sido na semana passada a última vez que eu os vira em campo.

Edmundo jogava fácil, naquele seu jeito Animal de ser… Clebão, impressionante,  parecia o mesmo de sempre… Paulo Nunes e Amaral também estavam jogando direitinho.  Rivaldo queria marcar gol no Santo de qualquer jeito;  levantou na área, tentou por cobertura do meio de campo (senta lá Rivaldo), bateu falta… mas Marcos estava Marcos, como sempre, e pegou tudo.

A árbitra, que entrou acenando para a torcida, como se fosse uma miss num concurso, teve a cara de pau de garfar o Palmeiras num jogo amistoso, de festa. Fez que não viu o pênalti de Cafu em Paulo Nunes.  Mas não teve o que fazer quando o Animal (contrata ele Tirone!) foi derrubado na área… PÊNALTI!!! Todo mundo pensou a mesma coisa. O Pacaembu era um grito só: Marcos, Marcos, Marcos… os amigos no campo também. Ele hesitava,  não queria ir. Diria mais tarde que achou que a torcida estava com saudade de ver o Evair bater pênalti. hahaha E então, os jogadores vieram buscá-lo. Evair o chamava de longe, Edmundo o empurrava… E nós enlouquecíamos na bancada com a possibilidade de ver o nosso amado Santo fazer um gol, justo no dia em que se despedia do futebol.

Quatro insistentes minutos depois, lá estava o Marcão na área, com o Ronaldo, brincalhão, dizendo em seu ouvido que ele ia errar… Os torcedores, de olhos grudados no campo, não conseguiam conter a ansiedade. Até as crianças estavam nervosas. NÓS ÍAMOS VER UM GOL DO MARCOS! O Dida que ousasse pegar, que eu matava ele! A respiração estava suspensa e o grito já estava na garganta, pronto! Roberto Carlos já comemorava, antes mesmo da cobrança.

E então, a juíza apitou, e o Santo cobrou com a maior categoria! Dida escolheu o canto e Marcão mandou no meio e no alto.

GOOOOOOOOOOL DO PALMEIRAS! GOOOOOOOOOOOOOOL DE MARCOS!! O Pacaembu veio abaixo! Os torcedores se olhavam incrédulos! Todo mundo se abraçava! Marcão pegando tudo e nos dando um gol de presente! Eu não sabia se estava chorando pela alegria de ter visto um gol do Santo ou por imaginar a felicidade dele, enquanto ele corria comemorando. Seus amigos em campo também estavam tão felizes quanto a gente e fizeram ele sumir num abraço gigante. E nós agradecíamos a São Marcos por mais uma graça recebida. Que festa linda! Digna da carreira e da pessoa de Marcos. Digna da Nação Alviverde que chorava de emoção.

Mas tinha mais! Edílson, Rivaldo, Ronaldo… todo mundo tentando, e o Marcão pegando tudo. A galera delirava! Edmundo fez jogada individual e bateu, Dida mandou pra escanteio, Cleber, na zaga, tirava todas (ele ainda cabe no nosso time, viu?)! Tudo como nos velhos tempos. E a máquina do tempo misturou 93 com 99 e nos presenteou com uma outra maravilha: Evair fez uma linda jogada, tocou pro Alex, que passou pra Edmundo; o Animal driblou o Cafu e achou Paulo Nunes na cara de Dida. E ele só teve o trabalho de mandar na rede! Coisa linda!! O coração, velho de guerra, se esparramava no peito, feliz…

No segundo tempo, Rivaldo continuava tentando, mas o Marcão nem aí, se esticava todo e mandava pra fora. E a gente matava a saudade do nosso baita goleiro e de todos os nossos craques. Euller, que continua o mesmo, invadiu a área e quase que Oséas marcou… Que coisa boa a gente poder ver tudo isso. E aí, o Marcão foi jogar de centroavante, e o Sérgio entrou em seu lugar.

Edílson, que cometeu o sacrilégio de tentar dar uma caneta no Divino Ademir da Guia (uma atitude vergonhosa e desrespeitosa como essa tinha que partir dele), sem respeito algum à grandeza de um jogador do quilate de Ademir, chamado de DIVINO, sem respeito algum aos bons anos a mais que ele tem,  diminuiu o placar. Euller quase fez o terceiro, mas Velloso, no lugar de Dida, fez uma baita defesa. Era parmera pra todo lado! E parmerada da mais alta qualidade! Aos 24′, Luizão empatou a partida.

