12 de Junho de 2008…

Verdão vai jogar no Palestra. Eu não vou poder ir, nem ouvir no rádio. Vou comemorar os 89 anos de vida de Oberdan Cattani, uma lenda viva da Sociedade Esportiva Palmeiras. Uma honra estar lá, envolvida  pela aura mágica de  Palmeiras, de sua  história e suas glórias. Saio de casa e vou ouvindo o jogo no rádio do carro. Os Smurfs marcam primeiro, com gol de pênalti, mal marcado, pra variar. O Palmeiras logo empata, também de pênalti, convertido por  Alex “Killer” Mineiro. Já  posso ver as luzes do Palestra (a festa é bem pertinho) e claro, meu coração está lá, com Valdívia e Cia. Sei que o Palmeiras vai ganhar esse jogo. Uma sensação feliz me acompanha…

12 de Junho de 1993…

O Morumbi está lotado. A massa verde canta a plenos pulmões. A ansiedade é tanta que o peito chega a doer. Parei de fumar, mas hoje é o teste final. Se aguentar hoje, posso aguentar pelo resto da vida. Em campo o Palmeiras sobra… na arquibancada também. A nossa torcida é a que mais canta, a que tem mais certeza… Uma imagem me acompanha há duas semanas. Evair correndo pra galera e comemorando diante de onde estou. Devo estar ficando maluca de tanta paixão pelo Palmeiras. Tenho tanta certeza de que vamos ganhar, mas não  aguento esperar pelo  primeiro gol. E ele vem nos pés de Zinho!!! Obrigada, meu Deus!!! Grito tanto que perco completamente a voz. Esse gol era o “sinal” que faltava para  Evair, Edmundo e Cia, começarem a triturar o adversário.

12 de Junho de 2008…

Chego na festa e nada sei do andamento do jogo. Encontro o aniversariante bem disposto, rodeado de amigos (o Sapo estava lá, também…Aff!). O clima é maravilhoso! Se respira Palmeiras por todos os cantos, afinal, Oberdan Cattani e Palmeiras se misturam e não dá para contar a história de um sem falar do outro. Encontro Dudu, o Grande Dudu! Simpático, gentil, que ainda nos agradece pelas demonstrações de carinho que recebe. Mas somos nós quem temos que te agradecer, Dudu! Turcão também está lá e é inevitável que nos lembremos, rindo, da história do gol marcado em Oberdan, que valia uma geladeira. Turcão marcou contra e ganhou a geladeira… hahahahaha! Oberdan garante que Turcão a vendeu no dia seguinte e a brincadeira continua…  desde aquele tempo, até hoje. Mas como será que estão as coisas lá no Palestra? Não consigo deixar de pensar. Meu coração parece que bate no ritmo da torcida que não consigo ver, nem ouvir…

12 de Junho de 1993…

O volume de jogo do Palmeiras é tanto que os gambás já estão perdidinhos em campo. Também, quem é que segura o Animal? Edmundo faz o que quer em campo e nos enlouquece nas arquibancadas. Antonio Carlos e Tonhão estão impecáveis, nada passa ali. E ainda temos Sérgio, Mazinho, Cleber, César Sampaio, Zinho… só craques! A raça do time é espantosa. Os adversários abusam das faltas. Mas, eis que “ele”, Evair o “Matador”, que povoa os nossos sonhos (e o pesadelo dos adversários) até hoje, manda pras redes e faz o segundo gol do Palmeiras. Não consigo parar de chorar ao ver se materializar diante de mim a imagem que me acompanhava por dias e dias. Ele corre pra galera, exatamente onde estou. As lágrimas correm pelo meu rosto ainda hoje, ao lembrar.

E Evair quer mais, faz a jogada e quase marca o terceiro, e a bola sobra para Edilson – que saiu da história e do coração da torcida, por conta própria – guardar. Delírio!! O Morumbi é verde!! O mundo é verde!! O sangue que corre em minhas veias é verde!! Nunca vi tantos homens e mulheres chorando ao mesmo tempo. E que sabor têm as nossas lágrimas. É felicidade, palpável, explícita, correndo pelas nossas faces… E a torcida canta: “Boi, boi, boi. boi do Evair, Palmeiras Campeão, vai cair o Morumbi”!!!

