Quando fico aborrecida ou desapontada, procuro escrever um ou dois dias depois, quando já pensei e pesei melhor os acontecimentos… quando a poeira já baixou…

Perder o Derby não foi a pior coisa que nos aconteceu em campo na tarde do último domingo. Não. Afinal, em clássicos, e todo mundo sabe disso, qualquer resultado é possível. O problema foi o Palmeiras não ter  jogado nada, ter deixado a alma no vestiário, ou em qualquer outro lugar. Muito pior do que a derrota, foi a ausência… de futebol, de Palmeiras… e nenhum de nós esperava por isso…

Acho que foi o pior Derby dos últimos anos. O primeiro tempo foi amarrado; o Palmeiras, justiça seja feita, marcava bem e não deixava o Corinthians achar um espaço sequer. Gareca tinha escalado o time mais ofensivo, mas isso acabou sendo inútil, uma vez que o Palmeiras nada criava. E porque não criava, o ataque era pouco e mal acionado, uma vez que as tentativas de ligação com os homens da frente eram feitas diretamente da defesa; e porque o ataque não era acionado, a bola acabava sendo perdida nos muitos erros de passe, e voltando mais vezes para os adversários; e porque a bola voltava mais vezes para os adversários, a defesa acabava sendo muito mais acionada… então, o Palmeiras tratava de se fechar, e tentar os contra ataques. Uma dinâmica nada satisfatória,  e com cara que ia acabar dando errado…  Com um técnico tão bom quanto Gareca, que falta o time sentia do Mago, ou de alguém como ele.

O árbitro era daqueles que, jogada de ombro em que a bola sobrava para um palmeirense, era falta do palmeirense; se quem ficava com a bola era o corintiano, seguia o jogo. Além disso, marcava faltas o tempo todo, e conseguia irritar os vinte e dois jogadores em campo.

Embora tivessem disponibilizado apenas dois mil e poucos ingressos para os palmeirenses, o restante da “Arena dos 4 Tobogãs”  estava com muitos setores vazios. O time arrendatário do estádio (dono, só quando pagar), com aquela “grandeza” que lhe é peculiar, se recusou a colocar o distintivo do Palmeiras no placar eletrônico, e só depois dos 20 minutos (quase 30) do primeiro tempo é que resolveram consertar o deslize (mas pedir carona no jatinho do presidente do Palmeiras, pode, né Andrés?). Ainda bem que a PM achou que só as máscaras cirúrgicas usadas pela torcida do Palmeiras serviam como provocação…

O jogo se arrastou, chato pra caramba, com muitos erros de passes, do Palmeiras principalmente,  com os dois times jogando um futebol bem mixuruca e nada aconteceu na primeira etapa. Foi até um alívio quando o juiz apitou.

No começo do segundo tempo, numa vacilada da nossa defesa (desfalcada de Lúcio), o atacante corintiano, livre, sem marcação alguma, recebeu a bola de frente para o Fábio, e tomamos um gol. Se a coisa já estava difícil, porque o time não conseguia ir à frente, ar algum trabalho para o espectador goleiro adversário, ficaria mais difícil ainda tendo que sair pro jogo de qualquer maneira. Gareca sacou Mendieta e colocou Leandro.

As bolas não chegavam com qualidade nos atacantes palestrinos. Algumas poucas chances apareciam, mas não acontecia nada. Guerrero disputou uma bola com Wendel, deu um chega pra lá nele, e, quando viu que o juiz apitou, interrompendo o lance, deu um “migué”, meteu a mão no peito do parmera e começou a gesticular, cobrando Wendel, como se ele tivesse feito algo escabroso. Wesley ficou uma fera, Felipe Menezes também, foram lá pra cima do Guerrero, e aí os ânimos ficaram todos exaltados. O juiz deu cartão amarelo para o Wendel e pro Guerrero, que quase causara uma confusão à toa.

De jogo mesmo… nada! Assim como no primeiro tempo, o Palmeiras tinha menos posse de bola. A falta de volume de jogo do Palmeiras, que nada tinha a ver com o bom trabalho de Gareca, criava a falsa sensação de que o adversário jogava melhor na segunda etapa; mas era o Palmeiras mesmo que facilitava a vida deles. E porque nada funcionava para o nosso time, os jogadores pareciam perdidos, apáticos em campo.

Ficava claro que o que comprometia o bom trabalho de nosso técnico, era  a falta de algumas peças no time, um armador criativo e inteligente principalmente. Não dá para se fazer um bolo sem fermento, na verdade, até dá, mas vai ovo pra caramba…

A torcida, brava, com razão,  escrachava o time inteiro nas mídias sociais, mas, se colocarmos as peças certas onde falta qualidade (um meia, um lateral direito…), muita gente do time pode subir de produção.

O jogo estava nos acréscimos, quando o adversário fez mais um gol, num lance em que o espaço dado pelos palmeirenses foi determinante para a realização da jogada. Fábio foi na bola, mas ela bateu na trave, depois nas suas costas, e entrou. E o jogo logo acabou.

Não chutamos a gol, não criamos nada, não podemos nem reclamar do resultado ou do juiz. E o pior é que o adversário jogou bem pouco…

Eu sei que existem mil motivos, anteriores à essa gestão, que nos atrapalham agora, que nos fazem ter que dar um passo atrás algumas vezes, quando queremos andar pra frente. Sei que muita gente responsável por ter contribuído para essa situação, hoje, livre, leve e solta, se faz de besta, faz ‘cara de paisagem’ e ataca quem está na administração tentando consertar as picaretagens que esses mesmos espertalhões deixaram pelo caminho.

Mas, de alguma maneira, o futebol tem que caminhar, afinal, ele é o motivo disso tudo, é a razão de existir do Palmeiras, e de milhões de pessoas que vivem pelo Palmeiras, a razão de estarmos aqui; eu, escrevendo, e você, me lendo. Podemos até não conquistar um título, mas temos que ter pelo menos condições de sonhar com ele.

O fato é que perdemos 7 partidas, e isso deve servir de alerta, deve servir para que todos os olhos fiquem bem abertos, para que todas as providências sejam tomadas, para que todos os telefones verdes toquem, para que todos os departamentos se mexam. Uma coisa é você não ganhar títulos enquanto reconstrói o clube (aceito isso numa boa, embora queira ardentemente ver o Palmeiras campeão), outra coisa é você ter um prejuízo histórico e moral imenso por conta disso. 

É óbvio que esperamos e queremos que alguém dê jeito nisso (calma, Gareca, vamos chegar lá), afinal, sabemos que temos pessoas mais capacitadas cuidando do Palmeiras, e, por isso mesmo, é delas que esperamos/cobramos o coelho saindo da cartola. São elas que têm que fazer a diferença e encontrar a fórmula para reconstruir a instituição Palmeiras, sem deixar que o seu futebol seja destruído, sem esquecer dos milhões de corações que batem mais forte pelo Verdão, que morrem por ele.

É ano do centenário, presidente! Só queremos ver o Palmeiras jogar futebol, de verdade! Ajuda a gente aí!