E quem disse que não comemoraríamos a despedida do Santo no dia certo? Depois de uma contagem regressiva no telão, exatamente à meia noite, as luzes se apagaram, o telão nos avisou que era dia 12/12/2012, e Marcos foi para o meio do campo discursar e agradecer.

Confesso, esse momento foi difícil.  Ele agradeceu a Deus, aos seus pais, à sua família, aos seus treinadores e aos jogadores que estavam ali… e nos agradeceu também. Pediu para que a gente não se esqueça dele… como se isso fosse possível. Uns choravam disfarçadamente, outros choravam descaradamente. As lágrimas estavam nos olhos e nas faces da maioria das pessoas. Depois de um ano tão triste, tinha que ser o Santo para nos fazer chorar de emoção e alegria.

Marcos foi dar a sua última volta olímpica diante da Que Canta e Vibra junto com os filhos, num carrinho. E aí, meu coração se partiu de vez. Nem eu imaginei que fosse doer tanto vê-lo acenando em despedida e, como dizem por aí, chorei largada, copiosamente…  Um momento tão lindo e tão doído…

Mas, em meio àquela festa inesquecível, observando o Pacaembu lotado, observando aquela torcida linda, emocionada e tão orgulhosa, sentindo a energia tão intensa que havia no Pacaembu, eu tive certeza absoluta  que pode acontecer o que for ao Palmeiras, ele não perderá a sua grandeza jamais!

E na madrugada de 12/12/2012, a Nação, orgulhosa, foi dormir de olhos molhados e coração feliz…

E, hoje, me lembrando do pedido de Marcos para não nos esquecermos dele, eu o respondo: Isso só vai acontecer Marcão, no dia em que nos esquecermos de respirar.

PUTA QUE PARIU, É O MAIOR GOLEIRO DO BRASIL, MARCOS!

“Eu tenho tanto pra te falar
Mas com palavras não sei dizer
como é grande o meu amor por você…”

Certa vez, alguém me disse que há beleza na tristeza… Deve ser por isso que hoje, o Pacaembu, em Noite Santa, vai ver uma festa linda… feita por milhões de devotos (sim, de alguma maneira, vamos todos ao Pacaembu) que estarão cantando, aplaudindo, sorrindo, mas com o coração em pedaços.

Vamos nos despedir de Marcos… nosso goleiro, nosso amigo, nosso careca, nosso “parente”, nosso contador de causos, nosso ídolo, nosso santo tão amado… e desta vez é pra valer. Que difícil Marcão! Sei que você vai se emocionar, e nós também vamos, muito. Depois desses meses todos de saudade, como num passe de mágica, você vai estar lá no gol  do Palmeiras outra vez. Vamos estar juntos, de novo! Como se nunca tivéssemos deixado de estar. E isso será uma festa para os nossos sentidos! Será música para o nosso coração! Mal podemos esperar para encontrar você de novo,  para te “abraçar”.

Hoje, vamos nos embriagar da alegria de ter você de volta;  da felicidade de podermos olhar a sua mítica figura de braços abertos em direção ao céu, de vê-lo vestindo o uniforme mais lindo do mundo; vamos beber da alegria da tua presença, do prazer de vê-lo jogar; ébrios, emocionados e egoístas, vamos ter você só pra nós… vamos olhá-lo em companhia de Evair, César Sampaio, Euller, Paulo Nunes, Oséas, Asprilla… e nos deixar transportar para 1999… ainda que seja só por 90, minutos…

Hoje, vamos comemorar o privilégio de sermos Palmeiras e termos você, Marcão. Hoje, vamos agradecer a Deus por todas as dádivas que juntos recebemos. Vamos agradecer à vida que o fez fugir da Marginal sem nº e escolher o Palmeiras para ser a sua casa,  enquanto, sem saber, você escolhia o caminho da canonização.