12 de Junho de 2008…

Oberdan recebe uma homenagem, na forma de um filme que conta a história de sua vida. Todos cantamos o Hino do Palmeiras. Quantas imagens maravilhosas são mostradas. Quantos craques que vestiram a nossa camisa, aparecem  na tela, diante de nossos olhos. Que emoção! Oberdan está bem próximo a mim e posso perceber a sua felicidade ao rever tantos momentos felizes; suas defesas, que valeram títulos; os saudosos companheiros de tempos idos… mas ele se mantém sob controle. Eu não. Choro ao ouvir o hino, as imagens e ao imaginar o que se passa lá no meu Palestra. Minha cabeça não para de pensar, meu coração quer saber. Será que o Palmeiras virou? Será que o Mago marcou? E Diego Souza, estará jogando bem, para calar de vez esses cornetas? Alguém se aproxima e diz: “O Palmeiras está ganhando de 5 x 2”. Alívio! A alegria é geral. Já posso relaxar. A festa palestrina fica ainda melhor. Ao chegar em casa, vou procurar as notícias na internet. Fico então sabendo que o Palmeiras deu SHOW; que o Mago deitou e rolou; que Diego Souza  fez gol, deu passe para outro e jogou bem; que Alex “Killer” Mineiro fez dois gols; que Henrique também fez o seu; que Pierre foi um gigante; que o time todo foi bem; que Luxa não ficou sentado no banco, mas em pé, gritando e motivando o time; que a torcida cantou e vibrou; os craques de 93 foram lembrados; o espírito de 93 se fez presente; Rivaldo, das tribunas, ficou comovido, com saudades e quer voltar… Em pleno Dia dos Namorados, time e torcida explodem de amor e renovam uma relação que nunca vai ter fim.

12 de Junho de 1993…

Vai começar a prorrogação. Mesmo tendo massacrado o adversário, mesmo tendo feito mais gols, a regra determina que a igualdade de vitórias (uma para cada) nos faça jogar a prorrogação. Agora  é que o bicho vai pegar. Apenas trinta minutos nos separam de um sonho… Trinta minutos para acabar com um jejum de  16 anos… Trinta minutos para desbancar o “protegido” rival.  Está todo mundo com o “coração-na-boca”.  Vai Palmeiras!!! A torcida não tem nenhuma dúvida. Apenas espera… feliz, confiante, ansiosa, sorrindo… Mas time que tem Edmundo e Evair, não deixa a torcida esperando. O Animal, genial, numa jogada de craque é derrubado na área… Pode comemorar torcida, pois quem vai bater é “ELE”… EVAIR, O CRAQUE DA CAMISA NÚMERO 9! Ninguém ousa respirar, quando ele corre para a bola e o mundo explode em verde-e-branco… GOOOOOOOOOOOOOOOL!!

Albert Einstein saberia explicar, eu não, mas o mundo parou naquele momento. Naquele exato momento entre a bola tocar as redes e o grito sair de nossas gargantas. E então se fez a luz!! O técnico Luxa, num ritual que se repetiria inúmeras vezes, desce para os vestiários, antes mesmo do jogo acabar. Ele já sabe…  O Palmeiras é o Campeão!! A Nação comemora, ri e chora ao mesmo tempo, as pessoas se abraçam, se beijam, pulam e gritam…

Evair, louco de alegria, de braços abertos, correndo para a torcida e se ajoelhando no gramado, é a imagem que é impressa em nossos corações… pra sempre.

Hoje, Evair, de braços abertos, é a imagem que está impressa na saída dos vestiários do Palestra Itália. E é a imagem do nosso eterno “Matador”, que Valdívia e seus companheiros vêem agora, cada vez que entram em campo. E hoje, 12 de Junho, remontando ao passado, mais uma vez eles nos entorpeceram… de alegria e amor…

OBRIGADA, PALMEIRAS…