Deus o escolheu para ser Marcos, e você nos escolheu…

Como podemos lhe agradecer? Obrigado parece tão pouco…

Quando eu me lembro de suas defesas maravilhosas, eu quero algo mais que obrigado…

Quando eu me lembro dos seus milagres… a palavra obrigado é pequena demais para tudo o que quero expressar…

Quando eu penso em todas as suas dores, em todo o seu sacrifício… eu sei que obrigado é quase nada…

Quando eu me lembro de todas as vezes que você nos fez gargalhar com os seus causos, as suas declarações, até a minha tristeza dá risada… e  ‘obrigado’ continua a não servir…

Quando eu me lembro de você ter recusado um clube europeu, para ajudar o Palmeiras num momento difícil, eu tenho certeza que não existe uma palavra que expresse o nosso agradecimento.

Todos sempre se lembram da Libertadores, do pênalti do Marcelinho que você defendeu… Eu me lembro daquele cafezinho; me lembro de você ir lá na área tentar nos defender de um resultado adverso, me lembro do Paulistão 2008; me lembro de você ser defendido no tribunal pelo jogador que o juiz alegou que você agredira;  me lembro das suas declarações contundentes, fruto do seu amor pelo Palmeiras; me lembro da segundona, que fizemos mais badalada e mais assistida do que a série A; me lembro de tantas coisas… Me lembro da foto que um amigo e eu tiramos ao seu lado, e você, santamente, nos colocou chifrinhos; me lembro de você ter escolhido a camisa 12 quando todos o queriam com a 1; me lembro de estar de joelhos no chão da cozinha, diante do rádio, tremendo, chorando e agradecendo a Deus e a você, depois daquelas suas defesas diante do Sport… me lembro das suas lágrimas no final do campeonato deste ano… me lembro daquelas dezenas de crianças à sua volta, a cada vez que você entrava em campo… eu me lembro de tudo, de todos esses 20 anos que, graças a Deus, eu pude viver e acompanhar. Obrigado é mesmo muito pouco, Marcos.

Como explicar o que você significa e o tamanho desse amor que sentimos?

Também não somos capazes de explicar esse misto de alegria e tristeza,  de orgulho e saudade… Estamos sonhando com esse encontro de hoje, estamos  contando as horas pra ele chegar, mesmo sabendo que nosso coração vai doer um bocado. E e só pra  te dizer, mais uma vez,  Marcos, como é grande o nosso amor por você.

Estamos muito, mas muito mais felizes e orgulhosos do que tristes. Felizes porque você existe, porque defendeu, honrou e amou a nossa camisa; orgulhosos porque nenhum outro time teve esse gostinho. Felizes porque você  é do Palmeiras;  orgulhosos porque um goleiro do Palmeiras foi pra seleção, fechou o gol e voltou campeão… Felizes e orgulhosos porque o nosso caipira de Oriente, o nosso careca tomador de cafés e contador de causos, botou o bicho papão, Oliver Khan, no chinelo! E foi o melhor goleiro da Copa! Sim, você foi o melhor de todos. O mundo o aclamou! Sempre nos sentiremos felizes e orgulhosos ao lembrar de você, Marcão. Você nos ensinou que o amor e a história dinheiro nenhum pode comprar. Essa é uma bela parte do seu legado a todos nós.

Tenho certeza absoluta que o mundo nunca mais verá um outro Marcos!

Saiba que hoje, nós vamos esquecer todo o resto que nos afligiu neste ano e vamos sonhar! Sonhar que você está de volta; sonhar que vamos conquistar muitos outros campeonatos juntos; sonhar que não carregamos no peito essa saudade tão doída… Sonhar que o tempo vai parar nessa noite de 11/12/2012… e que esse sorriso lindo vai estar nas entrevistas de pós jogo por muito tempo.

Hoje, São Marcos, nós vamos sonhar, mas de olhos bem abertos, para não perdermos nada, para podermos “fotografar” todos os momentos, e registrarmos cada gesto seu, com os olhos da alma, e te levar conosco pra sempre. Para contarmos aos palmeirenses que virão, o que fazia em campo aquele goleiro, aquele homem, aquele anjo,  querido e respeitado por torcedores e jogadores de todos os times; o goleiro que se tornou uma lenda, um santo; vamos contar os teu feitos, os teus milagres, os teus causos (até o do Opala) e eles irão atravessar gerações.

Foi bom demais, Marcão! Fomos felizes até não poder mais e amamos você imensamente por isso. Você foi o grande presente que recebemos de Deus.  E agradecemos a Ele por termos estado na bancada, tomando sol, tomando chuva, durante esses 20 anos, vendo essa página linda da nossa história ser escrita, palavra por palavra, defesa por defesa, milagre por milagre…

Hoje, a nossa alegria, o nosso respeito, o nosso orgulho e o nosso imenso amor estarão no Pacaembu para te aplaudir! Do lado de fora nos esperará  a saudade… Saudade que vamos sentir enquanto vivermos, saudade que a camisa 12  e o futebol sentirão pra sempre…

E como obrigado é muito pouco, nós, os seus devotos, lhe entregamos o nosso coração e o nosso amor. Fica com eles, São Marcos,  porque eles são seus!

PUTA QUE PARIU, É O MELHOR GOLEIRO DO BRASIL  (E DO MUNDO), MARCOS!!

 

Embaixador do programa de relacionamento Clube Amigo Suvinil, “São Marcos” se despede oficialmente dos campos na próxima terça-feira (11).

A Suvinil será uma das patrocinadoras do jogo de despedida do Santo, que acontece na próxima terça-feira (11), no estádio do Pacaembu. Na ocasião, “São Marcos”, ao lado de grandes craques da história do Palmeiras e da seleção brasileira 2002 (Arce, Alex, Djalminha, Paulo Nunes, Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos…), aposentará a camisa 12 de goleiro, que eternizou em mais de 500 jogos disputados pelo Palmeiras e nos 12 títulos conquistados com o time.

A Suvinil, apoiadora do evento, que realizou ações de incentivo com balconistas, donos de lojas e integrantes do Clube Amigo para a distribuição de alguns ingressos desse jogo histórico, tem uma surpresa: irá presentear dois sortudos com um par de ingressos para o jogo. Isso mesmo! A Suvinil vai levar dois torcedores ao jogo mais importante do ano! Ao jogo que marca a despedida do maior, melhor e mais querido goleiro do Brasil!! E você pode ser um deles!

Para participar do concurso cultural e concorrer aos ingressos, basta seguir o perfil da Suvinil no Twitter (@suvinil_tintas) e enviar, do dia 07 ao dia 09 de dezembro, uma frase de até 140 caracteres homenageando o ídolo com a hashtag #valeusaomarcos. Os dois ganhadores serão anunciados nos perfis do Facebook e Twitter da marca no dia 10 de dezembro de 2012, às 14h00.

Boa sorte, amigo! Nos encontraremos no dia 11/12/202, lá no Pacaembu!

Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer como é grande o meu amor por você… (Roberto Carlos)

Marcos-reza

Dizem que o sol nasce no Oriente… hoje ele se pôs em Oriente…

Eu sabia que iria ser triste quando esse dia chegasse, mas não imaginei que seria tanto…

Hoje, 04 de Janeiro de 2012, Marcos, que nós chamamos Santo, goleiro fantástico, de carreira e vida coerentes, limpas, de um amor imenso pelo Palmeiras, nosso ídolo, anunciou que não mais jogará. Uma estrela de quinta grandeza, totalmente desprovida de vaidade, e que até mesmo na hora de encerrar a carreira o fez de forma simples, sem holofotes, sem programas de TV, no jeitão São Marcos de ser. Simplesmente chegou para César Sampaio e disse:

“pô, Sampaio, f… vou ter que parar”.

A gente palestrina, que anda tão carente, ao receber a notícia inesperada, se sentiu com um buraco no peito. Jogando ou não, estando bem ou não, Marcos é uma referência para o torcedor. É pra ele, e com ele, que direcionamos o nosso amor, o nosso orgulho, quando nos sentimos muito feridos. Na hora em que parece que não temos nada e precisamos contar as nossas bençãos para continuar acreditando, para o nosso coração palestrino continuar batendo, é dele que nos lembramos, é na sua grandeza que vamos buscar consolo, alento.

Não sei você, meu amigo, mas quando eu soube, senti uma tristeza imensa, daquelas que doem tão fundo, fininho, aquele tipo de dor que não sai do lugar, que fica ali doendo, roendo o coração o tempo todo. Não perdemos um jogo, nem um campeonato, perdemos um ídolo, ou melhor, perdemos  o “estar perto” desse ídolo, absurdamente amado. E a única maneira de aliviar esta dor no peito é deixar que as lágrimas sigam seu curso…

E, chorando, eu assisti a um filme… sem roteiro e em desordem…

CT do Palmeiras, 1993. Eu tinha ficado sabendo por um parente do goleiro Sérgio, que ele teria dito que o terceiro reserva do Palmeiras é que era bom e que quando entrasse no time, não sairia mais. E lá fui eu chamar o terceiro goleiro para pedir um autógrafo. Vai que ele viesse a ser tudo que tinham me dito… Olhei bem para aquele cara cabeludo (pasmem, Marcos era cabeludo!) e pensei: Será?? Simples, com um sotaque meio caipira, ele me sorriu, um tanto quanto sem jeito e, parecendo não entender porque eu lhe pedia um autógrafo, assinou a minha agenda.

Palestra Itália, 2007. Último jogo do campeonato brasileiro. Marcos estava fora da partida. Eu entrava pelos portões da Avenida Matarazzo quando percebi uma aglomeração entre as pessoas que chegavam. Olhei bem e vi que Marcos, entrando por ali também, estava no meio de um monte de torcedores. Fui até lá. Ele, atencioso, com uma paciência de monge, atendia a todos, tirava fotos, dava beijos, abraços, sorrisos… mal podia caminhar. Levei minha filha até ele, que a abraçou e beijou com carinho (claro que eu aproveitei e o beijei também). Tanto tempo tinha passado, desde que eu estivera com ele pela primeira vez, tantas coisas Marcos conquistara em sua carreira, tinha virado ídolo, tinha nos dado tantas alegrias, conquistado títulos importantes, mas em seus olhos, em seu sorriso, naquele seu jeito meio tímido, eu vi o mesmo garoto desconhecido que me dera um autógrafo em 93. Ele era a mesma pessoa, sem pose, sem máscara…

Minha filha se mantinha calada enquanto nos dirigíamos à bancada. Ainda não é fanática por futebol, e, por isso mesmo, me surpreendi quando notei que ela tremia, profundamente tocada pela impressão que Marcos lhe causara. Quando ela olhou para mim, bastante pálida, chorando me disse: Mãe, eu não acredito que vi o Marcos! E ele me abraçou, me beijou! Então, chorando também, eu lhe disse, guarda esse beijo e esse abraço pra sempre, porque você esteve com São Marcos, o melhor goleiro do mundo.

E o filme continua… Lembranças de tantas coisas que vivemos, de momentos maravilhosos e inesquecíveis que ele nos deu. Impossível falar de todos eles…

Marcos tomando café durante uma partida de Libertadores! Que outro poderia ter feito isso? Marcos saindo do banco na sua primeira disputa pela América, e entrando para a história do Palmeiras e no coração da gente… Quem é que se esquece de suas defesas, às vezes tão difíceis, que passaram a se chamar milagres? E  nós estávamos todos embaixo das traves com ele, braços abertos, quando Zapata, se apequenando diante daquele monstro das traves, chutou para fora e o Palmeiras se fez campeão da América… Você se lembra do que sentiu naquele momento? Lembra como foi difícil segurar o coração dentro do peito? Então, você entende porque o nome e a imagem de Marcos ficaram impressos em nossos corações pra sempre…

Quem é que se esquece do jogadorzinho farsante e dissimulado que perdeu a pose e a vaga na final da Libertadores, ao ser parado por ele?

Lá vai Marcelinho Carioca para a cobrança…  correu, bateu… DEFENDEU MARCOOOOSSSS!!

E todos nós demos aquele “peixinho” com Marcos. Pudemos sentir a grama no peito enquanto ele, enlouquecido de alegria, deslizava pelo gramado.

Nosso Marcos não é deste mundo. Respeitado por torcedores de todos os times, por jogadores de todos os times e, na mesma medida, temido por esses mesmos torcedores e jogadores, ele virou um mito, virou ídolo de um país inteiro! É respeitado e querido também por aqueles que disputaram a posição com ele.  Nunca haverá outro como Marcos! O melhor goleiro da história da Sociedade Esportiva Palmeiras!

Falar do que ele fez na Copa do Mundo é chover no molhado. Falar que ele encantou o planeta com suas defesas precisas, de tirar o fôlego da gente, falar que ele foi o melhor goleiro da Copa (porque ele foi melhor que Oliver Khan, sim!) nem precisa. Prefiro dizer que foi lindo foi vê-lo comemorando o campeonato mundial, com a alegria de um menino! De um menino que era um pedacinho da gente, um pedacinho do Palmeiras lá no Japão, menino que levou nosso coração com ele…

Mas tem coisas que só aos palestrinos dizem respeito… Eu prefiro me lembrar de quando ele gravou o hino do Palmeiras com Edmundo e Valdivia… Como nos fez bem ver o Marcão lá cantando, sem jeito, se divertindo e nos divertindo também.

Prefiro me lembrar até o final da vida, do goleiro campeão do mundo que recusou uma proposta (verdadeira e não fabricada) do Arsenal para jogar a série B. Não me importa se ele ficou por amor ou qualquer outro motivo que seja. ELE FICOU! E nos ajudou a voltar de cabeça erguida, sem trambique algum, à Série A!

Também não me esquecerei do jogo no Palestra em que dávamos adeus ao campeonato e ele, desesperado, foi lá na área tentar fazer o gol que não conseguíamos marcar. Muitos o criticaram, mas eu senti um orgulho imenso, senti a alma lavada, porque ele fez o que cada um de nós na bancada tinha vontade de fazer.

Prefiro guardar comigo aquela noite em que jogávamos diante do Sport, na Libertadores/09 e Marcos fez uma defesaça impedindo que eles nos tirassem a vaga no último minuto. Depois, nos pênaltis, ele pegou três deles e lavou a nossa alma! Chorando de joelhos na cozinha, onde eu ouvia o jogo no rádio, eu pensei que fosse morrer de tanta alegria.

Prefiro me lembrar da felicidade daquela volta olímpica em 2008, das coisas que ele chorando disse aos companheiros antes de entrarem em campo… “Eu me quebro tudo de novo, mas eu não perco para essa Ponte Preta nem a pau… porque eu sei o que eu sofri pra tá aqui…”

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Hoje, o futebol fica mais triste…  Hoje, a camisa 12 vai chorar sozinha… E, tenho certeza, nunca mais desejará ser vestida por ninguém!

Não vamos te dizer adeus, porque você estará sempre conosco. Mas que saudades vamos sentir, Marcão! Do goleiro fantástico, das defesas maravilhosas, dos milagres… sentiremos saudades também da “convivência” com a sua alegria, com o cara bonachão, humilde, com o “parente próximo” que você se tornou pra nós… Mas a gente te entende. Sabemos de todas as suas dores, de todo o sacrifício para entrar em campo. Sabemos que você não merece mais um ano de desgostos.  Você já nos deu muito, cara. Lhe seremos eternamente gratos. Você foi um presente de Deus! Agradecemos a Ele termos visto você jogar. Falaremos de você aos nossos netos, repetiremos os seus divertidos causos, contaremos da sua garra, das suas defesas e do orgulho que você fazia e faz a gente sentir…

Obrigada, Marcos! A Nação de sangue esmeralda te agradece do fundo do coração por você um dia ter vestido a camisa do Palmeiras, por ter fugido daquela espelunca e ter vindo para o Palestra. O nosso amor por você é infinito e não poderemos lhe retribuir toda a dedicação e carinho jamais. Mas saiba que, passe o tempo que passar, nunca iremos ver aquele gol sem você. Porque a cada vez que olharmos aquelas traves, mesmo que vivamos duzentos anos, iremos ver o nosso Santo, de camisa azul, olhos fechados, braços abertos apontando para o céu… essa é a imagem que estará impressa em nossos corações prá sempre…

SEJA MUITO FELIZ MARCOS! AMAMOS VOCÊ E VAMOS MORRER DE SAUDADES!!

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